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Comecemos por compreender o que são fanzines, são “objetos caseiros”, feitos
de forma artesanal, em grupo ou individualmente, e que têm, de modo geral, uma
circulação limitada. Os motivos que levam à criação de um fanzine segundo Atton são, a
criação de um espaço de expressão e discussão para os fãs de um género musical, serve
para fortalecer um género musical e permite aos fãs de um estilo de música de nicho
manter a sua ligação e entusiasmo.
Infelizmente os fanzines não tem sido um tema muito estudado e por norma
ouvimos apenas falar deles em referências de outros projetos em citações em analises ou
referidos meramente pelo seu aspeto gráfico, contudo nunca são o ponto central.
Na década de 80 podemos dizer que foi o primeiro boom dos fanzines punk em
Portugal, temos como exemplos relevantes Subversão (1982), Subúrbios (1985) ou até
Tosse Convulsa (1985) e apesar de apresentarem uma dimensão fundamentalmente de
critica político-social, a música ganha uma grande relevância a parte deste período,
tornando-se assim, um meio de divulgação de bandas, nacionais e internacionais.
Foi ainda possível criar um quadro que demonstra os temas e subtemas presentes
nos fanzines criados sendo que o subtema mais predominante é a “afinidade e
sociabilidade musical” que detêm o maior número de ocorrências, que acaba por
mostrar a importância da música.
É de referir ainda que perceber que os temas mais recorrentes nas páginas dos
fanzines portugueses é a celebração e o hedonismo e logo a seguir temos a afinidade e
sociabilidade musical. É necessário compreender que os fanzines não assentam num
monólogo escrito, mas sim por um diálogo em comunidade e “permite ao seu leitor
emular as experiências dos seus pares”. O terceiro bloco de conteúdo nos fanzines
assenta sobre a defesa de uma alternativa, à revolta e à critica social. Mostrando assim a
tal temática frequentemente atribuída aos punks. Como tal os fanzines são erigidos em
símbolos portadores de significados intrínsecos a determinada cena, colocando valores,
linguagens e crenças dos grupos sociais.
Foi através desta análise que foi possível concluir que o punk continua a
possibilitar a existência de comunicação contra-hegemónica e capaz de opor à
mercantilização e domesticação proclamadas pela sociedade e foi possível realizar esta
“resistência” através de meios tais como as redes socias, bandas, ideias e estilos ou até
lojas independentes.
Creio que através do artigo e desta reflexão foi possível compreender e perceber
a importância e relação que os fanzines tiveram e ainda têm na cena punk nacional e
internacional. Foi possível através dos dados obtidos encontrar localizações geográficas
predominantes e quais os tópicos mais presentes na criação de um fanzine, foi ainda
possível entender o impacto que os fanzines têm nas pessoas pertencentes a cena punk.