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O USO DO WHATSAPP COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO

DA MATEMÁTICA1
THE USE OF WHATSAPP AS A PEDAGOGICAL TOOL ON MATHEMATICS TEACHING

Diovana Guerra Simões PPGECIM ULBRA Canoas/RS - E-mail: diovanasimoes@gmail.com

Eixo Temático 1. Ensino e aprendizagem por meio de/para o uso de TDIC


1.1 Aprender por meio das diferentes tecnologias – da educação básica à pós-graduação

Resumo:
O presente artigo apresenta um recorte de uma proposta desenvolvida com uma turma de nono
ano, do Ensino Fundamental, em uma escola Municipal de Igrejinha/RS, que utilizou o aplicativo
WhatsApp como uma estratégia para o ensino da Matemática, cujo objetivo foi contribuir para
o aprimoramento de conceitos matemáticos, bem como desenvolver a autonomia e
responsabilidade dos alunos em relação aos estudos, buscando explorar as potencialidades do
aplicativo como um diferencial para o saber. Para tanto, utilizou-se como aporte teórico
pesquisas sobre o uso de Tecnologias Digitais como apoio ao processo de ensino e aprendizagem.
Este trabalho teve um enfoque qualitativo, apresentando um relato de experiência que descreve
as etapas realizadas durante a proposta e o desempenho do grupo de pesquisa frente as
atividades, cujos resultados apontam possibilidades para a construção de conhecimentos
matemáticos, utilizando-se de materiais pedagógicos em ambientes de interação virtual. Foi
possível verificar oportunidades e desafios, ao utilizar-se das Tecnologias Digitais disponíveis,
mudando a forma de pensar e oportunizando novas alternativas para a construção do saber.
Palavras-chave: Educação Matemática; Tecnologia Digital; WhatsApp.

Abstract:
This article presents an excerpt from a proposal developed with a class of ninth grade,
Elementary School, in a Municipal school in the City of Igrejinha/RS, which used the WhatsApp
application as a strategy for the teaching of Mathematics, whose objective was to contribute to
the improvement of mathematical concepts, as well as developing students' autonomy and
responsibility in relation to their studies, seeking to explore the potential of the application as a
differential for knowledge. Therefore, research on the use of Digital Technologies was used as a
theoretical contribution, as support to the teaching and learning process. This work had a
qualitative approach, presenting an experience report that describes the steps taken during the
proposal and the performance of the research group in relation to the activities, the results of
which point to possibilities for the construction of mathematical knowledge, using teaching
materials in virtual interaction environments. It was possible to verify opportunities and
challenges when using the available Digital Technologies, changing the way of thinking and
providing new alternatives for the construction of knowledge. 1
Keywords: Mathematical Education; Digital Technology; WhatsApp.

1
Trabalho desenvolvido com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES).
1. Introdução

O uso de Tecnologias Digitais (TD), principalmente por jovens e adolescentes, tornou-


