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SEXTA-FEIRA
MILHÃO o
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CRUZEIROÍ
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Você
também
pode ser
TíloaVíá
Habilifando-se na
LOTERIA DO ESTADO
DE MINAS GERAIS
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EXTRAÇÕES As SEXTAS-FEIRAS
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AURIS-SEDINA
Belgo Mineira
❖
USINAS EM «SIDERÚRGICA» E «MONLEVADE»
Estado de Minas — E. F. C. B.
DE CONSOLIDAÇÃO
PA AÍ
Y XI A
/ CÉLIA , Jardim de Infância, Pri-
mário, Admissão, Aulas
de Reforço.
Internato, Externato e Semi-Internato.
PARA CRIANÇAS DE DOIS A OIÍZE ANOS
Dezembro e Janeiro: COLÔNIA DE FÉRIAS
Um estábeiecimento modelo para as famílias
mineiras.
Av. Afonso Pena, 2.436 — Fone 4-0661
Belo Horizonte
T RI L U S S A
U H dia, os fiéis que oravam na ferir, tratando igualmente o rico e
igreja de Santa Maria Maggiore, o pobre, o pobre e o avaro, o enfa-
na Itália, ficaram estupefatos de tuado e o humilde. Com efeito, ao
verem C. Alberto Salustri, o afa- fazer os animais falarem nas suas
mado fabulista moderno mais co- fábulas, Trilussa procede como Fe-
nhecido por Trilussa, recitar sua dro e La Fontaine, realçando a
comovente peça lírica «O Círio», em mesquinhez e os erros dos homens
cujos versos profundo sentimento com uma «verve» singela que pro-
religioso combina com o estro fe- voca o sorriso sem irpplicar em
liz do poeta que fazia os animais acrimônia ou pessimismo. Justa-
falarem. mente por isso, a parte mais apre-
A surprêsa da multidão não ti- ciada das poesias dêsse grande fa-
nha razão de ser. Trilussa foi sem- bulista italiano é a sua moral hu-
pre muito religioso, embora as sá- mana e profunda onde se misturam
tiras contidas na sua obra possam as coisas boas e más da vida. Tri-
induzir o leitor a pensar de modo lussa nasceu em Roma em 1873 e
contrário. Sua ironia cortante não morreu na mesma cidade no ano
chega a ser corrosiva, tocando sem de 1950.
Junho de 1955 IT-maoazine
O Código de ^tapoleão
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A fatalidade havia-lhes enchi-
do de desolação a alma. Mas
Deus nunca abandona as al- c
mas desoladas.
GRAZIELLA LOPES
RA uma tarde luminosa de gar nos era mais agradável do
A-' abril. Sentadas no alpendre que aquele. Gostávamos um do ou-
da fazenda, Elza e eu conversáva- tro desde crianças e, ao tempo de-
mos despreocupadamente, esperan- vido, donos da fazenda e com cin-
do nossos filhos, que estavam para co robustos filhos, a vida na roça
chegar da escola. Elza Vale tinha nos parecia perfeita. O mesmo
vindo convidar-me e a Miguel para ocorria com Elza e Roberto, casa-
ir ao baile do povoado, convite que
dos um ano depois de nós. Mas êles
aceitamos, contentes, pois os Vales, tinham apenas três filhos, pois ao
proprietários de uma fazenda vizi- nascer Paulinho, seis anos antes, o
nha, eram nossos melhores amigos.
médico havia dito a Elza que não
— Como Roberto teve de ir ao teria mais filhos.
banco, — explicou-me Elza — com-
binamos que êle ficaria no povoa- Absorta em meus pensamentos,
do; de modo que teria, muito pra- não notei que os meninos vinham
zer em ir com vocês. vindo pela estrada.
— Naturalmente — repliquei. — Olhe, lá vêm êles! — excla-
Seus meninos poderão vir para aqui, mou Elza, correndo para a porta.
dormir com os meus. Chamaremos E, com efeito, os seis voltavam,
alguma vizinha para tomar conta rindo e brincando, mais excitados
dêles. que de costume. Rui, o mais ve-
lho dos Vales, trazia na bicicleta
Elza deu um suspiro de satisfa-
ção, já que poucas vezes tínhamos seus dois irmãozinhos: Cecília, sen-
tada atrás dêle, agarrada à sua
oportunidade de sair juntos, os dois
casais. Picamos algum tempo em cintura, e Paulinho, na frente, no
cêsto das provisões. Apenas nos
silêncio, gozando a tarde aprazí-
vel. Muitos de nossos vizinhos da- viu, pedalou com tôda a velocidade,
deixando para trás os meus meni-
vam preferência à cidade, mas nem nos, e, depois de ziguezaguear dian-
a Miguel, nem a mim. nos atraía a
vida vertiginosa das grandes cida- te de nós, freou tão bruscamente
des. Nascidos ali mesmo em Lagoi- que quase deixou cair seus irmãos.
nha, povoado roceiro, nenhum lu- ■ - Que proeza! — disse-lhe eu
dando-lhe uma palmadinha no
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lanterna, porque se escurecer antes
que...
A boa vontade é a maior — Deverão estar de volta antes
força prática do universo. — de anoitecer — interrompi-o com
Charles Fletcher Dale. firmeza.
— Não se aflija, mamãe, volta-
remos cedo — interveio Alice, a
mais ajuizada dos três.
ombro, enquanto os três, falando — Vão mudar de roupa, enquan-
todos ao mesmo tempo, tentavam to vou arranjar os jarros — disse
explicar-nos o motivo de tanto en- eu, apressando-os.
tusiasmo. E assim que os filhos de Elza 1
Depois chegaram meus três fi- deitaram a correr para sua casa,
lhos maiores, Luis, Alice e Carli- a fim de calçar as botas de borra-
nhos, tão excitados como seus ami- cha, e os meus desapareceram es-
gos, e deu-nos bastante trabalho cada acima, Elza e eu fomos em
inteirar-nos do que tanto os alvoro- busca dos jarros.
çava. O professor da escola rural, — Que pena ter que dar-lhes ês-
que era o mesmo para os seis, pois tes jarros! — observei, olhando mi-
tmham aulas na mesma sala, havia- nha amiga. — Mas são os únicos
lhes pedido que, no dia seguinte, le- que há.
vasse cada qual uma rã. —■ Seja tudo pela ciência! — re-
É para a aula de ciências na- plicou ela, em tom de brinquedo.
turais — disse Rui, com ar de su- Dez minutos depois, os seis, com
perioridade. — Sim, porque esta- uma boa provisão de biscoitos,
a: mos estudando os batráquios. despediram-se rindo e pilheriando.
— E pode-se saber aonde irão — Tomem cuidado quando se
buscar as rãs? — perguntou Elza, aproximarem da Ponte Velha —
com curiosidade. advertiu Elza.
— E voltem cedo — acrescentei,
. ~ Por ai--- — respondeu Pau-
linho, apontando na direção do ria- acompanhando-os com a vista, en-
cho. quanto se afastavam.
Depois de tê-los visto meterem-
— Precisamos de jarros, mamãe;
um para cada um — observou Luís se pelas moitas, Elza foi até em
meu filho mais velho. — a senho- casa e eu entrei para preparar 0
ra poderia dar-nos alguns biscoitos? jantar. Havia transcorrido mais de
uma hora, quando Luís voltou com
acrescentou. — Pois temos de ar triunfante, brandindo o jarro
sair logo. Ah!... e levaremos a
onde trazia a rã. Pouco depois
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chegaram Alice e Carlinhos; ela, disse-lhe, dissimulando minha in-
medrosa, com o jarro à distância, quietação. — Bem sabe como são
e o menininho, orgulhoso da rã que os meninos; devem ter perdido a
Luís havia apanhado para êle. noção do tempo, ou terão ficado
Dispostos a jantar cedo, para não entretidos a brincar no riacho. Va-
chegar tarde ao baile, assim que os mos agora mesmo procurá-los.
meninos acabaram de arranjar-se, — E quando voltarem passe-lhes
sentâmo-nos à mesa. um bom carão — observou Miguel.
Estávamos a ponto de terminar — Principalmente se, por causa dis-
a sobremesa, quando ouvimos pas- to, chegarmos tarde ao baile.
sos apressados no alpendre. A despreocupação com que falou
— Susana, Susana! — chamou Miguel reanimou um tanto Elza.
Elza, batendo na janela com os nós — Nunca vi meninos mais de-
dos dedos. sobedientes! Ah! quando os pe-
Corri a abrir-lhe a porta, intriga- gar!... — exclamou, enquanto to-
da, e logo que ela entrou notei que mávamos os três o caminho para o
estava muito pálida. Passou para riacho, levando duas lanternas, por-
a sala de jantar, e ao ver meus que já começava a escurecer.
filhos que comiam tranqüilamente, Uma hora mais tarde, depois de
exclamou alarmada: haver percorrido o riacho e a la-
— Susana, meus filhos ainda não goa em tôdas as direções, sem dar
voltaram. com êles, quando as sombras da
— Como ?
E voltando-me para Luís, interro-
guei-o com ansiedade.
SEM PALAVRAS
— Os meninos dela não estavam
com vocês ?
— Sim, mamãe — respondeu
Luís, depois de engolir o último
pedaço de torta. — No principio,
estávamos todos juntos, mas depois,
como faltava uma rã para Pauli-
nho, Rui disse que só voltaria quan-
do a achasse. E se foram para a
lagoa, enquanto nós voltávamos pa-
ra casa.
Elza, com os olhos exorbitados,
deixou-se cair numa cadeira.
— Por Deus, não fique assim, •—
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noite confundiam as casas, as cêr- Quando perdemos de vista o fai-
cas e as moitas, estávamos os três xo de luz de sua lanterna, ainda
realmente alarmados. conseguimos ouvir sua voz angus-
— Mas Rui conhece bem o ca- tiada;
minho; não pode ter-se extravia-
— Rui!... Rui!... Cecília!...
do — disse minha amiga, com voz
— Deus queira que estejam já
trêmula. em sua casa, — murmurou Miguel
Talvez se hajam desorientado
— porque, se chegaram até a Ponte
no escuro — insinuou Miguel. —
Velha...
