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EXECUTIVO

Colégio e Curso
RQ. AVALIAS
Uggvicwmm
REPOSICAO
ªô
IMES;
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ngua Portuguesa
RECUPERAGA
'Vocaçao para o conhecimento.” OUTROS. ( / /2023)( Ralmundo )

e EA e E )
TEXTO: 1 - Comum à questão: 1
TEXTO: 2 - Comum à questão: 2
O ESCRETE DO SONHO
Nélson Rodrigues Cultura
1 Quem devia escrever a história do ? tricampeonato era ? Além dos seres vivos e da matéria cósmica, existem,
Mario Filho. Só ele teria a ? visão homérica do maior feito do também, coisas ? culturais, muitissimo mais complicadas.
futebol * brasileiro e mundial. Nunca houve, na face da 5 Chama-se cultura tudo o que é feito pelos homens, ou
terra, um escrete tão humilhado e tão ofendido. º Vocês se resulta do trabalho deles e de seus pensamentos. Por
lembram do que aconteceu no ? Morumbi. exemplo, uma * cadeira está na cara que é cultural porque
& Sempre digo que a torcida vaia até minuto ¢ de foi feita por alguém. Mesmo o 5 banquinho mais vagabundo,
siléncio. Mas em S&o Paulo foi demais. A '° torcida queria que mal se pde em pé, é uma coisa cultural. É cultura, 6
Edu, e Zagallo escalou Paulo ' César. A vaia comegou também, porque feita pelos homens, uma galinha. Sem a
antes do jogo, continuou 2 durante e depois do jogo. Até interveng@o humana, que 7 criou os bichos domésticos, as
hoje, não sei ,'* como Paulo César sobreviveu ao proprio ** galinhas, as vacas, os porcos, os cabritos, as cabras, 8 não
massacre. Há um tipo de vaia que explode como *º uma existiriam. Só haveria animais selvagens.
força da natureza. Sim. Uma vaia que '® venta, chove,
troveja e relampeja. 9 A minhoca criada para produzir humo é cultural, eu
17 Os jogadores se entreolhavam, sem entender '8 que compreendo. Mas a *º lombriga que vocé tem na barriga é
os tratassem, no Brasil, como o inimigo, *º como o apenas um ser biolégico. Ou serd, ela também, ' um ser
estrangeiro. Mas não era só a multiddo. * Também a cultural? Cultural não é, porque ninguém cria lombrigas.
imprensa, fora algumas exceções, ?' dizia horrores do Elas é que se '? criam e se reproduzem nas suas tripas.
técnico, do time, dos 2 jogadores.
23 Todavia, ninguém contava com o homem ? 13 Uma casa qualquer, ainda que material, é claramente
brasileiro. Cada um de nós é um pouco como o 25 Zé do um produto cultural, " porque é feita pelos homens.
Patrocinio. O “Tigre da Abolição” era suscetivel as mais Amesma coisa se pode dizer de um prato de sopa, de 15 um
cavas e feias depressoes. Sua 2’ retorica sempre comegava picolé ou de um didrio. Mas estas s&o coisas de cultura
fria, gaguejante. % Seus amigos, porém, iam para o meio da material, que se pode ' ver, medir, pesar.
massa ?º e comegavam a berrar: — “Negro burro, negro 3
analfabeto, negro ordinério!” E, então, 3! Patrocinio pegava 17 Ha, também, para complicar, as coisas da cultura
fogo. Dizia coisas assim: — % “Sou negro, sim, Deus deu- imaterial, impropriamente ' chamadas de espiritual -
me sangue de Otelo 3 para ter ciumes de minha patria”. muitissimo mais complicadas. Afala, por exemplo, que '® se
Para assumir * a sua verdadeira dimens&o, o escrete revela quando a gente conversa, e que existe
precisava * ser mordido pelas vaias. Foi toda uma 3 independentemente de qualquer 2 boca falante, é criação
maravilhosa ressurreigéo. cultural. Aliás, a mais importante. Sem a fala, os homens 2!
3 A Copa do México desmontou a gigantesca * seriam uns macacos, porque não poderiam se entender uns
impostura que a maioria criava em torno do 3° futebol com os outros, para 22 acumular conhecimento e mudar o
