Você está na página 1de 115

10 11 12 13 14

SEXTA-FEIRA

MILHÃO o
*
CRUZEIROÍ
<3

Você

também

pode ser

TíloaVíá

Habilifando-se na

LOTERIA DO ESTADO

DE MINAS GERAIS

tiossa totenci

EXTRAÇÕES As SEXTAS-FEIRAS
®:i

^ ,
,.,5-
//
i ^c7

k '.-i Elimina ràpidamente a Dor


de Ouvido da criança ou do
QUANTAS noites de sono perdidas pela adulto e evita a surdes!
grande maioria das mães teriam sido AURIS-SEDINA, grave hoje
poupadas, com grandes benefícios pa- êste nome para ouvir bem
ra sua própria saúde, quanto sofrimento e
quanta choradeira poderiam ser evitados com toda vida!
o uso de Auris-Sedina! Auris-Sedina elimina
ràpidamente a mais desatinada dor de ouvi-
do, tão freqüente na criança e combate as
suas causas.
Poderoso antissético e resolutivo nas
otites, combate a inflamação, a purgação do
ouvido e evita que a infecção se propague,
acarretando surdez e, na criancinha até a
mudez.

AURIS-SEDINA

LABORATÓRIO OSÓRIO DE MORAIS - BELO HORIZONTE


CARNE SADIA E LIMPA ? A LINGUAGEM
SÓ NOS
DOS PAPAGAIOS

OS naturalistas definem a lin-


guagem dos papagaios como
um mero caso de ecolalia, isto é,
Açougues CRUZEIRO DO SUL Ltda. repetição automática sem significa-
Escritório Central: ção particular. Êsse fenômeno tem
Rua Espírito Santo, 467 - Fone 2-7958
BELO HORIZONTE relação com as zonas cerebrais que
registram os estímulos acústicos e
controlam os músculos empregados
O Brasil será uma grande nação no na fonação. As crianças nos primei-
dia em que pudermos colocar em ros tempos de vida fazem o mesmo,
cada residência, fábrica, escritório ou repetindo automàticamente, as pa-
casa de comércio, uma placa com os lavras ouvidas, sem conhecer-lhes o
dizeres; NESTA CASA NÃO HA sentido. Entretanto, o menino, com
ANALFABETOS. o desenvolver da inteligência passa
a coordenar os centros nervosos e
aprende a pronunciar as palavras
determinadamente com a intenção
de obter um resultado. Naturalmen-
METALGRÁFICA te, os papagaios não evoluem e, com
uma inteligência primitiva, suas pa-
MINEIRA LTDA.
lavras continuam sendo uma repe-
Litografia — Mecânica tição automática, vazia de sentido.
Funilaria Considerando isso, os naturalistas
não aceitam como verossímeis vá-
rios exemplos de papagaios cuja

fala seria intencional.
Fabricação de latas lisas e lito- Contudo, há casos extraordiná-
grafadas em todos os tipos e rios que embaraçam os cientistas
formatos. mais céticos quanto às possibilida-
Rua do Pampas, 788 — Telefo- des de um papagaio articular fra-
ne 2-0169 — End. Teleg.: REBEMO ses para exprimir uma ordem 011
C. Postal, 194 um desejo definido. O cientista ale-
Belo Horizonte — Minas Gerais mão Koehler criava um papagaie
velho, capaz de expressões vocais
que não pareciam automáticas. Coni
íazine Junho db l955
efeito, o louro dizia «Bom dia» e
«Boa tarde» apenas uma vez por
dia, jamais repetindo a saudação,
como se conhecesse o seu sentido WAMt HOJE PÁllA TER AMAHHi í
e a hora exata de pronunciá-la. Êsse
mesmo pássaro sabia dizer «Até I
logo» no momento exato em que um
visitante ia despedir-se de seu dono.
Koehler curioso com a atitude do
papagaio, decidiu fazer uma expe-
riência. O visitante, instruído de an-
temão, levantava-se e simulava que
se ia embora. O papagaio não se
confundia e só dava o «até logo»
quando o visitante estava saindo
de verdade.
Karl Lorenz, o grande naturalista DÊ UM COFRE
austríaco narra o caso de um pa-
pagaio dono de uma memória ex- A SEU FILHO
celente. O louro vivia em liberdade
ao lado de uma arara chamada abrindo uma
Hõpfchen, nome que êle pronuncia- conta-corrente no
va corretamente para chamar ou ir-
ritar sua amiguinha. Um dia a ara-
BANCO DE
ra sumiu e o papagaio nunca mais
pronunciou o seu nome. Nove anos MINAS GERAIS
depois o dono do louro comprou ou-
tra arara e, mal o papagaio a viu ☆ ☆ ☆
pela primeira vez, correu a seu en-
contro pronunciando distintamente Será um lindo presente de
o nome da companheira desapare-
aniversário e uma suges-
cida.
tão para aprender a eco-
a
nomizar.
VOCÊ SABIA?
.. . que, em Pernambuco, em Vi-
☆ ☆ ☆
tória de Santo Antão, alfabetizou-
se um velho de 93 anos de idade, Matriz em Belo Horizonte:
obtendo o certificado da Campa-
nha? RUA ESPIRITO SANTO, 527

Junho de 1955 IT-íiagazine 3


Diamantes Sintéticos
mijcao
pedras preciosas mais impor-
tantes há muito tempo eram
produzidas sintèticamente, enquan-
to o diamante, como um rei mine-
ral inconquistável, continuava sen-
do a única gema imune aos mo-
dernos processos industriais.
Contudo, uma companhia ameri-
cana anunciou, recentemente, que
sintetizou diamantes genuínos cujo
tamanho e consistência permitem
inequivocamente sua identificação
como gemas de qualidade.
ii Os detalhes do processo utilizado
AFONSO PENA 726' na sintetização foram até agora
11' andar - Sala 1.101 mantidos em segredo. Sabe-se, en-
_Fç#ne- 1-1626
tretanto, que os mesmos são basea-
dos em métodos da natureza, cujo
processo de formar diamantes con-
Combinações de cetim siste em exercer gigantesca pres-
com godê desde 50,00. são e calor nas profundidades da
Edredons de cetim, arti- terra. Os diamantes ora produzi-
go fino de 650,00 por dos são formados pela utilização
595,00. de uma prensa colossal, que aplica
Vestidos de algodão,
desde 85,00. mil toneladas de pêso sobre um
Blusas de algodão de pequeno copo de metal, aquecido
35,00. a uma temperatura de 5.000 graus
RUA TUPINAMBAS, 639 Farnheit. Dentro do copo são co-
FONE: 4-0554 locados carbono (provavelmente
wiBuçy grafite) e outros materiais não re-
velados. Quando a matriz esfria
contém diamantes (carbono crista-
mm, lizado) do tamanho de grãos de
areia, mas com dimensões suficien-
tes para uma proveitosa utilização
na indústria.
IT-magazine JüNiío de 1955
Companhia Siderúrgica

Belgo Mineira

CAPITAL SOCIAL: CR$ 900.000.000,00


USINAS EM «SIDERÚRGICA» E «MONLEVADE»
Estado de Minas — E. F. C. B.

Obras sociais da Companhia, em benefício


DOS SEUS EMPREGADOS:
• ASSISTÊNCIA HOSPITALAR — Santa Casa de Misericórdia
de Sabará.
Hospital de Monlevade
Hospital de Cel. Fabriciano (Rio Doce)
Hospital de Várzea da Palma
Enfermarias diversas.
• ASSISTÊNCIA A MATERNIDADE — «Maternidade e Puericul-
tura» de Sabará. Lactário de Monlevade.
• ASSISTÊNCIA MÉDICA DOMICILIAR
• ASSISTÊNCIA DENTARIA
• ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
• CAIXA BENEFICENTE
• ENSINO PRIMÁRIO; — Escola Siderúrgica, com 300 alunos.
— Grupos Escolares em Monlevade, com 2.500 alunos.
— Escolas em Ipatinga, Baratinha, Capim (R. Doce), Várzea da
Palma, Dacó, Baú, Gaspar, Andrade e Rio Doce.
• ENSINO PROFISSIONAL: — Escola Profissional de Monlevade
(reconhecida pelo S.E.N.A.I.).
• SEGUROS CONTRA ACIDENTES PESSOAIS
• SEGUROS DE VIDA COLETIVOS
• SOCIEDADES RECREATIVAS E PRAÇAS DE ESPORTES.

Junho de 1955 IT-maoazine 5


EMPRÉSTIMO MINEIRO

DE CONSOLIDAÇÃO

«Série B» Lei n" 131, de 6 de novembro de 1936


RELAÇÃO DAS APÓLICES PREMIADAS
NO SORTEIO DE 30 DE ABRIL DE 1955
CR$ 500.000,00 1.671.640
CR$ 50.000,00 1.934.115
CR$ 20.000,00 1.926.079
CR| 10.000,00 1.416.586
CR$ 10.000,00 1.452.310
CR$ 10.000,00 1.729.640

Prêmios de cinco mil cruzeiros


1.063.965 1.182,671 1.500.194 1.847.679 1.874.974
Prêmios de mil cruzeiros
1.003.495 1.015.689 1.019.233 1.025.387 1.028.650 1.061.074 1.076.877
1.083.392 1.089.197 1.111.621 1.126.321 1.127.876 1.130.902 1.131.683
1.141.217 1.156.083 1.158.604 1.165.782 1.211.091 1.220.015 1.222.908
1.226.087 1.256.373 1.264.322 1.268.105 1.269.775
1.295.502 1.301.987 1.311.450 1.336.018 1.337.561 1.272.669
1.339.494
1.295.395
1.366.386
1.380.062 1.397.694 1.407.587 1.410.778 1.416.081 1.418.212 1.439.190
1-447,742 1.477.084 1.487.777 1.531.670 1.550.176 1.567.094
!'^r"o7? 17-578 -3is 1-599.694 1.636.096 1.647.471 1.672.582 1.672.682
-676-003 1-702.574 1.703.102 1.724.679 1.773.600 1.785.076
.805.520 1,812.620 1.839.478 1.852.821 1.866.520 1.869.288 1.880.381
1.890.326 1.911:780 1.940.763 7.955.203 1.960.178
Secreteria das Finanfias, 30 de Abril de 1955, — Ulisses Silva, Chefe da
0
' riávíl"' ' ^ Martins, Chefe do Departamento da Despesa Va-
d0S n imeros
rf
tnbmda pe o Departamento 'da Despesa
sorteados para na
Variável, resgate ao pardasserá
Secretaria dis-
Finan-
sas Departamentos da Fazenda de Minas Gerais no Rio de Janeiro e em
Sao Paulo e Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais:

8 IT-magazine Junho de 195®


Vivemos contentes
em nosso segundo LAR,

PA AÍ
Y XI A
/ CÉLIA , Jardim de Infância, Pri-
mário, Admissão, Aulas
de Reforço.
Internato, Externato e Semi-Internato.
PARA CRIANÇAS DE DOIS A OIÍZE ANOS
Dezembro e Janeiro: COLÔNIA DE FÉRIAS
Um estábeiecimento modelo para as famílias
mineiras.
Av. Afonso Pena, 2.436 — Fone 4-0661
Belo Horizonte

T RI L U S S A
U H dia, os fiéis que oravam na ferir, tratando igualmente o rico e
igreja de Santa Maria Maggiore, o pobre, o pobre e o avaro, o enfa-
na Itália, ficaram estupefatos de tuado e o humilde. Com efeito, ao
verem C. Alberto Salustri, o afa- fazer os animais falarem nas suas
mado fabulista moderno mais co- fábulas, Trilussa procede como Fe-
nhecido por Trilussa, recitar sua dro e La Fontaine, realçando a
comovente peça lírica «O Círio», em mesquinhez e os erros dos homens
cujos versos profundo sentimento com uma «verve» singela que pro-
religioso combina com o estro fe- voca o sorriso sem irpplicar em
liz do poeta que fazia os animais acrimônia ou pessimismo. Justa-
falarem. mente por isso, a parte mais apre-
A surprêsa da multidão não ti- ciada das poesias dêsse grande fa-
nha razão de ser. Trilussa foi sem- bulista italiano é a sua moral hu-
pre muito religioso, embora as sá- mana e profunda onde se misturam
tiras contidas na sua obra possam as coisas boas e más da vida. Tri-
induzir o leitor a pensar de modo lussa nasceu em Roma em 1873 e
contrário. Sua ironia cortante não morreu na mesma cidade no ano
chega a ser corrosiva, tocando sem de 1950.
Junho de 1955 IT-maoazine
O Código de ^tapoleão

QUANDO se encontrava prisioneiro na Ilha de Santa Helena,


certo dia Napoleão Bonaparte confessou ao médico que o
assistia: "Minha verdadeira glória não são as quarenta ba-
talhas que venci. Talvez a posteridade não me atribua essas façanhas
mas o^nieu codigo civil jamais será esquecido porque viverá eterna-
mente . Com efeito, tinha razão o grande corso. A partir de sua
elaboração, o Código Civil Francês influenciou a vida iuridica do
mundo inteiro.
Foi exatamente a 12 de agosto de 1.800 que Napoleão decidiu
atribuir a França leis adequadas à uma sociedade que acabava de
sotrer brusca transformação. Constituída uma comissão de quatro
membros para elaborar o novo código, sobrevieram inúmeras dis-
cussões em tôrno do mesmo, travando-se acirrados debates acêrca
da codificação em preparo. Após a rejeição de algumas partes dos
xtos elaborados, a promulgação da lei foi realizada paulatinamente,
^ 03artl,?n0s iStB e 1804 sob a forma de 36 leis, reunidas em
fnnc £os- er
co 1
P1"31,™6.0!6. a 9 de outubro de 1804, há quase 151
co ''>?■
seu ultimo" artigo.
So a definitivamente oficializado com a publicação de
11 08 m e3 es
ovó,^?cito ^imperial. , da
, depois
Françadacolocava-as
promulgação das leis
em vigor na napoleônicas,
Bélgica, Holan-o
a, Renania, Weptfalia, Suiça, Baden e parte da Itália. A vigência
n?"0™8 i;'8 í?,1- receb'da com agrado geral em todas essas regiões,
co
í í digo anterior apresentava tamanho progresso e libe-
Dr nHnL pv^2 de ^P0',!;30-,Em 1815, quase toda a Europa (as
q
córiícrr. ■inspirado
on codigo . crani grande
pelo a Rússia e os países
general francês.anglo-saxões) adotava

leis ^Ínttio.íai16^3 de NaP0.'e.30. vários países tentaram derrogar as


mente os róriiao ^ rUa ln c,at va
' ' . procurando fazer vigorar nova-
8 8 Entretanto e
o Extremo OrfenJ a à 0^tavam' . m 1850 a América Latina e
enauanto emino i- ^ . como modêlo o Código Napoleônico,
, nentes juristas franceses eram chamados ao Egito, Li-
trariando^essl3^0^31^3 red'g'ir os novos códigos dêsses países. Con-
sòmente até o ano dMcia
te ate de 1866.a Com Itáliaefeito,
adotouem o1870,
código de Napoleão
a codificação ita-
ela n 0 U a 0 n0 mÍa com leta
d. "o%lab or a do sÍ
borado sobh aa inspiração
P do- substituindo integralmente o có-
ex-ditador francês

8
IT-MAGAZINE Junho de l0110
Jx

*(u
's
Ofl /«ulhe^

ANO III N" 25 • JUNHO DE 1955


☆ ☆ ☆
Sumário
^4 CAPA
Lindo modelo de blusa, criado por Bhoda Lee em
tecido de algodão listrado.
CONTOS
# Corações Desolados 10
TV Mãe Encantadora 38
Cruel Dilema 62
ARTIGOS
Soraya e Reza Pahlevi 20
A Mulher Invade os Ringues 24
O Salário da Esposa 48
A Tortura dos Nervos Desajustados 108
-) SEÇÕES
Boas Maneiras 23
Beleza — Páginas 28, 30 e 104
Do Coração Para o Coração 32
Astros e Estréias — A partir da página 34
Trabalhos Manuais 52
As Flores Alegram a Vida 58
Teste 60
Culinária — A partir da página 72
Decoração do Lar 76
Página da Mamãe 80
Modas — Páginas 15, 19, 43, 47, 55, 66, 70, 106 e 107
☆ ☆ ☆
TIRAGEM DE 14.000 EXEMPLARES



■k
ir
A
A fatalidade havia-lhes enchi-
do de desolação a alma. Mas
Deus nunca abandona as al- c
mas desoladas.

GRAZIELLA LOPES
RA uma tarde luminosa de gar nos era mais agradável do
A-' abril. Sentadas no alpendre que aquele. Gostávamos um do ou-
da fazenda, Elza e eu conversáva- tro desde crianças e, ao tempo de-
mos despreocupadamente, esperan- vido, donos da fazenda e com cin-
do nossos filhos, que estavam para co robustos filhos, a vida na roça
chegar da escola. Elza Vale tinha nos parecia perfeita. O mesmo
vindo convidar-me e a Miguel para ocorria com Elza e Roberto, casa-
ir ao baile do povoado, convite que
dos um ano depois de nós. Mas êles
aceitamos, contentes, pois os Vales, tinham apenas três filhos, pois ao
proprietários de uma fazenda vizi- nascer Paulinho, seis anos antes, o
nha, eram nossos melhores amigos.
médico havia dito a Elza que não
— Como Roberto teve de ir ao teria mais filhos.
banco, — explicou-me Elza — com-
binamos que êle ficaria no povoa- Absorta em meus pensamentos,
do; de modo que teria, muito pra- não notei que os meninos vinham
zer em ir com vocês. vindo pela estrada.
— Naturalmente — repliquei. — Olhe, lá vêm êles! — excla-
Seus meninos poderão vir para aqui, mou Elza, correndo para a porta.
dormir com os meus. Chamaremos E, com efeito, os seis voltavam,
alguma vizinha para tomar conta rindo e brincando, mais excitados
dêles. que de costume. Rui, o mais ve-
lho dos Vales, trazia na bicicleta
Elza deu um suspiro de satisfa-
ção, já que poucas vezes tínhamos seus dois irmãozinhos: Cecília, sen-
tada atrás dêle, agarrada à sua
oportunidade de sair juntos, os dois
casais. Picamos algum tempo em cintura, e Paulinho, na frente, no
cêsto das provisões. Apenas nos
silêncio, gozando a tarde aprazí-
vel. Muitos de nossos vizinhos da- viu, pedalou com tôda a velocidade,
deixando para trás os meus meni-
vam preferência à cidade, mas nem nos, e, depois de ziguezaguear dian-
a Miguel, nem a mim. nos atraía a
vida vertiginosa das grandes cida- te de nós, freou tão bruscamente
des. Nascidos ali mesmo em Lagoi- que quase deixou cair seus irmãos.
nha, povoado roceiro, nenhum lu- ■ - Que proeza! — disse-lhe eu
dando-lhe uma palmadinha no
10
XT-MAGAZINE Junho de 1955