Mas, onde poderão estar? Em que
outro lugar senão no riacho ou na Sabíamos os dois como era pe-
lagoa ? rigoso o lugar, de terras pantano-
sas e correntes ocultas, sob as águas
Miguel e eu nos olhamos. Só um
lugar restava a ver, mas nenhum aparentemente mortas, onde haviam
de nós se animava a nomeá-lo. Até acontecido tantas desgraças.
que Elza balbuciou: Abrindo caminho por entre as
moitas, à luz de uma lanterna ape-
— Não.. . não terão ido à Pon-
te Velha ? nas, andamos quase um quilôme-
tro até avistar a ponte. Por fim
Não creio. Você os preveniu
para que não fossem lá — repli- chegamos, arquejantes; inclinâmo-
cou Miguel, apoiando o braço no nos sôbre o parapeito e demos uma
ombro de minha amiga. — Mas, busca ansiosa, focalizando a lanter-
de qualquer modo, daremos uma na em todas as direções. Não sei
volta pela ponte, enquanto você re- o que esperávamos achar na Ponte
gressa à fazenda. Talvez já tenham Velha, mas ao ver as águas tão
voltado. quietas, senti pânico. As chuvas dos
últimos dias tinham elevado o ní-
— Tem razão, talvez já tenham
vel das águas e uma superfície
voltado — disse Elza, com o rosto
oleosa e escura cobria os caniços e
iluminado por um repentino res-
plendor de esperança; e deitou a juncos. Tomada de espanto, pensei
andar na direção da fazenda. que já teríamos chegaao tarde de-
mais.
—• Vamos, procure por ali — dis-
se Miguel, tirando-me de minha
Muitas tentações perigosas imobilidade, — enquanto eu irei
api esentani-se-nos em côres por..,
lindas e alegres que são ape- Sua frase foi truncada. O foco
nas superficiais. — Mathew
Henry. de luz de sua lanterna parecia tre-
mer sôbre o pântano; ali, entre as
águas lamacentas algo parecia bri-
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lhar. Sim, era a roda vermelha da
bicicleta de Rui. Por um segundo
ficamos como que paralisados; mas,
em seguida, Miguel reagiu e conti-
nuou procurando com a lanterna.
— Rui! Rui!... Você está aí?...
Sim, não restava dúvida; ali ha-
via pegadas; via-se claramente que
a terra lodosa havia cedido sob o
pêso da bicicleta com os três me-
ninos.
— A água não pode ser tão fun-
da que não tenham podido alcan-
çar a margem — disse a mim mes-
ma, consternada.
Miguel tirou o paletó e, afun-
dando as botas no barro, puxou a
bicicleta e a atirou para o lado do
capinzal. Em seguida, voltou a me-
ter-se n'água. Mais de uma vez
mergulhou na água gelada, sem
resultado.
— A água está muito funda e
puxa para dentro — gritou èle,
aproximando-se da margem.
E de novo retomou a busca. Mi-
nuto após minuto, fiquei aguardan-
do, até que Miguel saiu todo sujo
de barro e com os dentes matra-
queando.
— Espere-me enquanto vou bus-
car auxilio.
Angustiada, fiquei junto da pon-
te sinistra e silenciosa. Não, os me- Neste modêlo a pala de quimono
ninos não podiam estar ali. Talvez, forma mangas curtas, completada
conscientes de sua desobediência e por um traspasse largo. A saia
receiosos de receber uma boa re- é armada e a gravata e as luvas,
primenda, não tivessem tido cora- estampadas.
gem de voltar para casa... Não
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— Não apareceram? — indagou
Muitas vezes os grandes er- com voz trêmula.
ros, como as grandes cordas, E logo depois viu a bicicleta.
são feitos de uma imensidade Desesperada, projetou a luz da lan-
de fibras. — Victor Hugo. terna em redor e não tardou a des-
cobrir os sulcos... e a terra afun-
dada.
—- Desapareceram!... Os três!...
estariam já, talvez, na fazenda? Oh! meu Deus!
Talvez naquele mesmo instante El- Com os olhos fora das órbitas
za lhes estivesse dando uma boa correu para a ponte e, inclinando-
tunda. Mas, não. Elza não era ca- se sobre o parapeito, começou a
paz de bater nos filhos. chamar por seus filhos.
Rui! Cecília! — gritei. — On- — Rui!.,. Cecília!... Paulinho!...
de estão vocês? Quando me pus a seu lado, re-
Mas minha voz se perdeu na es- fletia-se em seu rosto tal angústia,
pessura do mato e eu estremeci, que só atinei com enlaçá-la em meus
abatida. braços. Com um soluço, apertou-me
E
logo, em meio de tão angus- com fôrça de encontro ao peito e,
tiosa solidão, imaginei uma cena como um autômato, deixou-se guiar
horrível; pareceu-me ver Rui, peda- por mim. Senti que suas forças di-
lando com dificuldade na terra lo- minuíam e, apenas chegamos a
dosa, Cecília às suas costas e Pau- uma clareira, desmaiou. Nem se-
linho na frente, felizes por terem quer tentei reanimá-la. Cobrí-a com
chegado à Ponte Velha. Subitamen- minha capa e fiquei a seu lado, es-
te, a terra cede e os três afundam perando Miguel.
no pântano. Com gesto maquinai le- Depois de algum tempo ouvi vo-
vei a mão à bôca para abafar um zes provindas da estrada. Miguel
grito. E, por um momento, perma- se aproximava com vários vizinhos.
neci imóvel, com os olhos fitos na Foi então que começou a busca.
superfície da água. Nisto, acreditei Com um bote percorreram as águas
ouvir um rumor entre as moitas. em todas as direções. A tarefa
- Rui! — gritei, esperançosa. — continuou silenciosamente, enquan-
Ê você, querido? to aguardávamos a chegada da po-
O rumor se tornou cada vez mais lícia do povoado próximo. As auto-
ridades demoraram a chegar uma
próximo e um instante depois vi
Elza chegar, com a fisionomia con- meia hora, e trouxeram redes, re-
vulsa e os cabelos desgrenhados. fletores e um médico.
Pela estrada começaram a che-
(16 l
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t• _ ..
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gar homens e mulheres, que se mais de uma hora, antes de dar
aproximavam na direção da ponte. com o corpo de Rui. Até que, em
A notícia havia-se espalhado por meio de um silêncio de espectativa,
todo o povoado e bem depressa a retiraram do fundo d'água o filho
estrada ficou bloqueada por auto- mais velho de Elza.
móveis. Houve um momento de — Não olhe — me disse Miguel,
mudo e reverente espanto, quando puxando-me bruscamente para si.
vimos Roberto aproximar-se, pelo Mas não pude deixar de voltar
braço de um vizinho. O esposo de a cabeça, quando um policia passou
Elza havia-nos esperado em vão no a meu lado com o corpo inerte de
clube, até que alguém lhe levou a Rui.
infausta notícia. Nos dias que se seguiram, tôda
Quando chegou junto de nós, não a população viveu como que num
encontrei palavras para consolá-lo. pesadelo. Uns amigos levaram Elza
Ajoelhou-se ao lado de Elza, pro- e Roberto para sua casa. Miguel e
curando reanimá-la. Nunca esque- eu, entretanto, ocupâmo-nos em di-
cerei o momento em que Elza vol- rigir-lhes a fazenda. Mais de uma
tou a si, nos braços de seu marido. vez, enquanto ajudava Miguel nas
Não houve gritos nem pranto; es- tarefas campestres, não podia re-
treitamente abraçados, ficaram com primir o pranto que me sufocava,
os olhos fixos na água lamacenta.
Várias horas durou a dramática
busca, até que se ouviu um grito
afogado, proveniente do bote. Ape- SEM LEGENDA
nas me levantei, Miguel aproxi-
mou-se de mim e me disse:
— Levêmo-la daqui.
Ladeada por Miguel e uma vizi-
nha ela foi levada ao automóvel.
Teria querido ficar a seu lado, mas
Elza me suplicou;
— Fique com meus filhos!
Voltei à margem, justamente
quando os homens do bote tiravam
um pequeno corpo todo molhado.
Embora estivesse coberto de lama,
reconheci Cecília. Dez minutos de- -dlt
pois encontraram Paulinho. Mas ti-
veram de continuar procurando
JDNHO DE 1955 IT-MAGAZINE
só em pensar que o mesmo pode- rosto, para ocultar o pranto que a
ria ter sucedido a meus filhos. Tam- afogava e deitou a correr para seu
bém Miguel acordava de noite, so- quarto.
bressaltado, e durante o dia dei- — Se eu pudesse também cho-
xava de vez em quando seus servi- rar! — murmurou Roberto, com voz
ços para vir ver os meninos. surda.
Todo o povoado assistiu aos fu- Continuamos comendo em silên-
nerais dos filhos de nossos amigos cio, enquanto eu procurava não des-
e quando terminou a cerimônia, vá- viar os olhos do prato, para não
rios vizinhos aconselharam Elza' e chorar também. Foi então que Ro-
Roberto a mudarem de ares. berto nos comunicou sua decisão.
Susana e eu cuidaremos de Logo que puder, vendo a fa-
sua fazenda — ofereceu-se, solí- zenda.
cito, Miguel. •— Vender a fazenda? — pergun-
Também nós os ajudaremos — tou Miguel, surpreendido. — De-
acrescentaram outros vizinhos. pois do que lhe custou organizá-
Muito tivemos que insistir para la ? Não, Roberto, pense bem no
convencê-los. Insensíveis a tudo que vai fazer.
quanto os rodeava, tanto lhes im- — Já o resolvemos — prosseguiu
portava uma coisa como outra. Mas com firmeza. —- Não podemos con-
acabaram concordando. Na tarde tinuar vivendo aqui, onde cada
em que partiram, depois de nos des- quarto e cada móvel nos traz uma
pedirmos deles na estação, fomos recordação.
à sua fazenda e a primeira coisa — E para onde irão ? — quis sa-
que fizemos foi embrulhar todos ber Miguel, desconcertado.
os brinquedos dos meninos e guar-
Não sei. Haveremos de ver —
dá-los. Naquela mesma noite, vá- respondeu Roberto, com indiferen-
rios vizinhos apareceram e combi- ça.
nou-se que trabalharíamos por tur- Por favor, Roberto — insis-
nos na fazenda dos Vales. tiu meu marido, ao despedir-se. —-
Na noite em que nossos amigos Antes de decidir, pense duas vêzes.
regressaram, Miguel e eu fomos E naquela noite, antes de deitar-
jantar com êles para distraí-los. me rezei com intenso fervor para
Vãs foram nossas tentativas pa- Que meus amigos mudassem de
ra interessá-los na nossa conversa-
idéia.
nada de quanto dissemos conseguiu
arrancá-los de seu mutismo. Afinal Passados uns meses, Roberto co-
Elza empurrou o prato e, sem po- meçou a interessar-se um pouco pe-
der dominar-se, levou as mãos ao lo seu trabalho. Contudo, continua-
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Vestido muito juvenil em tussor estampado de
verde e branco. * Vestido de sêda, cõr de
champanha, com a blusa bordada. * Lindo mo-
dêlo de twill estampado. * Modêlo em faille
listrado, com ombros originais de faille branco
e grande botão de cristal, como único ornamento.
a»
A linda rainha Soraya, ao lado de seu marido, Mohamed Reza Pahievi, o
Xá da Pérsia, durante uma recepção que lhes foi oferecida na embaixada
brasileira naquele país do meio-oriente.