europeu. Os virtuosos, os estilistas, *º éramos nós; nés, os mundo como temos mudado.
goleadores; nós, os *! inventores. E a famosa velocidade?
Meu Deus, 42 ganhamos andando. 2 A fala está aí, onde existe gente, para qualquer um
43 Pelé, maravilhosamente negro, poderia 4 erguer o aprender. Aprende-se, 2* geraimente, a da mãe. Se ela é
gesto, gritando: — “Deus deu-me *5 sangue de Otelo para uma india, aprende-se a falar a fala dos indios, dos 25
ter ciúmes da minha *º patria”. E assim, brancos ou pretos, Xavantes, por exemplo. Se ela é uma carioca, professora,
somos 90 “” milhdes de otelos incendiados de ciúme pela 4 moradora da Tijuca, a ® gente aprende aquele portugués lá
patria. dos tijucanos. Mas, se vocé trocar a filhinha da 27 india pela
filhinha da professora, e criar, bem ali na praga Saens Pefia,
ela vai 2 crescer como uma menina qualquer, tijucana, dali
Questdo-01 - (UECE) Atente ao que se diz sobre o
mesmo. E vice-versa, o mesmo ? ocorre se a filha da
enunciado que vai da referéncia 33 & 35.
professora for levada para a aldeia Xavante: ela vai crescer
|. O vocébulo “mordido”, no texto, é participio do verbo
1, % como uma xavantinha perfeita - falando a lingua dos
morder e entra na composição da voz passiva.
Xavantes e xavanteando ** muito bem, sem nem saber que
Il. Na voz ativa, teriamos a seguinte estrutura: (...) as vaias
ha tijucanos.
precisavam morder o escrete.
IIl. Se o cronista optasse pelo uso da voz ativa, mantendo a
32 Além da fala, temos as crengas, as artes, que são
primeira orag&o no inicio, o sentido do enunciado continuaria
criagdes culturais, porque * inventadas pelos homens e
0 mesmo. transmitidas uns aos outros através de geragées. Elas * se
Esta correto o que se diz apenas em
tornam visiveis, se manifestam, através de criagdes
a) llelll. artisticas, ou de ritos e 3 praticas - o batizado, o casamento,
b) lell
a missa - em que a gente vê os conceitos e as ¥ ideias
c) M. religiosas ou artisticas se realizarem. Essa separagéo de
dl
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coisas cósmicas, *” coisas vivas, coisas culturais, ajuda a Questdo-04 - (UNIC MT) O autor se refere a crack para
gente de alguma forma? Sei não. Se não * ajuda, diverte. É designar a quebra da Bolsa de Nova lorque, quando muita
melhor que decorar um dicionário, ou aprender datas. Você gente perdeu dinheiro aplicado nela. O poeta atribui,
não * acha? semanticamente, uma classificagéo ao verbo crackar como
RIBEIRO, Darcy. Noções de Coisas.
São Paulo: FTD, 2000, p. 3. irregular. Esse verbo, segundo a gramética normativa e os
Questão-02 - (UNISC RS) Assinale a alternativa em que o sistemas vigentes da Lingua Portuguesa, é um verbo
verbo criar esta sendo usado no mesmo sentido que no 01. irregular, por quebrar o seu paradigma de conjugagéo
trecho “Cultural não €, porque ninguém cria lombrigas” (Ref. 02. regular, pois mantém inalteravel o seu paradigma de
11). conjugagéo.
a) Quanto mais cedo se cria vergonha na cara, melhor. 03. defectivo, por n&o se conjugar em todos os tempos e
b) É como diz o ditado: uma mãe cria dez filhos mas dez
modos verbais.
filhos n&o criam uma mae. 04. andémalo, por apresentar irregularidades nas formas
verbais de sua conjugagao.
c) Toda discuss&o sempre cria um mal estar no ambiente.
d) A crianga só cria confianga para andar depois de varios 05. abundante, por apresentar mais de uma forma de
tombos. conjugagéo no presente e principalmente no participio
passado.
e) Ornitofilo é o nome dado à pessoa que cria passaros.

