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Do Mercantilismo à Revolução

Industrial e Perfil do Empreendedor


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1ª Edição
Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD

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Sumário
Do Mercantilismo à Revolução Industrial e Perfil do Empreendedor
Para início de conversa… ................................................................... 04
Objetivos ........................................................................................... 05
1. A Era do Mercantilismo ......................................................... 06
1.1 A Revolução Industrial .......................................................... 07
1.2 A Revolução Industrial no Brasil ............................................. 09
1.3 A Terceira Fase da Revolução Industrial ................................... 10
1.4 A Era Pós-industrial .............................................................. 10
1.5 Definindo o Empreendedorismo ............................................. 11
1.6 Característica do Empreendedor ............................................. 14
Síntese ............................................................................................ 19
Referência ......................................................................................... 20
Para início de conversa…
Neste capítulo, falaremos sobre as características do mercantilismo
e da Revolução Industrial, com isso, veremos como esses dois períodos
históricos afetaram o desenvolvimento econômico e social da humanidade até
o final do século XX. Além disso, vamos analisar de que forma a Revolução
Industrial se desenvolveu no Brasil.

Por fim, vamos abordar as propostas de desenvolvimento tecnológico


projetadas para a era do pós-industrial, analisando os conceitos básicos do
empreendedorismo e aprendendo a identificar as características de um
empreendedor.

4 Empreendedorismo
Objetivos
▪▪ Compreender o processo de evolução da economia no mundo a
partir da era mercantilista até os dias de hoje.
▪▪ Identificar as fases da evolução econômica mundial, associando-as
ao desenvolvimento tecnológico.
▪▪ Entender os aspectos que orientam a era pós-industrial.

Tópicos abordados:

▪▪ A era do mercantilismo.
▪▪ A Revolução Industrial.
▪▪ A Revolução Industrial no Brasil.
▪▪ A Terceira Fase da Revolução Industrial.
▪▪ A Era pós-industrial.
▪▪ As bases do empreendedorismo.
▪▪ As características do empreendedor.
▪▪ Definindo o empreendedorismo.
▪▪ Características do empreendedor.

Empreendedorismo 5
1. A Era do Mercantilismo
O mercantilismo foi um conjunto de práticas econômicas instituído
na Europa durante o período absolutista, que ocorreu entre os séculos XV e
XVIII. Esse fenômenos se deu contraposição ao feudalismo, tendo como uma
de suas principais características a intervenção do Estado na economia.

Nesse momento histórico, a prosperidade do Estado era medida


pela quantidade de prata e ouro acumulada em seus cofres (bulionismo),
razão pela qual as grandes potências europeias da época (Inglaterra, França,
Espanha e Portugal) procuravam por esses metais no recém-descoberto
continente americano.

Na era do mercantilismo, as buscas pelas minas de prata e ouro nem


sempre eram bem-sucedidas. Além disso, o custo na localização dessas minas
e a taxação do Estado sobre sua produção desestimularam sua atividade
econômica, criando um cenário mais favorável ao comércio exterior como
caminho para o acúmulo de riqueza pelo Estado, trocando os excedentes de
produção por metais preciosos.

Para os mercantilistas, o sistema econômico era uma operação de soma


zero, em que o lucro de uma das partes necessariamente implicava na perda
da outra. Nas palavras de Jean Bodin, – Jurista francês (1530-1596) membro
do Parlamento de Paris e professor de Direito em Toulouse, considerado por
muitos o pai da Ciência Política graças à sua teoria sobre soberania – “Não há
nada que alguém ganhe e que outrem não perca”.

O Estado absolutista – regime político caracterizado pela concentração


de todos os poderes estatais na figura do rei – exercia forte controle sobre
o comércio, adotando políticas intervencionistas e centralizadoras na sua
relação com os demais países, estabelecendo barreiras tarifárias e medidas de
apoio à exportação. O objetivo era manter uma balança comercial favorável,
exportando mais do que importando, aumentando, assim, suas reservas dm
prata e ouro.

6 Empreendedorismo
Inventada por Heron de Alexandria (matemático e mecânico grego
que viveu durante o século I), a eolípila é considerada o primeiro aparelho
movido a vapor inventado pelo homem. O dispositivo consistia em e uma
esfera oca instalada em um eixo livre e cheia de água. Quando aquecida, a
água no interior da esfera era transformada em o vapor. A pressão produzida
pelo vapor saia por dois pequenos dutos curvados acoplados à estrutura,
transferindo energia para o eixo da esfera e fazendo com que ela girasse.