se cada vez maior, a diversidade de softwares disponíveis também é algo que se deve levar
em consideração. Os aparelhos digitais e dispositivos, tendem cada vez mais fazer parte do
dia a dia desse público, frente a essa grande diversidade de informação, o grande desafio é
buscar maneiras de utilizar esses recursos disponíveis, como aliados no saber escolar.
Dessa forma, um grupo de estudantes do nono ano, juntamente com a professora de
Matemática, se propõe a trabalhar com a seguinte temática: A utilização do WhatsApp como
ferramenta pedagógica para contribuir na aprendizagem da disciplina de Matemática, levando
em consideração que a turma iniciou o ano apresentando defasagens, principalmente
acentuadas na área das exatas e relataram que tiveram prejuízos no desempenho devido a
questões comportamentais das turmas, nos anos anteriores, fato que foi confirmado pela
equipe da escola.
A partir do exposto, buscando um tema de interesse mútuo e meios para auxiliar a
turma a superar essas dificuldades, surgiu a ideia de usar uma ferramenta tecnológica para
auxiliar no ensino da disciplina.
Desse modo, pensando em melhorar a aprendizagem na disciplina de Matemática e
utilizar um aplicativo, para verificar as funções que podem ser exploradas no âmbito
educacional, incluindo-a como ferramenta metodológica, é que se propôs essa pesquisa,
buscando verificar como a ferramenta WhatsApp pode auxiliar no processo de ensino e
aprendizagem na disciplina de Matemática?
O principal objetivo da proposta é contribuir para o aprimoramento de conceitos
matemáticos com o uso da ferramenta WhatsApp, bem como desenvolver a autonomia e
responsabilidade dos alunos, auxiliando a revisar conteúdos do Ensino Fundamental, e
explorar as potencialidades desse aplicativo como um diferencial para o saber.
Inicialmente são apresentadas algumas reflexões sobre o uso das tecnologias no
ensino da Matemática, a imersão que a geração atual encontra-se em relação às TD e a
necessidade da proporcionar aos alunos acesso ao conhecimento através desses recursos,
também se apresenta a ferramenta da pesquisa, WhatsApp como um recurso metodológico
na construção do conhecimento.
Posteriormente, é descrito o percurso metodológico da pesquisa e o caminho
percorrido no decorrer das atividades. Por último, busca-se refletir sobre as atividades
realizadas pelo grupo de pesquisa, realizando uma análise com base nas observações e
registros da professora, descrição das atividades no diário de campo, relatos de pais e alunos
e planilhas de avalição do desempenho dos estudantes, sob uma perspectiva qualitativa.
Também se faz algumas considerações sobre o trabalho realizado e a necessidade da busca 2
de alternativas para proporcionar ambientes interativos férteis à construção do saber.
2. A Tecnologia no Ensino da Matemática
Atualmente as tecnologias estão cada vez mais presentes na vida das pessoas,
especialmente no meio dos estudantes, Martins (2015) relata que a tecnologia pode ser usada
como uma ferramenta de apoio à educação, visto que os alunos normalmente fazem uso no
dia a dia de celulares, tablets e computadores. Dessa forma, utilizar esses aparatos
tecnológicos para o estudo, pode aumentar o engajamento da turma nas atividades realizadas
e representar uma forma de interação e de aprendizagem, nos ambientes educacionais,
diferente das utilizadas no ensino tradicional. O que corrobora com Moran (2004), o qual
descreve que as tecnologias servem de apoio, meios, que permitem realizar atividades de
forma diferente, aprender em lugares distantes, sem precisar estar sempre juntos para que
isso aconteça.
Entretanto, sabe-se que em meio a esse avanço da tecnologia, segundo Vanini et al.
(2013), existe um descompasso entre o uso das tecnologias no dia a dia dos estudantes, com
o que tem sido oferecido para educar as pessoas. E esta tem sido uma área que merece um
olhar especial, torna-se cada vez mais essencial, procurar possibilidades que possam produzir
conhecimentos matemáticos com o uso de tecnologias, sejam no contexto escolar ou fora
dele. Nessa perspectiva, os profissionais envolvidos na educação precisam “[...] conversar,
planejar e executar ações pedagógicas inovadoras, com a devida cautela, aos poucos, mas
firmes e sinalizando mudanças”. (MORAN, 2004, p. 255).
Estevon e Teles (2016), relatam que a escola, com a internet, tem perdido o monopólio
da criação e transmissão do conhecimento, pois os ambientes virtuais têm adquirido espaço
no meio estudantil. Dessa forma, a escola tem a missão de orientar os alunos a construir o
conhecimento, utilizando-se de meios diferenciados, buscando chamar a atenção dos
educandos, seja através de redes sociais ou outras culturas, para uma maior interação entre
a tecnologia e o saber. Inserindo-se assim a cibercultura2 de forma adequada, nos ambientes
educativos.
Os mesmos autores ainda relatam em sua pesquisa que, mesmo sendo proibido o uso
de aparelhos celulares nas escolas, maior parte dos alunos fazem uso dos mesmos, sejam para
fins de acesso às redes sociais, distração e para a pesquisas de conteúdos relacionados às
disciplinas.
Nessa mesma perspectiva, Oliveira e Schimiguel (2018) destacam que jovens da
geração Z estão envolvidos em várias atividades, e o professor poderá ser um facilitador, na
vida dinâmica dessa geração, ao usar o celular como instrumento de ensino aprendizagem.
Entretanto, a principal questão é como usar esses recursos disponíveis, como aliados nos
ambientes educacionais e como estimular os alunos a usar esses aparatos tecnológicos de
forma consciente para auxiliar nas tarefas escolares. (ESTEVON; TELES, 2016).
Para isso, na visão de Oliveira e Schimiguel (2018), o ensino deve se adequar e inserir 3
as tecnologias no processo de aprendizagem, para não ficar à margem desse desenvolvimento
tecnológico, pois a educação também precisa evoluir para acompanhar as grandes mudanças
2
Lévy descreve Cibercultura, como “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento
do ciberespaço” (1999, p. 17).
que esse cenário apresenta. Assim sendo, ambientes virtuais interativos, quando envolvem os
saberes matemáticos, podem levar os sujeitos a produzir e compartilhar conhecimentos a
partir dessas interações, tornando-se excelentes aliados na Educação Matemática, para que
os discentes possam, através desses momentos, construir aprendizagens colaborativas e
novas experiencias compatíveis com as demandas sociais atuais.
Infelizmente, a internet ainda é vista por alguns apenas como fonte de pesquisa, vale
destacar que hoje existem caminhos que podem ser seguidos para contribuir com a educação
na construção do conhecimento. Mas, para isso, Vanini et al. (2013) destacam que é
importante produzir conhecimento de como é possível utilizar os recursos tecnológicos em
prol da cognição dos alunos e conhecer as possibilidades desses.
Dessa forma, ao procurar uma ferramenta tecnológica para auxiliar no ensino da
Matemática, sendo esse o tema de maior interesse, logo surgiu o software WhatsApp, pois
atualmente é um dos aplicativos que mais está sendo usado, principalmente pelos jovens e
adolescentes. Para isso torna-se necessário saber: O que é WhatsApp?
Na era digital, utilizar-se de meios digitais para se comunicar, tornou-se algo normal
no meio dos estudantes, por isso, é necessário aprender a usá-lo a favor da educação, para
aproveitar as potencialidades que o mesmo oferece. O WhatsApp é um software disponível
para celulares, que de acordo com Oliveira e Schimiguel (2018), é uma ferramenta de
comunicação promissora, que pode ser utilizada como plataforma de apoio à educação, pois
permite a troca de mensagens, de vídeos, de arquivos, de fotos, de áudios e a criação de
grupos de usuários. Por isso, esse software tornou-se interessante para a pesquisa, pois pode
possibilitar troca de ideias, postagem de atividades e revisões, além de outras atividades que
podem ser realizadas por intermédio do mesmo.