Questão-03 - (ENEM MEC) TEXTO: 4 - Comum a questão: 5


E se a água potével acabar? O que aconteceria se a
agua potavel do mundo acabasse? Palavras Repetidas
As teorias mais pessimistas dizem que a agua potavel (Composigéo: Gabriel O Pensador/Aninha Lima/Legião
Urbana)
deve acabar logo, em 2050. Nesse ano, ninguém mais
tomará banho todo dia. Chuveiro com &gua só duas vezes (1a)
por semana. Se alguém exceder 55 litros de consumo (2a)
(metade do que a ONU recomenda), seu abastecimento (3a)
será interrompido. Nos mercados, não haveria carne, pois, A Terra tá soterrada de violéncia
De guerra, de sofrimento, de desespero
se não ha água para vocé, imagine para o gado. Gastam-se
43 mil litros de água para produzir 1 kg de carne. Mas, não A gente tá vendo tudo, tá vendo a gente
é só ela que faltara. A Região Centro-Oeste do Brasil, maior Tá vendo, no nosso espelho, na nossa frente
produtor de grãos da América Latina em 2012, não Tá vendo, na nossa frente, aberração
conseguiria manter a produção. Afinal, no pais a agricultura Tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não
e a agropecuaria 70% do uso. Faltariam arroz, feijão, soja,
Tá vendo, no fim do túnel, escuridao
milho e outros grãos. Tá vendo a nossa morte anunciada
Disponível em: hitp:/super.abril com.br. Acesso em: 30 jui, 2012 Ta vendo a nossa vida valendo nada
T6 vendo, chovendo sangue no meu jardim
A língua portuguesa dispõe de vários recursos para Ta lindo o sol caindo, que nem granada
indicar a atitude do falante em relação ao conteúdo de seu Tá vindo um carro bomba na contramao
enunciado. No inicio do texto, o verbo “dever” contribui para Ta rindo o suicida na direção
expressar “E preciso amar as pessoas como se não houvesse
a) uma constatagao sobre como as pessoas administram os amanha
recursos hidricos. Porque se você parar pra pensar, na verdade não ha.”
b) a habilidade das comunidades em lidar com problemas A bomba tá explodindo na nossa mão
ambientais contemporaneos. O medo tá estampado na nossa cara
c) a capacidade humana de substituir recursos naturais O erro tá confirmado, tá tudo errado
renovaveis. O jogo dos sete erros que nunca para
d) uma previséo tragica a respeito das fontes de agua Sete, oito, nove, dez... cem
potavel. Erros meus, erros seus e de Deus também
e) uma situag&o ficcional com base na realidade ambiental Estupidez, um erro simplério
brasileira. A bola da vez, enterro, velério
Perda total por todos os lados
TEXTO: 3 - Comum a questio: 4 Do banco do 6nibus ao carro importado
Teu filho morreu? Meu filho também
Verbo Crackar Morreu assaltando, morreu assaltado
Tristeza, saudade, por todos os lados
Eu empobrego de repente Tortura covarde, humilha e destrói
Tu enriqueces por minha causa Eu vejo um Bin Laden em cada favela
Ele azula para o sertão Herdi da miséria, vilão exemplar
Nós entramos em concordata Tortura covarde, por todos os lados
Vós protestais por preferéncia Tristeza, saudade, humilha e destrói
Eles escafedem a massa As balas invadem a minha janela
Sé pirata Eu tava dormindo, tentando sonhar —
Sede trouxas Sou um grão de areia no olho do furacéo
Abrindo o pala Em riieio à milhdes de grãos
Pessoal sarado. Cada um na sua busca
ANBRADE, onanh bl Conomat É 6 A GA'"?""' Cada bussola num c'ora’@éo
São Pádio: Nota cm\um
EGENA ooy ey A B —
() @eseeutivosn é}éndi‘lv‘néb@yzmoa com.Br
Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de revelando seus segredos mais ocultos ou expondo-nos a
interrogação valores estéticos inéditos que revolucionem nossa
Nem sempre se pode ter fé sensibilidade e nos deem uma vis&o mais sutil e nova desse
Quando o chão desaparece embaixo do seu pé abismo sem fundo que é a condição humana. A cultura pode
Acreditando na chance de ser feliz ser experimentagéo e reflex&o, pensamento e sonho, paixão
Eterna cicatriz e poesia e uma revisão critica constante e profunda de todas
Eterno aprendiz das escolhas que fiz as certezas, convicções, teorias e crengas. Mas não pode
Sem amor, eu nada seria afastar-se da vida real, da vida verdadeira, da vida vivida,
Ainda que eu falasse a língua de todas as etnias que nunca é a dos lugares-comuns, do artificio, do sofisma
De todas as falanges e facções e da brincadeira, sem risco de se desintegrar. Posso parecer
Ainda que eu gritasse o grito de todas as legiões pessimista, mas minha impresséo é que, com uma
Palavras repetidas, mas quais são as palavras que eu irresponsabilidade tão grande como nossa irreprimivel
mais quero vocação para a brincadeira e a diverséo, fizemos da cultura
repetir na vida? um daqueles castelos de areia, vistosos mas frageis, que se
Felicidade, paz, é... desmancham com a primeira ventania.
Felicidade, paz, sorte MaroV. Losa,A civilização do espetaculo: uma radiografia
40 nosso tempo e da nossa cultura, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012
Nem sempre se pode ter fé
Mas nem sempre a fraqueza que se sente Questão-06 - (FGV ) Responda ao que se pede.
Quer dizer que a gente não é forte. a) Identifique o referente de cada um dos seguintes
(Disponível em: www gabrielopensador.com.br. Acesso em: 03 nov. 2005.)
pronomes usados no 1°. paragrafo: “nelas”, “aquela’ ‘esta’.
Questão-05 - (EFOA MG) Verbos derivados seguem, quase
sempre, o padrão de flexão dos primitivos que lhes deram
origem. Na linguagem popular, entretanto, é comum
flexioná-los como se fossem verbos regulares. Assinale a
alternativa em que a forma verbal em destaque está
CORRETAMENTE flexionada, de acordo com a norma-
padrão:
a) Quando a secretária depor na CPI, as coisas se
esclarecerão.
b) Se a testemunha intervir favoravelmente, o réu será
absolvido.
c) Quando você reaver a agenda da secretária, ficará
surpreso.
d) Alguns jornalistas anteviram toda essa confusão politica.
e) O depoimento do empresario levara o politico & prisão se
conter as informagdes anunciadas.