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Soraya dar ao esposo real um her- mesmo em condições fatais à sua
deiro que perpetuasse a linhagem vida, prontificando-se a morrer
reinante. amada e respeitada pelo esposo.
A situação agravou-se. A pro- Era a dedicação de uma mulher
messa de fertilidade falhou, pois consciente de sua missão, querendo
Soraya não deu à vida o herdeiro suometer-se às razões de estado e
esperado. O Xá, que, anteriormen- do mundo.
te, se divorciara de outra esposa
O próprio Xá, sentindo as angús-
porque a mesma não lhe dera um
tias da esposa, começou a interro-
filho, caiu numa melancolia aca-
brunhadora, demonstrada no seu gar-se se não estaria néle mesmo
a causa dessa união estéril, não
olhar profundo e cismador. A amea-
ça de separação eminente passou assinalada pelos médicos de seu
a enevoar os dias da linda So- país.
raya. Diante do exposto, o motivo das
Apesar da morte do irmão, o viagens parece claro, significando
Xá continuou a viajar sozinho, fa- um apêlo feito à ciência para curar
zendo longos percursos de avião, um amor ameaçado pela nature-
para depois, tornando ao palácio, za. Nos Estados Unidos, a impren-
emparedar-se em amargurado si- sa local, arrebatada pelos encantos
lêncio. Enquanto isso, a imperatriz da meiga Soraya, escreve «que ne-
visitava as aldeias dos súditos hu- nhuma artista de Hollywood tem
mildes, conversava e ria com as a fascinação de sua beleza extraor-
criancinhas e, afagando suas cabe- dinária» .
ças, exclamava, chorando: Enquanto isso, o casal de sobe-
— Por que não tenho filhos, meu ranos, aparentemente feliz, debate-
Deus? se na tristeza. O Xá, sofrendo, com
Era a tragédia de um amor sem ameaçadoras imposições de Estado
fruto, estraçalhando dois corações pairando sobre êle; Soraya, aman-
enamorados. do, sem poder dar de si o que a na-
☆ ☆ ☆ tureza lhe recusa.
E, para terminar êsse drama cru- Eis, em resumo, uma história de
ciante, os soberanos da Pérsia via- amor ocorrendo numa época de av-
mas
iaram j.or.í.m™ t atômicas, de televisão e moto-
6
Unidos. A imnerai-riz ^ Estados
' para consu
res
nucleares, provando que, mal-
tar ginecologistas. O Xá para tra- l- grado tudo, as coisas essenciais não
tar-se com especialistas dos ner- perderam a substância primitiva e
vos. Antes disso, Soraya tinha de- que as tragédias de um século lu-
cidido dar um herdeiro ao trono minoso continuam a desenrolar-se
nas sombras dos palácios.
IT-magazixb Junho de 1955
■
03oas JVlaaeLras
AS FILAS
Ò~ e muitas nor- n a o e apenas
mas da eti- grosseiro e dese-
queta \ão cain- legante, é tam-
do, a maior parte bém desonesto e
delas pelo desa- revela o desco-
parecimento dos nhecimento dos
próprios costu- elementos básicos
mes que as dita- & da educação em
vam, em compen- público. A pessoa
sação outras vão aparecendo, a fim que assim procede sempre levanta
de harmonizar a vida pública do em tôrno de si uma onda de antipa-
nosso século. tia, tornando-se ridícula aos olhares
Com a queda das cortes, perde- de todos. Nada justifica essa atitude
ram-se as mais requintadas fórmu- selvagem. Por mais sutil que seja
las de elegância, que constituíram a desculpa usada, a pessoa que
a graça máxima dos salões, mas, «fura» uma fila nunca é perdoada
com a democratização do mundo, pelos presentes, que marcam a sua
que intensificou a vida das ruas, a fisionomia, vendo nela, para sem-
necessidade de auxílio mútuo levou pre, uma criatura mal-educada e
o povo à rápida criação de códigos até mesmo «golpista».
modernos de boas maneiras, capa-
zes de assegurar a ordem coletiva. Entre as «fraudes» mais conhe-
As filas, que às vêzes tanto la- cidas, das muitas usadas pelos «fu-
mentamos, talvez sejam a aquisi- radores» de fila, está o horrível
ção mais importante da distinção hábito de, chegando atrasadas a
do nosso século, meio pelo qual o uma bilheteria, pedirem a um ami-
povo garante seus direitos de pri- go bem situado na fila que lhes
mazia, baseados na democrática or- compre os ingressos. Isso não de-
dem de chegada, e onde cada indi- monstra inteligência: é «golpe», ex-
víduo zela pelo direito público, guia- trema falta de educação e fraude.
do apenas pelo seu senso de cida- Prejudicam tôda a fila, em bene-
dania e respeito à pessoa humana. fício próprio, arrastam o amigo, a
Desrespeitar as filas, portanto, (.Conclui na pag. 92)
Junho de 1955 IT-magazine 23
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II E OS
RalfK Tate
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entrechocando-se, trocando ponta- ma beleza, tendo nos últimos três
pés e empurrando-se furiosamente, anos vencido tõdas as lutas de
atingiu uma voga sem preceden- que participou. Quando vê suas
tes, oriunda em grande parte da companheiras de ofício vacilando
televisão, cujo olhar observador, em «aceitar um desafio» ela se ofe-
movendo-se, inquieto, em busca de rece para enfrentar qualquer luta-
novidades, difundiu e popularizou o dor de seu próprio pêso. Essa fúria
novo «esporte» por todo o país. feminina já derrotou cêrca de 80
Há, no momento, mais de 500 homens. Entretanto, muitos empre-
lutadoras americanas e algumas ca- sários que contratam lutas exclu-
nadenses praticando essa profissão sivamente femininas, sem o menor
aberrante. Oito estados america- escrúpulo, não gostam de progra-
nos e o Canadá do Norte não per- mar uma luta mista — provavel-
mitem a efetivação de lutas femi- mente querendo conservar nalgum
ninas. Entretanto, noutras partes, ponto a diferença entre as duas
em dois países de língua inglêsa, classes de lutadores.
no México, em Cuba e Pôrto Rico, Tudo indica que há mais teatra-
as lutas são realizadas como diver- lidade e espalhafato entre as «pe-
sões dos feriados. gadoras» do que entre os profis-
As mulheres usam os mesmos re- sionais masculinos. As sangrentas
cursos das lutas masculinas, inclu- exibições de ídolos populares como
sive atirando a oponente no meio Peaches Paige, Klondike Kate e
do público, ou arrancando man- Magnolia Higgs (A beleza do Sul)
cheias de seus cabelos com violên- fazem os acirrados combates entre
cia inaudita. os lutadores Yukon Eric e Geor-
geous George parecerem quase de-
A melhor dessas «pegadoras» é, licados.
atualmente, uma amazona robus-
ta e atarracada, de nome June ☆ ☆ ☆
Byers, que venceu no ano passado
um «Campeonato mundial» no Ma- Lulubelle Kruger, a pêso-pesado
ryland, continuando depois a exibir- que mencionamos atrás, provocou
se por todo o país, lutando três ve- um incidente em 1953, quando no-
zes por semana. No ano passado cauteou um juiz, porque o mesmo
seus ganhos atingiram cêrca de tentava libertar das cordas o pes-
1.200.000 cruzeiros quantia que ela coço de sua rival. Fiel a seu nome
espera aumentar substancialmente de propaganda «Um coração de
no ano em curso. ouro numa moça de granito», tirou
Miss Byers é uma morena enri- sua adversária dentre as cordas,
jecida, de 29 anos, dotada de algu- evitando-lhe a asfixia. Apesar de
Junho de 1955 IT-magazine 25
tudo, mereceu uma suspensão de
aconteceu ela o neutralizou, apli-
dois meses, imposta por haver ata-
cando-lhe um golpe violento e de-
cado o juiz. cisivo.
Chama-se Müdred Burke, a mais O maior empresário de lutas fe-
famosa de tôdas as lutadoras ame- mininas nos. Estados Unidos é um
ricanas, que proclama orgulhosa- ex-lutador de aparência suave e co-
mente jamais haver mordido o pó mum, chamado Billy Wolfe, Co-
da derrota em 3.500 lutas. Fora do mumente, êle tem 70 lutadoras sob
ringue, ela usa um coruscante ador- contrato, treinando-as pessoalmen-
no de brilhantes no valor aproxi- te no Ginasium de Columbus, Ohio,
mado de 740 mil cruzeiros, um ca- para figurarem nas duas mil lutas
saco de marta que vale 200 mil e que promove anualmente.
um automóvel avaliado ao mesmo As moças que desejam abraçar
preço. a violenta e rude carreira de luta-
Essa grande campeã ganhou, nos dora acham bem difícil ingressar
últimos sete anos, cêrca de 10 mi- na «escola» de Wolfe, um verda-
lhões de cruzeiros. Seu desejo ime-
deiro colégio de aperfeiçoamento
diato é retirar-se para o seu rancho
para mocinhas, onde o empresário
na Califórnia, deixando a carreira
admite apenas uma dentre cem
e lutas, que era a profissão de
«eu ex-marido e é, hoje, o oficio candidatas.
de seu filho também. Há cêrca de dois anos, Janet, fi-
lha adotiva de Wolfe perdeu a vida
ao participar de uma luta prelimi-
☆ ☆ ☆ nar, realizada em East Liverpool,
desmaiando ao sair do ringue e
Outra lutadora notável é uma pe- vindo a falecer horas depois, viti-
quenaaparentementefrágii;ChaiPe_
mada pelos ferimentos recebidos.
Sao r Unia Exibindo-se,
São Luís. SChmÍtt residente
' em
há pouco Mr. Wolfe, cuja esposa Nell Ste-
empo, em Tucson. Arizona, Miss wart é lutadora também e «cam-
Sctoit, enlr.nt„a uma peã da televisão nacional», afirma
m.ha e, senao ,tlr„Ja ^ ^ que a morte de sua filha é o pri-
meiro acidente do gênero jamais
Z ^ iagarr0U SUa 0P0nente pe- verificado.
geSt0 im
violem Pulsivo ae
lento; ato contínuo, começou Segundo. Wolfe, as autoridades
ater a cabeça de sua infeliz ri- estaduais e municipais repetidas ve-
1 num dos cantos do ringue só zes se opõem às lutas femininas.
Um comissário de Illinois taxou-as
n
eao do ojuiz.
c<,stiKo
Quand0 •isso
»■ de espetáculo repugnante, decla-
rando que, além de proibi-las, cas-
IT-magazine Junh0 de 1955
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
saria a licença dos empresários que nalistas e deprimentes como êste.
lhes fizessem uma simples menção. Não admitimos mesmo que se
Por outro lado, um porta-voz do anuncie uma luta sob o nome de
Comissário de luta e box de Nova «combate». Não, o título é exibi-
York apresentou os motivos da proi- ção e nada mais. Achamos, enfim,
bição às lutas nesse estado, afir- que a luta entre mulheres é uma
mando: «Nós proibimos também as aberração indigna, indefensável, e
lutas de anões, como vetamos to- por isso mesmo jamais a permiti-
da sorte de espetáculos sensacio- remos em Nova York».