3. Percurso metodológico
A proposta foi desenvolvida com 12 alunos de uma turma do nono ano da Escola
Municipal de Ensino Fundamental Princesa Isabel, os quais no início do ano, apresentaram
dificuldades na disciplina de Matemática, com isso, decidiu-se criar um grupo no WhatsApp
para auxiliar os alunos a melhorar o desempenho dos estudantes no componente curricular
de Matemática. A Identidade dos estudantes, foi preservada, sendo apagado seus nomes nas
figuras que foram apresentadas nesse relato.
A pesquisa realizada, trata-se de um relato de experiência com enfoque qualitativo,
para isso, conta inicialmente com uma pesquisa bibliográfica, com a finalidade de integrar
conhecimentos teóricos à prática e explorar as potencialidades e recursos do aplicativo e
compreender possíveis contribuições para construção de conhecimento, utilizando a favor do
ensino da Matemática.
4
Sob esse viés, Bogdan e Biklen (1994) comentam que a abordagem qualitativa
conduzirá a compreensão dos fatos e a possíveis alterações que venham a surgir, estando
sujeita a algumas mudanças no caminho, é importante destacar que a preocupação durante
a realização da investigação e ao refletir sobre a mesma, sempre foi maior com o processo.
Dessa forma, os dados a seguir visam apenas acompanhar se houve um crescimento cognitivo
dos estudantes e verificar se a proposta atingiu os objetivos propostos.
A coleta dos dados foi realizada através do diário de campo, avaliações registradas na
planilha de desempenho e observações realizadas durante o desenvolvimento da proposta.
Primeiramente, com a autorização da escola e dos responsáveis, criou-se o grupo no
WhatsApp, objetivou-se inicialmente, proporcionar um local de interação entre a turma e a
professora, onde possibilitou oferecer um suporte quanto a disponibilização de atividades
complementares para o estudo em casa, assim como esclarecer possíveis dúvidas, mas
principalmente, visou oferecer aos alunos que estavam apresentando baixo desempenho na
disciplina de Matemática, um suporte em momento extraescolar. Para isso, foi necessário
estabelecer regras para a utilização do grupo com fins educacionais. Nas etapas seguintes
foram disponibilizadas atividades de revisão, incentivo ao estudo, esquema de conteúdo e
outras atividades, as quais serão descritas a seguir.