TEXTO: 5 - Comum a questao: 6

As ideias de especialização e progresso, inseparéveis


da ciéncia, s&o invélidas para as letras e as artes, o que não
quer dizer, evidentemente, que a literatura, a pintura e a b) Segundo as gramaticas tradicionais, por não ser um
musica ndo mudem nem evoluam. Mas, diferentemente do verbo de conjugagdo completa, “abolir’ é considerado
que se diz sobre a quimica e a alquimia, nelas não se pode
defectivo. Por isso não se recomenda o uso da forma “abole”
(1°. parégrafo). Em vista disso, reescreva o trecho “aquela
dizer que aquela abole e supera esta. A obra literéria e
artistica que atinge certo grau de exceléncia não morre com abole e supera esta’, substituindo os dois verbos por
o passar do tempo: continua vivendo e enriquecendo as sinénimos adequados ao contexto.
novas gerações e evoluindo com estas. Por isso, as letras e
as artes constituiram até agora o denominador comum da
cultura, o espago no qual era possivel a comunicagéo entre
seres humanos, apesar das diferengas de linguas,
tradigGes, crengas e épocas, pois quem hoje se emociona
com Shakespeare, ri com Moliére e se deslumbra com
Rembrandt e Mozart esta dialogando com quem no passado
0s leu, ouviu e admirou.
Esse espago comum, que nunca se especializou, que
sempre esteve ao alcance de todos, passou por periodos de
extrema complexidade, abstragdo e hermetismo, o que
restringia a compreenséo de certas obras a uma elite. Mas
essas obras experimentais ou de vanguarda, se de fato
expressassem zonas inéditas da realidade humana e
criassem formas de beleza duradoura, sempre acabavam
por educar leitores, espectadores e ouvintes, integrando-se
desse modo no patriménio comum.
A cultura pode e deve ser, também, experimentagéo, é
claro, desde que as novas técnicas e formas introduzidas
pela obra ampliem o horizonte da experiéncia da vida,