Em 1712, na Inglaterra, Thomas Newcomen utilizou o mesmo


princípio adotado por Heron e patenteou a primeira máquina a vapor. Um
dispositivo utilizado para drenar água acumulada nas minas de carvão de
Staffordshire.

Em 1765, o inventor escocês James Watt aperfeiçoa máquina


de Newcomen e inventa o primeiro motor a vapor. Utilizando a biela e a
manivela, Watt transforma o movimento linear da máquina de Newcomen
em movimento circular. Os motores a vapor passam a ser adotados como
nova fonte de energia nas fábricas e abrem espaço para a adoção de novas
tecnologias, ferramentas e métodos de fabricação.

1.1 A Revolução Industrial


Com a introdução das novas tecnologias, as ferramentas foram
substituídas pelas máquinas, e no lugar da tração animal, surgiram os motores
a vapor. As mudanças viabilizaram o aumento do nível de automatização nas
fábricas, o que implica em maior produtividade e ganho de escala, aumentando
as margens dos produtores.

A redução de preço dos produtos, consequência da diminuição dos


custos de produção, permitiu que um número cada vez maior de pessoas
tivesse acesso a esses itens, aumentando o mercado e viabilizando o surgimento
de novas fábricas. Esse conjunto de mudanças impactou profundamente o
processo produtivo, o modelo econômico e a estrutura social da Inglaterra do
século XVIII, determinando o fim do mercantilismo e o início de uma nova
era, que ficou conhecida como primeira Revolução Industrial (1760 a 1850).

Empreendedorismo 7
A primeira Revolução Industrial estabeleceu um período de passagem
da produção artesanal para a industrial. Antes disso, a maioria da população
europeia vivia no campo produzindo o que consumia. O processo produtivo
era conduzido integralmente pelos produtores, que, em algumas situações, se
organizavam em associações manufatureiras. Algumas delas reuniam diversos
artesões, normalmente, sob a liderança do proprietário da manufatura.

Em busca das novas oportunidades de trabalho, populações migraram


do campo para as fábricas localizadas nos centros urbanos. Estas passaram a
concentrar centenas de trabalhadores, que vendiam a sua força de trabalho em
troca de salário, tal movimento implicou na substituição da força de trabalho
artesanal pela assalariada. A automação da produção, o uso de mão de obra
infantil e feminina nivelaram a mão de obra por baixo, fazendo com que os
salários pagos aos trabalhadores das fábricas fossem baixos e as condições de
trabalho péssimas, agravadas pela ausência de direitos trabalhistas.

Pressionado pelos movimentos liberalistas, o Estado diminuiu sua


influência sobre o mercado. A maioria dos meios de produção e distribuição
passou a ser de propriedade privada e com fins lucrativos.

Decisões sobre oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos


deixaram de ser feitos pelo governo, e os lucros passaram a ser distribuídos
entre os proprietários que investiam em empresas que pagavam os salários
dos trabalhadores. O capital (controlado pelos banqueiros) e os meios de
produção (controlados comerciantes, industriais e agricultores) foram
separados do trabalho assalariado, que emergiu como uma nova classe social
- o proletariado. A mudança instituiu o capitalismo – sistema econômico
caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, pela existência
de mercados livres e de trabalho assalariado – como nova ordem econômica.

Durante a segunda Revolução Industrial (1850 a 1900), o movimento


se espalhou pelo mundo. Surgiram novas tecnologias de transporte com os
veículos automotores, como a locomotiva, os barcos a vapor e os aviões; assim
como novas fontes de energia (hidroelétrica e petróleo).

Essas tecnologias também foram utilizadas para aperfeiçoar as


máquinas industriais, tornando-as mais eficientes, assim como os sistemas de
produção, resultando em uma maior produtividade com redução de custos,

8 Empreendedorismo
como a linha de produção de Henry Ford – empreendedor americano (1863-
1947) criador do fordismo –, em 1914.

Na Itália e na Alemanha, a industrialização ocorreu após o


término dos conflitos que levaram à unificação desses países. Na Itália,
em 1861, com o término do movimento que ficou conhecido como “O
Ressurgimento”; e na Alemanha, em 1870, com o fim da Guerra Franco-
Prussiana. Nos Estados Unidos, a industrialização se fortificou depois da
Guerra da Secessão, em 1865.