cm i 10 11 12 13 14
cm i # 10 11 12 13 14
lanterna, porque se escurecer antes
que...
A boa vontade é a maior — Deverão estar de volta antes
força prática do universo. — de anoitecer — interrompi-o com
Charles Fletcher Dale. firmeza.
— Não se aflija, mamãe, volta-
remos cedo — interveio Alice, a
mais ajuizada dos três.
ombro, enquanto os três, falando — Vão mudar de roupa, enquan-
todos ao mesmo tempo, tentavam to vou arranjar os jarros — disse
explicar-nos o motivo de tanto en- eu, apressando-os.
tusiasmo. E assim que os filhos de Elza 1
Depois chegaram meus três fi- deitaram a correr para sua casa,
lhos maiores, Luis, Alice e Carli- a fim de calçar as botas de borra-
nhos, tão excitados como seus ami- cha, e os meus desapareceram es-
gos, e deu-nos bastante trabalho cada acima, Elza e eu fomos em
inteirar-nos do que tanto os alvoro- busca dos jarros.
çava. O professor da escola rural, — Que pena ter que dar-lhes ês-
que era o mesmo para os seis, pois tes jarros! — observei, olhando mi-
tmham aulas na mesma sala, havia- nha amiga. — Mas são os únicos
lhes pedido que, no dia seguinte, le- que há.
vasse cada qual uma rã. —■ Seja tudo pela ciência! — re-
É para a aula de ciências na- plicou ela, em tom de brinquedo.
turais — disse Rui, com ar de su- Dez minutos depois, os seis, com
perioridade. — Sim, porque esta- uma boa provisão de biscoitos,
a: mos estudando os batráquios. despediram-se rindo e pilheriando.
— E pode-se saber aonde irão — Tomem cuidado quando se
buscar as rãs? — perguntou Elza, aproximarem da Ponte Velha —
com curiosidade. advertiu Elza.
— E voltem cedo — acrescentei,
. ~ Por ai--- — respondeu Pau-
linho, apontando na direção do ria- acompanhando-os com a vista, en-
cho. quanto se afastavam.
Depois de tê-los visto meterem-
— Precisamos de jarros, mamãe;
um para cada um — observou Luís se pelas moitas, Elza foi até em
meu filho mais velho. — a senho- casa e eu entrei para preparar 0
ra poderia dar-nos alguns biscoitos? jantar. Havia transcorrido mais de
uma hora, quando Luís voltou com
acrescentou. — Pois temos de ar triunfante, brandindo o jarro
sair logo. Ah!... e levaremos a
onde trazia a rã. Pouco depois
12
IT-magazinb Junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
chegaram Alice e Carlinhos; ela, disse-lhe, dissimulando minha in-
medrosa, com o jarro à distância, quietação. — Bem sabe como são
e o menininho, orgulhoso da rã que os meninos; devem ter perdido a
Luís havia apanhado para êle. noção do tempo, ou terão ficado
Dispostos a jantar cedo, para não entretidos a brincar no riacho. Va-
chegar tarde ao baile, assim que os mos agora mesmo procurá-los.
meninos acabaram de arranjar-se, — E quando voltarem passe-lhes
sentâmo-nos à mesa. um bom carão — observou Miguel.
Estávamos a ponto de terminar — Principalmente se, por causa dis-
a sobremesa, quando ouvimos pas- to, chegarmos tarde ao baile.
sos apressados no alpendre. A despreocupação com que falou
— Susana, Susana! — chamou Miguel reanimou um tanto Elza.
Elza, batendo na janela com os nós — Nunca vi meninos mais de-
dos dedos. sobedientes! Ah! quando os pe-
Corri a abrir-lhe a porta, intriga- gar!... — exclamou, enquanto to-
da, e logo que ela entrou notei que mávamos os três o caminho para o
estava muito pálida. Passou para riacho, levando duas lanternas, por-
a sala de jantar, e ao ver meus que já começava a escurecer.
filhos que comiam tranqüilamente, Uma hora mais tarde, depois de
exclamou alarmada: haver percorrido o riacho e a la-
— Susana, meus filhos ainda não goa em tôdas as direções, sem dar
voltaram. com êles, quando as sombras da
— Como ?
E voltando-me para Luís, interro-
guei-o com ansiedade.
SEM PALAVRAS
— Os meninos dela não estavam
com vocês ?
— Sim, mamãe — respondeu
Luís, depois de engolir o último
pedaço de torta. — No principio,
estávamos todos juntos, mas depois,
como faltava uma rã para Pauli-
nho, Rui disse que só voltaria quan-
do a achasse. E se foram para a
lagoa, enquanto nós voltávamos pa-
ra casa.
Elza, com os olhos exorbitados,
deixou-se cair numa cadeira.
— Por Deus, não fique assim, •—
Junho de 1955 IT-MAGAZINB 13
noite confundiam as casas, as cêr- Quando perdemos de vista o fai-
cas e as moitas, estávamos os três xo de luz de sua lanterna, ainda
realmente alarmados. conseguimos ouvir sua voz angus-
— Mas Rui conhece bem o ca- tiada;
minho; não pode ter-se extravia-
— Rui!... Rui!... Cecília!...
do — disse minha amiga, com voz
— Deus queira que estejam já
trêmula. em sua casa, — murmurou Miguel
Talvez se hajam desorientado
— porque, se chegaram até a Ponte
no escuro — insinuou Miguel. —
Velha...
Mas, onde poderão estar? Em que
outro lugar senão no riacho ou na Sabíamos os dois como era pe-
lagoa ? rigoso o lugar, de terras pantano-
sas e correntes ocultas, sob as águas
Miguel e eu nos olhamos. Só um
lugar restava a ver, mas nenhum aparentemente mortas, onde haviam
de nós se animava a nomeá-lo. Até acontecido tantas desgraças.
que Elza balbuciou: Abrindo caminho por entre as
moitas, à luz de uma lanterna ape-
— Não.. . não terão ido à Pon-
te Velha ? nas, andamos quase um quilôme-
tro até avistar a ponte. Por fim
Não creio. Você os preveniu
para que não fossem lá — repli- chegamos, arquejantes; inclinâmo-
cou Miguel, apoiando o braço no nos sôbre o parapeito e demos uma
ombro de minha amiga. — Mas, busca ansiosa, focalizando a lanter-
de qualquer modo, daremos uma na em todas as direções. Não sei
volta pela ponte, enquanto você re- o que esperávamos achar na Ponte
gressa à fazenda. Talvez já tenham Velha, mas ao ver as águas tão
voltado. quietas, senti pânico. As chuvas dos
últimos dias tinham elevado o ní-
— Tem razão, talvez já tenham
vel das águas e uma superfície
voltado — disse Elza, com o rosto
oleosa e escura cobria os caniços e
iluminado por um repentino res-
plendor de esperança; e deitou a juncos. Tomada de espanto, pensei
andar na direção da fazenda. que já teríamos chegaao tarde de-
mais.
—• Vamos, procure por ali — dis-
se Miguel, tirando-me de minha
Muitas tentações perigosas imobilidade, — enquanto eu irei
api esentani-se-nos em côres por..,
lindas e alegres que são ape- Sua frase foi truncada. O foco
nas superficiais. — Mathew
Henry. de luz de sua lanterna parecia tre-
mer sôbre o pântano; ali, entre as
águas lamacentas algo parecia bri-
14
IT-magazine JUNHO DE 195°
lhar. Sim, era a roda vermelha da
bicicleta de Rui. Por um segundo
ficamos como que paralisados; mas,
em seguida, Miguel reagiu e conti-
nuou procurando com a lanterna.
— Rui! Rui!... Você está aí?...
Sim, não restava dúvida; ali ha-
via pegadas; via-se claramente que
a terra lodosa havia cedido sob o
pêso da bicicleta com os três me-
ninos.
— A água não pode ser tão fun-
da que não tenham podido alcan-
çar a margem — disse a mim mes-
ma, consternada.
Miguel tirou o paletó e, afun-
dando as botas no barro, puxou a
bicicleta e a atirou para o lado do
capinzal. Em seguida, voltou a me-
ter-se n'água. Mais de uma vez
mergulhou na água gelada, sem
resultado.
— A água está muito funda e
puxa para dentro — gritou èle,
aproximando-se da margem.
E de novo retomou a busca. Mi-
nuto após minuto, fiquei aguardan-
do, até que Miguel saiu todo sujo
de barro e com os dentes matra-
queando.
— Espere-me enquanto vou bus-
car auxilio.
Angustiada, fiquei junto da pon-
te sinistra e silenciosa. Não, os me- Neste modêlo a pala de quimono
ninos não podiam estar ali. Talvez, forma mangas curtas, completada
conscientes de sua desobediência e por um traspasse largo. A saia
receiosos de receber uma boa re- é armada e a gravata e as luvas,
primenda, não tivessem tido cora- estampadas.
gem de voltar para casa... Não
Junho de 1955 IT-magazine 15
— Não apareceram? — indagou
Muitas vezes os grandes er- com voz trêmula.
ros, como as grandes cordas, E logo depois viu a bicicleta.
são feitos de uma imensidade Desesperada, projetou a luz da lan-
de fibras. — Victor Hugo. terna em redor e não tardou a des-
cobrir os sulcos... e a terra afun-
dada.
—- Desapareceram!... Os três!...
estariam já, talvez, na fazenda? Oh! meu Deus!
Talvez naquele mesmo instante El- Com os olhos fora das órbitas
za lhes estivesse dando uma boa correu para a ponte e, inclinando-
tunda. Mas, não. Elza não era ca- se sobre o parapeito, começou a
paz de bater nos filhos. chamar por seus filhos.
Rui! Cecília! — gritei. — On- — Rui!.,. Cecília!... Paulinho!...
de estão vocês? Quando me pus a seu lado, re-
Mas minha voz se perdeu na es- fletia-se em seu rosto tal angústia,
pessura do mato e eu estremeci, que só atinei com enlaçá-la em meus
abatida. braços. Com um soluço, apertou-me
E
logo, em meio de tão angus- com fôrça de encontro ao peito e,
tiosa solidão, imaginei uma cena como um autômato, deixou-se guiar
horrível; pareceu-me ver Rui, peda- por mim. Senti que suas forças di-
lando com dificuldade na terra lo- minuíam e, apenas chegamos a
dosa, Cecília às suas costas e Pau- uma clareira, desmaiou. Nem se-
linho na frente, felizes por terem quer tentei reanimá-la. Cobrí-a com
chegado à Ponte Velha. Subitamen- minha capa e fiquei a seu lado, es-
te, a terra cede e os três afundam perando Miguel.
no pântano. Com gesto maquinai le- Depois de algum tempo ouvi vo-
vei a mão à bôca para abafar um zes provindas da estrada. Miguel
grito. E, por um momento, perma- se aproximava com vários vizinhos.
neci imóvel, com os olhos fitos na Foi então que começou a busca.
superfície da água. Nisto, acreditei Com um bote percorreram as águas
ouvir um rumor entre as moitas. em todas as direções. A tarefa
- Rui! — gritei, esperançosa. — continuou silenciosamente, enquan-
Ê você, querido? to aguardávamos a chegada da po-
O rumor se tornou cada vez mais lícia do povoado próximo. As auto-
ridades demoraram a chegar uma
próximo e um instante depois vi
Elza chegar, com a fisionomia con- meia hora, e trouxeram redes, re-
vulsa e os cabelos desgrenhados. fletores e um médico.
Pela estrada começaram a che-
(16 l
IT-magazine Junho de 1955
t• _ ..

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
gar homens e mulheres, que se mais de uma hora, antes de dar
aproximavam na direção da ponte. com o corpo de Rui. Até que, em
A notícia havia-se espalhado por meio de um silêncio de espectativa,
todo o povoado e bem depressa a retiraram do fundo d'água o filho
estrada ficou bloqueada por auto- mais velho de Elza.
móveis. Houve um momento de — Não olhe — me disse Miguel,
mudo e reverente espanto, quando puxando-me bruscamente para si.
vimos Roberto aproximar-se, pelo Mas não pude deixar de voltar
braço de um vizinho. O esposo de a cabeça, quando um policia passou
Elza havia-nos esperado em vão no a meu lado com o corpo inerte de
clube, até que alguém lhe levou a Rui.
infausta notícia. Nos dias que se seguiram, tôda
Quando chegou junto de nós, não a população viveu como que num
encontrei palavras para consolá-lo. pesadelo. Uns amigos levaram Elza
Ajoelhou-se ao lado de Elza, pro- e Roberto para sua casa. Miguel e
curando reanimá-la. Nunca esque- eu, entretanto, ocupâmo-nos em di-
cerei o momento em que Elza vol- rigir-lhes a fazenda. Mais de uma
tou a si, nos braços de seu marido. vez, enquanto ajudava Miguel nas
Não houve gritos nem pranto; es- tarefas campestres, não podia re-
treitamente abraçados, ficaram com primir o pranto que me sufocava,
os olhos fixos na água lamacenta.
Várias horas durou a dramática
busca, até que se ouviu um grito
afogado, proveniente do bote. Ape- SEM LEGENDA
nas me levantei, Miguel aproxi-
mou-se de mim e me disse:
— Levêmo-la daqui.
Ladeada por Miguel e uma vizi-
nha ela foi levada ao automóvel.
Teria querido ficar a seu lado, mas
Elza me suplicou;
— Fique com meus filhos!
Voltei à margem, justamente
quando os homens do bote tiravam
um pequeno corpo todo molhado.
Embora estivesse coberto de lama,
reconheci Cecília. Dez minutos de- -dlt
pois encontraram Paulinho. Mas ti-
veram de continuar procurando
JDNHO DE 1955 IT-MAGAZINE
só em pensar que o mesmo pode- rosto, para ocultar o pranto que a
ria ter sucedido a meus filhos. Tam- afogava e deitou a correr para seu
bém Miguel acordava de noite, so- quarto.
bressaltado, e durante o dia dei- — Se eu pudesse também cho-
xava de vez em quando seus servi- rar! — murmurou Roberto, com voz
ços para vir ver os meninos. surda.
Todo o povoado assistiu aos fu- Continuamos comendo em silên-
nerais dos filhos de nossos amigos cio, enquanto eu procurava não des-
e quando terminou a cerimônia, vá- viar os olhos do prato, para não
rios vizinhos aconselharam Elza' e chorar também. Foi então que Ro-
Roberto a mudarem de ares. berto nos comunicou sua decisão.
Susana e eu cuidaremos de Logo que puder, vendo a fa-
sua fazenda — ofereceu-se, solí- zenda.
cito, Miguel. •— Vender a fazenda? — pergun-
Também nós os ajudaremos — tou Miguel, surpreendido. — De-
acrescentaram outros vizinhos. pois do que lhe custou organizá-
Muito tivemos que insistir para la ? Não, Roberto, pense bem no
convencê-los. Insensíveis a tudo que vai fazer.
quanto os rodeava, tanto lhes im- — Já o resolvemos — prosseguiu
portava uma coisa como outra. Mas com firmeza. —- Não podemos con-
acabaram concordando. Na tarde tinuar vivendo aqui, onde cada
em que partiram, depois de nos des- quarto e cada móvel nos traz uma
pedirmos deles na estação, fomos recordação.
à sua fazenda e a primeira coisa — E para onde irão ? — quis sa-
que fizemos foi embrulhar todos ber Miguel, desconcertado.
os brinquedos dos meninos e guar-
Não sei. Haveremos de ver —
dá-los. Naquela mesma noite, vá- respondeu Roberto, com indiferen-
rios vizinhos apareceram e combi- ça.
nou-se que trabalharíamos por tur- Por favor, Roberto — insis-
nos na fazenda dos Vales. tiu meu marido, ao despedir-se. —-
Na noite em que nossos amigos Antes de decidir, pense duas vêzes.
regressaram, Miguel e eu fomos E naquela noite, antes de deitar-
jantar com êles para distraí-los. me rezei com intenso fervor para
Vãs foram nossas tentativas pa- Que meus amigos mudassem de
ra interessá-los na nossa conversa-
idéia.
nada de quanto dissemos conseguiu
arrancá-los de seu mutismo. Afinal Passados uns meses, Roberto co-
Elza empurrou o prato e, sem po- meçou a interessar-se um pouco pe-
der dominar-se, levou as mãos ao lo seu trabalho. Contudo, continua-

18 (Conclui na pag. 85)


IT-magazine Junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Vestido muito juvenil em tussor estampado de
verde e branco. * Vestido de sêda, cõr de
champanha, com a blusa bordada. * Lindo mo-
dêlo de twill estampado. * Modêlo em faille
listrado, com ombros originais de faille branco
e grande botão de cristal, como único ornamento.

Junho de 1955 IT-magazine 19


O ^Romance da d)ida

SORAYA E REZA PAHLEVI

€NQUANTO as revistas açuca- cerdotes rezaram as .preces sagra-


radas desfiam histórias de das e a noiva saiu do templo, res-
amor imaginárias e sempre bem
plandescente num vestido de Dior,
sucedidas, de pessoas fictícias, dois branca como a neve que caia lá
soberanos de verdade estão viven- fora. Entre aclamações da côrte e
do uma história de amor, duas ve- . da multidão, o par encaminhou-se
zes real, sem ninguém aperceber-se para o palácio real, onde, à noite,
que se trata de um genuino ro- saudou o povo, de uma sacada, sob
mance da vida. a girândola multicor dos fogos de
Com efeito não há história tão artificio. Os camponeses, vindos de
comovente quanto o drama nascido lugares distantes, comentavam, na
na côrte persa. O mundo sabe, pe-
sua simplicidade, a beleza do casal.
los jornais, apenas das viagens do
Êles tinham razão. Era um casa-
Xá e da Imperatriz da Pérsia, sem
mento ditado, antes de tudo, pelo
avaliarem com realismo as razões amor. O Xá amava e ama Soraya
das mesmas. Os mais curiosos le-
de todo coração e não pode supor-
vantam conjecturas, outros atri- tar a sua ausência. A imperatriz
buem esses deslocamentos a negó-
devota ao marido uma afeição pro-
cios de Estado, mas, no fundo, são,
funda, sentindo-se calma e feliz
principalmente, as conseqüências do apenas junto dêle'. Mas...
sofrimento de dois sêres enamora- Há sempre um mas, traduzido,
dos, inquietos quanto à um futuro
nesse caso, por uma série de trans-
sombrio.
tornos. Primeiro o Xá enfrentou os
Quando Reza Pahlevi, o Xá da
Pérsia, desposou Soraya Esfandiar- perigos das convulsões internas de
di, em 1951, o matrimônio reali- seu país. Superada essa crise, no-
vo desgosto sobreveio. O irmão do
zou-se sob os melhores augúrios e
foi celebrado em Teerã, sob a égi- Xá perdeu a vida num desastre
de do Corão, diante do espelho aviatório. A tristeza invadiu o co-
símbolo da fidelidade, e dos gran- ração do monarca e o palácio real
des candelabros, símbolos da luz O caiu num silêncio de mau agouro.
noivo envergava seu uniforme azul A coroa persa, cravejada de inú-
falseando condecorações. Dois sa- meras pedrarias ficava sem herdei-
ro presuntivo. Agora, cumpria a
20
IT-magazine Junho de 1955
- •* ■


A linda rainha Soraya, ao lado de seu marido, Mohamed Reza Pahievi, o
Xá da Pérsia, durante uma recepção que lhes foi oferecida na embaixada
brasileira naquele país do meio-oriente.
Junho de 1955 IT-magazine 21
Soraya dar ao esposo real um her- mesmo em condições fatais à sua
deiro que perpetuasse a linhagem vida, prontificando-se a morrer
reinante. amada e respeitada pelo esposo.
A situação agravou-se. A pro- Era a dedicação de uma mulher
messa de fertilidade falhou, pois consciente de sua missão, querendo
Soraya não deu à vida o herdeiro suometer-se às razões de estado e
esperado. O Xá, que, anteriormen- do mundo.
te, se divorciara de outra esposa
O próprio Xá, sentindo as angús-
porque a mesma não lhe dera um
tias da esposa, começou a interro-
filho, caiu numa melancolia aca-
brunhadora, demonstrada no seu gar-se se não estaria néle mesmo
a causa dessa união estéril, não
olhar profundo e cismador. A amea-
ça de separação eminente passou assinalada pelos médicos de seu
a enevoar os dias da linda So- país.
raya. Diante do exposto, o motivo das
Apesar da morte do irmão, o viagens parece claro, significando
Xá continuou a viajar sozinho, fa- um apêlo feito à ciência para curar
zendo longos percursos de avião, um amor ameaçado pela nature-
para depois, tornando ao palácio, za. Nos Estados Unidos, a impren-
emparedar-se em amargurado si- sa local, arrebatada pelos encantos
lêncio. Enquanto isso, a imperatriz da meiga Soraya, escreve «que ne-
visitava as aldeias dos súditos hu- nhuma artista de Hollywood tem
mildes, conversava e ria com as a fascinação de sua beleza extraor-
criancinhas e, afagando suas cabe- dinária» .
ças, exclamava, chorando: Enquanto isso, o casal de sobe-
— Por que não tenho filhos, meu ranos, aparentemente feliz, debate-
Deus? se na tristeza. O Xá, sofrendo, com
Era a tragédia de um amor sem ameaçadoras imposições de Estado
fruto, estraçalhando dois corações pairando sobre êle; Soraya, aman-
enamorados. do, sem poder dar de si o que a na-
☆ ☆ ☆ tureza lhe recusa.
E, para terminar êsse drama cru- Eis, em resumo, uma história de
ciante, os soberanos da Pérsia via- amor ocorrendo numa época de av-
mas
iaram j.or.í.m™ t atômicas, de televisão e moto-
6
Unidos. A imnerai-riz ^ Estados
' para consu
res
nucleares, provando que, mal-
tar ginecologistas. O Xá para tra- l- grado tudo, as coisas essenciais não
tar-se com especialistas dos ner- perderam a substância primitiva e
vos. Antes disso, Soraya tinha de- que as tragédias de um século lu-
cidido dar um herdeiro ao trono minoso continuam a desenrolar-se
nas sombras dos palácios.
IT-magazixb Junho de 1955

03oas JVlaaeLras

AS FILAS
Ò~ e muitas nor- n a o e apenas
mas da eti- grosseiro e dese-
queta \ão cain- legante, é tam-
do, a maior parte bém desonesto e
delas pelo desa- revela o desco-
parecimento dos nhecimento dos
próprios costu- elementos básicos
mes que as dita- & da educação em
vam, em compen- público. A pessoa
sação outras vão aparecendo, a fim que assim procede sempre levanta
de harmonizar a vida pública do em tôrno de si uma onda de antipa-
nosso século. tia, tornando-se ridícula aos olhares
Com a queda das cortes, perde- de todos. Nada justifica essa atitude
ram-se as mais requintadas fórmu- selvagem. Por mais sutil que seja
las de elegância, que constituíram a desculpa usada, a pessoa que
a graça máxima dos salões, mas, «fura» uma fila nunca é perdoada
com a democratização do mundo, pelos presentes, que marcam a sua
que intensificou a vida das ruas, a fisionomia, vendo nela, para sem-
necessidade de auxílio mútuo levou pre, uma criatura mal-educada e
o povo à rápida criação de códigos até mesmo «golpista».
modernos de boas maneiras, capa-
zes de assegurar a ordem coletiva. Entre as «fraudes» mais conhe-
As filas, que às vêzes tanto la- cidas, das muitas usadas pelos «fu-
mentamos, talvez sejam a aquisi- radores» de fila, está o horrível
ção mais importante da distinção hábito de, chegando atrasadas a
do nosso século, meio pelo qual o uma bilheteria, pedirem a um ami-
povo garante seus direitos de pri- go bem situado na fila que lhes
mazia, baseados na democrática or- compre os ingressos. Isso não de-
dem de chegada, e onde cada indi- monstra inteligência: é «golpe», ex-
víduo zela pelo direito público, guia- trema falta de educação e fraude.
do apenas pelo seu senso de cida- Prejudicam tôda a fila, em bene-
dania e respeito à pessoa humana. fício próprio, arrastam o amigo, a
Desrespeitar as filas, portanto, (.Conclui na pag. 92)
Junho de 1955 IT-magazine 23

cm i 2 3 4 5 6 #==8 9 10 11 12 13 14
II E OS
RalfK Tate

de bom grado êsses combates en-


tre as tenras flores do ringue, as
quais continuam «engalfinhando-
se», malgrado o Comissário de Luta
e Box do Estado de Nova York te-
nha feito declarações pouco lison-
jeiras a respeito dessas lutas sin-
gulares.
☆ ☆ ☆
Mulheres lutadoras, intitulando-
se «Madonas do Ringue» ou «Pe-
gadoras Femininas», dotadas de
AS lutadoras americanas es- corpo robusto, ancas cheias e mús-
culos salientes, estão conseguindo
tão ganhando elevadas so-
com sua exuberância e rijeza físi-
mas participando de exibi-
ções sangrentas que fazem as lutas ca ganhar os mais altos salários
masculinas parecerem brigas de pagos no lucrativo ramo de diver-
crianças, sem maiores conseqüên- sões esportivas da América, Suas
cias. Uma dessas lutadoras, a pêso- exibições da arte máscula de lutar
pesado Lulubelle Kruger, usa ca- têm muito de grotesco mas lhes
darços côr de rosa para atar seus rendem elevadíssimos salários. Mui-
sapatos esportivos e, entrando no tas dessas mulheres de cabelo nas
ringue, leva uma braçada de flo- ventas chegam a ganhar um e
res para sua rival. Entretanto, no meio milhão de cruzeiros anuais,
ano passado, as autoridades espor- enquanto as mais frágeis obtêm
tivas aplicaram-lhe uma suspensão um «cachet» mínimo de 5 mil cru-
por ter «nocauteado» um juiz. Al- zeiros por semana.
guns estados americanos não vêm Nos últimos anos, o desagradá-
vel espetáculo de corpos femininos
24
IT-magazine junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
entrechocando-se, trocando ponta- ma beleza, tendo nos últimos três
pés e empurrando-se furiosamente, anos vencido tõdas as lutas de
atingiu uma voga sem preceden- que participou. Quando vê suas
tes, oriunda em grande parte da companheiras de ofício vacilando
televisão, cujo olhar observador, em «aceitar um desafio» ela se ofe-
movendo-se, inquieto, em busca de rece para enfrentar qualquer luta-
novidades, difundiu e popularizou o dor de seu próprio pêso. Essa fúria
novo «esporte» por todo o país. feminina já derrotou cêrca de 80
Há, no momento, mais de 500 homens. Entretanto, muitos empre-
lutadoras americanas e algumas ca- sários que contratam lutas exclu-
nadenses praticando essa profissão sivamente femininas, sem o menor
aberrante. Oito estados america- escrúpulo, não gostam de progra-
nos e o Canadá do Norte não per- mar uma luta mista — provavel-
mitem a efetivação de lutas femi- mente querendo conservar nalgum
ninas. Entretanto, noutras partes, ponto a diferença entre as duas
em dois países de língua inglêsa, classes de lutadores.
no México, em Cuba e Pôrto Rico, Tudo indica que há mais teatra-
as lutas são realizadas como diver- lidade e espalhafato entre as «pe-
sões dos feriados. gadoras» do que entre os profis-
As mulheres usam os mesmos re- sionais masculinos. As sangrentas
cursos das lutas masculinas, inclu- exibições de ídolos populares como
sive atirando a oponente no meio Peaches Paige, Klondike Kate e
do público, ou arrancando man- Magnolia Higgs (A beleza do Sul)
cheias de seus cabelos com violên- fazem os acirrados combates entre
cia inaudita. os lutadores Yukon Eric e Geor-
geous George parecerem quase de-
A melhor dessas «pegadoras» é, licados.
atualmente, uma amazona robus-
ta e atarracada, de nome June ☆ ☆ ☆
Byers, que venceu no ano passado
um «Campeonato mundial» no Ma- Lulubelle Kruger, a pêso-pesado
ryland, continuando depois a exibir- que mencionamos atrás, provocou
se por todo o país, lutando três ve- um incidente em 1953, quando no-
zes por semana. No ano passado cauteou um juiz, porque o mesmo
seus ganhos atingiram cêrca de tentava libertar das cordas o pes-
1.200.000 cruzeiros quantia que ela coço de sua rival. Fiel a seu nome
espera aumentar substancialmente de propaganda «Um coração de
no ano em curso. ouro numa moça de granito», tirou
Miss Byers é uma morena enri- sua adversária dentre as cordas,
jecida, de 29 anos, dotada de algu- evitando-lhe a asfixia. Apesar de
Junho de 1955 IT-magazine 25
tudo, mereceu uma suspensão de
aconteceu ela o neutralizou, apli-
dois meses, imposta por haver ata-
cando-lhe um golpe violento e de-
cado o juiz. cisivo.
Chama-se Müdred Burke, a mais O maior empresário de lutas fe-
famosa de tôdas as lutadoras ame- mininas nos. Estados Unidos é um
ricanas, que proclama orgulhosa- ex-lutador de aparência suave e co-
mente jamais haver mordido o pó mum, chamado Billy Wolfe, Co-
da derrota em 3.500 lutas. Fora do mumente, êle tem 70 lutadoras sob
ringue, ela usa um coruscante ador- contrato, treinando-as pessoalmen-
no de brilhantes no valor aproxi- te no Ginasium de Columbus, Ohio,
mado de 740 mil cruzeiros, um ca- para figurarem nas duas mil lutas
saco de marta que vale 200 mil e que promove anualmente.
um automóvel avaliado ao mesmo As moças que desejam abraçar
preço. a violenta e rude carreira de luta-
Essa grande campeã ganhou, nos dora acham bem difícil ingressar
últimos sete anos, cêrca de 10 mi- na «escola» de Wolfe, um verda-
lhões de cruzeiros. Seu desejo ime-
deiro colégio de aperfeiçoamento
diato é retirar-se para o seu rancho
para mocinhas, onde o empresário
na Califórnia, deixando a carreira
admite apenas uma dentre cem
e lutas, que era a profissão de
«eu ex-marido e é, hoje, o oficio candidatas.
de seu filho também. Há cêrca de dois anos, Janet, fi-
lha adotiva de Wolfe perdeu a vida
ao participar de uma luta prelimi-
☆ ☆ ☆ nar, realizada em East Liverpool,
desmaiando ao sair do ringue e
Outra lutadora notável é uma pe- vindo a falecer horas depois, viti-
quenaaparentementefrágii;ChaiPe_
mada pelos ferimentos recebidos.
Sao r Unia Exibindo-se,
São Luís. SChmÍtt residente
' em
há pouco Mr. Wolfe, cuja esposa Nell Ste-
empo, em Tucson. Arizona, Miss wart é lutadora também e «cam-
Sctoit, enlr.nt„a uma peã da televisão nacional», afirma
m.ha e, senao ,tlr„Ja ^ ^ que a morte de sua filha é o pri-
meiro acidente do gênero jamais
Z ^ iagarr0U SUa 0P0nente pe- verificado.
geSt0 im
violem Pulsivo ae
lento; ato contínuo, começou Segundo. Wolfe, as autoridades
ater a cabeça de sua infeliz ri- estaduais e municipais repetidas ve-
1 num dos cantos do ringue só zes se opõem às lutas femininas.
Um comissário de Illinois taxou-as
n
eao do ojuiz.
c<,stiKo
Quand0 •isso
»■ de espetáculo repugnante, decla-
rando que, além de proibi-las, cas-
IT-magazine Junh0 de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
saria a licença dos empresários que nalistas e deprimentes como êste.
lhes fizessem uma simples menção. Não admitimos mesmo que se
Por outro lado, um porta-voz do anuncie uma luta sob o nome de
Comissário de luta e box de Nova «combate». Não, o título é exibi-
York apresentou os motivos da proi- ção e nada mais. Achamos, enfim,
bição às lutas nesse estado, afir- que a luta entre mulheres é uma
mando: «Nós proibimos também as aberração indigna, indefensável, e
lutas de anões, como vetamos to- por isso mesmo jamais a permiti-
da sorte de espetáculos sensacio- remos em Nova York».