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TEXTO: 6 - Comum à questão: 7 em muitos casos inofensivo, amante das frutas e polinizador
de pomares, pode ser discriminado apenas por ter, na
Somos todos comida opinião da maior parte das pessoas, uma aparéncia
assustado ra ou repulsiva ? Nos desenhos animados e
Depois da notícia de que, ao fim de prolongado debate historietas infantis, serão adotadas cotas para a incluséo de
animais normalmente marginalizados, a exemplo de
jurídico, foi negado por um tribunal o habeas corpus
lacraias, lesmas e piolhos? Aliás, é um direito do piolho
impetrado em favor de um chimpanzé enjaulado em solidão
no Zoológico de Niterói, vieram ao conhecimento público infestar cabeleiras improdutivas e sugar uma cesta bésica
outras providências judiciais em nome de animais, pelo de sangue? Estaré sujeito à acusagdo de omisséo de
Brasil afora. Isso está ficando interessante. Antigamente, socorro aquele que negar a uma futura mamée mosquito da
era fácil dizer que os animais não tinham direito nenhum, dengue o direito a uma picadinha que a ajudaré a perpetuar
pois não são sujeitos de direito, não são pessoas, não sua espécie?
podem acionar o poder judiciário, da mesma forma que não De propésito, deixei para o fim o direito mais bésico, o
têm deveres, nem podem ser interpelados pela justiça. direito à vida. Sem ele, evidentemente, os outros perdem o
Direitos e deveres são provincia exclusiva do ser humano e, sentido. Pensando nele, argumentam os que se negam a
embora isso ndo soe bem, um cachorro, por exemplo, não consumir qualquer produto de origem animal. Nossa comida
tem o direito de não ser maltratado. O homem é que tem o deveria ser apenas a que se consegue obter sem destruir
direito de estabelecer em lei que maltratar um animal é nenhuma vida, nem mesmo, talvez, a das plantas.
criminoso e de protestar e intervir, quando a lei for Nés somos os reis da Criagdo e ndo podemos agir
descumprida. como predadores.
Mas vivemos tempos mais complexos e em Nós somos, isso sim, os reis da presungdo.
transformagdo quase frenética. As crenças antes Imaginamos que a nossa moral é a moral da natureza, como
estabeleci das e praticamen te unânimes hoje mudam o se a natureza tivesse moral. Na natureza, continva um
tempo todo, somos intimidados pelas descoberta s da física alegre come-come por tudo quanto é canto, um comendo o
quântica, as certezas se tornam indagações e a eventual outro afanadamente, as vezes até de forma surpreendente,
sensação de que ninguém sabe nada é inevitável. Já há como no caso de um pelicano londrino que vi na internet.
quem sustente que pelo menos os chamados animais Esse pelicano, em seu andar balangado na grama de um
superiores, como o mencionado cachorro, têm consciência parque, viu e fingiu nem notar um pombo a seu lado. Mas,
e emoções. Os donos de cachorros frequentemente acham num movimento rapidissimo, engoliu o pombo, que ficou se
que estes pensam, raciociham e comunicam seus agitando dentro daquele papo enorme, sem chance de
pensamentos, só faltando mesmo falar. Logo, têm direitos e escapar. Se as pessoas presentes & cena fossem do
talvez a única coisa que lhes negue a condição de sujeito de tamanho de pombos, o pelicano sem divida as comeria
direito seja a circunstância de que a linguagem do cachorro também, porque é assim a natureza. Nós achamos que
ainda não tem tradutores oficializados. Mas talvez passe a somos os grandes comedores, só porque, do nosso ponto
ter no futuro e alguém venha a dizer que o Rex está se de vista, ocupamos o topo da cadeia alimentar. Ocupamos
sentindo prejudicado pelo seu dono e quer constituir nada. Cada um de nés, mesmo os que não portam parasitas,
advogado, para o que aplicará a impressão de sua pata em é hospedeiro de uma infinidade de "ecossistemas", para néo
uma procuração. falar nos muitos animais que, por exemplo, vivem do sangue
De certa forma, isso já começa a acontecer, como de mamiferos, inclusive nosso. Nós somos os favoritos de
demonstra o caso do habeas corpus do chimpanzé. Seus nés mesmos, não da natureza. Nossos corpos,
advogados inferiram que, sem companhia e encarcerado, o biodegradéveis como são, para outras espécies não passam
chimpanzé é infeliz e consegue comunicar que, sim, gostaria de simples comida e, homens, bichos ou plantas, a Terra
de ser transferido para uma moradia condigna. acabaré digerindo todos nés.
(RIBEIRO, Jodo Ubaldo. O Estado de S.Paulo, 01/05/2011)
Considerando a maravilhosa diversidade do ser humano,
acho que, a partir desse precedente, viremos a testemunhar Questão-07 - (IBMEC SP Insper)
ações movidas não somente por cachorros, gatos, peixes de
!
| | Fifaintervém no futebol do paise
aquário e outros animais domésticos, mas também, antecipo
eu, por bois de corte ou por frangos para abate. Não
descarto até mesmo a possibilidade de medidas contra o
1 cria comité paraorganizar eleu;ao Í
que certamente se chamará "zoofobia", em cuja ilícita
prática serão enquadrados, por exemplo, os que usarem as A respeito do verbo “intervir”, presente no título acima, é
palavras "galinha”, "vaca" ou "cadela" com intenção
correto afirmar que,
pejorativa. a) conforme o Acordo Ortográfico, em vigor desde 2009,
A situag&o deverá evoluir, em futuro talvez não muito não se usam mais acentos para diferenciar singular e plural