4. O caminho percorrido
Para o desenvolvimento da proposta, foram adotados alguns procedimentos, os quais
serão relatados a seguir, ainda de forma sintetizada, pois trata-se de excertos relacionados a
um projeto que foi desenvolvido no decorrer de praticamente todo o ano de 2019 e
apresentado em uma mostra Municipal de trabalhos científicos. O Quadro 1 visa mostrar, em
síntese, com as principais atividades realizadas durante a proposta.

Quadro 1. Síntese das atividades realizadas no projeto

Descrição das atividades realizadas

Reunião com a turma, definição do tema e encaminhamento da autorização


para participação da atividade com uso do aplicativo WhatsApp para os
responsáveis dos alunos participantes.

Disponibilização de atividades de revisão de conteúdos (potenciação,


radiciação, equação do 2° grau, proporção, trigonometria, entre outros),
dos quais os alunos apresentaram baixo desempenho.

Construção de regras para a utilização da ferramenta para fins educacionais.

Lembrete sobre prazos de atividades e que incentivasse os alunos a estudar


para avaliações.

Sugestões de vídeos, links, jogos matemáticos e esquemas com regras para


revisar conceitos matemáticos.
5
Correção de atividades e esclarecimento de dúvidas sobre os conceitos
estudados.

Incentivo a pesquisa e busca por novos conhecimentos que contribuíssem


para a realização das atividades propostas.

