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Nesta aula abordaremos assunto que vem despertando atenção de

professor@s e alun@s da educação de jovens e adultos nos últimos tempos.


Trata-se do uso das tecnologias da informação e da comunicação aplicadas à
educação, conhecidas pela sigla TCI´s, e no nosso caso, mais especificamente
na EJA.

Figura nº 1: as Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas à Educação

Uma vez que @s educand@s da EJA retornam a escola, em geral,


motivados pela crença que a escolarização de algum modo pode proporcionar,
segundo (RUMMERT, 2002, 125), uma “vida melhor”, de maneira geral,
abrindo-lhes as portas para melhores oportunidades de inserção social; Já aí a
questão do uso das tecnologias da informação e comunicação representa não
um capítulo à parte, mas uma dimensão importante dentro do conjunto de
fatores que pautam a vida destes sujeitos sociais, pois mesmo que não sejam
totalmente, pelo menos em parte constituem importante elemento que pode
afastá-los do movimento do conjunto da sociedade, ou pelo privá-los, ainda que
parcialmente, do acesso à boa parte das atividades humanas exercidas na vida
social na história do tempo presente.
Para a EJA esta questão assume uma dupla problemática, a
saber:

Figura nº 2: uma turma de Jovens, Adultos e Idosos em sala de aula.

A primeira problemática é a de construirmos uma perspectiva de


entendimento acerca do que são essas tecnologias, o contexto em que
surgem, suas formas de apropriação e os objetivos do uso das mesmas,
desmistificando não só sua existência, como também apontando como sua
apropriação por quem quer que seja nunca é neutra, portanto destituída de
sentido, possuindo uma historicidade que precisa ser percebida, algo que nos
remete aos pressupostos teóricos da pesquisa de (COELHO & CRUZ, 2008, p.
1). A segunda problemática diz respeito ao fato de que integradas ao processo
de ensino-aprendizagem numa perspectiva “freireana da dialogicidade
integrada aos” estudos sócio-construcionistas de Vygotsky, as TIC´s assumem
uma tarefa, conforme apontado pela pesquisa, de facilitadora da aprendizagem
em diversos aspectos desde a alfabetização até a produção textual, passando
pelo letramento. Neste sentido, oferece caminhos novos para a realização as
atividades propostas em sala de aula, conforme indicam (COELHO & CRUZ,
2008, p. 8-10). Ao mesmo tempo, e não menos importante, cria uma ambiência
mais próxima da realidade social deste aluno(a), que mesmo sem conhecer a
fundo a informática vê e percebe perfeitamente como ela cada vez mais vem
fazendo parte do cotidiano da sociedade, desde um caixa de supermercado até
a interação com os Bancos pela receber salário, necessidade de fazer
pagamentos de contas, sacar dinheiro, etc., como apontam (COELHO & CRUZ,
2008, p. 3).

Figura nº 3: Recursos digitais para pesquisa consulta e leitura

Deste modo, não como um tema em si, um conteúdo isolado e


delimitado, ao longo dos últimos muitos tempos professor@s vem incorporando
gradativamente a informática no planejamento da minha prática pedagógica na
EJA, seja pelo fato de que não se pode negar, a saber, as facilidades que ela
cria, a serviço da construção de conhecimentos com @s alun@s, seja pelos
insumos que ela agrega ao fazer docente, trabalhando com a imagem, o
movimento, a cor, a forma, o conteúdo, a interpretação, a tomada de cena em
vários ângulos e perspectivas, o som, todos estes recursos importantes para
que se possa trabalhar com os conceitos fundantes dos diversos componentes
disciplinares, de maneira a trabalhar com outros conceitos mais avançados
como categorias de análise. Portanto, ao mesmo tempo em que se aponta a
possibilidade de utilização cada vez mais ampliada nas práticas docentes em
EJA das tecnologias informacionais, tomadas mesmo sob o ponto de vista da
definição do conceito de tecnologia social, segundo (DOMINICK & SANTOS,
2011, p. 53-54), vislumbra-se as alegrias e demonstrações de satisfação e
contentamento manifestas pel@s educand@s da EJA, descritas ao longo do
texto de (COELHO & CRUZ, 2008), como algo que deve fazer parte do
cotidiano da sala de aula da EJA. Sabemos o que representa essa ambiência
na vida d@s noss@s alun@s, algo que além de estimular suas potencialidades
cognitivas, pode ser colocado a serviço da própria formação humana como
recurso que aumenta ainda mais a capacidade de intervirem na realidade. Esse
aprendizado pode se traduzir não só em oportunidades de emprego e com isso
de melhoria de suas condições de sobrevivência, tal como aconteceu com “(...)
a estudante Carla Cristina Amaral Abreu, de 20 anos, moradora de Luziânia,
Mato Grosso, teve dificuldade para conseguir estágio por causa da falta de
conhecimentos de informática”1, como pode ser uma condição social para o
acesso à plena cidadania na perspectiva que ressaltam (COELHO & CRUZ,
2008, p. 14). Esse aspecto também é endossado pelo exemplo e
argumentação citados pelo Caderno de EJA Tecnologia e Trabalho de 2007, no
artigo intitulado Novas diferenças sociais2. Portanto, a incorporação da
informática pode significar a ampliação da participação dos estudantes da EJA
nos diversos setores da sociedade civil proporcionando-lhes entender de forma
mais consciente os movimentos e tendências que perpassam a vida social em
seus diversos campos no tempo em que vivem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. SECADIMEC. Cadernos de EJA Tecnologia e Trabalho, 2007. Novas


diferenças sociais In: BRASIL. SECADIMEC. Cadernos de EJA Tecnologia e
Trabalho, 2007, p 16-19.