distante, para o estabelecimento dos niveis de consciéncia dos verbos derivados do “vir”.
das espécies e a consequente maior ou menor abrangéncia b) segundo a norma gramatical, o verbo “intervir”, na 3.º
de seus direitos. N&o é descabido imaginar a promulgagédo pessoa do singular no presente do indicativo, deve receber
de uma Declaração Universal dos Direitos dos Cées, ou do acento circunflexo.
Estatuto do Gato e assim por diante, cada um deles c) caso o autor optasse por usar o verbo ‘intervir’ no
definindo os critérios aplicáveis a cada espécie. É pretérito perfeito do indicativo, ele deveria escrever
complicado, porque, por exemplo, o direito de latir,
“interveio”.
certamente parte indissolúvél da liberdade de éxprésséo
d) para indicar a ideia de possibilidade ou hipétese, o
canina, pode conflitar com o difeito ao siléncio de um vizinho verbo “intervir’, no contexto em que aparece, poderia ser
humano, o que requereré imaginagédo e engenho da parte
conjugado assim: “intervisse”.
de legisladores é magistrados. &) embora seja empregado com frequéncia na variante
Questdes éticas e morais, filoséficas mesio, téréo que popular dé lingusgem, essé verbo é defectivo é néo pode
ser encaradas, por fhais incérhodas que sefam. O morcégo,
sér conjugddo no presente do indicativo
et e s b vv A v s am o
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TEXTO: 7 - Comum à questão: 8 que essas células abrem para a medicina, fazem questão de
lembrar que ainda serdo necessarios muitos anos de
As duas manas Lousadas! Secas, escuras e gárrulas estudos e testes até que elas possam ser usadas em
como cigarras, desde longos anos, em. Oliveira, eram elas tratamentos rotineiros.
as esquadrinhadoras de todas as vidas, as espalhadoras de Nance, por exemplo, lembra que as únicas CTs
todas as maledicências, as tecedeiras de todas as intrigas. usadas hoje na medicina são as da medula ¢ssea, que
E na desditosa cidade, não existia nódoa, pecha, bule desde 'Sos anos 1950 s&o empregadas no tratamento de
rachado, coração dorido, algibeira arrasada, janela doengas do sangue, como leucemias e anemias. “O uso de
entreaberta, poeira a um canto, vulto a uma esquina, bolo célulastronco para qualquer outro tipo de doenga deve ser
encomendado nas Matildes, que seus olhinhos furantes de considerado ainda em experimentag&o”, explica. “A maioria
azeviche sujo não descortinassem e que sua solta língua, dos estudos clinicos continua sendo realizada com pequeno
entre os dentes ralos, não comentasse com malícia numero de pacientes e sem controles adequados. Apenas
estridente. quando tivermos muitos desses estudos, controlados,
(Eça de Queirós,A ilustre Casade Ramires)
realizados em varios centros de pesquisa, é que poderemos
Questão-08 - (Fuvest SP) A correlação de tempos que, comprovar a real eficiéncia da terapia com células-tronco.”
neste texto, se verifica entre as formas verbais existia, 2A farmacéutica bioquimica Patricia Pranke,
descortinassem e comentasse, mantém-se apenas em: professora de hematologia da Faculdade de Farmécia da
a) nao existe; não descortinem; não comente. UFRGS, também prefere guardar certa reserva. Ela realiza
estudos na área de neurociéncia, mais especificamente na
b) não existiu; ndo teriam descortinado; não teria
comentado. tentativa de reconexdo de medula partida. Justamente o
c) não existira; não tinham descortinado; n&o tinha caminho para que paraplégicos possam levantar de suas
comentado. cadeiras de rodas e voltar a andar. N&o é de se estranhar,
d) não existira; não tiverem descortinado; não tiver portanto, as esperangas em milagres que esse tipo de
estudo gera.
comentado.
e) nao existiria; ndo descortinavam; não comentava. Mas a prépria pesquisadora não compartilha dessa
crenga. Ainda na fase de experiéncias com cobaias, ela ja
Questão-09 - (Fuvest SP) A frase em que a correlagéo de 2obteve bons resultados em ratos. Mesmo assim, mantém
tempos e modos verbais foge as normas da lingua escrita a calma e resume sua posição e a da maioria de seus pares:
padrao é: “Estamos cautelosamente otimistas. N&o podia ser diferente
a) Pode-se prever que os idedlogos do capitalismo usarão diante do que estamos conseguindo. Há dez anos, dizia-se
todos os apelos populistas de que puderem valer-se para que a reconexão da medula era impossivel. Hoje, sabemos
introduzir um forte golpe. que n&o. Mas também n&o devemos nos precipitar, porque
b) Em 1970, não houve argumento capaz de convencer a n&o se trata de milagre. É ciéncia, e a ciéncia é lenta’.
Disponivel em: <http:l/www terra.combr/revistaplaneta/edicoes/A54/artigo180208-3.htm>.
imprensa paulista de que seria de interesse geral a 12 Bienal “Acesso em: 10 nov 2010. Texto modificado.
Internacional do Livro.
c) Todos seriamos escravos de ideias maniqueistas, não Questão-10 - (UFU MG) Observa-se no texto a alternância
fora o trabalho desenvolvido pelos filésofos iluministas. de tempos verbais. A esse respeito, faça o que se pede:
d) Agora que ensandeceste, se a tua consciéncia reouver
um instante de sagacidade, tu diras que queres viver. a) Explique a razão dessa alternância.
e) Se os parlamentares tivessem tido preocupagdo de
discutir com seriedade as propostas, os eleitores só poderão
estar satisfeitos.

