Você está na página 1de 9

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número 0850024-74.2023.8.19.0038


em 06/10/2023 15:58:28 por FLAVIO DE SOUZA SENRA
:33
Documento assinado por: , 19
4 2
3.20
2 6.0
- FLAVIO DE SOUZA SENRA m
Pe
0/S
.76
305
A B:
,O
O ZO
RD
CA
A
LIM
DE
NA
IA
ADR
or
sil p
ra
sb
o Ju
don
ixa
o ba
ent
cum
Do

Consulte este documento em:


https://tjrj.pje.jus.br:443/1g/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam
usando o código: 23100615582710400000077361824
ID do documento: 81286797
EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DO JUÍZO DO 2º JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU – RJ
3
1 9:3
24,
3.20
2 6.0
m
Pe
0/S
.76
305
A B:
O
Z O,
RDO
CA
A
LIM
DE
A
I AN
ADR
or
il p
bras
J us
no
do
a ixa
b
e nto
Autos nº 0850024-74.2023.8.19.0038
cum
Do
TABAS TECNOLOGIA IMOBILIÁRIA LTDA. (“TABAS”), pessoa jurídica de direito
privado, inscrita no CNPJ/ME sob o nº 37.010.059/0001-70, com sede à Rua José Maria
Lisboa, nº 129, Jardim Paulista, São Paulo/SP, CEP 01423-001 (Docs.1 e 2), nos autos
da ação indenizatória que lhe move THIAGO DOS SANTOS COSTA (“AUTOR”), vem
apresentar a sua CONTESTAÇÃO, nos termos expostos a seguir.

I.
RESUMO DO PROCESSO

1. Trata-se de ação ajuizada sob a alegação de que o AUTOR realizou, via AIRBNB,
a locação do imóvel, situado na Rua Rego de Freitas, 454, São Paulo/SP (“IMÓVEL”), e
cuja vigência se daria entre 25 de agosto de 2023 a 27 de agosto de 2023.

2. Segundo narrado pelo AUTOR, após a realização da reserva e o pagamento


do valor de R$ 599,96 (quinhentos e noventa e nove reais e noventa e seis centavos),
a TABAS teria enviado o link para preenchimento do formulário que viabilizaria a
entrada do AUTOR no dia do check in, e, após, teria cancelado a locação.
3. Com base nisso, o AUTOR pleiteia que a TABAS e o AIRBNB sejam condenados
ao pagamento de danos morais no valor de R$ 10.000,00 (quinze mil reais).
:33
19
4. Contudo, conforme se verá a seguir, não houve falha na 2prestação de
4,
2 0
serviços, o que afasta o dano moral pleiteado. 3.
6.0 2
m
Pe
II. 6 0/S
5.7
: 30
DA IMPOSSIBILIDADE DE INVERSÃOADO
B ÔNUS DA PROVA
O
Z O,
R DO
5. Cumpre destacar que o AUTORCApleiteou, de forma absolutamente infundada,
M A
a inversão do ônus da prova, comEfulcro
L I no Código de Defesa do Consumidor. Ocorre
D
A
que, no presente caso, tal requerimento
AN deverá ser prontamente indeferido, uma vez
D RI
A do AUTOR nos aspectos probatórios.
que não há hipossuficiência
or p
il
b ras
us
6. Ano Jhipossuficiência regida pelo CDC diz respeito à dificuldade que o
do
a ixa
consumidor eventualmente tenha de comprovar sua alegação, figurando, nesta
o b
nt
hipótese, o instituto da inversão deste ônus. Contudo, tal inversão não pode ser
u me
o c banalizada para qualquer fato ou prova nos autos, por simplesmente haver uma
D
relação de consumo a ser discutida.