1.2 A Revolução Industrial no Brasil


No Brasil, o intervalo de tempo entre 1500 e 1808, também chamado
de “Período da Proibição”, foi marcado pela proibição do desenvolvimento
de atividades industriais, a não ser as destinadas única e exclusivamente ao
consumo interno. A Coroa Portuguesa queria evitar que o desenvolvimento
econômico possibilitasse a independência política. No auge desse período
(1785), D. Maria I assinou um alvará desautorizando a manufatura de têxteis
na colônia, exceto as destinadas ao uso de escravos e trabalhadores. Somente
com a chegada da Família Imperial portuguesa, em 1809, D. João VI revogou
esse alvará e abriu os portos ao comércio exterior, taxando os produtos
importados em 24% e os produtos portugueses em 16%.

Em 1810, os ingleses, aliados políticos de Portugal, tiveram a taxação


de seus produtos reduzida para 15% por um período de 15 anos. A entrada
de produtos ingleses mais baratos e de maior qualidade afetou negativamente
o desenvolvimento industrial brasileiro. Somente em 1844, com a instituição
da Lei Alves Branco, elevando a taxa de importação dos produtos estrangeiros
que tinham similar brasileiro para 60%, é que o país teve alguma possibilidade
de industrialização.

Apesar da mudança na legislação, a falta de trabalhadores livres


que pudessem receber salário por seu trabalho e, assim, criar mercado,
limitou o desenvolvimento econômico brasileiro. Outro fator limitante
foi a falta de interesse dos latifundiários, donos das fazendas de café, em
investir nas indústrias.

Empreendedorismo 9
1.3 A Terceira Fase da Revolução Industrial
Para alguns pesquisadores, a terceira Revolução Industrial começou
no século XX, liderada pelos Estados Unidos. Seu início foi marcado pela
globalização dos processos de industrialização, com o surgimento dos
conglomerados industriais e das multinacionais, a introdução de novas fontes
de energia (nuclear, eólica e solar), a expansão dos meios de comunicação e o
grande aumento do consumo de massa.

Nesse período, avançaram as indústrias química, eletrônica e


informática, ademais, surgiram a engenharia genética, a biotecnologia e
a robótica. Dessa forma, houve uma melhora significativa nas condições
de trabalho graças à ampliação dos direitos trabalhistas. Também foram
fortalecidas a democracia, a livre iniciativa e o sistema capitalista. A
prosperidade das nações passou a ser medida pela sua capacidade de gerar
emprego e renda, universalmente medida pela evolução do Produto Interno
Bruto – PIB.

1.4 A Era Pós-industrial


O surgimento da internet, em 1969, foi percebido para muitos
historiadores como um divisor de águas no processo de desenvolvimento da
humanidade, marcando o início da era pós-industrial, também conhecida
como era do conhecimento ou da informação. Isso porque, antes dela, o
trabalho colaborativo era desenvolvido de uma forma muito lenta, em
grande parte por causa da pouca velocidade na troca de informação entre os
pesquisadores e o acesso restrito destes a grandes bases de conhecimento em
virtude das limitações tecnológicas dos sistemas de comunicação da época.

Com o surgimento das ferramentas de colaboração em grupo baseadas


na internet, essa realidade foi radicalmente transformada. Graças a esses novos
recursos, os pesquisadores do mundo inteiro passaram a ter rápido acesso ao
conhecimento mundialmente produzido. Além disso, o contato entre eles
deixou de ser esporádico ou restrito a eventos internacionais.

10 Empreendedorismo
Segundo Ethevaldo Siqueira (2011, n.p): “A grande mudança que
revoluciona a pesquisa científica e tecnológica em todo o mundo neste início
de século XXI é a passagem da inovação individual para a inovação colaborativa
centrada em redes”.

Na área de nanotecnologia, em 2008, o Large Hadron Collider (LHC),


um acelerador de partículas com vinte e sete quilômetros de circunferência,
considerado a maior máquina já criada pelo homem, passou a ser utilizado
para reproduzir em laboratório a criação de partículas elementares.

A Estação Espacial Internacional (EEI) é um outro exemplo de


desenvolvimento colaborativo. Trata-se de um laboratório em processo de
construção na órbita terrestre, envolvendo mais de cinquenta países ao custo
estimado de cento e cinquenta bilhões de dólares, utilizada para desenvolver
pesquisas nas áreas biológica (biomedicina e biotecnologia), física (incluindo
a de fluidos, dos materiais e a quântica), astronomia (incluindo cosmologia) e
meteorologia. Cálculos estimam que o projeto já produziu bilhões de dólares
em benefícios às pessoas na Terra nas áreas de suprimento de energia, suporte
à vida, comunicação, controle de orientação e altitude.