® Ia a
Sôbre o Futebol
primitiva prática do futebol é comumente atribuída à Grécia-
Antiga, à China, à Boma e às Gálias, onde os romanos o teriam intro-
duzido. Contudo, as bases modernas e padronizadas dêsse esporte foram
assentadas em 1863. Nesse ano foi organizada em Londres a Associação
de Futebol Inglêsa, regida por um código técnico de quatorze artigos.
Anteriormente, o futebol fôra proibido pelos puritanos ingleses e conde-
nado pela realeza como "um esporte rude e violento". Nem por isso o
futebol deixou de existir mas os seus praticantes dividiram-se em duas
correntes. Uma era favorável ao emprego dos braços, das pernas, das
mãos e dos pés na prática dêsse esporte, A outra só admitia a utiliza-
ção dos pés. Na reunião de 1863 prevaleceu o ponto de vista da segunda
corrente, ficando proibidos, daí em diante, o uso das mãos, os empur-
rões e as rasteiras no adversário. Derrotados, os elementos da corrente
vencida fundaram outra associação de onde originou-se o rugby.
A Associação Inglesa de Futebol firmou-se no seu papel regulamenta-
dor e estabeleceu as dimensões da bola em 1872, tornou obrigatório o
uso das duas mãos no arremesso lateral, era 1882, introduziu o uso das
redes de meta em 1890, regulamentou o "penalty" em 1891 e modificou em
1925 a regra dos impedimentos.
Diante dêsse trabalho pode-se afirmar que o futebol nasceu na In-
glaterra, onde foi realmente modernizado. Essa verdade histórica parece
ainda mais respeitável pelo fato de os sistemas de organização futebolís-
tica criados naquele pais serem ainda os vigorantes em tôdas as terras
onde o futebol é praticado.
Mentiras Excepcionais
O CÓDIGO de Manu, que disciplina a vida de 250 milhões de hindus,
perdoa a mentira apenas quando a mesma tem por finalidade salvar
uma vida ou agradar uma mulher.
Junho de 1955 IT-MAGAZINE 27
.
Os cuidados
w
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
de prevenir os ressecamentos perni- fôrça de vontade. Sem isso, todo
ciosos. Nos casos 4e excesso de oleo- esforço será inútil. Quando reali-
sidade cutânea, são muito eficien- zadas esporadicamente, essas tenta-
tes as máscaras de substâncias ads- tivas de embelezamento não darão
tringentes e as massagens que ati- resultados assim tão satisfatórios.
vam a circulação sangüínea, dando Disso se conclui que é preciso que
ao rosto o colorido natural que não
se tenha perseverança.
ss pode obter mediante os recursos
da química. As compressas de água fria nas
Para que se chegue a êsse resul- regiões que circundam os lábios
tado é preciso muita constância e retardam a aparigão de rugas que
dão ao rosto um aspecto
envelhecido.
Outra maneira de apli-
■;í. car compressas vitalizado-
ras para a epiderme
consiste em passar uma
camada de creme nutriti-
vo em certa quantidade de
algodão e, em seguida,
aplicá-lo ao rosto por meio
de bandagens ds gaze.
Tais compressas comba-
tem a flacidez dos tecidos.
As massagens suaves,
com abundante espuma de
um sabão que não seja
muito detergente, são
aconselháveis para as cútis
oleosas, quando não há
tempo para se fazer uma
limpeza mais profunda.
Em seguida, passa-se uma
escova especial pelo rosto
a fim de reativar a cir-
culação do sangue e elimi-
Nunca se obterá bom resultado com apli- nar as impurezas que ain-
cação dos cremes de beleza se, antes de usá- da permanecerem nos po-
lo, não fôr retirada da pele a camada de ros.
pintura feita anteriormente.
JüNHO DE 1955 IT-MAGAZINE 29
cm i 2 3 4 5 6 #==8 9 10 11 12 13 14
E FÁCIL
duravam apenas o
tempo que permi-
tisse sua vitalida-
de. Somente um
mMKOt1ÊÊÊ'
ninTifi remédio era conhe-
cido para o dente
que adoecesse: ar-
rancá-lo, o que,
aliás, se fazia com
barbarida-
de. E désse triste
remédio surgiam
as gengivas des-
dentadas, arras-
tando consigo
aquêle aspecto do-
lorosamente cômi-
I v' co de lábios decaí-
dos.
Hoje em dia, a
arte dentária, que
yi ^ homem famoso de nossos evoluiu a passos de gigante, é ca-
l/L dias, cujo nome seria indiscre- paz de prodigalizar a todos um sor-
ção revelar, disse certa vez: «A mu-
riso encantador, pois já não há ma-
lher mais linda do mundo, se não
les irreparáveis a temer. Entretan-
tiver dentes perfeitos, não vale na- to, muita gente ainda ignora ou ne-
da para mim». Talvez nem todo
mundo seja dessa opinião, mas é gligencia vários dêsses processos e
preciso reconhecer que o sorriso, consome-se em lamúrias, com o re-
poi mais gracioso que seja, perde médio à porta de casa. Não estamos
muito de seu encanto, se os dentes falando dos pequenos reparos, a
que todos recorrem, como as obtu-
não forem impecáveis.
rações com cimentos invisíveis, por
Antigamente, no tempo das nos-
sas avós, os dentes eram assim co- exemplo. Falamos do casos mais
mo a natureza os tivesse feito e graves. Um dêles é o caso dos
dentes mal colocados (encavalados.
30
IT-magazine Junho de 1955
tortos, deixando grandes espaços dentadura simétrica e perfeita.
entre si, etc.). Não se assustem, Uma coisa que sempre constituiu
que não lhes vamos aconselhar o verdadeira desgraça dentária foi o
uso daqueles terríveis aparelhos dente desvitalizado que escurece.
metálicos que vemos freqüentemen- Se se trata dum molar, o alarma
te nas bôcas dos meninos de 13 a, não é tão grande, mas quando a
14 anos e que, além de serem anti- moléstia se localiza num canino
estéticos, não deixam de incomodar ou num incisivo e êle se torna uma
muito. Não há necessidade de se negra mancha entre a brancura dos
recorrer a tais trambolhos, diante vizinhos, a pessoa geralmente de-
da técnica moderníssima do fio de sespera. Durante muito tempo su-
sêda. Os dentistas especializados cederam-se as lamentações e o ca-
em plástica dentária sabem enro- so parecia insuperável, Mas, com
lar e trançar firmemente um fio o progresso da ciência, eis enfim o
de sêda invisível no dente que pre- remédio para o problema: ozona.
cisa ser deslocado, de tal forma Sim, o ozona é um novo tipo de
que, pouco a pouco, sem doer ou oxigênio, de poder altamente antis-
incomodar, êle chega ao lugar ideal. sético, o qual, aplicado em peque-
Na verdade não é um processo rá- nas injeções no dente afetado, pro-
pido; entretanto, o dêsses grossei- move o seu rápido reembranqueci-
ros aparelhos de ouro não é menos mento. Não exageraremos dizendo
longo. Por outro lado, há inconve- que isso constitua cura definitiva;
niência em movimentar os dentes contudo, seus efeitos durarão vá-
muito depressa, devido ao perigo rios anos, quando se poderá reno-
de provocar inflamações da gengi- var o processo; ou talvez, até lá
va e o rompimento de pequenos já se tenha descoberto nova dro-
vasos sangüíneos, indispensáveis à ga mais eficiente.
saúde dentária.
O pior dos males dentários, en-
O deslocamento lento e contínuo tretanto, sempre foi a paradento-
leva a resultados infalíveis e, um se ou piorréia, que vem devastan-
belo dia, sem que ninguém tenha do as mais belas dentaduras e te-
notado a presença dos fios de sêda cendo um mar de lágrimas e com-
durante o tratamento, surgirá uma (Conclui na pag. 93)
Junho de 1955 IT-magazine 31
# 10 11 12 13
Do coração para o coração humildade
Já não aceito a humilhação mesquinha
de um homem por um homem, não por Deus.
Do servo pelo dono, do empregado
em busca do argumento mais patético.
flor sozinha
Do possuidor à posse temporal.
Daquele que se curva pelo pão
Que flor é aquela ou pela glória. Tudo que alimenta
na beira do rio? também corrompe quando é servidão.
S ^
Ninguém a descobre
na beira do rio. Prefiro o gesto simples, comovente
A flor é sozinha, de quem se curva para ver a flor
parece comigo. ou dentro de si mesmo, se ajoelha
e diz Meu Deus, meu grande Deus, pequei.
Na beira da Vida
também vivo só.
pedido
Senhor, o que vos peço é tudo e nada.
Não são vossos tesouros. Não são graças,
não são bens temporais. Nem vossa ajuda,
poeALaá- de nem vosso olhar de extrema complascência.
astros e k
cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
# 10 11 12 13
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O Domínio do Cínemascópío
Âtribuiações da Glória
38
IT-magazine Junho de 1955
encantadora
Margaret Ahcrne
V,
llust de 0 o ^u-cA-xa.
tèrpretar uma canção em voga, en- balhar na fábrica de seu pai. Certa
quanto mamãe a cantava com sua tarde, ao entrar num bar para to-
linda voz de contralto. A poucos mar um refrêsco, vira-o junto a
passos de ambos, eu fazia tremen- uma mesa. Tão logo notara a mi- v
dos esforços para não começar a nha presença, êle me chamara, sur-
chorar, fingindo alegria cada vez preendendo-me a sua lembrança de
que um deles me olhava sorridente. minha pessoa. Várias vêzes, torna-
Sim, estava novamente aconte- mos a encontrar-nos no mesmo lo-
cendo aquilo de sempre, ainda que cal, e não tardei em verificar que
mamãe fôsse uma culpada incons- êle se interessava por mim. De-
pois, começara a convidar-me as- I
ciente. Porque ela sempre tinha
uma frase oportuna nos lábios, en- siduamente para sair. Parecia-me
cantava a todos com a sua elegân- um sonho o fato de haver conquis-
cia e sua graça, fazendo ressaltar tado um rapaz tão disputado e tão
ainda mais o meu ar acanhado. simpático. Gostava dêle porque era
Por isso, às vêzes, até parecia que muito formal e também. . . bem,
a odiava. Ê claro que ela nem de simplesmente porque era Ted.
leve suspeitava do mal que me fa- Eu sabia que não era bonita nem
zia. Era natural que Ted não pu- atraente como mamãe, mas, não
desse despregar os olhos de sua fi- obstante, o amor de Ted me infun-
gura. Não o podia recriminar, ainda dia confiança em mim mesma. Con-
que êle não me olhasse sequer uma tudo, cada vez que me vià com êle,1
vez. A única culpada era eu, que fazia o possível para não levá-lo a
vivia a acalentar ilusões, sem pen-
sar que não era fácil conquistar um
rapaz tão excepcional quanto êle.