Fonte: A autora.
Primeiramente, a turma e a professora, reuniram-se e defiram o tema do projeto: O
uso do WhatsApp para melhorar o desempenho na disciplina de Matemática. Em seguida, foi
enviado um bilhete aos pais comunicando que seria criado um grupo com para o
desenvolvimento de uma proposta e que em determinadas aulas seria solicitado o uso dos
celulares para fins pedagógicos, também foi solicitado a autorização para a realização do
projeto. É importante destacar aqui que os pais estavam cientes das dificuldades que a turma
estava apresentando em relação a aprendizagem, sendo assim, a proposta foi aceita pelos
mesmos.
Após essa etapa, foi criado o grupo no WhatsApp para o projeto, sendo usado
inicialmente para colocar avisos importantes referentes a conclusão de atividades, datas de
avaliações, dicas de estudos, disponibilização de listas de exercícios de revisão, lembretes
quanto as avaliações e conclusão de atividades.
Foi marcada uma aula no laboratório, objetivando iniciar o levantamento bibliográfico
para embasar o trabalho, e proporcionar ao grupo o contato com uso das tecnologias como
aliadas no ambiente de ensino. Inicialmente percebeu-se que os alunos, mesmo estando no
último ano do ensino fundamental, pouco sabiam sobre pesquisa científica.
Inicialmente, os alunos encontraram um texto na internet do Rômulo Martins
chamado: “4 motivos que mostram que usar o celular na sala de aula pode ser algo bom”, o
qual foi usado na elaboração do projeto, valorizando o trabalho dos alunos, nesse momento
aproveitou-se para orientar os mesmos quanto à procura de pesquisas confiáveis e como usá-
las em seus trabalhos, também, que ao realizar um trabalho cientifico, o material deve ser
citado e referenciado conforme as normas da ABNT, posteriormente foi disponibilizado um
arquivo para que eles entendessem melhor como realizar uma citação direta e indireta, o qual
está referenciado nesse trabalho. De acordo com Moran, “Ensinar a pesquisar na WEB ajuda
muito aos alunos na realização de atividades virtuais, depois, a sentirem-se seguros na
pesquisa individual e grupal” (2004, p. 350).
No início os alunos apresentavam dificuldades em manter o foco nas atividades, para
tanto fez-se necessário estabelecer regras para o grupo, para a utilização do WhatsApp de
forma consciente e responsável, nesse sentido, de acordo com Vanini et al. (2013, p.161) “não
se considera pertinente que haja um conforto, mas sim que se aprenda a pensar e lidar com
o constante risco e possibilidades que tais recursos disponibilizam”, dessa forma, com um
pouco de insistência em estabelecer regras e incentivar quanto a importância dos estudos,
observou-se que no decorrer da proposta, os alunos começaram a fazer uso do aplicativo de
forma produtiva, esclarecendo dúvidas, e entre eles já colocavam lembretes para os colegas,
de avaliações e de trabalhos importante.
Durante uma aula, a professora havia preparado um trabalho de revisão, no final do 6
trimestre, porém por problemas técnicos, a escola não conseguiu fazer as cópias para os
alunos. Por meio do grupo, foi possível disponibilizar a atividade aos alunos. Conforme se pode
observar na Figura 1.
Figura 1: Atividade de potenciação no grupo de pesquisa.
Fonte: Arquivo pessoal da autora.

A partir de então, o grupo passou a ser utilizado para postar algumas atividades de
revisão, dicas de vídeos sobre temas estudados, esquemas e fórmulas, entre outros materiais
complementares para melhorar o desempenho dos estudantes.
Havia momentos em que, ao ser postada alguma atividade em um determinado
formato de texto, pelo fato dos alunos abrirem no celular, as vezes não possuíam o programa
necessário para abrir o documento, entretanto em pouco tempo, um colega salvava em outro
formato e já postava novamente.
Ou seja, quando se propõe a trabalhar com tecnologias, sempre irá surgir situações
não programadas, mas que podem tornar-se totalmente favoráveis a interação e busca de
novos conhecimentos. Diante de tais situações, o grupo vai interagindo e aprendendo, onde
alunos aprendem com professor e professor com os alunos, no caso relatado a cima, na
próxima postagem, já foi disponibilizado o arquivo em dois formatos.
De acordo com Vanini et al. (2013, p. 156) um grande desconforto ainda encontrado
pelos professores, não é a falta de instrumentos tecnológicos, mas o fato de muitos
professores não possuírem uma formação acadêmica tecnológica inicial, que favoreceu a
prática docente, diante do exposto, é necessário buscar situações favoráveis e estar disposto,
em sua prática pedagógicas a encontrar possibilidades de incorporar esses recursos nos
ambientes educacionais. Segundo Moran, “As tecnologias não são a solução mágica, mas
permitem pensar em alternativas que otimizem o melhor do presencial e o melhor do virtual”
(2004, p. 255).
7
No decorrer da proposta, para a descrição de todas as atividades detalhadas
referentes a mesma, pelo grupo, foi utilizado um diário de campo, onde esse registro
normalmente era realizado manualmente por meio de um caderno de campo. Em uma aula
previamente planejada, com o uso do notebook da professora e smartphones dos alunos,
mostrou-se o Google Drive e a possibilidade de realizar uma tarefa de forma compartilhada,
com o trabalho estava sendo realizado por meios digitais e então conhecendo a possibilidade
de compartilhamento, o grupo optou em realizar os registros dessa forma, pois os registros
poderiam ser feitos, sempre que fossem realizadas tarefas no grupo, não necessitando do
caderno em meio físico para isso, pois os dispositivos eletrônicos, nos dias atuais, estão
sempre acessíveis. Na Figura 2 é possível observar os registros que foram realizados no diário
de campo.