® Ia a

Sôbre o Futebol
primitiva prática do futebol é comumente atribuída à Grécia-
Antiga, à China, à Boma e às Gálias, onde os romanos o teriam intro-
duzido. Contudo, as bases modernas e padronizadas dêsse esporte foram
assentadas em 1863. Nesse ano foi organizada em Londres a Associação
de Futebol Inglêsa, regida por um código técnico de quatorze artigos.
Anteriormente, o futebol fôra proibido pelos puritanos ingleses e conde-
nado pela realeza como "um esporte rude e violento". Nem por isso o
futebol deixou de existir mas os seus praticantes dividiram-se em duas
correntes. Uma era favorável ao emprego dos braços, das pernas, das
mãos e dos pés na prática dêsse esporte, A outra só admitia a utiliza-
ção dos pés. Na reunião de 1863 prevaleceu o ponto de vista da segunda
corrente, ficando proibidos, daí em diante, o uso das mãos, os empur-
rões e as rasteiras no adversário. Derrotados, os elementos da corrente
vencida fundaram outra associação de onde originou-se o rugby.
A Associação Inglesa de Futebol firmou-se no seu papel regulamenta-
dor e estabeleceu as dimensões da bola em 1872, tornou obrigatório o
uso das duas mãos no arremesso lateral, era 1882, introduziu o uso das
redes de meta em 1890, regulamentou o "penalty" em 1891 e modificou em
1925 a regra dos impedimentos.
Diante dêsse trabalho pode-se afirmar que o futebol nasceu na In-
glaterra, onde foi realmente modernizado. Essa verdade histórica parece
ainda mais respeitável pelo fato de os sistemas de organização futebolís-
tica criados naquele pais serem ainda os vigorantes em tôdas as terras
onde o futebol é praticado.

Mentiras Excepcionais
O CÓDIGO de Manu, que disciplina a vida de 250 milhões de hindus,
perdoa a mentira apenas quando a mesma tem por finalidade salvar
uma vida ou agradar uma mulher.
Junho de 1955 IT-MAGAZINE 27
.

Os cuidados
w

que sua CÜTIS requer

A CÜTIS necessita de certa quer, que a possam melhorar.


-7T atenção que nem sempre lhe
é dispensada. Quando às vêzes ou- Ê claro que tal não acontece com
as mocinhas cuja pele clara e lou-
vimos reeriminações sobre certos
ça torna desnecessárias tais reco-
tipos de produtos de toucador, de-
vemos concluir que geralmente as mendações. Sua pele possui a ina-
pessoas que se queixam das defi- preciável frescura que realça qual-
quer maquilagem, mesmo improvi-
ciências de tais produtos não se
dão ao trabalho de limpar bem a sada.
pele antes de aplicá-los ou o fa- Em compensação, ao passar a
zem, por negligência, sumariamen- fronteira dos vinte anos já começa
a fazer falta a série de cuidados
te, sem a eficácia necessária.
É curioso constatar que as mes- que poderíamos qualificar de pre-
mas criaturas que não admitem ventivos. Porque não se deve es-
que se possa passar novas cama- perar que apareçam as imperfei-
das de esmalte nas unhas, sem ções para que se lhes dê o devido
ter eliminado com acetona os ves- tratamento, pois, dêsse modo, os
tígios das camadas anteriores não recursos que irão entrar em jógo
: ' serão menos rigorosos e menos
vacilam em aplicar sôbre a pele
mais uma camada de pó de arroz intensos.
ou de rouge sem antes ter re- ☆ ☆ ☆
tirado a pintura que se achava
adenda a epiderme. Geralmente se De início deve-se livrar os poros
esquecem que, depois de lavar o de tôda impureza que puder afe-
rosto, usam vários tipos de cos- tá-los. fi preciso dar combate ao
méticos sem ao menos observar s° acne, às manchas opacas que apa-
sua pele necessita ou não de uma recem nas faces e enfeiam os ros-
limpeza mais profunda, de massa- tos de feições mais harmoniosas.
gens ou outros tratamentos quais- Toma-se necessário, então, nutrir
a epiderme em certos casos, a fim
28
IT-mabazine Junho de 1S55

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
de prevenir os ressecamentos perni- fôrça de vontade. Sem isso, todo
ciosos. Nos casos 4e excesso de oleo- esforço será inútil. Quando reali-
sidade cutânea, são muito eficien- zadas esporadicamente, essas tenta-
tes as máscaras de substâncias ads- tivas de embelezamento não darão
tringentes e as massagens que ati- resultados assim tão satisfatórios.
vam a circulação sangüínea, dando Disso se conclui que é preciso que
ao rosto o colorido natural que não
se tenha perseverança.
ss pode obter mediante os recursos
da química. As compressas de água fria nas
Para que se chegue a êsse resul- regiões que circundam os lábios
tado é preciso muita constância e retardam a aparigão de rugas que
dão ao rosto um aspecto
envelhecido.
Outra maneira de apli-
■;í. car compressas vitalizado-
ras para a epiderme
consiste em passar uma
camada de creme nutriti-
vo em certa quantidade de
algodão e, em seguida,
aplicá-lo ao rosto por meio
de bandagens ds gaze.
Tais compressas comba-
tem a flacidez dos tecidos.
As massagens suaves,
com abundante espuma de
um sabão que não seja
muito detergente, são
aconselháveis para as cútis
oleosas, quando não há
tempo para se fazer uma
limpeza mais profunda.
Em seguida, passa-se uma
escova especial pelo rosto
a fim de reativar a cir-
culação do sangue e elimi-
Nunca se obterá bom resultado com apli- nar as impurezas que ain-
cação dos cremes de beleza se, antes de usá- da permanecerem nos po-
lo, não fôr retirada da pele a camada de ros.
pintura feita anteriormente.
JüNHO DE 1955 IT-MAGAZINE 29

cm i 2 3 4 5 6 #==8 9 10 11 12 13 14
E FÁCIL

duravam apenas o
tempo que permi-
tisse sua vitalida-
de. Somente um
mMKOt1ÊÊÊ'
ninTifi remédio era conhe-
cido para o dente
que adoecesse: ar-
rancá-lo, o que,
aliás, se fazia com
barbarida-
de. E désse triste
remédio surgiam
as gengivas des-
dentadas, arras-
tando consigo
aquêle aspecto do-
lorosamente cômi-
I v' co de lábios decaí-
dos.
Hoje em dia, a
arte dentária, que
yi ^ homem famoso de nossos evoluiu a passos de gigante, é ca-
l/L dias, cujo nome seria indiscre- paz de prodigalizar a todos um sor-
ção revelar, disse certa vez: «A mu-
riso encantador, pois já não há ma-
lher mais linda do mundo, se não
les irreparáveis a temer. Entretan-
tiver dentes perfeitos, não vale na- to, muita gente ainda ignora ou ne-
da para mim». Talvez nem todo
mundo seja dessa opinião, mas é gligencia vários dêsses processos e
preciso reconhecer que o sorriso, consome-se em lamúrias, com o re-
poi mais gracioso que seja, perde médio à porta de casa. Não estamos
muito de seu encanto, se os dentes falando dos pequenos reparos, a
que todos recorrem, como as obtu-
não forem impecáveis.
rações com cimentos invisíveis, por
Antigamente, no tempo das nos-
sas avós, os dentes eram assim co- exemplo. Falamos do casos mais
mo a natureza os tivesse feito e graves. Um dêles é o caso dos
dentes mal colocados (encavalados.
30
IT-magazine Junho de 1955
tortos, deixando grandes espaços dentadura simétrica e perfeita.
entre si, etc.). Não se assustem, Uma coisa que sempre constituiu
que não lhes vamos aconselhar o verdadeira desgraça dentária foi o
uso daqueles terríveis aparelhos dente desvitalizado que escurece.
metálicos que vemos freqüentemen- Se se trata dum molar, o alarma
te nas bôcas dos meninos de 13 a, não é tão grande, mas quando a
14 anos e que, além de serem anti- moléstia se localiza num canino
estéticos, não deixam de incomodar ou num incisivo e êle se torna uma
muito. Não há necessidade de se negra mancha entre a brancura dos
recorrer a tais trambolhos, diante vizinhos, a pessoa geralmente de-
da técnica moderníssima do fio de sespera. Durante muito tempo su-
sêda. Os dentistas especializados cederam-se as lamentações e o ca-
em plástica dentária sabem enro- so parecia insuperável, Mas, com
lar e trançar firmemente um fio o progresso da ciência, eis enfim o
de sêda invisível no dente que pre- remédio para o problema: ozona.
cisa ser deslocado, de tal forma Sim, o ozona é um novo tipo de
que, pouco a pouco, sem doer ou oxigênio, de poder altamente antis-
incomodar, êle chega ao lugar ideal. sético, o qual, aplicado em peque-
Na verdade não é um processo rá- nas injeções no dente afetado, pro-
pido; entretanto, o dêsses grossei- move o seu rápido reembranqueci-
ros aparelhos de ouro não é menos mento. Não exageraremos dizendo
longo. Por outro lado, há inconve- que isso constitua cura definitiva;
niência em movimentar os dentes contudo, seus efeitos durarão vá-
muito depressa, devido ao perigo rios anos, quando se poderá reno-
de provocar inflamações da gengi- var o processo; ou talvez, até lá
va e o rompimento de pequenos já se tenha descoberto nova dro-
vasos sangüíneos, indispensáveis à ga mais eficiente.
saúde dentária.
O pior dos males dentários, en-
O deslocamento lento e contínuo tretanto, sempre foi a paradento-
leva a resultados infalíveis e, um se ou piorréia, que vem devastan-
belo dia, sem que ninguém tenha do as mais belas dentaduras e te-
notado a presença dos fios de sêda cendo um mar de lágrimas e com-
durante o tratamento, surgirá uma (Conclui na pag. 93)
Junho de 1955 IT-magazine 31

# 10 11 12 13
Do coração para o coração humildade
Já não aceito a humilhação mesquinha
de um homem por um homem, não por Deus.
Do servo pelo dono, do empregado
em busca do argumento mais patético.
flor sozinha
Do possuidor à posse temporal.
Daquele que se curva pelo pão
Que flor é aquela ou pela glória. Tudo que alimenta
na beira do rio? também corrompe quando é servidão.
S ^
Ninguém a descobre
na beira do rio. Prefiro o gesto simples, comovente
A flor é sozinha, de quem se curva para ver a flor
parece comigo. ou dentro de si mesmo, se ajoelha
e diz Meu Deus, meu grande Deus, pequei.

Na beira da Vida
também vivo só.
pedido
Senhor, o que vos peço é tudo e nada.
Não são vossos tesouros. Não são graças,
não são bens temporais. Nem vossa ajuda,
poeALaá- de nem vosso olhar de extrema complascência.

Nem clemência, meu Deus, por minhas faltas,


CELINA FERREIRA nem resistência para o meu sofrer.
Vós bem sabeis, minha alma se revolta
>í como animal ferido, mas aceita.

Não vos peço mais dor para ser pura,


nem mais motivo para o meu retorno.
É
Não vos estendo a mão, pedindo paz.
N Hjwdvi
Quero apenas dormir, serenamente,
sem prêmio, sem castigo. Só dormir.
Dormir tranqüila à beira de um caminho.
32
IT-magazine Junho de 1955 IT-MAGAZINE jj 31
i Coleção Mineiriana
Vem Aí «A Carroclnha»
yRAZENDO Mazzaropi e Doris
Monteiro juntos, está sendo
filmada a película «A Carrocinha», ■V-
baseada num argumento original de
Walter G. Durst. O novo filme 'I
marca o início das atividades da
«Produções Jaime Prades», que tem
um programa inicial a ser cumpri-
do até o fim do ano de três pe-
lículas. A Multifilmes, fornecendo
os equipamentos necessários à fil-
magem, co-participará da produ-
ção. Ao mesmo tempo, está sendo ií
preparada a segunda película da no-
va emprêsa, um filme que consta-
ra de seis episódios baseados cm
seis canções populares e estará a
cargo de três diretores brasileiros. Como se vê, «A Carrocinha» traz
uma porção de novidades.

astros e k

estréias UM CASO COM MARILYN

MW"-™ MONROE i a produtora lhe impõe.


■ Gosto dos filmes ligeiros, a:as
comédias musicais — declarou Ma
rjlyn. — Mas, acima de tudo, gos-
taria de fazer o papel de Gruchen
fazenda ^^ConnedkuCela reapa ha no filme "Os Irmãos Karama-
zoff". baseado' no romance de Dos-
toiewski.
A atriz disse ainda aos jornalistas
«xzs&siaiisjz. QUe pretende tornar-se produtora e
34 diretora de si mesma.
IT-magazine Junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
# 10 11 12 13
*

r\
mm
^ ■ -o -w -x.o,'
y •/> co & SÃ &Í' rJ\
mm
ãtuíMÊíSk

ALAN LADD DE CAPA E ESPADA


r\ EPOIS de ter trabalhado no ci-
f / nema por mais de 15 anos, Alan
Ladd tem, afinal, de manejar
uma espada. f
— Tenho lutado frente às câmeras
com luvas de box, paus, revólveres,
fuzis e punhos nus, mas nunca peguei
uma espada. Começando a usá-la agora,
tenho a impressão de que cheguei ao
fim — comenta êle. ÍSSÍ;
Falando assim, o simpático ator refe-
re-se aq seu novo papel, o famoso
aventureiro Jim Bowie, que chegou a
ser figura de lenda entre os índios e
brancos americanos do século passado,
Por suas arriscadas proezas. Bowie
também ficou célebre pela invenção da
faca que leva seu nome. E, embora a
isso, mais que a outra coisa, deva sua
tama, foi também um notável espada- í«Í|}f
chim.
Creio que todos os astros deviam
ao menos uma vez vestir um traje de
época e levar uma espada, mesmo que vifit
nao tivessem de usá-la — diz Ladd. —
isso íaz qualquer ator sentir-se bem.

■> > • •
O Domínio do Cínemascópío

r\ EPOIS de muitas tentativas


feitas por diversos diretores,
dizem os críticos que Alexandre
Dmitrik conseguiu dominar afinal
a técnica do cinemascópio, apre-
sentando esta nova invenção 'cine-
matográfica com tôdas as vanta-
gens que ela pode proporcionar, sem
cair na técnica de cartão postal que
tem sido observada em outros fil- ./
mes. Filmando «A Lança Partida», Éfliií
terceira versão de um velho filme C\
(«House of Strangers»), Dmitrik
tem oportunidade de manejar a
contento tanto o material humano
como o técnico produzindo o que
(Conclui na pag. 93)

Âtribuiações da Glória

7~j ORIS DAY, que usa um maiò


^ no cinema pela primeira vez
na película «Primeiro Desengano»,
tem sido constantemente importu-
nada para posar para fotografias
e firmar textos publicitários das
muitas fábricas de maiôs que exis-
tem nos Estados Unidos. A culpa
é de seu corpo escultural, que pela
primeira vez aparece assim exibi-
do, conquistando aplausos de tôdas
as platéias.
Assim, ela revela que também
possui outro dote, tão importante
como sua voz notável, apreciada
em todo o mundo.
mae
SSLW
-*y
o- 5L

Todos os rapazes a achavam


perfeita. Mas sua filha, em vez
de sentir-se orgulhosa, sentia
ciúmes.

LIQUEI preocupada quando Ted


Johnson me disse que nos
visitaria, não por recear que meu
pai não simpatizasse com êle; Ted
era justamente o tipo de rapaz
de que papai gostava; expansivo,
cordial e seguro de si, sem ser con-
vencido. Tampouco temia que Ted
não apreciasse meus pais, porque
papai era muito amável e mamãe...
bem, mamãe era adorada por to-
dos. Não era também pela casa,
já que morávamos numa casinha
verdadeiramente preciosa...
Ainda que mamãe não simpati-
zasse muito com Ted à primeira
vista, nada havia a temer: basta-

38
IT-magazine Junho de 1955
encantadora
Margaret Ahcrne

V,

llust de 0 o ^u-cA-xa.

ÍUNHO DE 1955 IT-magazine 39


modo e pronunciava o meu nome,
Uma língua faladeira é a eu quase ficava sem alento.
— • Não se arrependerá por me
única ferramenta de corte efue haver convidado ? — continuou,
fica mais afiada pelo uso cons- num tom brincalhão. — Agora vo-
tante. — Washington Irving. cê terá de me escutar, quer queira,
quer não...
Mas, nem bem começou a dedi-
na que ela convivesse um pouco lhar as cordas do instrumento, fran-
com êle para notar que era um ra- ziu, contrariado, o sobrecenho.
paz como poucos. E Ted, da mes- — Você tem um piano, não é
ma maneira que os que a viam pela verdade ? Poderia usá-lo para afi-
primeira vez, haveria, por certo, de nar o violão? — perguntou-me.
sentir-se encantado diante de ma- Não tive escapatória: concordei,
mãe, como diante de uma visão. portanto. Quando Ted entrou na sa-
Sim, estou certa de que ambos sen- la, papai levantou-se da cadeira em
tiriam, em breve, muitas afinida- que lia e adiantou-se ao seu encon-
des. . . e era precisamente isso o tro.
que mais me alarmava, já que o — Muito prazer em conhecê-lo,
queria inteiramente para mim e senhor Ellis — disse Ted, estreitan-
sentia-me trêmula só de pensar que do-lhe cordialmente a mão..
mamãe pudesse eclipsar-me.
Imediatamente notei que meu na-
Infelizmente, naquela tarde de morado havia causado boa impres-
domingo, quando Ted chegou, acon- são. Como não iam ambos sentir
teceu precisamente o que eu havia
mútua simpatia, sendo tão retos e
presumido. Achava-me sentada num sensatos ?
banco de nosso jardim no momento
em que êle saltou de seu automó- Foi então que mamãe entrou, lu-
vel e veio ao meu encontro, em- zindo numa vistosa blusa azul que
punhando o seu violão. lhe realçava os encantos. Pareceu-
«Ê melhor que fiquemos aqui — me que os olhos de Ted se ilumi-
pensei. Talvez assim mamãe não naram ao vê-la.
o veja». Encantada! — exclamou ela,
Ted acercou-se sorridente e dei- estendendo-lhe a mão. — Então é
xando de lado o violão, sentou-se você que me veio roubar Maggy?
junto a mim, exclamando júbilo- Oh!. . . trouxe o violão! Vamos, va-
SO l mos, estamos ansiosos por escutá-
Que tal, Mag"gy? lo.
Quando êle me sorria daquele Acompanhou-o ao piano e Ted,
muito entusiasmado, começou a in-
40
IT-m iZINE
Junho de 1955
'

tèrpretar uma canção em voga, en- balhar na fábrica de seu pai. Certa
quanto mamãe a cantava com sua tarde, ao entrar num bar para to-
linda voz de contralto. A poucos mar um refrêsco, vira-o junto a
passos de ambos, eu fazia tremen- uma mesa. Tão logo notara a mi- v
dos esforços para não começar a nha presença, êle me chamara, sur-
chorar, fingindo alegria cada vez preendendo-me a sua lembrança de
que um deles me olhava sorridente. minha pessoa. Várias vêzes, torna-
Sim, estava novamente aconte- mos a encontrar-nos no mesmo lo-
cendo aquilo de sempre, ainda que cal, e não tardei em verificar que
mamãe fôsse uma culpada incons- êle se interessava por mim. De-
pois, começara a convidar-me as- I
ciente. Porque ela sempre tinha
uma frase oportuna nos lábios, en- siduamente para sair. Parecia-me
cantava a todos com a sua elegân- um sonho o fato de haver conquis-
cia e sua graça, fazendo ressaltar tado um rapaz tão disputado e tão
ainda mais o meu ar acanhado. simpático. Gostava dêle porque era
Por isso, às vêzes, até parecia que muito formal e também. . . bem,
a odiava. Ê claro que ela nem de simplesmente porque era Ted.
leve suspeitava do mal que me fa- Eu sabia que não era bonita nem
zia. Era natural que Ted não pu- atraente como mamãe, mas, não
desse despregar os olhos de sua fi- obstante, o amor de Ted me infun-
gura. Não o podia recriminar, ainda dia confiança em mim mesma. Con-
que êle não me olhasse sequer uma tudo, cada vez que me vià com êle,1
vez. A única culpada era eu, que fazia o possível para não levá-lo a
vivia a acalentar ilusões, sem pen-
sar que não era fácil conquistar um
rapaz tão excepcional quanto êle.
Fazia já vários meses que Ted
me namorava. Nosso romance foi
para mim o mais surpreendente e
delicioso de tôda a minha vida. Na
verdade, conhecia-o havia vários
anos, pois, ao entrar eu na escola
secundária, Ted estava para ter-
minar os estudos e era capitão do
time de futebol que ganhara o
campeonato inter-colegial. Creio
que, então, tôdas as minhas cole- — Garçon, pegue aquelà môsca,
gas estavam um tanto enamoradas ela roubou o meu bife!
dêle. Depois, Ted começara a tra-
Junho de 1955' IT-magazine 41
minha casa. Até oiíc, finalmente, durante as poucas contradanças que
compreendi que tal situação não me dedicou, não a perdeu de vista.
poderia continuar por muito tempo. O mesmo acontecia cada vez que
Antes dêle, muitos rapazes me ela me via dançando com papai.
haviam cortejado. Não abrignva,
por isso, muitas ilusões, pois, sem- — Maggy, não me roube o meu
predileto — dizia, e se afastava
pre que alguém me vinha buscar com êle.
para ir ao cinema ou patinar, ma-
mãe se acercava, linda como uma Naturalmente que dizia tudo isso
em tom de brincadeira, mas, as-
estréia de cinema, e se punha a sim mesmo, desbaratava os meus
palestrar. E quando, depois de cer-
planos, pois eu sempre parecia in-
to tempo, eu perguntava ao meu
namorado; «Não íamos patinar?» significante e desiludida ao seu la-
do, tão radiosa ela se mostrava.
— ele dava uma desculpa e ficava
na palestra. E não havia sequer um E agora, com Ted, acabava de
que, depois não me dissesse; «Que acontecer o que tanto temera: ma-
senhora maravilhosa! Mamãe tam- mãe atraíra a sua atenção. Feliz-
bém é maravilhosa, mas a sua tem mente, porém, naquela tarde, ela e
um não sei quê...» papai tinham um compromisso, de
maneira que não tardaram a nos
_ Havia um ano, Luiz Gonway deixar a sós. Tão logo ambos saí-
fôra meu namorado. Depois de sair-
mos juntos várias vêzes, êle me ram, Ted, entusiasmado, me disse:
convidou para o baile dos estudan- Como os seus pais são simpá-
tes. Enquanto nós dois dançáva- ticos! O senhor Ellis é amabilíssi-
mos, mamãe aproximou-se com um mo.
conhecido e exclamou sorrindo: E que achou de mamãe? —
Pelo que estou vendo, você perguntei com ansiedade.
pescou o rapaz mais simpático. Va- • E encantadora! Agora com-
mos, Maggy, apresente-me a êle. preendo que sou um rapaz de sorte.
Daquele instante em diante, Luiz Sim, não há dúvida de que soube
dançou muitas vêzes com ela e escolher.
— Você me ama ? — indaguei,
trêmula de emoção.
Ainda duvida ? — replicou êle,
o/mas dos imperadores e estreitando-me docemente nos bra-
ços.
as dos remendões são feitas do
Durante o resto da tarde não vol-
mesmo molde. ~ Montaigne tei a preocupar-me. Mas, nem bem
Ted saiu, uma idéia espantosa me
assaltou; «Êle voltará para me
42
IT-.mac azixe Junho de 1955
ver... ou para ver mamãe?» E
êsse pensamento, durante vários
dias, me torturou.
Na semana seguinte, porém, ocor-
reu algo inesperado. Sábado, à
noite, sentamo-nos à mesa mais tar-
de que de costume, porque mamãe
tinha ido ao médico à tarde. Ape-
nas começamos a jantar, notei que
mamãe estava um tanto inquieta, a
como se desejasse dizer-me algu-
ma coisa e não tivesse ânimo. Seus
olhos brilhavam mais que nunca
quando começou a falar:
— Maggy, tenho de dizer-lhe.
Sabe ?... Espero um filho.
Fiquei olhando-a boquiaberta.
Pensei que havia entendido mal,
mas, subitamente, uma idéia lumi-
nosa cruzou-me o cérebro.
— Ótimo, mamãe! — exclamei,
radiante.
Então ela olhou para papai, sur-
preendida pelo meu alvoroço, e
prosseguiu com lentidão, como que
buscando as palavras:
— Fico satisfeita por ver que
você se alegra, querida, pois, para
ser franca, pensei que você não
gostaria de ter um irmâozinho.
Ela não podia entender por que
me entusiasmava ante a perspecti-
va de que, em breve, sua esbeltez Vestido de carpete franzido sob
desapareceria, ainda que por pou- uma pala redonda. A saia é cor-
co tempo. «Depois que a criança tada em quatro panos para armá-
la. A gravata e as luvas são em
nascer, ocupada com ela, mamãe sêda "surah" com motivos de
não poderá perder horas conver- "pois".
sando com meus admiradores —
Junho de 1955 1T-MAGAZINE 43
cante. Ted notou o que me ia na
mente.
O que nao é bom para o en- —• Por que fica assim ? Acaso,
xame não é hom para a abe- tem medo de sua mãe?
lha. — Marco Aurélio. — Que bobagem! Medo de quê?
Mamãe vai passando muito bem —
retruquei, como se não houvesse en-
tendido a sua pergunta, E mudei
pensava."— De hoje em diante, Ted de assunto.
será só meu». Sempre que saíamos juntos, ao
Não sei como pude esperar tanto voltar para casa, Ted me beijava
tempo para dar a notícia a meu ao despedir-se. Mas, naquela noite,
namorado. Ficáramos de encontrar- notei que êle me estreitava nos
nos terça-feira no clube. No dia braços com desusado ardor e seus
marcado, pus um vestido simples, lábios buscaram os meus. A prin-
muito diferente dos vistosos que cípio, desejei que aquêle beijo se
costumava usar. Sim. que me im- prolongasse pela eternidade, mas,
portavam agora as toaletes caras repentinamente, pensei: «Êle es-
se mamãe não mais me podia eclip- tará realmente me beijando, ou bei-
sar? jando uma moça imaginária, pare-
cida com mamãe?» E, convencida
Sabe que mamãe espera um de que era apenas uma visão, afas-
filho? — disse a Ted, tão logo nos
tei-o bruscamente e entrei corren-
encontramos. - E me pus a obser- do em casa.
va-lo, a fim de ver como receberia
a novidade.