Nos Estados Unidos, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de


Massachussets começaram a testar os primeiros equipamentos capazes de
transmitir energia elétrica pelo ar, sem a necessidade de fios.

Na França, um grupo de cientistas, liderados pelo Dr. Thibault Cantat,


desenvolveram uma técnica que permite converter o dióxido de carbono
(CO2), um subproduto da produção de energia, em compostos que podem
ser usados para a síntese de produtos químicos hoje derivados do petróleo.

1.5 Definindo o Empreendedorismo


Como vimos anteriormente, o regime capitalista, consequência da
Revolução Industrial, mudou os valores e os padrões de consumo da sociedade,
além das relações entre as nações e destas com o seu povo. A automatização
dos processos industriais aumentou a oferta de produtos e reduziu os preços
e, além disso, viabilizou o surgimento de um novo mercado consumidor,

Empreendedorismo 11
desenvolvendo a economia.

Com as mudanças, surgiu um cenário favorável para o desenvolvimento


da livre iniciativa baseada em uma economia de mercado, fatores que
motivaram o desenvolvimento do empreendedorismo.

O empreendedorismo é uma característica da sociedade humana,


portanto, ele existe desde sempre, mas foi apenas nos últimos três séculos
que as técnicas e ações empreendedoras têm sido objeto de estudos formais.
Somente nas últimas décadas, o tema vem despertando interesse pela
comunidade acadêmica, integrando o currículo escolar de nível superior e
secundário.

No século XVIII, o economista francês Jean Baptiste Say (1767-1832)


associava o empreendedorismo à atividade econômica, ele definia como sendo
aquele capaz de gerar lucro - “O indivíduo capaz de mover recursos econômicos
de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno”.

O economista austríaco Joseph Schumpeter - economista e cientista


político austríaco (1883-1950). Serviu como Ministro das Finanças da
Áustria, em 1919, e foi um dos economistas mais influentes da primeira
metade século XX. Ele associava os empreendedores ao desenvolvimento
econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades em negócios.

Considerava-os como sendo os verdadeiros agentes de mudança na


economia, aqueles que inovavam, reformulavam e revolucionavam o processo
“criativo destrutivo” do capitalismo, por meio do desenvolvimento de uma
nova tecnologia ou do aprimoramento de uma antiga.

Segundo ele: “O empreendedor é o responsável pelo processo de


destruição criativa, sendo o impulso fundamental que aciona e mantém em
marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos
métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se
aos antigos métodos eficientes e mais caros”.

José Carlos Assis Dornelas, um dos maiores especialistas brasileiros


em empreendedorismo e plano de negócios. Engenheiro pela USP São Carlos,
com mestrado e doutorado pela USP, especialização em marketing pela ESPM

12 Empreendedorismo
e cursos de extensão em Harvard e no MIT, em seu livro: Empreendedorismo:
transformando idéias em negócios (2008, p.5), define os empreendedores como
“pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo
que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser
reconhecidas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado”.

Peter Drucker procura ressaltar os aspectos do empreendedor como


indivíduo, contestando a tese de que o empreendedorismo é algo inato, nas
suas palavras: “Qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar
pode aprender a ser um empreendedor e se comportar empreendedoramente.
O empreendimento é um comportamento, e não um traço de personalidade”.

Os dicionários definem o empreendedorismo como sendo “a atitude


de quem, por iniciativa própria, realiza ações ou idealiza novos métodos com o
objetivo de desenvolver e dinamizar serviços, produtos ou quaisquer atividades
de organização e administração”. Portanto, o empreendedorismo está voltado
para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à criação
de um projeto, que pode ser técnico, científico ou empresarial.

Hoje, o conceito do empreendedorismo está associado a práticas


proativas e inovadoras, que podem ocorrer em qualquer atividade ou em
qualquer lugar, tendo papel fundamental na sociedade moderna. Perceba
que, nos dias de hoje, empreender não está ligado somente ao mundo dos
negócios, em que o empreendedor busca resultado financeiro organizando
sua atividade empreendedora com a finalidade de obter resultado financeiro.
Citando Dornelas: “O empreendedor é aquele que faz as coisas acontecerem,
se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização”.