COELHO, Suzana Lanna Burnier, CRUZ, Regina Mara Ribeiro. Limites e


possibilidades das tecnologias digitais na Educação de Jovens e Adultos
In Anais da 31ª Reunião Nacional da ANPED. Trabalho apresentado no GT 18,
Caxambu, 2008.

DOMINICK, Rejany dos S. e SOUZA, Neiva V. Tecnologias em diálogo na


formação de professores. Revista Aleph (UFF. Online), Ano 5, v.15, Julho de
2011. Disponível em: http://www.uff.br/revistaleph/pdf/revista15.pdf. pp. 50-64.

RUMMERT, Sônia M. JOVENS E ADULTOS TRABALHADORES E A


ESCOLA: UMA RIQUEZA DE UMA RELAÇÃO A CONSTRUIR In FRIGOTTO,
Gaudêncio, CIAVATTA, Maria (Orgs). A experiência do trabalho e a educação
básica. Rio de Janeiro; DP&A, 2002, p. 117-129.

1
Cf em Novas diferenças sociais In: BRASIL. SECADIMEC. Cadernos de EJA Tecnologia e Trabalho, 2007,
p 17.
2
Cf em (Idem, Ibidem).
Feitas estas considerações iniciais, que tal pensarmos na nossa
realidade, como professor@s e demais profissionais de outros campos de
atuação em instituições e movimentos sociais? Elegemos alguns
artefatos/métodos (tecnologias) como excelentes
equipamentos/ferramentas/aplicativos para um trabalho promissor, que pode
nos levar à construção de conhecimento suscitando questões para discussões
além de atividades lúdicas que possibilitem uma educação dialógica, de caráter
experimental, sempre provisório e inacabado e nunca de caráter definitivo,
estático e acabado, porém, com grandes contribuições para uma formação
crítica tanto de educand@s como de educadores que atuam na EJA. São eles:
1. Os tabletes, os smartphones, celulares com câmeras digitais;
2. As redes sociais, sobretudo o facebook e o whatsapp,
simplesmente porque são aqueles aplicativos para esse fim que são
mais utilizados pelo diversos atores sociais presentes na comunidade
escolar de faço parte;
3. E por último, mas não menos importante, a internet e seus
instrumentos de pesquisa de informação.

Para cada um deles elegemos três atividades interessantes, que podem


despertar a curiosidade, a tomada de posição e decisão dos atores da EJA:
1. No caso dos tabletes, smartphones e celulares com câmeras
digitais:
 a proposição de coleta de textos verbais e não verbais, ou seja,
imagens, dados, gráficos, tabelas, etc. relacionados a um
conteúdo que já foi trabalhado, está sendo trabalhado ou será
trabalhado em sala de aula, tendo em vista os critérios usados
pelos alunos para sua escolha;
 apresentação e justificativa;
 posterior debate e discussão.

2. No caso das Redes Sociais, sobretudo, o facebook e o whatsapp:


Figura nº4: As redes sociais: encurtando as distâncias e
aproximando o mundo e as diferentes culturas

 Acesso a textos verbais e não verbais, como charges, tiras e/ou


quadrinhos opinativos sobre situações cotidianas;
 Seleção de fontes documentais para análise de
discurso/conteúdo para apresentação com justificativa da escolha
para debate e discussão em sala de aula;
 Elaboração de perguntas, fichas e/ou formulários de pesquisa de
opinião com grandes presteza e agilidade.

3. No caso da internet e seus instrumentos de pesquisa de


informação:
 Pesquisa livre de temas, imagens, textos, dados numéricos,
produção de gráficos, tabelas e/ou curvas;
 Utilização do GoogleMaps como excelente ferramenta de trabalho
que nos permite entre outras coisas “alfabetizar” geograficamente
trabalhando de forma lúdica os conceitos fundantes da cartografia
para compreensão e leitura de mapas, construir conceitos como
espacialização e territorialização, trabalhando a identidade dos
sujeitos da EJA na diversidade;
 Analisar elementos que já se apresentam sistematizados para
uma análise crítica, utilizando-nos deles como fontes ou
documentos históricos, por exemplo.
E você, prezad@ alun@? O que lhe parece esse desafio do uso das TIC´s no
seu cotidiano? Fale um pouco do que acha sobre esse assunto. Você é usuário
de algum destes recursos? Qual? Como você acha que esse recurso pode
contribuir não só para a sua formação como também para a sua atuação
profissional? A respeito do seu campo de formação, como estas tecnologias
podem ser utilizadas e que ganhos elas podem trazer para o seu fazer
profissional no dia-a-dia?

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