Fazia já vários meses que Ted
me namorava. Nosso romance foi
para mim o mais surpreendente e
delicioso de tôda a minha vida. Na
verdade, conhecia-o havia vários
anos, pois, ao entrar eu na escola
secundária, Ted estava para ter-
minar os estudos e era capitão do
time de futebol que ganhara o
campeonato inter-colegial. Creio
que, então, tôdas as minhas cole- — Garçon, pegue aquelà môsca,
gas estavam um tanto enamoradas ela roubou o meu bife!
dêle. Depois, Ted começara a tra-
Junho de 1955' IT-magazine 41
minha casa. Até oiíc, finalmente, durante as poucas contradanças que
compreendi que tal situação não me dedicou, não a perdeu de vista.
poderia continuar por muito tempo. O mesmo acontecia cada vez que
Antes dêle, muitos rapazes me ela me via dançando com papai.
haviam cortejado. Não abrignva,
por isso, muitas ilusões, pois, sem- — Maggy, não me roube o meu
predileto — dizia, e se afastava
pre que alguém me vinha buscar com êle.
para ir ao cinema ou patinar, ma-
mãe se acercava, linda como uma Naturalmente que dizia tudo isso
em tom de brincadeira, mas, as-
estréia de cinema, e se punha a sim mesmo, desbaratava os meus
palestrar. E quando, depois de cer-
planos, pois eu sempre parecia in-
to tempo, eu perguntava ao meu
namorado; «Não íamos patinar?» significante e desiludida ao seu la-
do, tão radiosa ela se mostrava.
— ele dava uma desculpa e ficava
na palestra. E não havia sequer um E agora, com Ted, acabava de
que, depois não me dissesse; «Que acontecer o que tanto temera: ma-
senhora maravilhosa! Mamãe tam- mãe atraíra a sua atenção. Feliz-
bém é maravilhosa, mas a sua tem mente, porém, naquela tarde, ela e
um não sei quê...» papai tinham um compromisso, de
maneira que não tardaram a nos
_ Havia um ano, Luiz Gonway deixar a sós. Tão logo ambos saí-
fôra meu namorado. Depois de sair-
mos juntos várias vêzes, êle me ram, Ted, entusiasmado, me disse:
convidou para o baile dos estudan- Como os seus pais são simpá-
tes. Enquanto nós dois dançáva- ticos! O senhor Ellis é amabilíssi-
mos, mamãe aproximou-se com um mo.
conhecido e exclamou sorrindo: E que achou de mamãe? —
Pelo que estou vendo, você perguntei com ansiedade.
pescou o rapaz mais simpático. Va- • E encantadora! Agora com-
mos, Maggy, apresente-me a êle. preendo que sou um rapaz de sorte.
Daquele instante em diante, Luiz Sim, não há dúvida de que soube
dançou muitas vêzes com ela e escolher.
— Você me ama ? — indaguei,
trêmula de emoção.
Ainda duvida ? — replicou êle,
o/mas dos imperadores e estreitando-me docemente nos bra-
ços.
as dos remendões são feitas do
Durante o resto da tarde não vol-
mesmo molde. ~ Montaigne tei a preocupar-me. Mas, nem bem
Ted saiu, uma idéia espantosa me
assaltou; «Êle voltará para me
42
IT-.mac azixe Junho de 1955
ver... ou para ver mamãe?» E
êsse pensamento, durante vários
dias, me torturou.
Na semana seguinte, porém, ocor-
reu algo inesperado. Sábado, à
noite, sentamo-nos à mesa mais tar-
de que de costume, porque mamãe
tinha ido ao médico à tarde. Ape-
nas começamos a jantar, notei que
mamãe estava um tanto inquieta, a
como se desejasse dizer-me algu-
ma coisa e não tivesse ânimo. Seus
olhos brilhavam mais que nunca
quando começou a falar:
— Maggy, tenho de dizer-lhe.
Sabe ?... Espero um filho.
Fiquei olhando-a boquiaberta.
Pensei que havia entendido mal,
mas, subitamente, uma idéia lumi-
nosa cruzou-me o cérebro.
— Ótimo, mamãe! — exclamei,
radiante.
Então ela olhou para papai, sur-
preendida pelo meu alvoroço, e
prosseguiu com lentidão, como que
buscando as palavras:
— Fico satisfeita por ver que
você se alegra, querida, pois, para
ser franca, pensei que você não
gostaria de ter um irmâozinho.
Ela não podia entender por que
me entusiasmava ante a perspecti-
va de que, em breve, sua esbeltez Vestido de carpete franzido sob
desapareceria, ainda que por pou- uma pala redonda. A saia é cor-
co tempo. «Depois que a criança tada em quatro panos para armá-
la. A gravata e as luvas são em
nascer, ocupada com ela, mamãe sêda "surah" com motivos de
não poderá perder horas conver- "pois".
sando com meus admiradores —
Junho de 1955 1T-MAGAZINE 43
cante. Ted notou o que me ia na
mente.
O que nao é bom para o en- —• Por que fica assim ? Acaso,
xame não é hom para a abe- tem medo de sua mãe?
lha. — Marco Aurélio. — Que bobagem! Medo de quê?
Mamãe vai passando muito bem —
retruquei, como se não houvesse en-
tendido a sua pergunta, E mudei
pensava."— De hoje em diante, Ted de assunto.
será só meu». Sempre que saíamos juntos, ao
Não sei como pude esperar tanto voltar para casa, Ted me beijava
tempo para dar a notícia a meu ao despedir-se. Mas, naquela noite,
namorado. Ficáramos de encontrar- notei que êle me estreitava nos
nos terça-feira no clube. No dia braços com desusado ardor e seus
marcado, pus um vestido simples, lábios buscaram os meus. A prin-
muito diferente dos vistosos que cípio, desejei que aquêle beijo se
costumava usar. Sim. que me im- prolongasse pela eternidade, mas,
portavam agora as toaletes caras repentinamente, pensei: «Êle es-
se mamãe não mais me podia eclip- tará realmente me beijando, ou bei-
sar? jando uma moça imaginária, pare-
cida com mamãe?» E, convencida
Sabe que mamãe espera um de que era apenas uma visão, afas-
filho? — disse a Ted, tão logo nos
tei-o bruscamente e entrei corren-
encontramos. - E me pus a obser- do em casa.
va-lo, a fim de ver como receberia
a novidade.
☆
Que surprêsa! Imagino quan-
ta alegria deve haver em sua ca- Depois das férias, ao começar o
sa . Porque você já tem dezessete novo período de aulas, voltei a en-
anos. Assim... trar em contato com novos pro-
É verciad fessôres. Estava no quarto ano do
. e, mamãe não é tão ginásio. Mais alguns meses e mui-
jovem — tomei com ênfase Ted
tas de minhas colegas se casariam.
compreenderia que ela já andava
pelos quarenta, e prestaria mais Outras começariam a trabalhar.
atenção a mim. A-té os mestres nos tratavam de
Mas, em seguida, pensei que ain- forma diversa, notando que já es-
da que ela perdesse muito de seus távamos moças feitas. Eu, toda-
encantos, isso não queria dizer que via, continuava insegura em meu
se tornasse uma mulher insignifi- íntimo, sem confiança em mim mes-
ma .
44 ■ ■
IT-magazine Junho, de 1955
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Creio que foi durante a segunda — É grave o seu estado? —
semana de estudos. A aula de ma- perguntei com ansiedade.
temática ainda não havia termina- — Ainda não se sabe. Os médi-
do, quando a secretária me cha- cos a estão examinando.
mou. A senhorita Baldwin olhou-me — Papai, o senhor acha que. . .
de modo estranho e, após indicar- — Confiemos em Deus, Maggy
me uma cadeira, começou em tom — prosseguiu êle com voz entre-
amável: cortada. — Não queria alarmá-la,
— Maggy, eu não queria alar- mas pareceu-me prudente que vo-
má-la, mas é necessário que vo- cê viesse, já que pode ocorrer algo
cê o saiba. Sua mãe foi vítima de de grave.
um acidente. Seu pai telefonou, pe- Já que pode ocorrer algo de gra-
ve. . . — Assim, papai temia...
dindo-me que a mandasse ao Hos-
pital do Norte. O táxi está espe- Afogando um soluço, debrucei-me
rando aí fora. Vou acompanhá-la. no braço da poltrona e cobri o
rosto com as mãos, procurando
Com o coração prestes a sal- ocultar o meu desespêro. Quis re-
tar-me do peito, tomei o automó- zar, mas nenhuma prece me veio
vel. A secretária apertava-me ca- aos lábios. Sentia-me terrivelmen-
rinhosamente, a mão, procurando te envergonhada, enquanto, dian-
animar-me. Desci do táxi e deixei te de mim, papai olhava-me sem
levar-me pela ampla escada de me ver, com o coração e os pensa-
mármore. Não, não era um pesa-
delo; era realidade. Estava no hos-
pital e papai vinha ao meu encon-
tro.
Depois de agradecer à minha 2=
acompanhante, conduziu-me ao ele-
vador. Por fim, pusemo-nos a an-
dar por um corredor que ia a uma
saleta de espera. Ali, papai fêz-me
sentar numa cadeira e pôs-se a
contar-me o que acontecera:
— Betty estava limpando o chão K
e, escorregando, rolou pela escada.
Felizmente, antes de desmaiar, pô-
de arrastar-se até o telefone e — Que ninguém saia! Estão fal-
avisar-me. Parece que se machu- tando seis velas no bôlo...
cou.
Junho de 1955 1T-MAGAZINE 45
mentos só dedicados à mamãe. cida pelo cansaço, adormeci. Quan-
«Meu Deus, como é possível que do despertei, pareceu-me que pa-
eu haja sentido ciúmes de minha
pai se achava a meu lado. Mas
própria mãe e até tenha chegado
era Ted.
a odiá-la? — perguntei-me, an-
gustiada. — Só porque ela é mais Logo que soube do ocorrido,
bela do que eu?» vim para cá ■— disse-me êle. —
Com o coração compungido, tive Trouxe-lhe um pouco de café, que-
de confessar-me que, mais de uma rida. Beba que se sentirá melhor.
vez, havia desejado que mamãe não Sorvi um pouco da bebida. De-
estivesse presente às reuniões es- pois, apoiei a cabeça no ombro de
tudantis. Mas não, Deus, sempre Ted e, novamente, não pude con-
generoso, não me poderia castigar ter as lágrimas.
tao duramente, levando mamãe.
Se isso acontecesse, que seria de Tenha calma, Maggy. Sua
mãe há de melhorar.
mim ?