Figura 2: Diário de campo no Google Drive com descrição das atividades.


Fonte: Material produzido pelos alunos participantes.

Através do relato anterior, sobre os alunos desconhecerem recursos que podem ser
utilizados para a realização de tarefas compartilhadas, tal fato demostra que, quando se
propõe a trabalhar com TD, pode emergir situações que não estavam previstas no percurso,
e que as mesmas podem ser aproveitadas para propagar o conhecimento digital a favor do
saber. Interessante destacar aqui, que essa geração de adolescentes sabe muito de tecnologia,
porém ao se deparar com a possibilidade de compartilhamento de um trabalho, demostraram
muito interesse e curiosidade, relataram desconhecer que poderiam realizar uma tarefa de 8
tal forma.
No decorrer da proposta, utilizando-se do aplicativo para fins de estudo, foi possível
verificar um aumento no desempenho da turma, com as listas de exercícios aplicadas ao longo
do projeto, vídeos disponibilizados para revisar conceitos, os próprios educandos relatavam
que estavam entendendo mais os conceitos estudados, mesmo esses sendo mais
aprofundados na medida em que o ano letivo ia avançando, o que demostrou que as lacunas
na aprendizagem estavam sendo sanadas através de materiais complementares que eram
postados e discutidos, muitas vezes pela própria rede social.
Sendo assim, também é possível refletir que a proposta esteve em consonância com
os objetivos propostos, pois permitiu aos alunos desenvolverem mais responsabilidade e
utilizarem os meios de comunicação de forma mais consciente para a revisão e construção de
conceitos matemáticos. Quando é pensado numa proposta envolvendo tecnologias digitais, é
importante sempre analisar se essa integração estará contribuindo para a transformação do
sujeito em formação (VANINI et al., 2013), e durante essa proposta, sempre procurou-se
enfatizar esse aspecto, que o uso do aplicativo, viesse a possibilitar acesso ao conhecimento,
e não apenas uma forma do aluno interagir ou se divertir.

5. Resultados e discussões
No presente trabalho, procurou-se apresentar o aplicativo WhatsApp como uma
possibilidade para o ensino e aprendizagem da Matemática, explorando as potencialidades
que essa ferramenta apresenta e as vantagem que pode proporcionar quando utilizada de
forma correta e aliada na disseminação do conhecimento. A seguir, pode-se verificar no
Quadro 2, especificidades matemáticas que foram desenvolvidas, por meio da utilização do
aplicativo WhatsApp durante o ano letivo.

Quadro 2. Especificidades matemáticas que foram desenvolvidas com apoio do aplicativo WhatsApp.

Descrição de especificidades matemáticas desenvolvidas durante o ano


letivo

Definições, propriedades, cálculo e resolução de situações problemas com


potenciação e radiciação.

Identificar e resolver equações de 2º grau (incompletas e completas).

Resolver situações problema envolvendo o cotidiano com equações e


sistemas do 1º grau e equações do 2º grau.

Resolver situações problema envolvendo razões, proporções, regra de três


simples e composta, direta e inversamente proporcional.

Interpretar, coletar, organizar e registrar dados em listas, tabelas quadros


de dupla entrada e gráficos.

Calcular a moda, a média e a mediana, a partir de dados coletados e


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organizados em tabelas e gráficos.

Identificar a razão de semelhança e resolver situações problema,


envolvendo polígonos semelhantes, em especial triângulos semelhantes e
definir as relações métricas
Reconhecer e aplicar em exercícios e situações problema as relações
métricas e trigonométricas no triângulo retângulo.

Resolver problemas utilizando unidades de medida de ângulo de


comprimento, de área, de volume, de tempo, de ângulo, de capacidade e de
massa, utilizando as notações e as simbologias adequadas.

Fonte: A autora.