Para Walter dos Santos Soares Filho: “Os empreendedores são


indivíduos internamente motivados para atuar em seus negócios com
autoconfiança, mais desejosos de independência e autonomia que pessoas não
empreendedoras. São pessoas que possuem predisposição para o progresso,
têm uma percepção mais arrojada sobre o futuro e as próprias condições, para
enfrentar os fatores diversos ao meio”. “Acreditam na capacidade do homem
em construir o próprio destino, melhorar o ambiente externo e encarar
situações difíceis como desafios”. (SOARES, 1996, p. 207-208)

Empreendedorismo 13
1.6 Característica do Empreendedor

Apesar de ser uma característica de nossa sociedade, nem todas as


pessoas têm as características de um empreendedor.

De um modo geral, os autores acreditam que o empreendedor possui


algumas das características comportamentais relacionadas a seguir:

Perseverança

O empreendedor não desiste dos seus objetivos e busca superar as


adversidades, buscando soluções para os problemas que se interpõem entre
ele e o sucesso. Ricardo Piovan chama esta atitude de resiliência. Em seu
livro, “Resiliência: como superar pressões e adversidades no trabalho” (2010,
p.31) Piovan define: “A pessoa resiliente tem consciência de que dificuldades
fazem parte da vida e de que é preciso conviver com elas”, ainda (p.52), “A
pessoa resiliente é aquela que sofre crises, enfrenta mudanças ou situações de
forte estresse e consegue dar a volta por cima, transformando sofrimento em
competência”.

Senso de oportunidade

O empreendedor está sempre atento às mudanças de cenário,


percebendo-as como uma oportunidade a ser realizada. Para ele, as mudanças
fazem parte de um processo natural e contínuo de evolução da vida, portanto
deve aproveitá-las em vez de se opor a elas.

George Bernard Shaw, escritor irlandês (1856-1950), vencedor do


prêmio Nobel de literatura, em 1925, afirmou que: “Não há progresso sem
mudança. E, quem não consegue mudar a si mesmo, acaba não mudando
coisa alguma”, ou, ainda, nas palavras de Peter Drucker: “O empreendedor
sempre está buscando a mudança, reage a ela, e a explora como sendo uma
oportunidade”.

14 Empreendedorismo
Em 1965, foi inaugurado no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, o
primeiro shopping brasileiro. Em 2011, segundo a Associação Brasileira de
Shopping Centers divulgou que o número desses estabelecimentos chegou a
461, com faturamento R$ 108 bilhões.

Muitos daqueles comerciantes instalados nos grandes centros que


não entenderam, ou demoraram a perceber como essa mudança afetaria o
comportamento do seu cliente e não migraram para onde o consumidor
passou a estar, acabaram fechando suas portas, como foi o caso de lojas de
departamentos e cinemas.

Visão criativa e inovadora

Visão empreendedora e inovação são características que andam juntas


em empreendimentos de sucesso, o que alguns autores definem como visão
inovadora, algo que é fruto da percepção única e particular do empreendedor.

Em 1942, Joseph Schumpeter, em seu livro Capitalismo, socialismo e


democracia, definiu a inovação como uma ideia inovadora como “destruição
criativa”. Ele entendia a inovação como a grande força motriz do crescimento
econômico, que rendia ao inovador o monopólio da criação do novo produto
ou serviço até que outra inovação surgisse para destruí-lo.

Nas palavras de Albert Szent-Györgyi, psicólogo húngaro (1893-


1986). Prêmio Nobel de Psicologia em 1937: “A criatividade consiste em ver
o que todo mundo vê e pensar o que ninguém pensou”, ou no entendimento
de Albert Einstein, “A imaginação é mais poderosa que o conhecimento. Ela
alarga a visão, estimula a inteligência, desafia o impossível. Sem a imaginação,
o pensamento estagnará”.

Robinson Shiba, empresário brasileiro fundador e controlador da


rede de delivery de comida chinesa China in Box, costuma comentar em
suas palestras de como solucionou um dos primeiros problemas ocorridos na
implantação de seu negócio.

Empreendedorismo 15
O desafio era oferecer aos seus clientes um cardápio de comida chinesa
que fosse atrativo e que as informações pudessem ser entendidas, isso sem
mudar o nome dos pratos em chinês. A solução veio na forma do primeiro
cardápio com fotos coloridas do Brasil.

Outro caso de sucesso de solução criativa e inovadora foi o da


invenção do velcro pelo inventor suíço George de Mestral (1907-1990), em
1948. Mestral. Retornando de um passeio pelo campo com seu cão, Mestral
notou que suas roupas e o pelo do seu cão estavam cobertas de carrapicho
(semente espinhosa ou invólucro espinhoso de sementes de certas plantas das
famílias das gramíneas). Curioso, ele examinou, com ajuda do microscópio,
os carrapichos presos nas suas roupas, procurando entender como aquelas
sementes se prendiam tão firmemente.