Não sei quanto tempo trans- Você não pode compreender,
correu até que uma enfermeira nos fe<f — exclamei, entre soluços. —
trouxe uma bandeja. Papai ins- Agora vejo claramente que não te-
tou para que eu comesse um pou- nho sido uma boa filha. Não quis
co, mas não pude provar nada. bem à mamãe como devia.. . sen-
Depois de mais alguns minutos, tia ciúmes dela e não gostava de
outra enfermeira se aproximou pa- vê-la tão bonita, ao passo que
ra falar com ele. Aguardei pacien- eu...
temente que papai me dissesse o —- Tolinha! — interrompeu-nie
que a mulher lhe comunicara. êle. — Todos nós pensamos, às ve-
zes, que odiámos nossos pais por
— Ainda não se sabe de nada isto ou por aquilo. Mas não vejo
falou-me, dando uma palmada por que você teve ciúmes de sua
no espaldar da cadeira. ~ Mas o
mãe.
médico acha que é preferível que
eu esteja presente quando ela vol- E como eu ficasse olhando-o, sem
ar a si. Por que você não vai pa- saber o que lhe responder, êle pros-
ra casa descansar ? seguiu:
Seria inútil: eu não descan- Lembra-se do dia em que co-
saria. Prefiro esperar aqui. nheci sua mãe, faz algumas sema-
nas?
Papai acariciou-me os cabelos nas ? Esqueceu-se do que lhe dis-
depois de sorrir-me com tristeza' o o "?? <^ue me considerava
Se ., um rapaz—
de sor e
saiu atrás da enfermeira p ass^ t . porque havia sabido es-
vnw,
ram-se „ varias
- . horas,—jrussa-
'
até que, a-
ven- colher?
4fi {Conclui na pag. 91)
IT-magazine Junho de 1955
cm 1 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
JUVENIS
é
0 Salário da Esposa
LUCIIXe BRIXT
são vantajosa, ou se vê na contin-
gência de dar um presente a uma dica ou os inevitáveis impostos te-
rem consumido todo o seu dinheiro.
SrO-ameCOnh:0Ída? <<0ra' baSta^e Nessas ocasiões, é benéfico às re-
darei tod 0 o necessário
arex todo 0
' l116-ent
Seão
tiver
lhe lações maritais pedir dinheiro para
comprar roupas de lã, que as crian-
0 melhor chef ças usarão somente daí a um ano,
família"' ^COnCeder e de
nortí ^
portância ao assunto maior im- embora devam ser compradas sem
mais tardança a preços convidati-
vos?
Na verdade a esposa moderna,
para bem desempenhar sua mis-
™u^ ouestei
'«"
de uma grande conta mé- são na sociedade, precisa de algum
48 dinheiro que possa manejar à sua
IT-magazine Junho de 1955
vontade. Em muitos lares, o chefe moça se case visando algo mais do
de família dá mesadas periódicas a que assegurar-se cama, comida ou
seus filhos menores ou lhes distri- salários para o resto da vida; é de
bui tarefas gratificadas, asseguran- supor-se que ela deseja e quer rea-
do-lhes um rendimento para suas lizar os trabalhos necessários para
diversões. Entretanto, o mesmo não construir, com seus filhos, seu ma-
se dá com a maioria das esposas, rido e ela mesma, um lar feliz.
as quais, salvo se se entregam a O marido, por outro lado, casou-
duros trabalhos de máquina e de se de livre vontade, comprometen-
forno, não possuem renda nenhuma, do-se a dignificar e amar sua es-
vendo-se em dificuldades para dar posa — sem 'direito entretanto, de
um presente ao próprio esposo. julgá-la uma simples empregada
Tendo em vista essas considera- sem remuneração. Êle se casou dis-
ções, por que uma esposa há de posto a sustentar seus filhos até
ver-se na contingência de mendi- quando o fôsse necessário e, de cer-
gar pequenas quantias para adqui- to, com a intenção de sustentar a
rir o que precisa ou quer com- esposa também.
prar? Por que não possui também Entretanto, êle, às vezes, não en-
o seu salário, para evitar essa si- tende que, no mundo de hoje, as
tuação constrangedora ? Será que necessidades de sua companheira
ela não faz jus a um pagamento vão além de alimentos, roupas es-
doméstico ? senciais e cuidados médicos. Ê que
Em face dessas circunstâncias a esposa, em defesa de seu próprio
merecedoras de estudo, uma deter- bem estar moral e mental, precisa
minada escola de pensamento já ter sempre o direito de dispor de
apontou a conveniência de o mari- alguns trocados.
do conceder à esposa um salário Naturalmente há maneiras efi- '
equivalente a dez por cento de seus cazes de dar dinheiro à esposa, sem
ganhos semanais. Os que pensam pagar-lhe um salário. Sabe-se de
assim vão mais adiante, sugerindo um cidadão que, todo ano, pelo
que essa percentagem seja deduzi- Natal, presenteia a esposa com uma
da do salário bruto, sem obrigações quantia em dinheiro que ela gasta
ds previdência social, etc. «Que como lhe" parece mèlhor. Além dis-
vergonha!» — dirá muita gente, so, noutras oportunidades, êle lhe
escandalizada. — «Então o casa- dá como presente pequenas somas,
hiento agora se transforma em formando-lhe um fundo pessoal mo-
um negócio assalariado como os desto mas efetivo.
outros?» Outro marido passou à esposa a
De certo, é presumível que uma responsabilidade exclusiva de uma
Junho de 1955 IT-magazine 49
casa que alugou, adjudicando-lhe importante, iguala seu poder aqui-
tôdas as rendas, mas deixando a seu sitivo ao do esposo, libertando-a da
encargo as despesas de impostos, embaraçosa contingência de impor-
seguros, consertos, etc.. Outro ad- tuná-lo continuamente com seus pe-
quiriu para a mulher títulos indus- didos de dinheiro.
triais que poderão ser vendidos ou
Então, ainda é preciso salário
conservados para renda, caso ela o para as esposas? Que mulher gos-
queira,
taria de ver seu trabalho de dona
Já um casal, os Souza, manejam
de casa, cozinheira, mãe e esposa,
seu orçamento doméstico de um
modo realista, que tem dado mui- traduzido em termos inexpressivos
de cruzeiros e centavos.
ta alegria a tôda a família. Marido
e mulher dividem as despesas do- Nenhuma, de certo, concordará
com êsse aviltamento de sua per-
mésticas em várias rubricas, a que
destinam oitenta por cento do or- sonalidade. Por isso, esposas e ma-
ridos devem e podem traçar um sis-
çamento. reservando os vinte por
cento restantes a uma conta cha- tema de mesadas para todos os
mada «extras». Dessa conta, to- membros da família, baseado na
dos os membros da família, inclu- renda total da mesma. Cumpre-lhes
sive o filhinho de cinco anos, ti- sentar, de lápis e papel na mão,
ram muito do que precisam. Daí para levar a cabo alguns cálculos
vem o numerário para as coisas minuciosos. Ao fim dêstes, e incluí-
de menor importância, como tapê- do cada membro da família na di-
tes, brinquedos novos, passeios e visão de seus recursos, todos ga-
diversões. Acontece que, depois de nharão um novo sentimento de im-
somado e distribuído todo o dinhei- portância, sabendo-se partes de um
ro pelos gastos essenciais, o res- grupo para que concorrem e de que
tante torna-se a conta «extra» a que desfrutam. A economia também
cada membro da família tem di- chegará, de mansinho, uma vez que
reito. todo o mundo conhece a situação
Essa divisão dos recursos fami- financeira da família. Com isso, a
liares dá à espôsa o feliz ensejo de benevolência substituirá o mau hu-
fazer surprêsas.^ comprar presentes mor de seus membros, pois não há
especiais e tirar partido dos bons melhor válvula de escape para
preços de ocasião, e, o que é mais qualquer família do que um dinhei-
ro miúdo de vez em quando.
^44
0 c nsi l
Thoreau. '' " " 'or de um templo, chamado o seu corpo.
50
IT-magazine Junho HE 1955
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
POR CONSTANCE BANNISTER
JLÍIIS E Bmxos
^%í:Í
i-Jk
"
Mas quando i
estou desanimada
mm
^petmq VOiàe
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
f
í , , Mi
Eis um chapéu encan-
tador devido à sua for-
ma de coração, tradi-
cionalmente associada
à rainha Maria da Es-
cócia. É cortado de uma
peça achatada, em for-
ma de folha de hera,
com pinças atrás. Pa- Bp
ra sua parte exterior
usa-se veludo de seda,
«chiffon» preto, forra- %
do com cetim côr de
pastel e debruado com
fita também de cetim.
O arame usado na bei-
rada exterior assegura
cômoda adaptação à ca-
beça. A rêde preta, cai,
suavemente, do centro
da nuca, o qual se le-
vanta, fazendo uma cur-
va de altura acentua-
da.
• •
A Última Morada
a hora de morro J^lica que 03 elefantes, quando sentem aproximar-se
desconhecidr ncrâva^rn8"38 f'™8 6 VÍajam Para Um lugar
C d0
e-lar seu derradeTo s
nhando sua morte próxima pTro
US i» tres
a e se
" V00ao cert0 ^
We os rouxinóis adivi-
primeiros sinais da manha
e continuam voando a subir esd ^
sol nascente, até que sei.= ada5068 .vez rebe
mai3
aho, sempre na direção do
altura vertiginosa Por sua Te? 0S pombos "tem e êIes caiam de llma
a morte a ronda los r* m venezianos, dpressentindo
chegados, deLam-se' afr 33^ ÚltÍm0 VÔ0 na dire â
5 ° o — e ai
d0 VaSt0 ocean0 <Iue
como um túmulo majestoso. escolheram
64
IT-magazine Junho de 1955
cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Vestido em algodão listrado: ombros e
bolsos com listras em sentido contrário
às da saia. ★ Alegre modelinho em pi- VESTIDINHOS
quê^ vermelho e branco. ★ Vestido em ta-
fetá quadriculado, com detalhes de tafe-
tá branco. * Roupa de algodão estam-
pado, suspensa por alças da mesma fa-
zenda. ★ Vestido de lã xadrez com ori-
ginal pala triangular.