7. Como cediço, a inversão do ônus da prova não abarca toda a matéria


probatória, mas apenas a parte na qual o consumidor dispõe de hipossuficiência
técnica. A esse respeito, leciona Milton Paulo de Carvalho Filho que “a hipossuficiência
deve relacionar-se com a dificuldade do consumidor de desincumbir-se do ônus de
provar os fatos constitutivos do seu direito”1. Ainda, sob o mesmo prisma, Carlos
Roberto Barbosa Moreira2 destaca que “refere-se à dificuldade na tarefa da produção
da prova pelo consumidor”. No mesmo sentido, ainda, é a lição de Antônio Gidi:

“Em sendo verossímil a alegação do consumidor, ainda seria preciso


aferir a sua hipossuficiência? Como vimos, inverte-se o ônus da prova
apenas como forma de facilitar a defesa do consumidor em juízo.
Assim, se o autor, em tese, dispõe de meios para provar as suas
alegações, a inversão é de todo desautorizada. Temos, portanto, que,
para que a inversão do ônus da prova seja autorizada, tanto a

1
Ainda a inversão do ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor, Revista dos Tribunais, v. 807, Jan. 2003,
p. 69.
2
Notas sobre a inversão do ônus da prova em benefício do consumidor, RePro nº 86, São Paulo, p. 303.

2
afirmação precisa ser verossímil, quanto o consumidor precisa ser
hipossuficiente.”.
3
1 9:3
8. A jurisprudência também é firme ao limitar a inversão do ônus24da prova aos ,
.20
aspectos sobre os quais o consumidor não disponha de meios probatórios, 6 .03 impedindo
2
que abranja todos os fatos constitutivos do direito da parte: P e m
0/S
5 .76
30
APELAÇÃO. CONSUMIDOR. INDENIZATÓRIA. A B: FATO DO SERVIÇO. ONUS
O,O
PROBANDI. AUSÊNCIA DEOZVEROSSIMILHANÇA NAS ALEGAÇÕES
RD
AUTORAIS. MANUTENÇÃO CA DO DECISUM. Afigura-se na hipótese,
M A
I
L impondo-se, portanto, ao fornecedor de serviços
relação de consumo, DE
A
a responsabilidade AN civil objetiva, estando o consumidor desonerado
D RI
do ônus A
or de provar a culpa da parte ré no evento danoso, nos termos
s il p
do
br inciso II, do § 2º do art. 14 do Código de Defesa do Consumidor, que
a
J us
o traz a responsabilidade pelo serviço defeituoso. Nada obstante,
don
ixa incumbe ao demandante demonstrar minimamente os fatos
o ba
t
e n constitutivos do seu direito, ex vi do art. 373, inciso I, do NCPC, bem
c um
Do como a verossimilhança das suas alegações, a fim de viabilizar a
inversão do ônus probandi. Nesse sentido, o enunciado nº 330 dessa
Corte: "Os princípios facilitadores da defesa do consumidor em juízo,
notadamente o da inversão do ônus da prova, não exoneram o autor
do ônus de fazer, a seu encargo, prova mínima do fato constitutivo do
alegado direito". Com efeito, como se sabe, em regra, cumpre: (i) ao
autor demonstrar o fato constitutivo de seu direito (art. 333, I do
CPC/73, atual art. 373, I do NCPC); (ii) ao réu provar o fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, II, do CPC/73,
atual art. 373, II do NCPC). A norma que distribui o ônus da prova tem
uma dupla finalidade no processo civil brasileiro contemporâneo.
Serve como guia para as partes, funcionando assim como uma regra
de instrução, com o que visa estimular as partes à prova de suas
alegações e adverti-las dos riscos que correm ao não prová-las. (...).3

3
TJ-RJ, Apelação nº 0028095-31.2016.8.19.0210, Rel. Des. Renata Machado Cotta, Terceira Câmara Cível, julg.
em 13.02.2019