Que surprêsa! Imagino quan-
ta alegria deve haver em sua ca- Depois das férias, ao começar o
sa . Porque você já tem dezessete novo período de aulas, voltei a en-
anos. Assim... trar em contato com novos pro-
É verciad fessôres. Estava no quarto ano do
. e, mamãe não é tão ginásio. Mais alguns meses e mui-
jovem — tomei com ênfase Ted
tas de minhas colegas se casariam.
compreenderia que ela já andava
pelos quarenta, e prestaria mais Outras começariam a trabalhar.
atenção a mim. A-té os mestres nos tratavam de
Mas, em seguida, pensei que ain- forma diversa, notando que já es-
da que ela perdesse muito de seus távamos moças feitas. Eu, toda-
encantos, isso não queria dizer que via, continuava insegura em meu
se tornasse uma mulher insignifi- íntimo, sem confiança em mim mes-
ma .
44 ■ ■
IT-magazine Junho, de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Creio que foi durante a segunda — É grave o seu estado? —
semana de estudos. A aula de ma- perguntei com ansiedade.
temática ainda não havia termina- — Ainda não se sabe. Os médi-
do, quando a secretária me cha- cos a estão examinando.
mou. A senhorita Baldwin olhou-me — Papai, o senhor acha que. . .
de modo estranho e, após indicar- — Confiemos em Deus, Maggy
me uma cadeira, começou em tom — prosseguiu êle com voz entre-
amável: cortada. — Não queria alarmá-la,
— Maggy, eu não queria alar- mas pareceu-me prudente que vo-
má-la, mas é necessário que vo- cê viesse, já que pode ocorrer algo
cê o saiba. Sua mãe foi vítima de de grave.
um acidente. Seu pai telefonou, pe- Já que pode ocorrer algo de gra-
ve. . . — Assim, papai temia...
dindo-me que a mandasse ao Hos-
pital do Norte. O táxi está espe- Afogando um soluço, debrucei-me
rando aí fora. Vou acompanhá-la. no braço da poltrona e cobri o
rosto com as mãos, procurando
Com o coração prestes a sal- ocultar o meu desespêro. Quis re-
tar-me do peito, tomei o automó- zar, mas nenhuma prece me veio
vel. A secretária apertava-me ca- aos lábios. Sentia-me terrivelmen-
rinhosamente, a mão, procurando te envergonhada, enquanto, dian-
animar-me. Desci do táxi e deixei te de mim, papai olhava-me sem
levar-me pela ampla escada de me ver, com o coração e os pensa-
mármore. Não, não era um pesa-
delo; era realidade. Estava no hos-
pital e papai vinha ao meu encon-
tro.
Depois de agradecer à minha 2=
acompanhante, conduziu-me ao ele-
vador. Por fim, pusemo-nos a an-
dar por um corredor que ia a uma
saleta de espera. Ali, papai fêz-me
sentar numa cadeira e pôs-se a
contar-me o que acontecera:
— Betty estava limpando o chão K
e, escorregando, rolou pela escada.
Felizmente, antes de desmaiar, pô-
de arrastar-se até o telefone e — Que ninguém saia! Estão fal-
avisar-me. Parece que se machu- tando seis velas no bôlo...
cou.
Junho de 1955 1T-MAGAZINE 45
mentos só dedicados à mamãe. cida pelo cansaço, adormeci. Quan-
«Meu Deus, como é possível que do despertei, pareceu-me que pa-
eu haja sentido ciúmes de minha
pai se achava a meu lado. Mas
própria mãe e até tenha chegado
era Ted.
a odiá-la? — perguntei-me, an-
gustiada. — Só porque ela é mais Logo que soube do ocorrido,
bela do que eu?» vim para cá ■— disse-me êle. —
Com o coração compungido, tive Trouxe-lhe um pouco de café, que-
de confessar-me que, mais de uma rida. Beba que se sentirá melhor.
vez, havia desejado que mamãe não Sorvi um pouco da bebida. De-
estivesse presente às reuniões es- pois, apoiei a cabeça no ombro de
tudantis. Mas não, Deus, sempre Ted e, novamente, não pude con-
generoso, não me poderia castigar ter as lágrimas.
tao duramente, levando mamãe.
Se isso acontecesse, que seria de Tenha calma, Maggy. Sua
mãe há de melhorar.
mim ?
Não sei quanto tempo trans- Você não pode compreender,
correu até que uma enfermeira nos fe<f — exclamei, entre soluços. —
trouxe uma bandeja. Papai ins- Agora vejo claramente que não te-
tou para que eu comesse um pou- nho sido uma boa filha. Não quis
co, mas não pude provar nada. bem à mamãe como devia.. . sen-
Depois de mais alguns minutos, tia ciúmes dela e não gostava de
outra enfermeira se aproximou pa- vê-la tão bonita, ao passo que
ra falar com ele. Aguardei pacien- eu...
temente que papai me dissesse o —- Tolinha! — interrompeu-nie
que a mulher lhe comunicara. êle. — Todos nós pensamos, às ve-
zes, que odiámos nossos pais por
— Ainda não se sabe de nada isto ou por aquilo. Mas não vejo
falou-me, dando uma palmada por que você teve ciúmes de sua
no espaldar da cadeira. ~ Mas o
mãe.
médico acha que é preferível que
eu esteja presente quando ela vol- E como eu ficasse olhando-o, sem
ar a si. Por que você não vai pa- saber o que lhe responder, êle pros-
ra casa descansar ? seguiu:
Seria inútil: eu não descan- Lembra-se do dia em que co-
saria. Prefiro esperar aqui. nheci sua mãe, faz algumas sema-
nas?
Papai acariciou-me os cabelos nas ? Esqueceu-se do que lhe dis-
depois de sorrir-me com tristeza' o o "?? <^ue me considerava
Se ., um rapaz—
de sor e
saiu atrás da enfermeira p ass^ t . porque havia sabido es-
vnw,
ram-se „ varias
- . horas,—jrussa-
'
até que, a-
ven- colher?
4fi {Conclui na pag. 91)
IT-magazine Junho de 1955

cm 1 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
JUVENIS
é

Muito original êste vestido em pi-


Quê; os botões que partem do om-
bro esquerdo, terminam nas costas
da saia do lado direito. * Tiras de
oôr viva alegram êste modêlo de
algodão ou Unho branco; três botões
fantasia. ★ Vestido em shantung, pa-
ra mocinha, é cortado em vários pa-
nos, tipo princesa. ★ Gracioso modê-
lo em tafetá azul-marinho e tafetá
listrado de côres vivas.

Junho de 1955 IT-MAGAZINE 47


íí
j\ H. se eu tivesse algum di-
í\ nheiro que fôsse somente
meu» — ouve-se as donas de casa
dizerem repetidamente, expressan-
do, na maioria das vezes, seu de-
sejo de possuir apenas alguns tro-
cados, remanescentes do último pa-
gamento do marido ou economiza-
dos do orçamento doméstico
Tôda esposa e dona de casa co-
nhece o dinheiro sob duas formas;
uma, destinada às despesas casei-
ras; outra, para gastar como lhe
aprouver. Esta última espécie co-
mumente se torna motivo de sérios
aborrecimentos.
0
que geralmente acontece, quan-
do uma esposa precisa comprar um
n0VO des
' cobre uma liquida-
lkmbrete aos maridos

0 Salário da Esposa
LUCIIXe BRIXT
são vantajosa, ou se vê na contin-
gência de dar um presente a uma dica ou os inevitáveis impostos te-
rem consumido todo o seu dinheiro.
SrO-ameCOnh:0Ída? <<0ra' baSta^e Nessas ocasiões, é benéfico às re-
darei tod 0 o necessário
arex todo 0
' l116-ent
Seão
tiver
lhe lações maritais pedir dinheiro para
comprar roupas de lã, que as crian-
0 melhor chef ças usarão somente daí a um ano,
família"' ^COnCeder e de
nortí ^
portância ao assunto maior im- embora devam ser compradas sem
mais tardança a preços convidati-
vos?
Na verdade a esposa moderna,
para bem desempenhar sua mis-
™u^ ouestei
'«"
de uma grande conta mé- são na sociedade, precisa de algum
48 dinheiro que possa manejar à sua
IT-magazine Junho de 1955
vontade. Em muitos lares, o chefe moça se case visando algo mais do
de família dá mesadas periódicas a que assegurar-se cama, comida ou
seus filhos menores ou lhes distri- salários para o resto da vida; é de
bui tarefas gratificadas, asseguran- supor-se que ela deseja e quer rea-
do-lhes um rendimento para suas lizar os trabalhos necessários para
diversões. Entretanto, o mesmo não construir, com seus filhos, seu ma-
se dá com a maioria das esposas, rido e ela mesma, um lar feliz.
as quais, salvo se se entregam a O marido, por outro lado, casou-
duros trabalhos de máquina e de se de livre vontade, comprometen-
forno, não possuem renda nenhuma, do-se a dignificar e amar sua es-
vendo-se em dificuldades para dar posa — sem 'direito entretanto, de
um presente ao próprio esposo. julgá-la uma simples empregada
Tendo em vista essas considera- sem remuneração. Êle se casou dis-
ções, por que uma esposa há de posto a sustentar seus filhos até
ver-se na contingência de mendi- quando o fôsse necessário e, de cer-
gar pequenas quantias para adqui- to, com a intenção de sustentar a
rir o que precisa ou quer com- esposa também.
prar? Por que não possui também Entretanto, êle, às vezes, não en-
o seu salário, para evitar essa si- tende que, no mundo de hoje, as
tuação constrangedora ? Será que necessidades de sua companheira
ela não faz jus a um pagamento vão além de alimentos, roupas es-
doméstico ? senciais e cuidados médicos. Ê que
Em face dessas circunstâncias a esposa, em defesa de seu próprio
merecedoras de estudo, uma deter- bem estar moral e mental, precisa
minada escola de pensamento já ter sempre o direito de dispor de
apontou a conveniência de o mari- alguns trocados.
do conceder à esposa um salário Naturalmente há maneiras efi- '
equivalente a dez por cento de seus cazes de dar dinheiro à esposa, sem
ganhos semanais. Os que pensam pagar-lhe um salário. Sabe-se de
assim vão mais adiante, sugerindo um cidadão que, todo ano, pelo
que essa percentagem seja deduzi- Natal, presenteia a esposa com uma
da do salário bruto, sem obrigações quantia em dinheiro que ela gasta
ds previdência social, etc. «Que como lhe" parece mèlhor. Além dis-
vergonha!» — dirá muita gente, so, noutras oportunidades, êle lhe
escandalizada. — «Então o casa- dá como presente pequenas somas,
hiento agora se transforma em formando-lhe um fundo pessoal mo-
um negócio assalariado como os desto mas efetivo.
outros?» Outro marido passou à esposa a
De certo, é presumível que uma responsabilidade exclusiva de uma
Junho de 1955 IT-magazine 49
casa que alugou, adjudicando-lhe importante, iguala seu poder aqui-
tôdas as rendas, mas deixando a seu sitivo ao do esposo, libertando-a da
encargo as despesas de impostos, embaraçosa contingência de impor-
seguros, consertos, etc.. Outro ad- tuná-lo continuamente com seus pe-
quiriu para a mulher títulos indus- didos de dinheiro.
triais que poderão ser vendidos ou
Então, ainda é preciso salário
conservados para renda, caso ela o para as esposas? Que mulher gos-
queira,
taria de ver seu trabalho de dona
Já um casal, os Souza, manejam
de casa, cozinheira, mãe e esposa,
seu orçamento doméstico de um
modo realista, que tem dado mui- traduzido em termos inexpressivos
de cruzeiros e centavos.
ta alegria a tôda a família. Marido
e mulher dividem as despesas do- Nenhuma, de certo, concordará
com êsse aviltamento de sua per-
mésticas em várias rubricas, a que
destinam oitenta por cento do or- sonalidade. Por isso, esposas e ma-
ridos devem e podem traçar um sis-
çamento. reservando os vinte por
cento restantes a uma conta cha- tema de mesadas para todos os
mada «extras». Dessa conta, to- membros da família, baseado na
dos os membros da família, inclu- renda total da mesma. Cumpre-lhes
sive o filhinho de cinco anos, ti- sentar, de lápis e papel na mão,
ram muito do que precisam. Daí para levar a cabo alguns cálculos
vem o numerário para as coisas minuciosos. Ao fim dêstes, e incluí-
de menor importância, como tapê- do cada membro da família na di-
tes, brinquedos novos, passeios e visão de seus recursos, todos ga-
diversões. Acontece que, depois de nharão um novo sentimento de im-
somado e distribuído todo o dinhei- portância, sabendo-se partes de um
ro pelos gastos essenciais, o res- grupo para que concorrem e de que
tante torna-se a conta «extra» a que desfrutam. A economia também
cada membro da família tem di- chegará, de mansinho, uma vez que
reito. todo o mundo conhece a situação
Essa divisão dos recursos fami- financeira da família. Com isso, a
liares dá à espôsa o feliz ensejo de benevolência substituirá o mau hu-
fazer surprêsas.^ comprar presentes mor de seus membros, pois não há
especiais e tirar partido dos bons melhor válvula de escape para
preços de ocasião, e, o que é mais qualquer família do que um dinhei-
ro miúdo de vez em quando.

^44
0 c nsi l
Thoreau. '' " " 'or de um templo, chamado o seu corpo.
50
IT-magazine Junho HE 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
POR CONSTANCE BANNISTER
JLÍIIS E Bmxos

Faço maravilhas num


abrir e fechar de olhos.

^%í:Í

i-Jk

"

Mas quando i
estou desanimada
mm

Junho db 1955 IT-MAGAZINE 51


Chapéu para Coquetel

^petmq VOiàe

$48*™^ de'4LiTSpJe0r 'VeIlld0 pastc


pret0 com 91 44 cms
' - de largura.
9Í44 cms de fifa dn rptim f l' com 91,44 cms. de largura.
de rêde nreí Í Lrl ^'o^' COm cm
- de '^Sura. 22.86 cms.
por chapeleiros e modistns) o i z'?8' USad0
largura. Arame (do tipo usado
Linha de algodão mercerisada "rt^Jonn
a uuo mercerisada, ?°r alcom
n 40, para combinar faiates em
entreusado.
o material telas).
MODELO:
Faça conforme o diagrama ane-
xo . Cada quadrado do mesmo eqüi- a beirada a ser aplicada sôbre a
vale a uma polegada (2.54 cms.) no dobra do pano.
pano. As linhas interrompidas mostram
o lugar das pinças.
As bolas pretas e cheias indicam
As setas marcam a direção exa-
Uiagrama para chapéu de coquete.. Cada quadrado corresponde a uma pole-
gada (2,54 cms.) no tecido.

XT-MAGAZINE Junho de 1955


UiA.-

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
f
í , , Mi
Eis um chapéu encan-
tador devido à sua for-
ma de coração, tradi-
cionalmente associada
à rainha Maria da Es-
cócia. É cortado de uma
peça achatada, em for-
ma de folha de hera,
com pinças atrás. Pa- Bp
ra sua parte exterior
usa-se veludo de seda,
«chiffon» preto, forra- %
do com cetim côr de
pastel e debruado com
fita também de cetim.
O arame usado na bei-
rada exterior assegura
cômoda adaptação à ca-
beça. A rêde preta, cai,
suavemente, do centro
da nuca, o qual se le-
vanta, fazendo uma cur-
va de altura acentua-
da.

ta dos fios do tecido. INSTRUÇÕES PARA COSER:


O X marca o centro existente no
chapéu num ponto correspondente (Permitem-se costuras de meia
à nuca. polegada).
1) Faça pinças em todas as pe-
INSTRUÇÕES PARA O CORTE: ças.
2) Junte com alfinetes as peças
Corte três peças segundo o mo- de lona e cetim, conservando-se um
dêlo (1 de veludo, 1 de cetim e lado direito contra o outro; alinha-
outra de lona) deixando três quar- ve em seguida. Junte com alfinê-
tos de polegada (uma polegada tem tes, para alinhavar a seguir, as
2,54 cms.) em tôrno da peça de ce- peças de veludo e de cetim já en-
tim; entretanto, nenhuma margem tretelado, aplicando um lado direi-
deve sobrar na peça de lona. to contra o outro e igualando as
Junho de 1955 IT-MAGAZINE 53
bordas das duas peças; cosa as pe- 5) Dê forma ao arame, dobran-
ças pela beirada exterior, deixando do-o para baixo, de forma acentua-
uma pequena abertura no centro do da, nos lados e no centro corres-
chapéu, correspondente à nuca. A pondente à testa; em seguida, do-
peça de veludo deve ser ligeiramen- bre-o para cima, na forma indica-
te maior para permitir a curvatura da, no centro posterior à altura da
do chapéu. nuca.
3) Remova os alinhaves. Apare 6) Passe a ferro a fita de ce-
a lona rente a costura. Vire o lado tim, dobrada ao comprido, pela me-
direito para fora. tade. Coloque-a sôbre as beiradas
4) Coloque o arame no interior do chapéu como debrum; alinhave
do chapéu, ajustando-o na posição e depois cosa as beiradas da fita,
adequada e alinhavando-o contra a com pontos feitos de um lado para
beirada (costura) exterior; faça as outro, encaixando, dessa forma, o
pontas do arame cair sobre o cen-
arame no seu lugar. Com os cen-
tro já mencionado, na altura da
tros mencionados pôsto um sôbre
nuca, ultrapassando-o na razão de o outro, vire a peça para dentro e
uma polegada; corte, em seguida,
pregue, com alfinetes, uma beirada
e reuna por uma costura essas pon-
tas excedentes. Vire as margens da comprida da rêde, em volta de três
quartos da parte trazeira do cha-
abertura para dentro, juntando-as e
péu (entre os pontos lateral e cen-
cosendo-as com ponto invisível para tral) afrouxando o tecido entre ca-
manter a linha do chapéu; em se-
da alfinete; em seguida, cosa na
guida, alinhave o arame na posição
posição adequada, usando ponto in-
adequada sôbre o centro corres-
visível e corte a rêde no tamanho
pondente à nuca.
desejado.

• •
A Última Morada
a hora de morro J^lica que 03 elefantes, quando sentem aproximar-se
desconhecidr ncrâva^rn8"38 f'™8 6 VÍajam Para Um lugar
C d0
e-lar seu derradeTo s
nhando sua morte próxima pTro
US i» tres
a e se
" V00ao cert0 ^
We os rouxinóis adivi-
primeiros sinais da manha
e continuam voando a subir esd ^
sol nascente, até que sei.= ada5068 .vez rebe
mai3
aho, sempre na direção do
altura vertiginosa Por sua Te? 0S pombos "tem e êIes caiam de llma
a morte a ronda los r* m venezianos, dpressentindo
chegados, deLam-se' afr 33^ ÚltÍm0 VÔ0 na dire â
5 ° o — e ai
d0 VaSt0 ocean0 <Iue
como um túmulo majestoso. escolheram
64
IT-magazine Junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Vestido em algodão listrado: ombros e
bolsos com listras em sentido contrário
às da saia. ★ Alegre modelinho em pi- VESTIDINHOS
quê^ vermelho e branco. ★ Vestido em ta-
fetá quadriculado, com detalhes de tafe-
tá branco. * Roupa de algodão estam-
pado, suspensa por alças da mesma fa-
zenda. ★ Vestido de lã xadrez com ori-
ginal pala triangular.