/í
'í
**
«r *
V* * 1, *
7
AS coDÍortáveis composições
m de luxo da
CENTRAL DO BRASIL
&
\ p com segurança,
conlôrl& e rapidez,
'V \ ligam as belas capitais de
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í/
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cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
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SÃO PAULO
Saída 22,40 — chegado 8,25
RIO DE JANEIRO
Saída 22,30 — chegada 8,20
EMOS notícia das flo- Conta-nos Suetônio, o
res, acompanhando a grande historiador clássico,
elegância das mulheres, des- q que a mania das flores do-
de a mais remota antigüi- V.C minou tôda a era dos Cé-
dade, e umas e outras sem- sares e que a indústria per-
pre viveram tão intimamen- fumista atingiu o máximo
te ligadas que as flores se de perfeição. As flores eram
tomaram verdadeiros sím- até comidas em deliciosos
bolos de feminilidade. manjares, especialmen-
A grosseira cerâmica de te preparados para os gran-
diversas tribos, tanto extin- des dias. Informa o mesmo
tas há séculos, quanto con- historiador que o prato pre-
temporâneas, freqüentemen- dileto de Calígula era um
te estampam flores ou sim-
ples pétalas ao lado das mu-
lheres, sugerindo-nos cria-
turas selvagens, um pouco
grotescas, mas deliciosa-
mente femininas como as
imagens de Gauguin. As flores íflegram
Através dos clássicos gre-
gos, percebemos sempre as
mulheres cercadas de flo-
res, enquanto os homens fi-
losofam ou fazem guerras.
Os livros religiosos falam- m
certo manjar de pétalas de
nos de flores: sacras, profa- rosas embebidas em vinho.
nas, domésticas, puras, ex- Tão apurado se tornou o
citantes: são as flores que olfato dos elegantes da épo-
Sulamita colhia para o ami- ca que os palácios tinham
go e cantadas por Salomão; não apenas um provador de
são as flores profanas de pratos e bebidas, mas tam-
Salomé ou ainda as corolas bém um «provador» de flo-
que Marta cultivava no jar- res, cuja única função era
dim de Madalena. No Egito provar as iguarias alimen-
os escravos levavam flores
tícias diante de flores diver-
para Cleópatra, em Carta- sas e selecionar os perfu-
go para Salambõ, em Ro- 10. mes mais condizentes com
ma para Popéia.
o banquete a ser servido.
58 Junho de 1955
IT-magazixe
Assim, intimamente ligadas à vi- flores brancas, em contraste ao ver-
da dos povos, as flores geraram melho do fogo que guardavam; os
entre eles uma série de preconcei- atletas eram coroados com folhas
tos e etiquêtas, cujos vestígios ain- de louro (sem as flores, pouco
da hoje se fazem sentir nos sím- amigas da musculatura), as corte- 1
bolos poéticos, religiosos e até so- sãs banhavam-se em água de sân-
ciais. Segundo seu perfume, sua dalo e usavam gardênias. Cada deus
côr, seu aspecto, eram elas classi- da mitologia grego-romana foi ho-
ficadas numa espécie de castas, ca- menageado com uma espécie de
da qual destinando-se a um tipo de planta, dedicada especialmente a
pessoa ou a um objetivo. A queima êle, e a deusa íris, ela própria,
do incenso, por exemplo, era para transformou-se na flor que tem o
produzir o perfume que mais as- seu nome. ■
: 11F
,;J 1
cm i 2 3 4 5 6 *ss~ 8 9 10 11 12 13
Você é uma
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Pessoa Ponderada?
rue lem a
KATIE WINDSOR
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i
JUNHo OE 1955 IT-MAGAZINE
cm 1 2 3 4 5 6 # 9 10 11 12 13
— Que ■ quer dizer ? — pergun-
tei-lhe ansiosamente. — Êsse re-
A esperança é melhor com- pouso de que me fala significa que
panhia do que o temor. — não poderei mais sair com minhas
Martin Farquhar Tupper. anaigas, nem patinar, nem correr,
nem subir' nas árvores ?
— Sim, meu bem. Mas será por
uns tempos. Talvez por uns poucos
tempos, porque sua saúde não es- anos...
tá boa. Ah! vovó! Prefiro morrer do
— Minha saúde? — repeti, sem que deixar de brincar. Já estou
entender. — Que quer dizer com farta de tanto repouso. Já faz anos
isso, vovó? que estou nesta cama!
Ela fizera um gesto vago. Geral- — Faz apenas cinco semanas,
mente não estava de acordo com o meu bem. Sinto muito, mas você
que chamava fantasia de jovens mé- cumprirá as ordens do médico e as
dicos. Durante longos minutos, eu minhas. Todos os dias, você terá
a escutara a cochichar com o dr. de fazer a sesta. Ã noite, irá mais
Mason, junto à porta de meu quar- cedo para a cama, isto é, no máxi-
to, sem, contudo, conseguir enten- mo, às nove horas. E nada de cor-
der o que diziam. Todavia, pela ex- rer, de patinar, ou de andar a ca-
pressão de seu rosto, compreendi valo.
o que ela pensava: o médico exa- — Não, não, vovó! — exclamei.
gerara o diagnóstico. — Logo que me levante, tratarei
— Não se preocupe, querida, são de subir numa árvore bem alta
transtornos da idade. . . Você cres- e. . .
ceu muito depressa. O que aconte- Arrependi-me, porém, do que lhe-
ce é que os médicos dão às doen- estava dizendo, porque os olhos de
ças cada nome complicado! Você vovó se encheram de lágrimas.
terá de ter paciência por alguns — Seja obediente, meu bem —
anos.. . suplicou-me, apertando-me as mãos
Meus pais haviam morrido quan- entre as suas. — Lembre-se de que
do eu era ainda bem pequena. Por você é tudo o que me resta no
êsse motivo minha avó paterna me mundo e de que, se lhe acontecer
havia criado. E eu a queria muito, alguma coisa, minha vida já não
não obstante algumas vêzes me terá mais nenhum sentido.
rebelar contra suas recomendações, — Está. bem, vovó. Procurarei
demasiadamente puritanas a meus obedecê-la — concordei finalmente.
olhos. Naquele momento, no mais P! 0
64 IT-MAGAZINE JUNHO DE 1955
fundo do meu ser, nasceu um fir- — explicava a minhas colegas de
me
propósito. Prometi a mim mes- escritório. — Mas não posso can-
ma: «Hei de ter cuidado, a fim sar-me muito.
que possa ser como as demais.
Não correrei, não me cansarei de- Comecei a sair com elas, parti-
cipando de suas diversões e pas-
masiadamente, porque não quero
Se
r uma criatura doente para o res- seios, mas tratando sempre de
to da vida»... voltar cedo para casa. Como o es-
Mas era mais fácil dizê-lo do que critório em que trabalhava distava
Pô-lo em prática. Dormir dez ho- poucos quilômetros da região dos
ras lagos, íamos, com freqüência, pas-
P01' dia, descansar depois do
almoço, não me agitar nem subir sar a tarde nos arredores de tão
em árvores, tudo isso era muito di- pitorescos lugares.
fícil. Contudo, esforçava-me por Aos dez anos, fizera o firme
cumprir à risca as determinações propósito de chegar a ser uma
de vovó. E quando minhas amigas moça normal. Mas tivera muito de
me diziam: «Esta tarde vamos pa- lutar para não seguir minhas ami-
tinar no lago», respondia-lhes, con- gas, quando elas participavam de
tendo as lágrimas: «Quando volta- folguedos que me eram vedados.
le
m, não se esqueçam de passar E mais de uma vez me perguntara
Por aqui para contar-me como se se tal sacrifício valia a pena.
divertiram». Aos dezesseis anos apaixonei-me
Mas, quem pode ter amigas sem
compartilhar de suas brincadeiras?
que rapaz se interessará por uma
Jovem a quem está proibida a
nnça, a natação ? A gente não
^ode ficar sentada, dizendo a si "4
esma que não gosta de dançar e
e ein vez
(j^ ' de perder tempo falan-
ge com um tolo, é preferível ler
^m bom livro, porque, se o fizes-
ncabaria por se estiolar.
con^ 0
mi8:
0 s a:n e
^ '' ^ ' continuei lutando 1)
do 0.
mesma e suportando tu-
sec ^ ^Ue fermlnei 08 estudos — Com vocês maãanie Miran-
g0 n á'rlos e consegui um emprê- da para o seu programa: "Meia
hora de Belesa!"
Mão é que eu esteja doente
JUNHu
ee 1953 IT-magazine 69
por Martin, um campeão esportivo,
que estava para entrar na Univer-
sidade. Êle, porém, só me convidou
para sair uma vez. E isso porque,
numa noite em que fomos a um
baile, no melhor da festa tive de
dizer-lhe:
— Ãs dez horas terei de estar
em casa.
Como é natural, êle não podia
suspeitar do motivo e, portanto,
y perguntou-me:
—- Quer dizer que teremos de ie-
gressar agora mesmo? Pensei que
você já não fôsse mais criança e
pudesse ficar aqui até mais tarde.
Enquanto êle me acompanhava
a caminho de casa, trocamos PoU
r cas palavras e pressenti que ele
não mais me convidaria. Naquela
noite chorei desconsoladamente,
convencida de que nenhum iapa
me quereria mais.
No ano seguinte vovó morreu e
tive de passar a morar com tia ^
sa, a qual não estava bem a pai
minha enfermidade. Foi então Q11
ms decidi.
No escritório, travei amizade com
Luísa, uma mocinha miúda e f610^
sa, mas muito simpática. Não ta
dei a confiar-lhe as
cupações e minha firme decisão e^
pôr um ponto final em tantoS,Clge
dados. E por que não o fazer • ^
nos últimos tempos eu não seneg_
Casaco amplo em tussor branco. nenhum mal estar... Era de
Grandes bolsos dos dois lados.
perar que, depois de tantos
de sacrifício, já tivesse melh0
Bi
Coleção Minoiriana IT-magazine JUNHO DE 1953
do. Acaso vovó não me dissera que nos alvoroçados e cantávamos as
devia ter paciência apenas por canções em voga. Nunca me senti-
dds tempos ? Já era hora de viver ra tão feliz, não obstante sentir
normalmente, como qualquer de mi- os músculos doloridos, porque, pela
nhas amigas. primeira vez em 8 anos, havia an-
Por que não consultas um dado o dia todo ao lado de minhas
niédico? — perguntou-me Luísa. amigas. «Não tornarei a preocupar-
— Não quero saber de médicos. me com minha saúde» — prometi-
Estou forte como uma rocha. No me, compreendendo que Paulo ti-
Próximo fim de semana, irei com nha muito a ver com essa decisão.
Vo
cê aos lagos. Quero aprender a Procurei-o entre os alegres rapazes
es
quiar. Não há rapaz que não pra- do grupo e o vi ao lado de uma
tique êsse esporte de inverno e, se loura muito bonita, vestida como
nao o aprender, nunca terei um uma estréia de cinema.
amigo.
— Ê Betty Norton — explicou-
Tens razão — concordou Luí- me Luísa. — Há muito tempo que
.' Sábado, iremos Juntas e ve- ela não o perde de vista, ainda que
Ias cor
no nos vamos divertir. Em- não pertença a nosso grupo. Só sei
inestar-te-ei
e
um par de esquis e que fala com um acento estrangei-
apresentarei a meus conheci- ro e que é uma desportista exce-
dos.
lente. Por isso, Paulo está interes-
^ E foi a própria Luísa que me deu
s sado por ela, visto que não gosta
Piimeiras lições de esqui. En- de principiantes.