3
9. Ora, não há dificuldade alguma para que o AUTOR comprove a
excepcionalidade da situação que justifica a configuração de danos morais (os quais
não são, no presente caso, in re ipsa, conforme se verá a seguir). 3 :3
, 19
0 24
10. Assim, de rigor que seja indeferida a inversão do ônus da 3.2
.0prova, na medida
2 6
em que não há hipossuficiência técnica para que o AUTOR m
e comprove os fatos
0 /SP
constitutivos de seu direito. Contudo, à luz do princípio 6
5.7 da eventualidade, caso se
: 30
entenda que é o caso de se deferir a inversão do ônus B da prova, requer a TABAS que tal
, OA
ZO oportunizando a dilação probatória,
inversão seja feita quando da decisão saneadora,
R DO
CA de Justiça no REsp nº 802.832 4.
conforme decidido pelo C. Superior Tribunal
A
LIM
DE
A
I AN III.
DR
rAo DO DANO MORAL:
s il p
raDA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA TABAS
sb
u
n oJ
do
a ixa A TABAS
11. é uma empresa jovem e inovadora especializada em locações
b
nto
imobiliárias, cujo modelo de negócio consiste na gestão de imóveis no âmbito de
me
o cu
D locação residencial, por meio de parcerias com proprietários de apartamentos.

12. Em síntese, a TABAS transforma os imóveis dos proprietários em belos


espaços para viver, prontos para morar e nos melhores lugares da cidade, e exerce sua
administração.

13. Pois bem. Feitos esses esclarecimentos, é preciso pontuar que a TABAS deixa
bastante claro, na plataforma AIRBNB, que a reserva somente será aceita após a
aprovação do formulário devidamente preenchido.

14. Tal informação está prevista na plataforma de agendamento de modo que


o AUTOR possuía conhecimento do procedimento:

4
Superior Tribunal de Justiça, 2ª Seção, Min. Relator Paulo de Tarso Sanseverino, Julgado em 13.04.2011.

4
3
1 9:3
24,
3.20
2 6.0
m
Pe
0/S
.76
305
A B:
O
Z O,
RDO
CA
15. Considerando essa informação A (passada anteriormente ao AUTOR), tão logo
E LIM
recebeu o formulário, a TABAS D
A tomou as providências para aprovar o formulário
I AN
enviado com a maior brevidade
AD
R possível.
r
il po
ras b
16. NaJmedidaus em que não houve aprovação, a TABAS de imediato procurou o
n o
AUTOR, comunicando-lhe
do esse fato e providenciando a devolução/estorno de todos os
a ixa
b que haviam sido pagos.
valores
to
n
u me
c
Do
17. É evidente, portanto, que não há nenhuma ilicitude na postura adotada pela
TABAS: a reserva apenas não foi confirmada, após o envio do formulário de ocupação.
Repita-se que o AUTOR tinha conhecimento de que havia possibilidade de
cancelamento da reserva após envio do formulário.

18. Vale dizer que, não havendo ilicitude (por ser uma possibilidade
devidamente avisada ao AUTOR), não há que se falar em indenização de qualquer
espécie, principalmente danos morais.

19. Por sua natureza, esta espécie de indenização demanda especificação e


pormenorização detalhada do evento danoso e de suas consequências, a fim de
analisar sua caracterização no caso concreto.

20. Não há, porém, qualquer documento nos autos que comprove os supostos
prejuízos decorrentes dos fatos narrados, de modo que não há que se falar em danos
morais.

5
21. Ora, como se sabe, o dano moral é caracterizado quando há ofensa à honra,
privacidade, intimidade, imagem, nome ou até ao próprio corpo físico da pessoa. Não
há, no Brasil, punitive damages. 3 :3
, 19
0 24
22. Ao analisar a presente demanda, verificou-se que o que .2
6 .03 ocorreu foi no
2
máximo um dissabor (repita-se: avisado antecipadamente), Puma em vez que a situação
fática apresentada retrata apenas o cancelamento da reserva 0/S ante a não aprovação do
5 .76
0
formulário. :3
AB O
Z O,
DO R que a TABAS efetuou o procedimento de
23. Para além disso, cumpre ressaltar CA
A
estorno dos valores pagos pelo AUTOR E LIMimediatamente após o cancelamento da reserva,
D
salienta-se que após o requerimento A de reembolso junto a operadora de cartão de
I AN
D R
crédito Mastercard, após r A 48 (quarenta e oito) horas, o valor correspondente à
i l po
hospedagem haviabr
assido integralmente reembolsado ao AUTOR.
us
n oJ
24. do
a ixa Ora, é
óbvio que o ocorrido não passa, no máximo, da esfera do mero
b
e nto
aborrecimento e
não gera repercussão anímica extraordinária, encontrando-se na
c um
Do esfera de eventos possíveis de ocorrerem, não sendo indenizável, especialmente
quando a TABAS agiu de forma diligente, requerendo de imediato o estorno dos valores
despendidos pelo AUTOR na locação do imóvel.