Ele observou que pequenos ganchos da semente se entrelaçavam com


pequenos laços no tecido. Então, Mestral teve a ideia de desenvolver um
prendedor formado de duas partes: uma superfície com pequenos ganchos
rígidos, como o carrapicho, e a outra com pequenos laços flexíveis, como o
tecido de sua calça.

Liderança

Cabe ao empreendedor liderar o processo de implantação dos seus


projetos e, para isso, ele deve saber lidar com pessoas trabalhando em equipe.
Para tal, é preciso saber orientar e motivá-las a trabalhar juntas, tendo a
certeza de que todos estão indo na direção certa. “Temos que desfazer um
conceito secular e convencer nossos gerentes de que seu papel não é controlar
as pessoas e ficar “por sim” e sim orientar, energizar e estimular.” – Jack
Welch, executivo norte-americano (1935) foi presidente e CEO da General
Electric (GE) em 1981. Considerado o mestre do planejamento estratégico,
fez com que a GE se tornasse a número 1 ou 2 em tudo o que produzia.

O líder “acredita na capacidade do homem em construir o próprio


destino, melhorar o ambiente externo e encarar situações difíceis como
desafios”. (SOARES, 1996, p.207-208).

16 Empreendedorismo
Bernardo Rocha de Rezende (O Bernardinho, treinador de voleibol
brasileiro (1959), o maior campeão da história do voleibol, acumulando mais
de trinta títulos importantes em vinte anos de carreira dirigindo as seleções
brasileiras feminina e masculina), em seu livro “Transformando suor em ouro”
(2006, p.115) afirma que a motivação está baseada em dois pilares: necessidade
e paixão. Ele comenta uma conversa que teve com um dos jogadores de
sua equipe, José Montanaro Júnior, em que este dizia que a necessidade o
motivava vencer na vida. Para Bernardinho, a motivação vem da paixão que
ele tem pelo esporte - “Eu gostava demais de todo o processo, do dia a dia,
mesmo cansativo, do esporte”.

Iniciativa

A iniciativa, ou pró-atividade, é a característica daquele que não fica


esperando que a oportunidade venha até ele.

Segundo Max DePree (empresário e escritor norte-americano,


fundador e presidente Herman Miller, a principal empresa de inovação no
setor moveleiro há sessenta anos e regularmente incluída como uma das 25
mais admiradas da revista Fortune Empresas nos Estados Unidos) “O mundo
só acredita em ação, porque pode ser vista de imediato. O tempo de pregar já
passou. É hora de agir.”

Lech Walessa (ativista político polonês de esquerda eleito presidente


da Polônia em 1990 e Prêmio Nobel da Paz, em 1983), uma das referências
mundiais em empreendedorismo, político, afirmou, ao Congresso da Polônia,
que o mercado para palavras estava em declínio.

Dornelas (1971, p.22) entende que o “empreendedorismo é o


envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação
de ideias e oportunidades”. Portanto, ter as características de um empreendedor
é bom começo para que o empreendimento tenha sucesso, mas não é o
suficiente. É preciso ter equipe, gestão e liderança.

Empreendedorismo 17
Iniciamos este capítulo entendo como eram as práticas econômicas na
Europa durante o período mercantilista (séculos XV a XVII). Vimos de que
forma a evolução tecnológica cooperou para o surgimento primeira revolução
industrial e como esta contribuiu para o surgimento do capitalismo.

Compreendemos como a inovação tecnológica contribuiu para a


evolução da revolução industrial e como esta evolução influenciou na estrutura
socioeconômica das nações.

Ao final, podemos ter a percepção de que caminhos o desenvolvimento


tecnológico nos levará a partir da era do conhecimento.

18 Empreendedorismo
Síntese
Neste capítulo, você aprendeu que o empreendedorismo é uma
atitude comportamental inerente ao ser humano, uma questão de
características de personalidade dos indivíduos. Você conheceu as definições
de empreendedorismo de vários autores a partir do período mercantilista até
os dias de hoje. Conheceu casos de sucesso de projetos empreendedores.

Conheceu as principais características do empreendedor e concluiu


lendo e ouvindo depoimentos de empreendedores bem sucedidos e de
relevância internacional.

Empreendedorismo 19
Referência
DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em
negócios. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

20 Empreendedorismo

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