**
«r *
V* * 1, *

Junho DE 1955 IT-magazine 55


viajem

7
AS coDÍortáveis composições
m de luxo da
CENTRAL DO BRASIL
&
\ p com segurança,
conlôrl& e rapidez,
'V \ ligam as belas capitais de
\
\ BELO HORIZONTE
\ W2 SAO PAULO - RIO

í/

■S-vJ
PREÇOS DE PASSAGENS E
w HORÁRIOS :
VERA CRUZ
Ida e volta — Cr$ 369.00
Ida — Cr$ 205,00
BELO HORIZONTE
Ü Saída 19,50 — chegada 11,00
RIO DE JANEIRO
Saída 20,10 — chegada 10,15

cm i 2 3 4 5 6 #Esr1 9 10 11 12 13 14
Vera Cruz

e Santa Cruz

Carros de aço
inoxidável com
amortecedores
hidráulicos
r
■i ✓
O
t
wm i
ff
,r ft
m

Confortáveis carros
restaurantes e cabines
moderníssimas com
ar condicionado

SANTA CRUZ
Ida e volta — Cr$ 324,00
Ida _ Cr$ 180.00
SÃO PAULO
Saída 22,40 — chegado 8,25
RIO DE JANEIRO
Saída 22,30 — chegada 8,20
EMOS notícia das flo- Conta-nos Suetônio, o
res, acompanhando a grande historiador clássico,
elegância das mulheres, des- q que a mania das flores do-
de a mais remota antigüi- V.C minou tôda a era dos Cé-
dade, e umas e outras sem- sares e que a indústria per-
pre viveram tão intimamen- fumista atingiu o máximo
te ligadas que as flores se de perfeição. As flores eram
tomaram verdadeiros sím- até comidas em deliciosos
bolos de feminilidade. manjares, especialmen-
A grosseira cerâmica de te preparados para os gran-
diversas tribos, tanto extin- des dias. Informa o mesmo
tas há séculos, quanto con- historiador que o prato pre-
temporâneas, freqüentemen- dileto de Calígula era um
te estampam flores ou sim-
ples pétalas ao lado das mu-
lheres, sugerindo-nos cria-
turas selvagens, um pouco
grotescas, mas deliciosa-
mente femininas como as
imagens de Gauguin. As flores íflegram
Através dos clássicos gre-
gos, percebemos sempre as
mulheres cercadas de flo-
res, enquanto os homens fi-
losofam ou fazem guerras.
Os livros religiosos falam- m
certo manjar de pétalas de
nos de flores: sacras, profa- rosas embebidas em vinho.
nas, domésticas, puras, ex- Tão apurado se tornou o
citantes: são as flores que olfato dos elegantes da épo-
Sulamita colhia para o ami- ca que os palácios tinham
go e cantadas por Salomão; não apenas um provador de
são as flores profanas de pratos e bebidas, mas tam-
Salomé ou ainda as corolas bém um «provador» de flo-
que Marta cultivava no jar- res, cuja única função era
dim de Madalena. No Egito provar as iguarias alimen-
os escravos levavam flores
tícias diante de flores diver-
para Cleópatra, em Carta- sas e selecionar os perfu-
go para Salambõ, em Ro- 10. mes mais condizentes com
ma para Popéia.
o banquete a ser servido.
58 Junho de 1955
IT-magazixe
Assim, intimamente ligadas à vi- flores brancas, em contraste ao ver-
da dos povos, as flores geraram melho do fogo que guardavam; os
entre eles uma série de preconcei- atletas eram coroados com folhas
tos e etiquêtas, cujos vestígios ain- de louro (sem as flores, pouco
da hoje se fazem sentir nos sím- amigas da musculatura), as corte- 1
bolos poéticos, religiosos e até so- sãs banhavam-se em água de sân-
ciais. Segundo seu perfume, sua dalo e usavam gardênias. Cada deus
côr, seu aspecto, eram elas classi- da mitologia grego-romana foi ho-
ficadas numa espécie de castas, ca- menageado com uma espécie de
da qual destinando-se a um tipo de planta, dedicada especialmente a
pessoa ou a um objetivo. A queima êle, e a deusa íris, ela própria,
do incenso, por exemplo, era para transformou-se na flor que tem o
produzir o perfume que mais as- seu nome. ■

: 11F

,;J 1

sentasse às altas dignidades. Co- Na Idade Média, quando todos


meteria gravíssima falta, em Ro- os prazeres eram condenados e a
ma, quem deixasse de incensar sua arte experimentou um período de
casa, quando tivesse a honra de obscuridade, apenas as flores con- ■1
esperar a visita de qualquer pes- tinuaram, embora mais discreta-
soa da família real. As flores que mente, a alegrar a vida rigorosa
a enfeitassem também deveriam ser que se impôs. As próprias santas
selecionadas de acordo com a im- não escaparam ao seu fascínio e
portância do visitante e seu gosto vemos Santa Isabel recolhendo no
Pessoal. As rosas sempre foram avental as flores do palácio, com
a
ristocráticas em Roma e tinham tanta constância, que não alarmou
Permissão de ser expostas às vis- o marido ao mostrar-lhe floies em
tas dos Césares. lugar do pão que iria distribuir
A
s vestais carregavam consigo (Conclui na pao- 97)
Junho de 1955 IT-magazixe 59

cm i 2 3 4 5 6 *ss~ 8 9 10 11 12 13
Você é uma

L\
íi\
Pessoa Ponderada?

ARA enfrentar os desafios e as oscilações da vida, é necessá-


rio ser-se tão flexível e versátil quanto possível.
Se você fôr uma pessoa ponderada, não somente será mais
eficiente em cuidar de seus problemas e vencer na vida, como en1
ter uma existência interessante. Sua curiosidade e sua necessidade
de experimentar coisas novas lhe absorverão o tempo. Você ter a
muito para oferecer aos outros, e seu circulo de amigos será for
mado de pessoas agradáveis. Ainda mais, seu largo interêsse e seus
conhecimentos dar-lhe-ão uma perspectiva melhor para julgar os
outros e uma base sólida sôbre a qual planejará sua vida.
Entretanto, se não possui as qualidades estabelecidas acima,
você poderá dar de ombros e esquecer o assunto. Mas, se tem uma
existência vazia, frustrada e sem proveito, tornar-se-á uma partr
cipante ativa em muitas coisas agradáveis, lendo e estudando tudo
que possa desenvolver a sua personalidade.
Para descobrir as suas deficiências, some o número de questõe
às quais responder «não».

1 Você tem boa conversa? n0


caldade em ajustar-se d
vas idéias?
2 Sempre que solicitada, tem
idéias e sugestões a ofere-
cer? 4 Já tem sido, algumas ■
escolhida para chefe de e
3 Geralmente, tem pouca difi- pos ou associações?

60 IT-magazinb junho de 195o


0171 BUSCfl Dfi
WGRDflDG

Por XISTEM, espalhados pelas bi-


bliotecas e academias do mundo,
ANNE PRESTON cêrca de 4.600 velhos manuscritos
do Novo Testamento, todos tradu-
zidos para a língua grega. Nenhum
dêsses manuscritos valiosos foi di-
retamente copiado dos textos origi-
nais, pois tendo êstes se perdido,
5 Raramente faz mau juízo de a transcrição foi feita de uma có-
outras pessoas? pia para outra. Os teólogos cristãos,
6 Quando se defronta com obs- vêm se empenhando, há vários sé-
táculos ou dificuldades, mos- culos, em estabelecer qual dêsses
tra habilidade para substituir, manuscritos é a cópia mais próxi-
inventar ou arranjar saídas? ma do texto original, realizando
7 Raramente se deprime ou se essa tarefa por meio de confrontos
entedia, porque, geralmen- e interpretações pacientes, à luz
te, tem às mãos diversas ou- dos textos bíblicos. Um padre ame-
tras coisas importantes e ricano, o reverendo J. W. Elisson,
ogradáveis para fazer?
um dos teólogos ocupados nesse tra-
8 Tem muitas coisas com as balho elucidativo está comparando
Quais enche agradàvelmentc atualmente, 311 manuscritos copia-
0
Jernpo, quando está sozi- dos entre os séculos III e XVI. Ten-
nha?
do iniciado sua tarefa em 1S45, o
^ É uma convidada agradável reverendo Elisson já descobriu em
m
n Qualquer reunião, porque apenas quinze versículos do Evan-
toma
tAj r parte em quase
todas as atividades? gelho de São Lucas quatrocentas
passagens cujo teôr é diferente nos
^0 Em sua lista de amigos, fi- 311 manuscritos. Além disso, cum-
guram muitas pessoas distin- pre assinalar que em apenas dois
as
e importantes? capítulos daquele evangelho foram
encontrados dois mil casos de di-
(Respostas à pag. 88)
vergências entre os textos compa-
rados.
Junho DE 1955 IT-MAGAZINE 61
4
O \

rue lem a

KATIE WINDSOR

Tinha de escolher entre a minha vida e


a de meu filho, já que só um milagre nos
poderia salvar a ambos.

ODR. BRANDT levantou os olhos quanto antes, — insistiu o médico


da fatídica fôlha de papel que — pois, cada dia que passa, au-
estava sôbre a sua mesa de menta o perigo.
trabalho e olhou-me com pena, Sim, eu tinha de decidir. Mas
— Agora que já sabe, minha se- de que maneira? A quem apelar,
nhora, não convém que continue. Do em busca de conselho ? Haveria al-
contrário, correria um grande ris- guém capaz de guiar-me entre as
co, conforme já lhe expliquei. sombras que me toldavam o espí-
Sim, êle acabara de explicar-me rito ?
tudo, em tom amável, mas com
clareza. Continuar significaria a Sempre vivera de acordo com os
morte, e eu tinha apenas dezeno- ditames de minha consciência; des-
ve anos. Que terrível dilema! Ter de o princípio, fizera tudo quanto
de escolher entre minha vida e a pudera; e o princípio se dera havia
do ser em quem havia depositado muitos anos atrás. Tudo começara
tantas esperanças!. . . O nascimen- naquela tarde de outubro — tinha
to de meu filho poria minha vida eu, então, dez anos — em que mi-
em perigo; eu morreria, salvo se nha avó, sentada à beira de minha
acontecesse algum milagre; e os cama, me dissera, acariciando-me
milagres não acontecem todos os os cabelos:
dias. — Agora, Lia, você precisa de
— A senhora tem de decidir o repouso, pelo menos por alguns
62 IT-MAGAZINE JUNHO DE 1855
t

mm

KL

i
JUNHo OE 1955 IT-MAGAZINE

cm 1 2 3 4 5 6 # 9 10 11 12 13
— Que ■ quer dizer ? — pergun-
tei-lhe ansiosamente. — Êsse re-
A esperança é melhor com- pouso de que me fala significa que
panhia do que o temor. — não poderei mais sair com minhas
Martin Farquhar Tupper. anaigas, nem patinar, nem correr,
nem subir' nas árvores ?
— Sim, meu bem. Mas será por
uns tempos. Talvez por uns poucos
tempos, porque sua saúde não es- anos...
tá boa. Ah! vovó! Prefiro morrer do
— Minha saúde? — repeti, sem que deixar de brincar. Já estou
entender. — Que quer dizer com farta de tanto repouso. Já faz anos
isso, vovó? que estou nesta cama!
Ela fizera um gesto vago. Geral- — Faz apenas cinco semanas,
mente não estava de acordo com o meu bem. Sinto muito, mas você
que chamava fantasia de jovens mé- cumprirá as ordens do médico e as
dicos. Durante longos minutos, eu minhas. Todos os dias, você terá
a escutara a cochichar com o dr. de fazer a sesta. Ã noite, irá mais
Mason, junto à porta de meu quar- cedo para a cama, isto é, no máxi-
to, sem, contudo, conseguir enten- mo, às nove horas. E nada de cor-
der o que diziam. Todavia, pela ex- rer, de patinar, ou de andar a ca-
pressão de seu rosto, compreendi valo.
o que ela pensava: o médico exa- — Não, não, vovó! — exclamei.
gerara o diagnóstico. — Logo que me levante, tratarei
— Não se preocupe, querida, são de subir numa árvore bem alta
transtornos da idade. . . Você cres- e. . .
ceu muito depressa. O que aconte- Arrependi-me, porém, do que lhe-
ce é que os médicos dão às doen- estava dizendo, porque os olhos de
ças cada nome complicado! Você vovó se encheram de lágrimas.
terá de ter paciência por alguns — Seja obediente, meu bem —
anos.. . suplicou-me, apertando-me as mãos
Meus pais haviam morrido quan- entre as suas. — Lembre-se de que
do eu era ainda bem pequena. Por você é tudo o que me resta no
êsse motivo minha avó paterna me mundo e de que, se lhe acontecer
havia criado. E eu a queria muito, alguma coisa, minha vida já não
não obstante algumas vêzes me terá mais nenhum sentido.
rebelar contra suas recomendações, — Está. bem, vovó. Procurarei
demasiadamente puritanas a meus obedecê-la — concordei finalmente.
olhos. Naquele momento, no mais P! 0
64 IT-MAGAZINE JUNHO DE 1955
fundo do meu ser, nasceu um fir- — explicava a minhas colegas de
me
propósito. Prometi a mim mes- escritório. — Mas não posso can-
ma: «Hei de ter cuidado, a fim sar-me muito.
que possa ser como as demais.
Não correrei, não me cansarei de- Comecei a sair com elas, parti-
cipando de suas diversões e pas-
masiadamente, porque não quero
Se
r uma criatura doente para o res- seios, mas tratando sempre de
to da vida»... voltar cedo para casa. Como o es-
Mas era mais fácil dizê-lo do que critório em que trabalhava distava
Pô-lo em prática. Dormir dez ho- poucos quilômetros da região dos
ras lagos, íamos, com freqüência, pas-
P01' dia, descansar depois do
almoço, não me agitar nem subir sar a tarde nos arredores de tão
em árvores, tudo isso era muito di- pitorescos lugares.
fícil. Contudo, esforçava-me por Aos dez anos, fizera o firme
cumprir à risca as determinações propósito de chegar a ser uma
de vovó. E quando minhas amigas moça normal. Mas tivera muito de
me diziam: «Esta tarde vamos pa- lutar para não seguir minhas ami-
tinar no lago», respondia-lhes, con- gas, quando elas participavam de
tendo as lágrimas: «Quando volta- folguedos que me eram vedados.
le
m, não se esqueçam de passar E mais de uma vez me perguntara
Por aqui para contar-me como se se tal sacrifício valia a pena.
divertiram». Aos dezesseis anos apaixonei-me
Mas, quem pode ter amigas sem
compartilhar de suas brincadeiras?
que rapaz se interessará por uma
Jovem a quem está proibida a
nnça, a natação ? A gente não
^ode ficar sentada, dizendo a si "4
esma que não gosta de dançar e
e ein vez
(j^ ' de perder tempo falan-
ge com um tolo, é preferível ler
^m bom livro, porque, se o fizes-
ncabaria por se estiolar.
con^ 0
mi8:
0 s a:n e
^ '' ^ ' continuei lutando 1)
do 0.
mesma e suportando tu-
sec ^ ^Ue fermlnei 08 estudos — Com vocês maãanie Miran-
g0 n á'rlos e consegui um emprê- da para o seu programa: "Meia
hora de Belesa!"
Mão é que eu esteja doente
JUNHu
ee 1953 IT-magazine 69
por Martin, um campeão esportivo,
que estava para entrar na Univer-
sidade. Êle, porém, só me convidou
para sair uma vez. E isso porque,
numa noite em que fomos a um
baile, no melhor da festa tive de
dizer-lhe:
— Ãs dez horas terei de estar
em casa.
Como é natural, êle não podia
suspeitar do motivo e, portanto,
y perguntou-me:
—- Quer dizer que teremos de ie-
gressar agora mesmo? Pensei que
você já não fôsse mais criança e
pudesse ficar aqui até mais tarde.
Enquanto êle me acompanhava
a caminho de casa, trocamos PoU
r cas palavras e pressenti que ele
não mais me convidaria. Naquela
noite chorei desconsoladamente,
convencida de que nenhum iapa
me quereria mais.
No ano seguinte vovó morreu e
tive de passar a morar com tia ^
sa, a qual não estava bem a pai
minha enfermidade. Foi então Q11
ms decidi.
No escritório, travei amizade com
Luísa, uma mocinha miúda e f610^
sa, mas muito simpática. Não ta
dei a confiar-lhe as
cupações e minha firme decisão e^
pôr um ponto final em tantoS,Clge
dados. E por que não o fazer • ^
nos últimos tempos eu não seneg_
Casaco amplo em tussor branco. nenhum mal estar... Era de
Grandes bolsos dos dois lados.
perar que, depois de tantos
de sacrifício, já tivesse melh0
Bi
Coleção Minoiriana IT-magazine JUNHO DE 1953
do. Acaso vovó não me dissera que nos alvoroçados e cantávamos as
devia ter paciência apenas por canções em voga. Nunca me senti-
dds tempos ? Já era hora de viver ra tão feliz, não obstante sentir
normalmente, como qualquer de mi- os músculos doloridos, porque, pela
nhas amigas. primeira vez em 8 anos, havia an-
Por que não consultas um dado o dia todo ao lado de minhas
niédico? — perguntou-me Luísa. amigas. «Não tornarei a preocupar-
— Não quero saber de médicos. me com minha saúde» — prometi-
Estou forte como uma rocha. No me, compreendendo que Paulo ti-
Próximo fim de semana, irei com nha muito a ver com essa decisão.
Vo
cê aos lagos. Quero aprender a Procurei-o entre os alegres rapazes
es
quiar. Não há rapaz que não pra- do grupo e o vi ao lado de uma
tique êsse esporte de inverno e, se loura muito bonita, vestida como
nao o aprender, nunca terei um uma estréia de cinema.
amigo.
— Ê Betty Norton — explicou-
Tens razão — concordou Luí- me Luísa. — Há muito tempo que
.' Sábado, iremos Juntas e ve- ela não o perde de vista, ainda que
Ias cor
no nos vamos divertir. Em- não pertença a nosso grupo. Só sei
inestar-te-ei
e
um par de esquis e que fala com um acento estrangei-
apresentarei a meus conheci- ro e que é uma desportista exce-
dos.
lente. Por isso, Paulo está interes-
^ E foi a própria Luísa que me deu
s sado por ela, visto que não gosta
Piimeiras lições de esqui. En- de principiantes.
Uanto
i s Praticava, seguindo-lhe as Meu coração deu um salto. Se
ruções, aproximou-se de nós,
ambos ainda não eram noivos, ain-
.!S0 izando sôbre a neve, um rapa- da tinha tempo para conquistar
desempenado, de olhos claros
e a
rg0 sorriso. Paulo. Mas, em seguida, lembrei-
me do que Luísa me acabara de
_ Olá, Luísa, Como se chama dizer.
Ua
amiga?
rp . Também sou uma principian-
niio 1 aSSÍrn <íUe conheci Paulo, exí-
esquiador, que, logo depois, se
0f
^eceu para guiar-me.
bem, Lia, magnífico.
Nada pode dar a paz a nin-
5ões rireVe' Você estará em condi-
mrv, 6 comPetir conosco — afir- guém, senão êle mesmo.
A'' entusiasmado,
Ralph Valdo Emerson.
Serv,0Crcuio
-CaÍr da noite
diante do. sentados em
fogo, ríamo-
Jtiií Ho CE 1955 67
IT-MAOAZINE
ça era muito mais hábil que eu,
e via-se claramente que ela con-
Perdoa sempre os teus ini- quistava o rapaz com sua coque-
migos; essa atitude é a que teria. Sim, não havia dúvida de que
os aborrece mais. — Oscar ambos falavam a mesma lingua-
Wilde. gem, e eu, ao lado dela, não pas-
sava de uma garota insignificante.
Deitei-me muito deprimida e tar-
dei em
te - observei. - Nunca poderei conciliar o sono, mas, na
competir com essa estrangeira. manhã seguinte, levantei me mais
_ animada. Se Paulo se interessava
qUe na0 ? 0 Seu caso é
r f
ri erente: numa umca . tarde você pelas habilidadesinhas
^ esportivas
mãos de Bet-
superá-
estava em m
se adiantou mais do que eu em vá- las N-o renunciaria ao meu pro-
nos meses. Ademais. Paulo interes- póslto^ custasse o que custasse,
sou-se em ensiná-la. Que mais quer? Bast em minha vida, a desilu-
Se voce procurasse aprender... são, (iue tivera com Martin,

«Aprenderei» — disse-me, deci- Decidida a vencer, semana após


dida, já que estava acostumada a semana, procurei aproveitar as li-
lutar pelo que desejava. E, em tô- ções de todos os que sabiam mais
da a semana, não pensei noutra que eu. Como é natural, Betty no-
coisa, pressentindo que Paulo era tou o meu extraordinário entusias-
o rapaz dos meus sonhos. Assim mo. Transcorreram-se, assim, dois
que comprei meus próprios esquis, meses, até que uma tarde, ao aten-
no outro sábado, senti que meu der ao telefone, reconheci a voz de
coração se enchia de alegria. Paulo.
Da mesma maneira que na se- — Alô, Lia, aqui fala Paulo,
mana anterior, Paulo se ofereceu Estou a poucos quarteirões de sua
para ensinar-me e, satisfeita, no- casa. Gostaria de conversar um
t.ei que aprendia facilmente. pouco com você.
Naquela noite, ao aproximarmo- Durante mais de uma hora, éle
nos do fogo, sentei-me perto dêle, ficou palestrando comigo e com tia
enquanto minha rival se punha à Elsa, como se fôra um amigo de lon-
sua direita. Quando a reunião co- gos anos. E, antes de partir, con-
meçou a animar-se, Betty com voz vidou-me para ir no dia seguinte
a sua casa
cálida e acariciadora, começou a -
cochichar ao ouvido de Paulo. De- Atendi ao seu convite. Sua mãe
pois de certo tempo, eu já não me pareceu muito amável e Bubv-
tinha nenhuma ilusão: aquela mo- seu irmão menor, se mostrou tími-
68
IT-magazine Junho de 1950
do, mas de uma simpatia que me No fim da semana seguinte, Pau-
cativou. Tinha ainda duas irmãs lo convidou-nos para uma demons-
gêmeas, de dez anos, e Alicia, a tração de seu esporte favorito.
irmã casada, não fazia mais que Tão logo êle subiu a encosta, Bet-
falar de seu filhinho, de apenas ty acompanhou-o, esquiando com
dois meses de idade. Paulo mos- destreza, Foi então que o ciúme me
trou-me seus magníficos cães de fêz olhar uma rampa escarpada e
faça e obsequiou-me de tòdas as dizer a mim própria: «Já verão.
rnaneiras possíveis. Vendo a todos Farei algo que nem Betty Norton
tão felizes, não pude deixar de pen- seria capaz de fazer». E, sem
sar em quão ditosa eu seria se al- mais me deter, deslizei, vertigino-
gum dia pudesse ter uma família samente, pelo íngreme morro. Tive
como a dêle. À noite, voltei para a sensação de que caía no vazio.
casa em sua companhia. Quis deter-me, mas já era tarde.
No sábado seguinte, nos lagos, Caí e prossegui aos tombos. Não
enquanto Paulo e Betty começaram sei o que seria de mim se Paulo
a
esquiar para oferecer-nos uma não houvesse corrido em meu so-
demonstração de admirável des- corro, detendo-me na sucessão de
treza, voltei a sentir-me receosa, quedas.
Principalmente quando, diante de — Parece que não há nenhuma
todos, a moça o abraçou e o bei-
jou, felicitando-o. Não obstante, dis-
Se
a mim mesma: «Não te deses- SEM PALAVRAS
peres. Continua a lutar».
Paulo voltou a convidar-me para
Sa
ir com êle e passou a fazê-lo
assiduamente. íamos ao cinema,
Passeávamos pelas ruas, ou sim-
plesmente visitávamos Alicia. Quan-
do êle suspendia seu sobrinho nos rO
ra
Ços, seus olhos mostravam tan-
a
ternura q(ue eu me sentia emo-
ci
onada.
Ainda que êle não o mencionas-
a
e. eu cuidava que Betty também
Ss
e sua companheira de passeios,
e
, ^Hes, e talvez êle lhe falasse
de amor, já que, comigo, só falava
de seu trabalho e de seus estudos.
J
DNH,0 DE 1955 IT-magazine
fratura — exclamou com um sus-
piro de alívio, após examinar-me.
— Tolinha, você parece uma crian-
ça.
Sem poder conter-me, comecei
a chorar. Foi então que o milagre
se deu: Paulo tomou-me nos braços
e beijou-me longamente.
— Lia, querida, que susto você
me deu.
Apoiei a cabeça em seu peito e
escutei-lhe as batidas do coração.
☆ ☆ ☆
Casamo-nos na primavera. Dos
meses que se seguiram ao nosso
casamento só tenho recordações fe-
lizes e, para coroar minha felici-
dade, não tardei a perceber que se-
ria mãe. Foi então que o dr. Brandt,
% após examinar-me, dissera:
— Há anos, a senhora teve uma
febre reumática. O tratamento foi
mal feito. . . Sinto muito, mas a
senhora não pode dar à luz.
Olhei-o, boquiaberta, e o médi-
co prosseguiu:
' -J — Tirar-lhe-ei um cardiograma.
Depois, a senhora será examinada
por outro médico. Em seguida, dis-
cutiremos sobre o seu caso. Mas
1 penso que a senhora terá de resig-
í nar-se a ficar sem seu filho. Ne-
nhum colega a aconselharia de
outro modo. Creio que não há pos-
sibilidades ... Seu coração está mui-
to débil.
Pijama em algodão quadriculado,
muito delicado para meninas. Depois de feito o cardiograma e
de marcada nova consulta para o
70 IT-magazine junho de 1955
dia seguinte, saí do consultório
atordoada. Fui encontrar Paulo em /Vão importa que Deus es-
casa, em companhia de Alicia, de- teja a meu lado. Minha espe-
corando com motivos infantis o rança e minha oração constan-
quarto de nosso filho. Fiz o pos- tes são para que eu esteja
sível para mostrar-me alegre até sempre ao lado dêle. — Abra-
ham Lincoln.
que sua irmã deixasse o aposento.
Quando isso aconteceu, êle pergun-
tou-me:
nhora, ambos estão de acordo co-
— Então, querida ? Que lhe disse migo. Assim, a senhora terá de de-
o dr. Brandt ? cidir.
Ao notar-me os olhos úmidos, to- O clínico me olhava com bondo-
nou-me nos braços. sa expressão, aguardando minha
— Que aconteceu, Lia ? — pros- resposta. Mas eu tinha mêdo de
seguiu já assustado. pronunciar as palavras definitivas.
— Paulo, Paulo querido... — — Preciso pensar com serenida-
disse-lhe e comecei a chorar des- de — disse, finalmente. — Irei dar
consoladamente. uma volta e, daqui a pouco, trarei
Em seguida, entre soluços, con- minha decisão.
tei-lhe tudo.
Comecei a andar sem rumo até
— Não se preocupe, querida — chegar a uma praça, onde me sen-
respondeu-me êle. — Por mais que tei num banco. O calor do sol que
e
u goste de crianças, sua vida é me acariciava o rosto, o verdor das
Para mim muito preciosa, e por plantas, o colorido das flores, tudo
hada neste mundo me arriscaria a falava da vida em torno de mim.
Perdê-la. Vamos, deixe de chorar e Como era possível renunciar à vida
dê-me um beijo. e ao amor de Paulo? Não, mil ve-
Eu sabia que seria essa a res- zes preferia que meu filho não
posta de meu marido, mas, mesmo nascesse.
a
ssim, sabia que competia a mim Voltei ao consultório e falei ao
escolher entre a minha vida e a de dr. Brandt:
^eu filho. — Seguirei seu conselho. Irei pa-
No dia seguinte, ao entrar no ra o hospital no dia em que o se-
consultório
1116
do dr. Brandt, ainda não nhor marcar.
havia decidido.
—• Está bem, minha senhora.
ra
Dois especialistas examina- Talvez na próxima semana... Quar-
m o seu cardiograma — disse-me ta-feira, chamá-la-ei ao telefone
niédico. -—- Acabo de conversar para marcar definitivamente.
com êles. Infelizmente, minha se-
(Conclui na par/. 100)
J,JN
H0 DE 1955 IT-magazine 71
1 — Leque de pepino
— Corte o pepino em
fatias de mais ou me-
U nos um centímetro de
espessura. Cave, em
uma das faces das fa-
tias, buracos redondos,
dispostos em forma de
leque. Unte-os com ■
manteiga e preencha-os
com uma rodela de ra-
banete ou de salsicha m
bem vermelha.
MB
2 — Rosas de tomate
— Corte o tomate em
cruz, deixando as qua-
tro partes presas pela
base. Tire as sementes,
conservando o talo do
centro. Ponha na pon-
tinha dêste um pouco
de gema cozida, esma-
gada na peneira. Abra
& delicadamente as péta-
las para que elas não
se arranquem e de mo-
do que o miolo amare- *
lo fique aparecendo.
Os tomates devem ser
grandes c bem verme-
lhos; caso o talo do
centro seja muito fino
ou esteja maduro de-
mais e mole, pode subs-
titui-lp por um palito
encimado por uma azei-
4 tona recheada e que
se prende na base.