25. Contudo, na remota hipótese de assim não se entender, o que se admite


apenas à luz da eventualidade, tem-se que os valores pleiteados ferem os princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade.

26. Afinal, em uma clara tentativa de enriquecimento sem causa, o A UTOR


pleiteia a quantia exorbitante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), o que claramente não se
pode admitir.

27. Portanto, resta demonstrado que não há que se falar em responsabilização


da TABAS, seja por ausência de ilicitude em sua conduta (avisada antecipadamente ao
AUTOR), seja por ausência de comprovação dos supostos danos sofridos pelo AUTOR.

28. Subsidiariamente, porém, caso assim não se entenda, de rigor que os danos
morais sejam arbitrados em consonância com os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, levando em conta os fatos que permeiam esta ação.

6
IV.
DA IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA
3
1 9:3
29. Por fim, apesar de pleitear a concessão do benefício da Justiça 24
, Gratuita, o
.20
AUTOR não apresentou nenhum documento apto a comprovar a sua .0 hipossuficiência
3
26
econômico-financeira de arcar com eventuais custas eP edespesas processuais m
0/S
decorrentes da propositura da presente ação – sendo 5que .76 as custas ficam suspensas
0
até a sentença nos termos do artigo 54 da Lei nºAB9.099/95 :3 - de modo que deve ser
O,O
indeferido o seu pedido de Justiça Gratuita. OZ
RD
CA
A
30. Pelo exposto, requer-se E LoIMindeferimento do pedido formulado pelo AUTOR
D
para concessão do benefício NAJustiça Gratuita.
Ada
I
DR
o rA
il p
r as V.
b
J us
o CONCLUSÃO
don
ixa
o ba
t
en 31. Por todo o exposto, requer a TABAS que os pedidos formulados pelo AUTOR
c um
Do sejam julgados improcedente, uma vez que:

(i) Não há que se falar em dano moral, haja vista que a. a TABAS agiu
diligentemente visando aprovar o formulário com a maior brevidade
possível; b. ante a não aprovação do formulário a TABAS comunicou de
imediato ao AUTOR; c. a TABAS procedeu de imediato com o requerimento
junto a operadora do cartão de crédito para estornar os valores
despendidos pelo AUTOR; e d. o AUTOR também não demonstrou os danos
morais sofridos; e
(ii) Ainda, requer a TABAS que seja indeferido o pedido de concessão de
benefício da Justiça Gratuita formulado pelo AUTOR, haja vista que não foi
comprovada a sua insuficiência econômica-financeira para arcar com as
despesas da demanda

32. Contudo, caso assim não se entenda, o que se admite apenas à luz da
eventualidade, requer a TABAS que o valor que venha a ser fixado a título de danos
morais leve em conta o contexto do caso.

7
33. Por fim, requer a TABAS a produção de todos os meios de prova admitidos,
bem como que todas as publicações e intimações que forem feitas pela Imprensa 3
1 9:3
sejam veiculadas exclusivamente em nome do advogado FLÁVIO DE24SOUZA SENRA
,
0
(OAB/SP nº 222.294), sob pena de nulidade. 3.2
6.0 2
m
Pe
6 0/S
São Paulo, 5 de outubro de 2023
5.7 0
B:3
, OA
OZO
DR
Felipe Rodrigues Tatiana CAMarcantonio Júlia Porto Jacyntho
A
OAB/SP nº 305.681 E LIM
OAB/SP nº 421.777 OAB/SP nº 482.274
D
A
I AN
ADR
or
il p
bras
J us
no
do
a ixa
b
e nto
cum
Do

Você também pode gostar