TEXTO: 8 - Comum a questio: 10

A revolução das Células-tronco


Evanildo da Silveira

“A expectativa hoje é tão grande que, se vocé diz


que vai tratar um paciente com células-tronco, é capaz de
ele se curar sozinho.” Embora dita em tom de brincadeira, a
frase da biéloga e geneticista Nance Nardi, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e uma das maiores b) Retire do texto dois períodos em que fique evidenciado o
especialistas do Brasil em células-tronco (CTs), dá bem a efeito de sentido provocado por essa alternância, conforme
medida da fama e das esperangas em torno dessa nova sua explicação dada emA.
possibilidade terapéutica. Mas é preciso cautela. Para Susar
um velho cliché: devagar com o andor. O santo não é de
barro, é verdade, mas ainda vai demorar a fazer milagres.
Até 1999, quando as CTs foram eleitas pela revista
Science o avanço cientifico do ano, pouca gente sabia do
que se tratava. Hoje, elas estão nas paginas dos jornais e,
por causa de sua capacidade de se transformar em qualquer
tecido do corpo humano, trazem esperangas de
recuperagéo para varios males. Alguns cientistas chegam
1%a dizer que sua descoberta é tão revolucionaria quanto a
da penicilina. Em sua maioria, no entanto, os pesquisadores
são mais cautelosos. Embora reconhegam as possibilidades

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