Segredoé da Quiiuielra

S salgadinhos e doces vêm, donas de casa, sempre


dia a, dia, tornantlo-se, mais uap medir esforços para uni con-
artísticos e mais bonitos, o çjuc re- apresentação de suas iguarias,mmitas
vela o bom gôsto-e o cuidado das tudo, êsse gosto pelo belo, 05
72 JUNHO DE l ®
IT-masazine
® Crisântemo de ce- m e arranje-os numa ban-
noura — Corte fatias deja em duas filas,
n® cenoura, muito del- pondo uns quartos de
gadas e estreitas. Amar- frente para os outros.
ne-as em molho, pren- Enfeite com folhas de
dendo bem no centro alface e salsa.
Palito. Ponha as
eenouras na água gela-
a
e deixe algum tem- 6 — Florzinhas de ce-
Pp» Pois assim elas, por noura — Corte fatias
S m delgadas de cenoura.
' esmas, se irão cur- Deixando distân-
sando e retorcendo co-
10
P crisântemos. Tire cias iguais, faça cm
113
água, enfie uma suas bordas quatro in-
azeitona pequena no pa- cisões, com a faca, am-
ito e deixe voltar à pliando cada uma delas
emperatura normal, para uma abertura em
m forma de U. Assim, te-
e e
perigo de perder rá formado as pétalas.
I ar paito que As
corola. conseguiu
cenou- 10 Ponha o miolo de pâté
t e vem ser
ou salsicha e as folhas
aíi-
'as, ' é, a maneiracruas;
com de salsa.
e s
e apresentam com 7 — Margarida de ovos
mais vitaminas.
— Corte os ovos cozi-
Copinhos de ce- dos ao meio. Divida ca-
l ra
j,«"«ras
] Corte as ce- da metade em seis par-
em fatias de 2 tes com talhos longitu-
v /z centímetros. Ca- dinais. Tire a gema e
-as por dentro, for- arme as pétalas de cla-
ras, como corola de
cha a" 08Pâté
CO inh
P massa
os. En- margarida, colando-as
«ineiin6 OU " léia ,Ie
em cima duma fatia de
como * ^ ' etc., pão onde se passou bas-
USa Pceferir, podendo tante pâté escuro. Fa-
ce ou salgado. S
5 tP* ça o miolo com a gema
pulverizada numa pe-
t>i\TaTufos de ovos — neira.
cm
qum080 Partes
OVOS cozidos
iguais "W (Conclui na pag. 102)

i.
iudicá m"'vert Se im
PÔsto tanto que pre- Para
docinhne tadeira finalidade dos
na
ndo-n ' ^ ® a t'6 a''niento, tor-
Ue
uma mesa
t'6 Danof fn^,es urn belo aglomerado
Acr etc''tamos,n'10s de fita
porém, queeoanilinas.
que tô- festiva

Jüíf Ho (Conclui na pag. 93)


PE 1955 73
IT-MAOAZINE
rf:: porco, moelas, miúdos, fígado, etc.,
você não só obterá uma conside-
rável economia, como êsses produ-
tos permitirão variações nas quais
talvez ainda nem tenha pensado:
será uma surpresa agradável para
você e para os seus.

O QUE SE PODE FAZER COM


UMA RABADA

Encontrando uma rabada, não a


olhe com desdém. Peça ao açou-
gueiro que a corte em pedaços, de
modo que ficará fácil manejá-la.

VOCÊ SABE COMPRAR CARNE?

A NTES de comprar a carne pa- para preparar um riquíssimo re-


ra a comida do dia, por que fogado de verduras. Verá como êsse
não dar uma espiada nos ganchos prato depressa se tornará um dos
do açougueiro, para ver se encon- favoritos da família.
tra uma «pechincha»? Está claro
que, em se tratando de carne, não Uma vez temperada a carne, dou-
se pode esperar por uma liquidação, re-a com um pouco de gordura e
mas sempre se dá um jeito de fa- mergulhe-a em água. Deixe cozi-
zer economia em tôdas as despe- nhar em fogo muito lento durante
sas. duas horas (é claro que, se você
dispõe de uma panela de pressão,
Será que os tipos de carne mais o cozimento será muito mais rápi-
caros são os melhores e mais nu- do) . Na última meia hora, podem-
tritivos? Nada disso! Então, por se juntar diversas verduras: cenou-
que limitar a êles as nossas com- ras cortadas, cebolinhas pequenas,
pras? pedacinhos de aipo e também uma
Introduzindo no cardápio diário folhinha de louro para aromatizar.
pratos à base de rabadas, pés de Se der muito caldo, pode-se engros-
74 IT-maoazine JUNHO DE 1955
sá-lo com um pouco de farinha tos- pois nunca é demais insistir nesse
tada na manteiga. ponto.
Será um guisado delicioso e eco- Não se limite ao fígado de boi.
nômico, que deve ser servido com o O de porco e o de carneiro são
mesmo orgulho com que seria le- igualmente bons e saborosos. Os
vado à mesa um vistoso frango preconceitos não devem impedir que
assado. você ofereça um prato de fígado
de porco afogado com um esquisito
COM OS PÊS DE PORCO molho de cebolas e tomates. Verá
Os pés de porco, bem prepara- que seu sabor e aroma são franca-
dos, já deram fama a mais de mente apetitosos.
orna excelente cozinheira. O im-
portante neste caso é um cozimento MIÜDOS E MOELAS
lento e prolongado. Um ou dois
pés para cada pessoa serão mais Eis outra boa compra, aliás de
Que suficientes. Cubra-os com água fácil preparação; o método é igual
e deixe-os ferver lentamente du- em ambos os casos. Ferva-os du-
r
ante duas horas. Em seguida, adi- rante 20 minutos em fogo lento; ti-
cione cenouras, batatas e cebolas re em seguida as membranas que
e
m rodelas, em quantidade sufi- os envolvem. Assim, estarão pron-
ciente, de acôrdo com o apetite da tos para serem preparados, nas
f
amília. Uns pedaços de repolho mais diversas formas: cortados em
toxo darão a nota colorida que fal- cubos e misturados com ovos me-
tava e um sabor diferente; mas xidos, ou servidos com torradas,
devem ser postos a cozer junto com acompanhadas de molho de cogume-
0
resto apenas nos últimos 15 mi- los ou de tomates.
nutos. Êsse é realmente, um sabo- Os miúdos podem ser também
roso prato de inverno, que deve ser passados por farinha de trigo ou de
temperado a gosto (alguns o pre- milho e em seguida dourados, junto
ferem com sabor mais suave, ou- com pedaços de pão. Sirva-os com
tros o apreciam com tempêro pi- uma rodela de limão e acompanha-
cante, e há quem goste de acres- dos de pickles.
centar um pouco de pimentão). Os miúdos à milanesa são tam-
bém um prato popular de grande
COM O FÍGADO sabor. Sirva-os cobertos com mo-
lho português.
O fígado se presta a infinitas
Variações. Falaremos hoje de suas Essas idéias, e muitas outras que
ex
celentes qualidades nutritivas, (Conclui na pag. 97)
JUNlr
0 BE 1955 IT-MAG. 75
c
r 1,1
i JSf ê j o
r
í:

n
a
,/V 1.
s
O voile verde-alface, com
• ■; mimosa estamparia, to-
ma um efeito fascinan-
f TV
I -:A1

/
/

1
^ ^ **w4 VV ■

^^4
1

Cortina simples de voüe de algodão, que, re-


tida por um anel de cadarço de sêda, descobre
a magnífica vista. (Modelo Nordia).
76
IT-maoazike JUNHO DE

cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
. S fontes de luz natural são os
r\ pontos mais sensíveis de um
interior. Diante disso devemos tra-
tar as janelas com o máximo cui-
dado e o melhor bom gosto. Fil-
trar a claridade através de corti-
nas, principalmente nos países tro-
picais, é mais necessidade que luxo,
na busca dum ambiente saudável.
Uma casa sem cortinas parece-nos
hoje inabitada e até mesmo inabi-
tável.

te»
rn quando emoldurado por pesadas
ti inas de brocado verde-garrafa, pre-
sas com bonita franja.

Nordia compôs a decoração clássica


desta janela: a cortina propriamen-
te dita é de voile branco, a moldura,
de damasco listrado de grcná e bran-
co. Como remate de distinção e
austeridade, a sanefa se reveste de
veludo grcná com galões e pingentes
de seda branca.

Mas, e se tivermos uma vista


agradável, quando a janela dá, por
exemplo, para o jardim ou divisa
uma paisagem distante, valerá a
pena encobri-la pelas cortinas ? Não,
Junho de 1955 IT-magazinb 77
evidentemente. Ê o caso de apa- nha e do banheiro, guarnecidas de
nharmos a cortina por um anel la- matéria plástica, encontrada hoje
teral o que ainda a torna mais en- em dia em padronagens fascinantes,
cantadora. A vista tamhém ganha- É importante também uma boa
rá em sedução se usarmos, sôlta,
escolha de côres para perfeita har-
uma gaze muito fina revestindo a
monia. Só serão agradáveis os tons
janela e que só a deixe entrever vivos das cortinas, quando as pa-
através de ondulados do tecido.
redes forem claras e insipidas. Já
O voile, porém, é a fazenda que
as salas de côres carregadas fi-
parece ter conquistado todos os fa-
carão melhor com cortinas discre-
vores da gente moderna. Voile de
tas.
algodão, de musselina, de sêda; li-
so, estampado, bordado, mas sem- O estilo moderno permite ainda
pre leve e flutuante, enche de gra- revestir as janelas de vários tons
ça a peça que decora. ao mesmo tempo, o que pode auxi-
Poucas são as janelas que não liar a vencer a monotonia de uma
permitem as cortinas. Podemos, sala muito padronizada ou harmo-
conforme a ocasião, usá-las duplas, nizar as côres excessivamente con-
com um brocado emoldurando o trastantes do mobiliário.
voile, ou pesadas ou leves. Onde ti- A última tendência dos decora-
verem que representar não apenas dores franceses é usar tecidos cujas
um papel decorativo, mas também côres contrastem violentamente com
o de abrigar da vista pública um as paredes, mas que concordem
recinto intimo, devem ser de ve- bem com os estofados das cadei-
ludo ou brocados, lonitas especiais e ras. É elegante empregar-se para
até cretones estampados. Para os as cortinas destinadas a emoldu-
quartos de criança, há lindas varie- rar o voile o mesmo tecido das
dades em percais, toiles, chintz, poltronas, quer em padrão idênti-
muitos com motivos infantis. Fi- co, quer com outro motivo e côr,
cam distintas as janelas da cozi- como melhor sugira o conjunto.

O O O

Oflli é ica e 'Pintura


QtjANDO o pintor Hartman faleceu, Modesto Mussorgskij que era
um de seus maiores amigos, inspirou-se em dez quadros e aquarelas
do artista morto para compor uma série de peças musicais que se torna-
ram célebres sob o nome de "Quadros de uma exposição".
78 IT-magazine Junho de 1955

cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
--rrt—r

è faeih.Cúleeiomp

MAGAZINE

r>
I -w
Y/S WÁ

m
Cindas capas
forradas a
percaline, nas
cores vermelha,
verde e sépia.
Cada capa
encaderna 6 núme-
ros de IT, facili-
tando as consultas
dos colecionadores
e conservando a
boa aparência das
revistas.

eus 30,00
•ncluidas os despesas de porfe

Remessas para todo Brasil pelo

Reembolso postal
Remetemos, também, pe- Pedidos à SOC. EDITÓ-
lo registro simples, me- RA ALTEROSA LTDA.
diante cheque ou vale Caixa Postal, 279
postal. Belo Horizonte. sil
Jük Ho 79
o® 1955 IT-magazine

cm i 6 * 10 11 12 13
——

página da 'Iflamãe
/

O Problema dos Filhos

OCÉ pensa em adotar uma São necessárias, naturalmente, al-


V criança? Então, talvez já te- gumas precauções, a fim de evitar
nha tomado tôdas as providências, decisões precipitadas. Por exem-
feito tôdas as perguntas a respeito. plo, não se pode escolher um bebê
Agora, falta apenas encontrar o apenas pela sua aparência — por
objeto de seus desejos e, então, po- causa de seus belos olhos azuis ou
de ser que você se espante ao des- de suas tranças louras. Quando se
cobrir que as complicações são mui- pensa em adotar uma criança, di-
to maiores do que as esperadas, versas coisas devem ser investiga-
requerendo muito tempo e muita das meticulosamente, detalhe por
paciência. detalhe. Isso traz a vantagem de
Com efeito, no cinema ou nas assegurar a escolha de uma crian-
novelas, tudo parece muito fácil! ça perfeitamente adaptada a você
O casal visita uma casa onde uma e ao seu marido, e — o que é mais
porção de crianças, de tôdas as importante — que vocês sejam os
idades, de todos os tamanhos e fei- pais que ela realmente merece. Em
tlos, esperam para serem escolhi- outras palavras, é necessária a
das. Os dois dão uma volta entre adaptação mútua.
elas, chegam finalmente a uma de-
cisão e, mais depressa do que se ☆ ☆ ☆
esperava, eis a criança instalada
em sua nova casa... e a família Um dos fatores mais importan-
passa a viver feliz para todo o tes a serem considerados é saber
sempre. por que você quer adotar uma
Mas, felizmente, as coisas são criança, pois não basta apenas que-
muito diferentes. Acontece que a rer uma. O principal é conhecer a
adoção é coisa para tôda vida — e verdadeira razão, e disso nem os
uma vez consumadas as formali- próprios pais costumam estar se-
dades legais, não há meio de re- guros .
troceder. Há o caso das esposas sem fi-
IT-magázine JüNHO DE 1955

# 10 11 12 13 14
r C•

mm

Adotivos
m

Nem todos os ca-


sais podem ofe-
recer à criança
aquilo que ela
merece como ser
humano.

(Foto Johnson cê Johnson)


lhos que, embora não sejam par- E, como não vem o bebê, o casal
ticularmente inclinadas para as cri-
ari resolve adotar um. Mas se esque-
Sas, acham que pelo menos uma cem, de certo, que uma criança é
tteias é necessária para completar o uma pessoa com direitos próprios
quadro doméstico. Outras pessoas — e não apenas um medicamento
e
m famílias quase que apenas para para curar os males de seus pais.
guardar as aparências e, mesmo Se êste tipo de mulher chega a
assim, fazem questão de ter uma adotar uma criança, o resultado é
cr
iança. Neste caso, o bebê cres- que, depois de algum tempo, seu
c
erá sentindo-se como uma coisa estado de nervos piora em vez de
Jogada, sem amor. sem carinho. melhorar, pois ela principia a achar
Também existem as esposas com massante, intolerável, a descoberta
sudências neuróticas. Têm péssi- de certos detalhes enfadonhos que
f108 nervos, são introspectivas, mal são parte e parcela do fato de le-
umoradas, e precisam de algo em var para casa um bebê.
"JUe concentrar sua atenção.
«O qUe você precisa — ouvem ☆ ☆ ☆
2er
' ó de um bebê para cuidar». Também há o casal cujo casa-
Ho
DE 1955 IT-MAGAZINB 81
mento está a ponto de naufragar. feitas quase que inconscientemen-
Compreendem que estão navegan- te. Além disso, é natural que
do mais e mais distantes um do ou- relevemos os pequenos defeitos de
tro e, numa última tentativa para nossos filhos, considerando que de
evitar o naufrágio, resolvem adotar certa forma, a culpa nos perten-
uma criança. ce. Ao passo que, quando um fi-
Neste caso, o que acontece com lho adotivo começa a demonstrar
a criança? Tanto faz que ela cres- certas características, o primeiro
ça numa atmosfera carregada de impulso que se tem é atirar a cul-
hostilidade e amargura (fato ine- pa aos seus pais desconhecidos.
vitável, quando duas pessoas vivem Quando o filho é adotado para
desejando estar separadas e são substituir outro, surgem perigos se-
obrigadas a permanecerem juntas), melhantes, pois nenhuma criança
como que seja cuidada apenas por pode crescer feliz, quando obri-
um dos pais, o qual a olha exclu- gada a desempenhar papel de fan-
sivamente como um estorvo — o tasma da outra que já se foi,
lado legal de uma experiência fra-
cassada. Qualquer dessas situa- ☆ ☆ ☆
ções provocará efeitos profundos
na criança, pois a insegurança e Na verdade, existe apenas uma
a falta de afeição dá lugar a uma razão que justifica a adoção de um
série completa de desajustamen- filho. Essa razão aparece quando a
tos psicológicos. criança é desejada por um casal fe-
Muitas vezes, um casal procura liz, em que ambos amem as crian-
adotar uma criança para servir ças profundamente, sinceramente, e
de companhia a outro filho solitá- sintam que a vida é incompleta
rio. Ou, talvez, para tomar o lu- quando falta um filho.
gar de um que já morreu. Seus Em que idade deve ser adota-
motivos podem ser os melhores da a criança? Quanto mais nova,
possíveis, mas, do ponto de vista melhor, já que assim os «pais» po-
da criança, nunca serão totalmen- dem experimentar, desde o princí-
te bons. pio, todas as fases do cuidado de
Em primeiro lugar, quando já um bebê — fases estas que ser-
há uma criança na família, a re- vem para acentuar uma linha de
cém-vinda começará por submeter- profundo amor, de ambas as par-
se a comparações desagradáveis, tes.
quando crescer um pouco e acaba- Os casais que pensam que, ado-
rá sentindo-se como uma estra- tando um bebê já crescido, escapam
nha. Essas comparações podem ser
(Conclui na pag. 102)
82 IT-magazine Junho de 1955
ftr^- * ;

A m

do extremo

nordeste

A única emissora de
Natal, dispondo de
duas freqüências (on-
{ das médias e ondas
tropicais), pode levar
aos seus produtos a
preferência de um
mercado consumidor
de grande importân-
cia econômica. Peçam as nossas tabe-

las e façam uma expe-

riência na

ZYB - 5 - 10 Km. ZYI - 21 - 1 Kw.


NATAL - RIO GRANDE DO NORTE,

JlWlto de 1955 IT-MAGAZINE 83


uma poderosa emissora

numa grande cidade


PARAÍBA
do nordeste

A Rádio Borborema
apresenta sempre um
«broadoasting» atual e ZyO-7, em 1.350 kcs.
vivo, com toda a gama de ZYJ-21, em 3.325 kcs.
variedade que a
Administração:
experiência de uma grande
cadeia de emissoras Uua Cardoso Vieira, 36
capitaliza: Campina Grande • Paraíba
as Emissoras Associadas.