Uanto
i s Praticava, seguindo-lhe as Meu coração deu um salto. Se
ruções, aproximou-se de nós,
ambos ainda não eram noivos, ain-
.!S0 izando sôbre a neve, um rapa- da tinha tempo para conquistar
desempenado, de olhos claros
e a
rg0 sorriso. Paulo. Mas, em seguida, lembrei-
me do que Luísa me acabara de
_ Olá, Luísa, Como se chama dizer.
Ua
amiga?
rp . Também sou uma principian-
niio 1 aSSÍrn <íUe conheci Paulo, exí-
esquiador, que, logo depois, se
0f
^eceu para guiar-me.
bem, Lia, magnífico.
Nada pode dar a paz a nin-
5ões rireVe' Você estará em condi-
mrv, 6 comPetir conosco — afir- guém, senão êle mesmo.
A'' entusiasmado,
Ralph Valdo Emerson.
Serv,0Crcuio
-CaÍr da noite
diante do. sentados em
fogo, ríamo-
Jtiií Ho CE 1955 67
IT-MAOAZINE
ça era muito mais hábil que eu,
e via-se claramente que ela con-
Perdoa sempre os teus ini- quistava o rapaz com sua coque-
migos; essa atitude é a que teria. Sim, não havia dúvida de que
os aborrece mais. — Oscar ambos falavam a mesma lingua-
Wilde. gem, e eu, ao lado dela, não pas-
sava de uma garota insignificante.
Deitei-me muito deprimida e tar-
dei em
te - observei. - Nunca poderei conciliar o sono, mas, na
competir com essa estrangeira. manhã seguinte, levantei me mais
_ animada. Se Paulo se interessava
qUe na0 ? 0 Seu caso é
r f
ri erente: numa umca . tarde você pelas habilidadesinhas
^ esportivas
mãos de Bet-
superá-
estava em m
se adiantou mais do que eu em vá- las N-o renunciaria ao meu pro-
nos meses. Ademais. Paulo interes- póslto^ custasse o que custasse,
sou-se em ensiná-la. Que mais quer? Bast em minha vida, a desilu-
Se voce procurasse aprender... são, (iue tivera com Martin,
Segredoé da Quiiuielra
i.
iudicá m"'vert Se im
PÔsto tanto que pre- Para
docinhne tadeira finalidade dos
na
ndo-n ' ^ ® a t'6 a''niento, tor-
Ue
uma mesa
t'6 Danof fn^,es urn belo aglomerado
Acr etc''tamos,n'10s de fita
porém, queeoanilinas.
que tô- festiva
n
a
,/V 1.
s
O voile verde-alface, com
• ■; mimosa estamparia, to-
ma um efeito fascinan-
f TV
I -:A1
/
/
1
^ ^ **w4 VV ■
^^4
1
cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
. S fontes de luz natural são os
r\ pontos mais sensíveis de um
interior. Diante disso devemos tra-
tar as janelas com o máximo cui-
dado e o melhor bom gosto. Fil-
trar a claridade através de corti-
nas, principalmente nos países tro-
picais, é mais necessidade que luxo,
na busca dum ambiente saudável.
Uma casa sem cortinas parece-nos
hoje inabitada e até mesmo inabi-
tável.
te»
rn quando emoldurado por pesadas
ti inas de brocado verde-garrafa, pre-
sas com bonita franja.
O O O
cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
--rrt—r
è faeih.Cúleeiomp
MAGAZINE
r>
I -w
Y/S WÁ
m
Cindas capas
forradas a
percaline, nas
cores vermelha,
verde e sépia.
Cada capa
encaderna 6 núme-
ros de IT, facili-
tando as consultas
dos colecionadores
e conservando a
boa aparência das
revistas.
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•ncluidas os despesas de porfe
Reembolso postal
Remetemos, também, pe- Pedidos à SOC. EDITÓ-
lo registro simples, me- RA ALTEROSA LTDA.
diante cheque ou vale Caixa Postal, 279
postal. Belo Horizonte. sil
Jük Ho 79
o® 1955 IT-magazine
cm i 6 * 10 11 12 13
——
página da 'Iflamãe
/
# 10 11 12 13 14
r C•
mm
Adotivos
m
A m
do extremo
nordeste
A única emissora de
Natal, dispondo de
duas freqüências (on-
{ das médias e ondas
tropicais), pode levar
aos seus produtos a
preferência de um
mercado consumidor
de grande importân-
cia econômica. Peçam as nossas tabe-
riência na
A Rádio Borborema
apresenta sempre um
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vivo, com toda a gama de ZYJ-21, em 3.325 kcs.
variedade que a
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experiência de uma grande
cadeia de emissoras Uua Cardoso Vieira, 36
capitaliza: Campina Grande • Paraíba
as Emissoras Associadas.
L
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I io
r n
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«
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V,
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c7
o<?> Ondas Médias: ZYH-8 — 730 Quiloclclos
Freqüência Modulada: 103,1 Megaciclos
R A' D I O
D
CURITIBA PARANfi
ZYH
cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
MÃE ENCANTADORA
(Conclusão da pag. 46)
::
80K
94 IT-magazine Junho de 1955
w-
ADMINISTRAÇÃO:
CAIXA POSTAL 6 — ABACAJÚ — SERGIPE
J u.v Ho DE 1955 IT-maoazine 95
VOCÊ PODE
OUVIR
Ss
s
%
Mcs
A emissora preferida
do litoral paulista, sin-
tonizada em todo o
Estado bandeirante e
Rádio
em Minas Gerais, pe-
la sua variada progra-
Atlântica
mação.
Santos
96 IT-magazine Junho de
AS FLORES ALEGRAM A VIDA
(Conclusão da pag. 59)
com os pobres. Também em nos- quinte que nos deixaram não deve
sos dias, Santa Teresinha, tão pu- ser esquecida, mesmo porque as
ra quanto graciosa, viveu sempre mulheres modernas, com tudo de
cercada de rosas. que dispõem para seu conforto e
beleza, não têm o direito de ser
Hoje não temos perfumistas es-
menos graciosas que as belas pa-
colhendo flores para os banquetes,
trícias que exibiam no Coliseu a
nem nos momentos de luto man-
elegância de suas corbelhas. Nem
damos vir carpideiras com buquês os lares de hoje podem ser menos
de ervas amargas, porém os sím- perfumados que os grandes casa-
bolos que as gerações passadas nos rões onde os guerreiros romanos re-
transmitiram, aliadas ao nosso bom pousavam por entre flores. As flo-
senso, fazem a seleção. Jamais le- res precisam continuar, e nunca o
varemos flores de perfume forte deixarão de ser, as maiores alia-
aos doentes, nem saudades roxas das da graça feminina e onde esti-
à aniversariante. Voltar ao apuro verem sempre hão de indicar a
romano seria fútil e descabido em presença duma delicada mão de
nossos dias, mas a lição de re- mulher.
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cjrande
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mercado
iUDIO
ELEGÂNCIA
TÉ há dois séculos atrás as mulheres francesas mais elegantes ma-
quilavam as veias, pintando-as com uma tinta azul que salientava a
hrancura de sua pele.
100 IT-maoazine Junho de 1955
umicts DO DMIO ENEDGII E IDMSrOSÍE
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DIÍP PUBL. "ALTIiUOSA*
BPÓLICES DO E I
Fontes
de inspiração
dos penteados
femininos
GERMAINE DORAT
* * *
Babel Asiática
jA CONSTITUIÇÃO da índia permite o uso de doze línguas naquele
país. Trata-se do Assamese, Kannada, Kashmir, Malayalam, Marathi,
Orya, Punjab, Sânscrito, Tamil, Telegu e Urdu. Além dessas, vigora
a língua oficial do Estado: o Hindustani.
Junho de 1955 IT-magazine
X — Vestido em shan- 3 — Vestido em pope-
tung estampado, tipo lina de sêda, enfeitado
princesa. com cadarço de côr
contrastante. Uma gra-
2 — Muito elegante es- vata do mesmo cadar-
te modelo em tafetá ço termina o dccote.
estampado.
4 — Gracioso modelo
de tule bordado, apre-
sentando uma blusa
S muito original.
5 — Vestido de popeli-
r na rosa, drapeado. 0
ombro é terminado com
dois laços.
5'
6 — Elegante modêlo
de nylon estampado,
ajustado à cintura com
uma larga faixa de fail-
le.
7 — Muito prático es-
•iK te vestida de sêda azul-
marinho de bolas bran-
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Q tortura dos nervos desajustados
4 4 4
Orientação Natural
S cegonhas que têm seus ninhos a leste do Rio Weser (Um dos maio-
res rios da Alemanha) emigram regularmente para a África do Sul e
a África Ocidental, cumprindo um itinerário preciso que cruza o Bos-
foro, a Síria e a Palestina, seguindo depois o curso do Rio NUo.
Por outro lado, as cegonhas que fazem seus ninhos na parte ocidental
daquele rio alemão chegam à África depois de sobrevoar a Fiança, a ps
panha e Gibraltar. Numas e noutras revoadas as cegonhas mais velhas
servem de guias para os bandos migratórios, reconduzindo-os ao mn o
antigo com uma exatidão impressionante, depois de tei em voa o
10.000 quilômetros.
Pioneiro
11 MA das primeiras obras sobre a astrofísica (ramo da astronomia
que trata da constituição física dos astros) foi publicada em.1870' "J*
gua francesa e era 1874, na língua italiana. O livio em apieço, c
"O Sol", foi um dos primeiros a abordar sèriamente o novo ramo cien-
tífico e foi escrito pelo padre Ângelo Secchi, um pioneno a n va
cia e autor de numerosas investigações sôbre a isica o so
estréias.
111
Junho de 1955 XT-magazine
Diretor — MIRANDA E CASTRO
Vice-diretora — N. M. CASTRO
magazine
IT-magazine ê uma publicação mensal da Soe. Editora Alterosa Ltda.,
com sede à Av. Afonso Pena, 941 — andar, Caixa Postal, '279, Enderêço
Telegráfico ALTEROSA, Fones: 2-0652 e 2-4251, Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil.
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Êstes preços vigoram para o Brasil e todos os países americanos. Para
outros continentes são elevados ao dobro.
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REPRESENTANTES — Em São Paulo: Newton Feitoza, Rua Boa Vista, 2
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presentações, Av. Borges de Medeiros, 410, Sala 1.116, Ed. Sulacap, Fone: !
3-3456. Em Salvador: Inocêncio Pessoa Esteves, Rua Fernando Alves, 9 i
(Roma).
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AS OBRAS PRIMAS
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U de criadora, imprimiram às suas obras
o toque de imortalidade, cternizando-se SEGUROS DE V..
na admiração dos póslcros.
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