CAMPINA GRANDE - PARAÍBA

84 IT-magazine Junho de 1955


CORAÇÕES DESOLADOS
(Conclusão da pag. 18)
va obstinado em vender tudo, quan- — Pode entrar — disse eu, dis-
do se lhe apresentasse um bom com - traidamente.
prador. E seus amigos empenha- A porta se abriu e, quando vi
vam-se em dissuadi-lo. Com o pas- Elza entrar, fiquei com o ferro
sar dos meses, renasceram nossas suspenso na mão, sem saber que
esperanças. Talvez os Vales não dizer. Não voltara a estar com ela
nos deixassem. a sós, desde a memorável noite
Todas as tardes reuníamo-nos vá- da tragédia.
rias vizinhas na casa de Elza para — Entre, querida — murmurei
distraí-la. Como é natural, tinha- afinal.
mo-nos pôsto de acordo para nunca No brilho de seus olhos descobri
falar de nossos filhos, Se algum es- um resplendor estranho, misto de
tranho se aproximasse de nosso felicidade e de temor.
grupo e ficasse a escutar-nos, acre- — Susana! — exclamou, com voz
ditaria que nenhuma de nós tinha velada pela emoção. — Quero que 1
filhos e que só nos interessavam seja você a primeira a sabê-lo. l|
as
tarefas domésticas e as fainas Nem mesmo a Roberto o disse.
do campo. Mas a Elza não podia- Vou ter um filho!
tnos enganar. Sabia que, ao re- Um filho!... Olhei-a, assombra-
gressarmos a nossos lares, a tôdas da. Não era que ?. .. Não, não era
nos esperavam vários meninos tra- possível.
vessos e risonhos, em torno dos — Não compreendo — continuou,
quais giravam nossos sonhos e es- como que alheada. ■— E não obstan-
peranças. E nós, no mais íntimo te, estou bem certa. Tenho mêdo —
de nosso ser, tínhamos a certeza acrescentou logo, mudando de ex-
de que nossos esforços para fa- pressão.
2s
-la esquecer .eram vãos. Eu tampouco compreendia. Como
Os dias transcorreram sem mu- era possível que naquele corpo
dança alguma, até aquêle quinze atormentado se estivesse gerando
de outubro. Havia chovido sem ces- uma vida? Deus meu, ajudai-me a
Sar
desde a madrugada. Lá pelo entender! — supliquei, em silêncio.
rneio
da manhã, estava eu passan- E de repente, como se um véu
do a ferro, uma camisa de Car- se rasgasse sübitamente, tudo me
mhos, quando ouvi passos no a'- pareceu claro e luminoso. Nossas
Pendre e logo depois alguém bateu preces não haviam sido vãs. Deus
a
Porta do fundo. havia ouvido nossas orações, sim.
Junhio DE 1955 IT-magazine 85
O Senhor, na sua infinita miseri-
PELO REEMBOLSO POSTAL córdia, comovido diante de tanto
sofrimentos, lhes havia concedido
m aquela graça.
■gi — Tenho mêdo, Susana. Não sei
o que pensar — insistiu Elza.
— Querida! — exclamei, aper-
ORD. 805 — Com elástico. Ana- tando-a em meus braços. Não
tômico, macio, grande moda em tem nada que temer. Não vê que
bico fino — CrS 280,00.
Deus fêz o milagre ?.
— Sim, parece um sonho. . . co-
meçar de novo — murmurou, com
os olhos úmidos de emoção.
Acredita realmente que tudo sairá
bem?
— Não só o creio, tenho a mais
ORD. 801 — Anatômico, macio, absoluta certeza — afirmei. Con-
grande moda em bico fino. fie em Deus, Elza. Ele está com
Cr$ 280,00.
Em cromo, nas côres; prêto, vocês.
marrom e havana. Em camurca E, depois de breve pausa, pros-
marrom e em qualquer das côres
combinadas com branco. segui :
O
Fábrica de Calçados de Luxo — Escute aqui, tenho lá em ci-
ma várias roupinhas dos meninos.
P L U M A E também lhe darei o carrinho.
Rua Caetés, 487 - Belo Horizonte
Com um pouco de pintura ficará
como novo.
— Você é uma verdadeira ami-
Clínica e cirurgia de ga — disse Elza, comovida. — Não
Ouvido, Nariz e Garganta sei o que teria feito sem você e
DR. JOSÉ CHIABI sem as outras vizinhas. Nunca po-
derei retribuir-lhes tudo quanto fi-
Ed. Banco Crédito Real — 13'' pav.
zeram por nós.
Sala 1302 — R. Espírito Santo, 495
Enxugou as lágrimas que não
Fone: 4-4040 — Belo Horizonte.
podia conter e acrescentou com voz
calma:
— Quando ocorreu aquilo, tive
Ajudar a CAMPANHA DE EDU- vontade de morrer. Mas, depois de
CAÇÃO DE ADULTOS é cooperar uns meses, senti que começava a re-
para o progresso do Brasil.
viver. Então sua companhia e das
80 XT-magazine Junho de 1955
outras vizinhas foi para mira um
grande estimulante.
— Sofremos muito, vendo que
não podíamos mitigar seu sofri-
mento — observei. — Mas não sa-
bíamos como ajudá-los.
— Ninguém teria sido capaz de
fazer mais do que vocês — insis-
tiu ela. — Nós é que estivemos en-
ganados.
— Enganados ? — repeti, sem en-
tender, — Por quê ?
— Porque, quando voltei à fa- 'H/v H-
zenda, comecei a odiar a casa, o / ••3,/»
estábulo, tudo o que antes havia
sido meu orgulho, porque tudo aqui-
lo me recordava meus filhos. Mas,
Pouco a pouco, o carinho de vocês Dô*(J]arco
foi curando a ferida e, agora que
estamos para deixar tudo e que AV. AFONSO PENA, 545 - FONE: 2-5617
D BELO HORIZONTE
eus me manda outro filho, doi-
me ter de afastar-me de vocês, que
são meus melhores amigos.
E logo, erguendo-se da cadeira, Auxilie as criancinhas do
procurou refúgio em meus braços: ABRIGO JESÚS
Susana, não quero ir-me da-
qui!
O coração me deu um baque e Fruto do amor cristão, o edifício
a do Abrigo Jesús foi construído e
Pertei-a contra o meu peito, en-
quanto lhe perguntava: aparelhado para abrigar, ins-
truir e educar 200 criancinhas
" Por que têm de ir? Não com- desvalidas, amparando-as e pre-
preendo. parando-as para o futuro na vi-
, " Roberto não pode suportar da social. Mas falta-lhe a ren-
ls da necessária para completar o
to sem os meninos e eu não me
a número de crianças que pode
nimo a dizer-lhe que mudei de abrigar. Auxilie essa benemérita
Parecer. instituição, contribuindo também
Rrna felicidade imensa me inva- com o seu donativo.
lu naquele instante. Por fim po- Caixa Postal, 734 - Belo Horizonte
la
fazer algo mais por minha
JU V
- "0 DE 1955 IT-MAGAZINE 87
amiga. Apartei-me dela, fui vestir Sentirei ter de deixar tudo isto!
minha capa, peguei Elza pela mão — Não a entendo, Elza. Quer di-
e saímos. De passagem, chamei Mi- zer que durante todo êste tem-
guel que estava no galinheiro. E os po?... Oh! querida!
três não nos detivemos enquanto E chorando e rindo os dois se
não demos com o marido de Elza. confundiram num abraço. Sem que
—• Roberto — murmurei, logo o notassem, Miguel e eu os deixa-
que entramos no estábulo. — Não mos sós. De mãos dadas, enquan-
queremos tornar a ouvir dizer que to regressávamos, debaixo da chu-
venderão a fazenda. Não queremos va. contei a meu marido a boa no-
que se vão. va. Entretanto, Elza possivelmente
anunciaria a Roberto a chegada do
— Ê verdade, — acrescentou Mi- menino.
guel — não os deixaremos ir, em- Nossos amigos não venderam a
bora o tentem. fazenda. Como é natural, ainda não
Estranhando aquilo, Roberto lar-
se refizeram da tremenda tragédia.
gou o bezerro de que estava cui- Elza vai tôdas as semanas visitar
dando. os túmulos de seus filhinhos e, mais
— Mas se é Elza quem quer ir- de uma vez, notamos que Roberto
se embora! — exclamou. estava triste e agoniado. Mas vol-
— Ê que eu... — balbuciou ela, taram a ser os mesmos de antes,
— olhe, Roberto, eu gostaria de nossos melhores confidentes e ami-
ficar. gos, e nos sentimos ditosos em con-
— Como diz? — perguntou êle, tinuar partilhando com éles dos go-
abrindo desmedidamente os olhos. zos ou infortúnios que a vida nos
— Sim, querido, mudei de idéia. depara...

VOCÊ É UMA PESSOA PONDERADA?


(Respostas da pag. 61)
Se respondeu "não" a sete ou possibilidades de melhorar. Ana-
mais questões, você é uma pes- lise-se, faça um rol dos passa-
soa de experiência muito limita- tempos, leituras, atividades ou
da. Para tornar-se mais culta experiências de que precisa para
e desenvolver-se, você precisa corrigir as falhas de sua educa-
aprender a ser mais flexivel, ção e enriquecer sua existência.
ousada e extrovertida; grande
parte disso será conseguido se Com uma contagem de menos
dominar a preguiça mental que de três pontos, você pode ser con-
a domina. siderada como ótima companhia,
Três a seis respostas negati- mostrando ser versátil, intelec-
vas indicam que você tem muitas tualmente curiosa e ponderada.
ss IT-magazine Junho de 1955
mn à

L
í I

I io
r n

DUAS FÓRMULAS DIFERENTES

para dois males diferentes


De acordo com os imperofivos da
razão, da ciência e do bom senso:
N.0 1 : Regras abundantes, pro-
longadas, repetidas, hemorra-
gias e suas conseqüências.
N.0 2 i Falta de regras, regras
atrazadas suspensas, diminuídas
e suas conseqüências.

//

Juií Ho DE 1955 IT-maoazine 89


I
IZ
r &

«
s a
V,
U
0

resulta de melhores programas

Por isso mesmo, a RÁDIO MARUMBY


tornou-se a mais popular emissoia de
Curitiba, Paraná; apreciada ainda em
Santa Catarina e Rio Grande do Sul
pela excelência e variedade de seus
programas.

c7
o<?> Ondas Médias: ZYH-8 — 730 Quiloclclos
Freqüência Modulada: 103,1 Megaciclos

R A' D I O

D
CURITIBA PARANfi
ZYH

Representantes: Alceu N. Fonseca & Cia. Lida.


RIO: Av. Rio Branco, 138 - 9' pav. - Cx. Postal 3098
S. PAULO: Rua Cons. Crispiniano, 344 - 4'-' and.
Conj. 409.

cm i 2 3 4 5 6 9 10 11 12 13 14
MÃE ENCANTADORA
(Conclusão da pag. 46)

— Lembro-me — disse, sem sus- conta da senhora. Não deixarei que


peitar de suas conclusões. a senhora mova sequer uma pa-
— Pois nem todos os noivos po- lha. E, tão logo chegue o bebê, aju-
dem afirmar o mesmo. Ao ver sua dá-la-ei a criá-lo.
mãe, pensei em quão bela você se- Mas papai, com voz embargada,
ria dentro de vinte anos. Por isso, replicou:
não podia afastar os olhos dela, re- — Sua mãe perdeu a criança,
petindo-me; «Maggy há de ficar ca- minha filha.
da dia mais linda». O golpe prostrou-me. Fiquei com
— Então eu lhe pareço bonita? os olhos fitos em mamãe, enquanto
— perguntei-lhe entre timida e ale- as lágrimas molhavam-me o rosto.
gre. — Não se aflija, minha filha.
— Claro que sim — replicou, es- Se Deus quis assim, temos de con-
treitando-me docemente as mãos. formar-nos. E, afinal, meu bem,
Apoiada em seu peito, voltei a não me sentia com muito ânimo
adormecer, até que a voz de papai para criar outro filho. Já não sou
me despertou. jovem. Ademais, por certo terei
—- Você já pode vir, Maggy. Sua netinhos que me consolarão.
mãe recuperou os sentidos. O mé- Depois de um pequeno silêncio,
dico disse que já passou o perigo. ajuntou:
Quando entrei no quarto, mamãe, — Já é hora de você voltar para
com seus cabelos louros, soltos no casa. Os quartos têm de ser arru-
travesseiro, parecia uma jovem in- mados e o almoço de seu pai pre-
defesa, que me sorria carinhosa- cisa ser feito.
mente . — Vamos, Betty — ajuntou pa-
— Dei-lhe um bom susto, hem, pai, tomando-me o braço.
querida? — perguntou ao ver-me. Olhei-o fixamente, crendo que não
Novamente, pus-me a soluçar e havia entendido bem.
abracei-me a ela. — Que há? — perguntou-me êle
—■ Tranqullize-se — disse-me pa- assombrado.
Pai. — Não vê que não lhe suce- — Você chamou Maggy pelo meu
deu nada de grave ? Dentro de uma nome — disse mamãe, acariciando-
semana, ela estará de pé. nos com o olhar.
Tomando as mãos de mamãe en- — Estava pensando que Maggy
tre as minhas, murmurei-lhe; se parece tanto com você — tornou
— De hoje em diante, tomarei papai, dirigindo-se à mamãe. —
JUNHO DE 1955 IT-magazinb 91
Você era igualzinha a ela quando
nos conhecemos.
—• É mesmo. Ela é o meu retra-
to — assentiu mamãe.
ALTEROSA Depois que nos despedimos, pa-
pai voltou-se para Ted, dizendo-lhe:
— Poderíamos almoçar juntos.
UMA REVISTA DE CLASSE Estou com uma fome danada.
RARA PESSOAS DE GOSTO E sai do hospital muito ufana,
de braço com ambos.
Então me parecia tanto com ma-
mãe que papai, distraído, me ha-
via chamado Betty ? . .. Pelo visto,
A CAMPANHA DE EDUCAÇÃO não era tão insignificante quanto
DE ADULTOS é uma jornada hon- pensava. Talvez fôsse bonita, como
rosa, digna de merecer ampla aju- Ted dizia... só que ainda era de-
da de todos brasileiros que dese- masiadamente jovem. Mas, para
jam ver sua Pátria livre do anal-
fabetismo. que me afligir se, com o passar do
tempo, chegaria a ser tão atrati-
va quanto ela ? Então, radiante de
Sem trabalho e sem canseira felicidade, levantei os olhos para
Conquiste dessa maneira Ted, convencida de que me espera-
A fortuna apetecida: va um futuro cheio de promessas.
Compre um bilhete ou fração E Ted também me olhava. . .
No formidável balcão
Do «Campeão da Avenida».
BOAS MANEIRAS
Às sextas-feiras: — MINEIRA
(Conclusão da pag. 23)
1 MILHÃO DE CRUZEIROS
Às quartas-feiras e aos sábados: quem pediram o favor, à antipatia
FEDERAL geral, dão-lhe o trabalho de com-
3 MILHÕES prar os ingressos, sujeitando-o ain-
DE CRUZEIROS da à má vontade do bilheteiro que,
como tôda pessoa habituada à vi-
Façam seus pedidos ao:
da das cidades, também se revolta
CAMPEÃO DA AVENIDA contra os golpistas.
Outra fraude comum e não me-
Av. Afonso Pena, 770 nos antipática é a dos espertos que,
Caixa Postal, 235 nas agências de Correios, aproxi-
Belo Horizonte
mam-se dos guichês, na frente de
92 IT-magazine Junho de 1955
toda a fila, passando os braços por
cima dos vidros com a mesma des-
culpa de sempre; «E só para pesar» üasra! "queda DOS
Cabelos! CALVICIE
— como se isso não tomasse tem-
po e não desse trabalho. Além de
prejudicar aos que, distintamente
esperam sua vez, ainda tiram a JUVENTUDE
atenção do funcionário, dificultan- ALEXANDRE
do-lhe, com sua insistência, o de- r/az. r
í>v//a a*
senvolvimento do serviço. Recebem \cess.àf\ 'jcremâ/ürdll
porém seu castigo, mesmo quando '(alvicieí
mudo, no ridículo a que se expõem
e na triste figura que representam
diante dos olhares de todos.
Produtos alimentícios pouco conhe-
O DOMÍNIO DO... cidos não devem ser admitidos em
(Conclusão da pag. 37) sua despensa, porque podem cons-
tituir séria ameaça à sua saúde e dos
talvez possa ser considerado como seus. Ao pedir um doce, uma conser-
va, um condimento ou um biscoito,
o primeiro grande filme do novo exija produtos conhecidos pela sua
tradição de qualidade. E recuse ter-
processo. Na foto, vemos Robert mmantemente as sugestões que lhe
Wagner e Jean Peters, que formam jorem feitas no sentido de aceitar
marcas clandestinas.
a dupla romântica do filme, ao
lad ode Spencer Tracy, Richard
Widmark e Katy Jurado. Ajude as crianças do
HOSPITAL ELVIRA NOGUEIRA
PARA UMA MESA... Envie o seu donativo à Irmã
(Conclusão da pag. 73) Chrysola, aos cuidados do
tias desejam é aliar a beleza ao sa- CAMPEÃO DA AVENIDA
bor e à finalidade alimentícia, e
oferecemo-lhes aqui uma porção de Av. Afonso Pena, 770 — B. Hte.
sugestões para salgadinhos e doces,
facílimos de executar, rápidos, boni-
tos e criteriosamente escolhidos, à DR. J. MANSO PEREIRA
base de vitaminas. Docente da Faculdade de Medicina
da Universidade do Brasil
É FÁCIL TER... Úlceras do estômago — Obesidade e
(Conclusão da pag. 31) magreza — Crianças fisicamente re-
tardadas — Diabete — Alergia clí-
nica.
Plexos. Mas ela também foi ven- Consultório: Rua Ouvidor, 169 — 8?
cida. Basta atacá-la a tempo e sua andar — Sala 809 — Fone: 23-6230
debelação não será difícil. RIO DE JANEIRO

Junho DE 1955 IT-MAGAZINE 93


Os sintomas da piorréia são: as tamentos, igualmente eficazes, des-
gengivas descarnam-se, afastando- tinados ao combate da piorréia.
se dos dentes, que ficam bambos e Qualquer que seja o tratamento su-
surgem infecções diversas no orga- gerido e executado por um especia-
nismo. Os processos para o seu lista competente, pode salvar os
combate são muitos e variados, dentes afetados, conseguindo ain-
tanto evoluiu a odontologia. Um da a sua primitiva firmeza e a vol-
dêles, dos mais modernos e eficien- ta das gengivas ao lugar.
tes é ainda a aplicação do ozona,
que, por ser um gás, pode penetrar Também, sob o ponto de vista
até nos pontos mais recônditos da estético, não podemos deixar de
estrutura dentária, inacessíveis às nos referir às novas coroas, conhe-
substâncias líquidas. Os dentistas cidas por «coroas jackets» que
fazem verdadeiras lavagens de to- constituem a última palavra em
dos os labirintos do dente, por meio plástica dentária. Elas são reco-
do ozona, que é introduzido atra- bertas duma certa liga que imita
vés de pequena sonda, presa a um perfeitamente a côr natural dos
tubo contendo o gás, e que permite dentes e põem de lado, de uma vez,
a sua perfeita circulação. O ozona as horríveis coroas de ouro, tão de-
é um grande destruidor de micró- testadas.
bios e sua aplicação na odontologia E isso é apenas um pouco do que
moderna vem pouco a pouco ga- é atualmente a arte odontológlca, a
nhando terreno, pois, além de suas que muitos fazem a injustiça de
propriedades antisséticas, não ofe- desconhecer. O dentista de nossos
rece nenhum perigo à saúde e, em dias faz milagres e nada mais há
vez de atacar as nossas células, que justifique um sorriso sem vida
auxilia a sua reestruturação. ou desvirtuado pela imperfeição dos
Mas há ainda muitos outros tra- dentes.

::

80K
94 IT-magazine Junho de 1955
w-

RÁDIO DIFUSORA DE^ERGIPE

O dial dos rádios de Aracaju e de todo Sergipe


está sempre sintonizado para 630 kcs., para a
onda querida da emissora que apresenta o maior
índice de audiência em tôdas as classes sociais
de Sergipe.

RÁDIO DIFUSORA DE SERGIPE

ADMINISTRAÇÃO:
CAIXA POSTAL 6 — ABACAJÚ — SERGIPE
J u.v Ho DE 1955 IT-maoazine 95
VOCÊ PODE

OUVIR

Ss

s
%
Mcs
A emissora preferida
do litoral paulista, sin-
tonizada em todo o
Estado bandeirante e
Rádio
em Minas Gerais, pe-
la sua variada progra-
Atlântica
mação.

Santos

96 IT-magazine Junho de
AS FLORES ALEGRAM A VIDA
(Conclusão da pag. 59)

com os pobres. Também em nos- quinte que nos deixaram não deve
sos dias, Santa Teresinha, tão pu- ser esquecida, mesmo porque as
ra quanto graciosa, viveu sempre mulheres modernas, com tudo de
cercada de rosas. que dispõem para seu conforto e
beleza, não têm o direito de ser
Hoje não temos perfumistas es-
menos graciosas que as belas pa-
colhendo flores para os banquetes,
trícias que exibiam no Coliseu a
nem nos momentos de luto man-
elegância de suas corbelhas. Nem
damos vir carpideiras com buquês os lares de hoje podem ser menos
de ervas amargas, porém os sím- perfumados que os grandes casa-
bolos que as gerações passadas nos rões onde os guerreiros romanos re-
transmitiram, aliadas ao nosso bom pousavam por entre flores. As flo-
senso, fazem a seleção. Jamais le- res precisam continuar, e nunca o
varemos flores de perfume forte deixarão de ser, as maiores alia-
aos doentes, nem saudades roxas das da graça feminina e onde esti-
à aniversariante. Voltar ao apuro verem sempre hão de indicar a
romano seria fútil e descabido em presença duma delicada mão de
nossos dias, mas a lição de re- mulher.

VOCÊ SABE COMPRAR CARNE?


(Conclusão da pag. 75)
'be podem ocorrer, reduzirão efeti- do assado; e se o prepara picado,
vamente sua conta do açougue e poderá obter excelentes croquetes,
binguém desconfiará disso. almôndegas, etc..
... se, ao preparar a carne, achar
E LEMBRE-SE QUE. . . que não está bastante macia, bas-
tará umedecê-la com uma mistura
• ■. as partes mais macias nem de duas colheres de gordura para
sempre são as mais nutritivas; e, uma de vinagre" e deixá-la assim
Co
mo as menos macias são mais por duas horas, antes de iniciar
baratas, você só terá de temperá- a cocção.
as
e afogá-las convenientemente. ... nunca deixe a carne embru-
■ •. se preparar bem um bom pe- lhada em papel. Procure guardá-
a
So de carne de vaca, poderá ga- la na geladeira quanto antes ou co-
r
antir o sucesso do seu refogado ou zinhá-la logo que chegar.
■^Ho DE 1955 IT-MAOAZINE 97
APÓLICES POPULARES DO

ESTADO DE MINAS GERAIS

Lei n? 520 de 2 de dezembro de 1949


VALOR NORMAL DE CR$ 500,00 - JUROS DE 5%

Sorteios semestrais com prêmios


na seguinte ordem: Com sorteios de prêmios
1 prêmio de Cr$ 500.000,00
2 prêmios de Cr? 50.000,00 durante os primeiros vin-
5 prêmios de Cr? 20.000,00
22 prêmios de Cr? 10.000,00 te anos e bonificação que
40 prêmios de Cr? 5.000,00
950 prêmios de Cr? 2.000,00 1
1.980 prêmios de Cr? 1.000,00 varia de /2% a 20%, a

3.000 Total Cr? 5.000.000,00 partir do 21' ano.

Faça a sua economia, cooperando para a prosperidade ge-


ral do Estado -— O Govêrno de Minas Gerais " está empe-
nhado num grande programa de obras públicas e de recons-
trução econômica — Colabore nesse programa de engrande-
cimento do Estado, empregando suas economias na aquisição
de APÓLICES POPULARES DE MINAS GERAIS.

VALORIZE O SEU CAPITAL ADQUIRINDO APÓLI-


CES POPULARES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

98 IT-magazine Junho de 1955


no planatto central brasileiro
r-

você fem um
cjrande
í
mercado

iUDIO

A pecuária, a lavoura, o co- BRASIL


mércio, a indústria, tudo pro- CENTRAL
gride no planalto central bra-
GOIÂNIA
sileiro, que tem hoje Goiânia
como mais importante centro ONDAS MÉDIAS: ZYX-9
10 kwts - 1270 klcs.
'le população e de pujança eco- ONDAS TROPICAIS: ZYW-23
"ôrnlca. Mais de dois milhões 1 kwt. - 4.995 klcs. - 60,06 mts.
( ONDAS CURTAS: zy\V-21 - 7,5
le brasileiros, com excelente kwts. 9.755 klcs. - 31 mts. o
ZYW-22 - 7,5 kwts. - 11.815 klcs.
Poder aquisitivo, povoam essa 25 mts.
Cegião que espera pela sua F. M. - ZYX-9 - 90,1 mgcs.
3,37 mts.
mensagem.
CRUEL DILEMA
(Conclusão da pag. 71)
Quando saí, senti-me tão abati- Meses depois, a mão de Paulo
da que não tive vontade de voltar oprimia càlidamente a minha, en-
para casa. Caminhei uns quartei- quanto aguardáramos o momento
rões e, novamente, fui ter à mes- definitivo, e seus lábios foram os
ma praga onde estivera momentos primeiros que me sorriram quando
antes. Sentada no banco, levei as despertei, após haver dado à luz.
mãos ao rosto e, desesperada, supli- Também estava junto de mim quan-
quei; «Ajuda-me, ó Deus. Faze com do me trouxeram o recém-nascido,
que tome uma decisão acertada». ou melhor, a recém-nascida, por-
Não obstante já haver falado que tivemos uma gai'otinha linda,
com o médico, sentia que pratica- de cabelos negros e olhos celestes,
ria um crime em sufocar o alento com um narizinho petulante. E
do ser que vivia dentro em mim. meu ser se inundou de alegria ao
Sim, minha consciência agora me ver que ela era perfeita.
dizia claramente que não tinha o
direito de mutilar a vida que es- ☆ ☆ ☆
tava em minhas entranhas.
Ao ver-me de volta, o dr. Brandt Não mais vou esquiar, ainda que
olhou-me surpreendido. amiúde vá passar os fins de sema-
—• Desculpe-me, doutor, — falei nas na granja. Às vezes, minha ami-
em tom decisivo — mas mudei de ga Luísa vem visitar-me.
idéia. Se Deus permitir, terei meu ■— Você jogou com a vida —
filho. disse-me ela, certa vez, após lhe
O médico acercou-se de mim e, haver contado a minha história. —-
comovido, pôs-me a mão no ombro. Creio que eu não teria coragem pa-
— Parei tudo o que estiver em ra tanto.
minhas mãos para salvá-la, minha Sim, eu sabia que mais de uma
senhora. Agora, trate de cuidar-se mulher, em meu caso, teria renun-
e de descansar o mais possível. A ciado ao seu filho. Mas tive fé em
Providência nos ajudará. Deus e Deus me salvou...

ELEGÂNCIA
TÉ há dois séculos atrás as mulheres francesas mais elegantes ma-
quilavam as veias, pintando-as com uma tinta azul que salientava a
hrancura de sua pele.
100 IT-maoazine Junho de 1955
umicts DO DMIO ENEDGII E IDMSrOSÍE

Porque rendem ótimos juros, concorrem a


sorteios semestrais que distribuem 10 mi-
lhões em prêmios e facilitam a aquisição
de terras devolutas e o pagamento de im-
postos do Estado.
Porque òs recursos proporcionados por ês-
ses títulos impulsionarão a emancipação eco-
nômica de Minas Gerais.

25% dos recursos obtidos com as Apóli-


ces do Binômio Energia e Trapsporte estão
vinculados à abertura de rodovias e outros
25% são destinados à Instalação de novas
usinas de fôrça em nosso Estado. Outra
parte desses recursoá será empregada em
combater a erosão, Incentivar o refloresta-
mento, a adubação e a Irrigação do so o
mineiro, favorecendo, assim, o Incremento
llak «r" da nossa produção rural.

gjaiài''
DIÍP PUBL. "ALTIiUOSA*

BPÓLICES DO E I

A EMANCIPAÇÃO ECONÔMICA DO ESTADO PE Ml N A_S


PARA UMA MESA FESTIVA
(Conclusão da pag. 73)
8 — Hemisférios de ovos — Parta ao crua na parte curva. Prenda o palito
meio os ovos cozidos. Cruze em cima na junção das asas. É bom escolher
de cada metade fatias finas de pimen- uma cenoura muito amarela para que
tão ou ponha rodeiinhas de azeitona as antenas, combinem com as manchas
recheada. amarelas que as gemas dos ovos fa-
zem nas asas.
9 — Abacaxizinhos de azeitona — To-
me azeitonas sem caroço, grandes e 11 — Rodelas de pimentão — Corte
escuras, e, de cada lado, introduza um pimentão verde, cozido mas bem
um pedacinho de cenoura, onde se duro, em fatias de um centímetro e
deram vários talhos até quase a ba- meio. Tire as sementes e preencha seu
se. É aconselhável, como no caso dos lugar com massa de pirê (muito con-
crisântemos, deixar essas farpas de sistente) com incrustações de pedaci-
cenoura mergulhadas na água gelada nhos de legumes.
por algum tempo. Prenda-as com pâté.
12 — Cestinhas de laranja — Corte
10 — Borboleta — Parta os ovos era as laranjas ao meio. Tire os gomos
fatias tinas e corte cada uma delas ao com cuidado para não afetar a cama-
meio. Prenda-as, de duas a duas, com da branca da casca. Enxugue bem.
um pedacinho de palito, pelos lados Picote as bordas da casca em bicos e,
curvos, para fazer as asas da borbole- por fora, marque vários pontos, fu-
ta. Para confeccionar a cabeça, tome rando só a casca de fora. Encha de
a metade duma azeitona recheada, um recheio salgado, de geléia, doce
espete-lhe um pedaço de palito na de leite, sorvete, enfim o que prefe-
base e dois toquinhos de cenoura rir. Sirva com pàzinhas de sorvete.
O PROBLEMA DOS FILHOS. ..
(Conclusão da pag. 83)
a inconveniências tais como trocar é fazer com que tanto as crian-
as fraldas, preparar mamadeiras e ças a serem adotados como os seus
perder noites de sono, mostram cla- futuros pais estejam em condições
ramente que sua maneira de en- de se adaptarem bem. Mas não bas-
carar a paternidade deixa muito a ta isso. Tão logo esteja legaliza-
desejar. da a adoção, você deve procurar
Como obter uma perfeita ado- saber se a criança é saudável, men-
ção ? Sempre é bom procurar uma tal e fisicamente, e, o que é impor-
fonte autorizada, ou uma institui- tante, que ela possa ser realmente
ção idônea que se encarregue de sua por tôda vida.
recolher órfãos e abandonados. As- Muitas vêzes, adoções que são
sim, você poderá assegurar-se da feitas casualmente, através de fon-
assistência daqueles cujo objetivo tes pouco idôneas, dão resultados
102 IT-magazine Junho de 1955
verdadeiramente desastrosos. Even- e que significam tragédia para to-
tualmente, pode acontecer que o be- dos os interessados.
bê se mostre doentio, débil men- Assim, se você tem pensado no
tal e, às vezes, já cumpridas as exi- assunto, antes de tudo certifique-
gências legais, pode dar-se que a se dos motivos reais. Depois, faça
um pedido oficial, mas não conte
verdadeira mãe queira o filho de com resultados imediatos. Ê melhor
volta.
esperar um pouco do que, com pre-
Esses são fatos contra os quais cipitação, provocar conseqüências
os pais adotivos nada podem fazer, muitas vêzes lamentáveis.
• • •
Conquistadores de Montanhas
URANTE os últimos anos alguns picos das montanhas mais elevadas
do mundo, até então considerados inatingíveis, foram escalados por alpi-
nistas de várias nações. Pelo fim da primavera de 1950, os dois escalado-
res franceses Lachenal e Herzog chegaram ao cume do Anapurna, na
Cordilheira do Himalaia, tornando-se os primeiros homens da história a
conquistar um pico de oito mil metros. Contudo, sua façanha custou-lhes
inúmeros padecimentos, pois desceram da serrania com os pés e as mãos
congelados. Para chegarem ao vale, no sopé da montanha, tiveram de
ser conduzidos deitados em trenós ou amarrados no dorso de carrega-
dores nativos. Posteriormente, ao regressarem à pátria sofreram am-
putações que os deixaram mutilados para sempre. Exatamente um ano
depois outra expedição francesa escalou o Nanga Devi, cume do mesmo
maciço do Himalaia o qual ninguém tinha conquistado anteriormente;
durante a parte final dessa expedição dois moços, Duplat e Vignes, desa-
pareceram entre as ravinas e precipícios da montanha. Finalmente, em
1953, na mesma ocasião em que os ingleses conquistavam o Everest, um
homem sòzinho, o tirolês Hermann Buhl vencia o Nanga Parbat, malgrado
os ventos ameaçadores que desaconselhavam a marcha para o cimo da
montanha. Para completar a subida, Buhl tinha abandonado para trás
uma expedição austro-alemã exausta e desanimada. Chegado ao cume da
montanha, o tirolês passou uma noite de pé, sôbre um rochedo situado
150 metros abaixo da altura máxima do ponto escalado. Na manhã se-
guinte Buhl começou a viagem de volta e, dias depois, um aeroplano
do Paquistão fotografou a bandeira que o alpinista solitário tinha
fincado no pico recém escalado.

As Cadeias São Inúteis


11 M homem de Godthaab, Groenlândia, condenado recentemente a cinco
anos de prisão por homicídio, cumprirá sua pena trabalhando como
camareiro numa casa particular. O motivo dessa forma branda de ex-
piação, é que na Groenlândia não existem cadeias.
j t 103
»N ho DE 1955 IT-maoazine
r
Cariaó de parié

Fontes

de inspiração

dos penteados

femininos

GERMAINE DORAT

O PENTEADO influi muito na cos já foram copiados e serviram


beleza da mulher e, por isso, de modelos à moda atual. Mais
nada mais justo do que consagrar de uma moça ou senhora ostenta
alguns momentos a êsse ornamento um elegante penteado de cabelos
natural feminino onde, muitas vê- curtos, sem pensar que o especia-
zes, se revela um traço da perso- lista inspirou-se, para ela, no pen-
nalidade. teado de Musset e seus contempo-
Cabelo curto era sinônimo de râneos.
penteado simples e fácil; bastava Mais próximo de nós, encontra-
passar o pente para cima, dos la- se a aviação que inspirou os cabe-
dos e o penteado estava pronto. lereiros de renome com as seguin-
Os cabelereiros, entretanto, en- tes criações:
tenderam de tomar conta dos ca- AGITAÇAO DE ASAS é um pen-
belos curtos e ei-los, em moda, teado realizado de duas maneiras:
apresentando inúmeras variações. fazendo uma permanente e cortan-
As fontes de inspirações são inu- do as pontas dos cabelos depois, es-
meráveis e não alheias à vida mo- covando-os para cima das orelhas
derna. ou, para quem não gosta de cabelos
Os escritores, os poetas românti- crespos, enrolando dois cachos gros-
104 IT-magazike Junho de 1955
sos, um de cada lado. Visto de tornam-se, agora, penteados femi-
frente ou por trás, lembra asas ninos,
abertas. CHAPÉU ELEGANTE E PRA-
SÔPRO é um penteado de Ca- TICO — Os mais afamados chape-
nta, equilibrado, simétrico, com leiros parisienses encontram-se ra-
meios-cachos, sem partir o cabelo. diantes, êste ano, por estar sendo
BALÃO é uma criação de Geor- o chapéu novamente considerado
gel, com o cabelo partido do lado, um acessório indispensável à ele-
bastante armado, com cachos no gância feminina. Sabem êles tirar
sentido inverso em tôda a volta da partido de um chapéu, seja peque-
cabeça. nino ou com aba larga.
VAMPIRO foi apresentado por O Clube da Elegância organizou
Guillaume, com cabelos partidos ao um concurso destinado a premiar
meio, ondulações dos dois lados da a. senhora que mais bem trajada se
cabeça, dando a impressão de muito apresentasse e de chapéu. Ficou as-
cabelo. sentado, a seguir, que êsse mesmo
Há, ainda, penteados com nomes concurso realizar-se-ia cada mês e
de ESPADA, TRIDENTE, LINHA um prêmio seria atribuído à senho-
DE VÔO e outros de aviões, mais ra, escolhida pelo júri, como tendo
conhecidos por homens e principal- o chapéu mais elegante ao mesmo
mente por aviadores. Êsses nomes tempo que prático.

* * *

A Face de São Francisco


^ ECENTEMENTE, a Direção Geral das Belas Artes, da Itália, patio-
cinou minuciosos estudos sôbre o mais antigo retrato de São Francisco
existente na Itália e executado, segundo a tradição, em 1225, a pedido
de Madonna lacopa de'SettesoIi. Os resultados da investigação provaram
que o retrato em aprêço foi, provàvelmente, o único executado durante
a última visita de São Francisco à cidade italiana de Greccio.

Babel Asiática
jA CONSTITUIÇÃO da índia permite o uso de doze línguas naquele
país. Trata-se do Assamese, Kannada, Kashmir, Malayalam, Marathi,
Orya, Punjab, Sânscrito, Tamil, Telegu e Urdu. Além dessas, vigora
a língua oficial do Estado: o Hindustani.
Junho de 1955 IT-magazine
X — Vestido em shan- 3 — Vestido em pope-
tung estampado, tipo lina de sêda, enfeitado
princesa. com cadarço de côr
contrastante. Uma gra-
2 — Muito elegante es- vata do mesmo cadar-
te modelo em tafetá ço termina o dccote.
estampado.
4 — Gracioso modelo
de tule bordado, apre-
sentando uma blusa
S muito original.
5 — Vestido de popeli-
r na rosa, drapeado. 0
ombro é terminado com
dois laços.
5'
6 — Elegante modêlo
de nylon estampado,
ajustado à cintura com
uma larga faixa de fail-
le.
7 — Muito prático es-
•iK te vestida de sêda azul-
marinho de bolas bran-
m
/ cas.

'i li»

i I 1/ >■

106 IT-magazinb Junho de 1955


Tardes

\
Elegantes s'1
d

í J

¥>

m
fm

tk Ü
I ÉÊmim É
mm
; %\ w
11
i

i lll('' j)
alilll«li\fl I
i. ■ m,

cm 2 3 4 5 6 #»i~ 8 9 10 11 12 13
Q tortura dos nervos desajustados

faz tudo para entrar no mundo


Ci? dos grandes negócios. O sr. Silva
/> é vitima de fenômenos alarmantes;
sente falta de ar, seu coração pa-
rece bater mais depressa do que
antes, detesta almoçar ou jantar,
está sempre cansado e, após um
sono de oito horas, desperta indis-
posto .
O sr. Silva lê artigos médicos
em jornais diários e, da biblioteca
pública, leva para casa livros de
c
medicina. Nessas publicações apren-
de que falta de ar pode significar
asma, distúrbios cardíacos, etc,, e
que perda de apetite pode ser sin-
é uma pilha de nervos, toma de gastrite, câncer no estô-
ou melhor, todos nós o so- mago, etc..
mos. Isso, contudo, não significa
Depois de ler dezenas de páginas,
que estejamos próximos da histe-
o sr. Silva enfrenta um dilema: te-
ria, dependendo da maneira por
rá êle tôdas essas doenças ou ha-
que tratamos os nossos nervos o
verá alguma moléstia que, por si
verdadeiro estado de nossa mente. só, apresente tais sintomas ? Êle
Vivemos num mundo conturbado, anota com cuidado tudo o que sen-
numa época de inúmeros proble- te e, finalmente, chega à conclusão
mas. Sem dúvida alguma que há que o mais certo é sofrer do cora-
muita coisa para nos aborrecer, ção ou de alta pressão sangüínea,
mas a arte de viver tem relação ou talvez de ambas as coisas.
diieta com o modo pelo qual enca-
Não obstante, como o seu medo
ramos os nossos temores e não por
é grande, resolve, como último re-
que os tentamos ignorar.
curso, recorrer ao médico da fa-
Tomemos o caso hipotético do sr. mília, Na sala de espera do con-
José Silva, homem de pequena ren- sultório o seu coração pulsa com
da, casado e pai de três filhos, que tanta força que êle fica convicto
108 XT-M AQAZINE Junho de 1955
de que todas as pessoas ali pre- carregamos os nossos músculos com
sentes estão ouvindo a sua pulsa- exercícios exagerados, êles em bre-
ção. Finalmente, chega a sua hora ve protestam por intermédio do
de ser atendido. Diante do médico, cansaço ou da dor. E nós compre-
engrola um rol de sintomas, que o endemos tal protesto, tanto que
clínico vai anotando em sua ficha. entramos em repouso até que êles
Depois, o doutor ausculta-lhe o estejam novamente prontos para
coração, os pulmões e toma-lhe a o trabalho. Por que não fazemos
pressão, feito o que se põe a inter- o mesmo com os nossos nervos ?
rogá-lo sôbre sua vida, o seu tra- Ao darmos trabalho aos nossos
balho e as suas preocupações. O músculos, êles requerem mais san-
sr. Silva admite que se esforça em gue para nutri-los em seu esfor-
excesso. Surge, então, o diagnós- ço e, consequentemente, o san-
tico : «nervos». Sim, o sr. Silva gue, diminuindo noutras partes do
está muito nervoso e, por isso, sai organismo, aflui ao ponto neces-
do consultório, levando uma recei- sário. Se, também, sobrecarrega-
ta. mos o nosso cérebro por uma con-
Sente-se êle, no entanto, alivia- centração excessiva ou por contra-
do? Não. Há uma pergunta a mar- riedades, os vasos sangüíneos que
telar-lhe o cérebro: Como pode o o alimentam se tornam engorgita-
médico garantir que sejam nervos, dos de sangue e o restante de
se auscultou-o por apenas dez mi- nosso corpo fica, em conseqüência,
nutos, se tanto ? Ademais, os ner- subnutrido.
vos poderão provocar tantos sinto- Se a concentração cerebral fôr
mas? muito longa, em breve teremos uma
A resposta é uma só; sim, os ner- forte dor de cabeça, já que os va-
vos provocam tudo isso e várias sos sangüíneos protestam dessa
coisas mais. O sr. Silva está sofren- forma pela intensa pressão a que
do apenas de um estado de ansie- são submetidos.
dade, o que quer dizer que êle ain- E que dizer dos restantes sinto-
da não se adaptou à vida dos dias mas do sr. Silva? Vejâmo-los em
atuais. Os nervos podem simular ordem:
quase todos os tipos de doenças, já Falta de ar e palpitações
que influenciam a mente, tornan- Como no citado caso há pouco san-
do-a perturbada e fazendo com que gue no corpo, exceto no cérebro, o
ela altere as funções orgânicas. coração deve trabalhar com mais
Quando, consciente ou inconscien- afinco para bombeá-lo até os pul-
temente, nos aborrecemos, sobrecar- mões, enriquecendo-o mais rapida-
r
egamos o nosso cérebro. Se sobre- mente de oxigênio. É por êsse mo-
IT-MAGAZINE 109
JüNHO DE 1965
tivo que respiramos mais depressa,
já que mais oxigênio deve ser re-
tirado do ar. Quanto maior fôr a
v.,y- 4 concentração mental tanto mais
sangue oxigenado é necessário e
isso só é possível mediante mais rá-
pida ação cardíaca e mais rápida
respiração.
Perda de apetite. — O sangue é
necessário para a digestão e quan-
do o mesmo diminui nessa função,
surge uma conseqüente perda de
apetite. O ato de comer, portanto,
r\ deve ser feito numa atmosfera de
paz e de quietude. Um curto des-
canso depois das refeições é impor-
tantíssimo, a fim de que o máximo
de sangue possa contribuir para o
processo vital da digestão.
Cansaço — Quando dormimos,
nossa pressão sangüínea normal-
mente cai, as funções orgânicas di-
minuem a sua intensidade e des-
pertamos retemperados. Se leva-
mos aborrecimentos para o leito,
nosso sono é repassado de agita-
ção e descansamos menos. Depois
de uma noite em que, constante-
mente, viramos na cama, acorda-
mos indispostos.
Como, porém, tratar o estado de
ansiedade? Primeiramente encaran-
i do os fatos. Após aceitarmos o
diagnóstico médico de que tudo são
pontas tríplices -nos bolsos
originais dêste costume de corte nervos, devemos aprender a «vi-
moderno dão ao conjunto uma ver com nossa própria personali-
aparência de ancas arredondadas
ainda em grande voga. dade» . A natureza deu-nos pode-
res capazes de fazer com que ven-
110 IT-magazine Junho de 1955
çamos nossos desgostos e atribula- fico. Também o apetite pode ser
ções. Usêmo-los, portanto. estimulado mediante a ingestão de
Quanto a mim, quando me acho sucos digestivos sintéticos.
preocupado com algum grave pro- Um dos principais problemas das
blema, penso sempre no pior que vitimas da ansiedade é a atitude de
pode acontecer e, cuidadosamente,
seus companheiros. Tal neurose de-
considero o que deverei fazer nes-
sa eventualidade. B como o pior ve ser tratada com simpatia e con-
raramente acontece, acabo sempre sideração. Qualquer família sempre
por vencer a crise de modo mais faz um «cavalo de sete batalhas»
satisfatório que o esperado. pelo fato de um seu membro que-
Drogas — Há vários remédios brar uma perna, enchendo-o de so-
que um médico pode prescrever, licitudes e cuidados. Contudo quase
a fim de auxiliar num combate con- todos zombam de uma vítima dos
tra os nervos, tais como brometos, nervos. E é certo que muitas pes-
barbitúricos e uma centena de so- soas nervosas trocariam de bom
níferos que o ajudarão a ter um grado as suas aflições por uma per-
sono mais profundo e mais bené- na quebrada. . . (Keuter).

4 4 4

Orientação Natural
S cegonhas que têm seus ninhos a leste do Rio Weser (Um dos maio-
res rios da Alemanha) emigram regularmente para a África do Sul e
a África Ocidental, cumprindo um itinerário preciso que cruza o Bos-
foro, a Síria e a Palestina, seguindo depois o curso do Rio NUo.
Por outro lado, as cegonhas que fazem seus ninhos na parte ocidental
daquele rio alemão chegam à África depois de sobrevoar a Fiança, a ps
panha e Gibraltar. Numas e noutras revoadas as cegonhas mais velhas
servem de guias para os bandos migratórios, reconduzindo-os ao mn o
antigo com uma exatidão impressionante, depois de tei em voa o
10.000 quilômetros.

Pioneiro
11 MA das primeiras obras sobre a astrofísica (ramo da astronomia
que trata da constituição física dos astros) foi publicada em.1870' "J*
gua francesa e era 1874, na língua italiana. O livio em apieço, c
"O Sol", foi um dos primeiros a abordar sèriamente o novo ramo cien-
tífico e foi escrito pelo padre Ângelo Secchi, um pioneno a n va
cia e autor de numerosas investigações sôbre a isica o so
estréias.
111
Junho de 1955 XT-magazine
Diretor — MIRANDA E CASTRO
Vice-diretora — N. M. CASTRO
magazine
IT-magazine ê uma publicação mensal da Soe. Editora Alterosa Ltda.,
com sede à Av. Afonso Pena, 941 — andar, Caixa Postal, '279, Enderêço
Telegráfico ALTEROSA, Fones: 2-0652 e 2-4251, Belo Horizonte, Minas
Gerais, Brasil.
ASSINATURAS — 100 cruzeiros para 2 anos e 55 cruzeiros para 1 ano. (
Êstes preços vigoram para o Brasil e todos os países americanos. Para
outros continentes são elevados ao dobro.
VENDA AVULSA — 5 cruzeiros em todo o Brasil. Números atrasados a
8 cruzeiros. Portugal e colônias, 6 escudos o exemplar.
REPRESENTANTES — Em São Paulo: Newton Feitoza, Rua Boa Vista, 2
245, Fone 33-1432. Em Porto Alegre: Soe. de Imprensa, Propaganda e Re- J
presentações, Av. Borges de Medeiros, 410, Sala 1.116, Ed. Sulacap, Fone: !
3-3456. Em Salvador: Inocêncio Pessoa Esteves, Rua Fernando Alves, 9 i
(Roma).

Parabéns Para Nós


Querida leitora: — Entramos, com este número, em nosso terceiro
ano de circulação. Ao chegarmos a esta etapa, para o que foi sobre-
maneira significativo o apôio que você nos deu, julgamos poder afirmar
sem receio, que todos, você e nós, estamos satisfeitos mutuamente.
Depois de dois anos de luta constante em busca do aperfeiçoamento,
estamos absolutamente seguros de termos alcançado aquela meta que
nos propusemos, quando do lançamento desta revista; uma publicação
que, a par de ser essencialmente feminina, à altura do seu bom gôsto
e da sua sensibilidade, fôsse também um como receptáculo de boas
idéias que pudessem auxiliar a mulher, dentro da sua função de ins-
piradora dos sadios princípios que regem a família de nossa terra.
é por isso que você e nós devemos dar-nos por altamente satisfeitos
com os resultados desta iniciativa, que você mesma tanto tem ajudado
a manter. E, mais do que isso, pelo tom cada vez mais apurado, de
graça e de leveza, que você nos tem ajudado a infundir a esta pequena
jóia.
Estamos satisfeitos, você e nós, e por isso todos estamos de pa-
rabéns, você, pela generosa atenção que tem dado a esta revistinha, con-
tiibuindo para fazê-la cada vez melhor; e nós, por termos conseguido
azer uma revista exatamente como você desejava. — Dir.
112 IT-magazine Junho de 1955
Nvo ar uma emissora com programação
de rigorosa linha moral

Rádio

Cultura

C'4

de Poços de Caldas

'Á±

A única emissora particular


de Minas irradiando em on-
PRH-5 das curtas, tropicais e
ONDA MÉDIA
f 1,350 Kos. médias.

ZYV-40
ONDA CURTA-31 M.
f 9.645 Kffs.
REPllESENTANTES: J
ZYV-50 , I
ONDA TROPICAL RIO — Rua México. 11 — [
f 61 Mr4.884 Kos. Sala 1.102 — Fone: 32-1080. ,
SÃO PAULO — Rua 7 <le '
Abril, 312 — Sala 57 —
Fone: 36-5911.
O TOOU
i.

I l .■ r
t, :
DE 4*-
g '
'
Íllí ^

mmm
1 r 4 'U-

ATRAVÉS DO TEMPO
811
AS OBRAS PRIMAS
I'
Jl i SE TORNAM MAIORES
l

! >■
It jTjs grandes artistas, na sua genialtda-
U de criadora, imprimiram às suas obras
o toque de imortalidade, cternizando-se SEGUROS DE V..
na admiração dos póslcros.
COmPflfIHIft DE Sc01.
Transforme sua vida numa obra-prima
de previdência. Dê-lhe, também, o toque
dc imortalidade, ctcrnir.ando-sc no coração minfls-BHP
dos seus através do Seguro de Vida. BELO HORIZONTE - «iN,.
INCÊNDIO • mANSPORIES - ACIDENTES PESSOAIS ACIDENTES 00 IRAUAIHO

Você também pode gostar