Diante do exposto, pretende-se analisar o desempenho da turma no decorrer do da


proposta, em algumas nessa etapa, os dados foram retirados das planilhas de avaliações de
desempenho da turma, é importante destacar aqui que a avaliação escolar é realizada de
forma contínua e cumulativa, visando valorizar os aspectos qualitativos na aprendizagem dos
educandos. Os conceitos avaliativos são classificados da seguinte forma: A para atingiu, AP
para atingiu parcialmente e NA para ainda não atingiu as habilidades avaliadas.
O Gráfico 1 mostra o desempenho da turma referente ao conteúdo de potenciação. A
avaliação foi realizada no início do ano letivo, após a introdução do conteúdo, exemplos,
realização de atividades e revisões de regras em aula, mesmo assim é possível perceber o
baixo rendimento da turma. Foi elaborado o Gráfico 1, para demostrar melhor as dificuldades
apresentadas inicialmente e para não expor a planilha de avaliações que é um documento da
escola.

Gráfico 1: Primeira avaliação realizada em março de 2019.

Fonte: A pesquisa. 10

De acordo com as observações realizadas em aula, havia claramente lacunas na


aprendizagem, a turma apresentava defasagem em algumas habilidades de potenciação
referentes ao sexto ano do Ensino Fundamental, bem como era possível observar que não
tinha o hábito de revisar as atividades e realizar as atividades propostas. No decorrer do
projeto, após serem disponibilizadas atividades de revisões e dicas de estudos, entre outros
recursos usados no grupo, percebeu-se através das avaliações realizadas pela turma na
disciplina, e também por meio de relatos informais de pais na entrega de pareceres na escola,
que os resultados já eram positivos, pois através das revisões e listas complementares
disponibilizadas no grupo, os alunos começaram a estudar mais e realizar as atividades
propostas, o que confirma a hipótese esperada, que o desempenho melhorasse, com o uso
do aplicativo, explorando suas potencialidades.
Na avaliação de recuperação realizada, após o início do projeto, com atividades
postadas no grupo sobre o mesmo conteúdo e avisos motivando a estudar para a avaliação,
já foi possível observar um melhor rendimento por parte da maioria, o que pode ser observado
no Gráfico 2.

Gráfico 2: Avaliação de recuperação conteúdo de Potenciação.

Fonte: A pesquisa.

No Gráfico 3 é possível observar os resultados dos desempenhos dos alunos, na


avaliação realizada, com os conteúdos de situações problema proporção com feixes de retas
com Teorema de Tales. Importante destacar aqui, que de acordo com as planilhas e
observações realizadas, nas atividades e avaliações envolvendo situações problema, os alunos
apresentaram resultados insatisfatórios.

11
Gráfico 3: Avaliação de recuperação conteúdo de Potenciação.

Gráfico: Planilha de desempenho: Avaliação realizada em 23/09.

Observando o gráfico a cima, percebe-se que o cenário inicial apresentou mudanças


significativas, pois inicialmente a maioria não atingia desempenho satisfatório nas habilidades
avaliadas, e aqui somente um aluno ainda não havia atingido. Como já foi relatado
anteriormente, o objetivo aqui não é se deter em resultados, mas analisar o processo que
crescimento do desempenho da turma em relação ao componente curricular de Matemática,
e o que pode-se observar, ao final da proposta é que, todos apresentaram crescimento
cognitivo em relação a várias habilidades, inclusive em aspectos comportamentais, pois houve
mudanças em relação ao comprometimento e responsabilidade da turma frente as atividades
propostas.
A partir disso, com a utilização da ferramenta tecnológica, percebeu-se que cada vez
mais os alunos começaram a interagir no ambiente virtual de forma mais focada nas
atividades, respeitando as regras estabelecidas, por isso é importante, que os professores
façam uso desses recursos tecnológicos, para que haja um melhor aproveitamento dos
mesmos. Assim como Estevan e Teles (2016) relatam, que diante desse cenário, é importante
que a escola compreenda as questões culturais e sociais dos jovens, referentes a cibercultura,
percebendo essas mudanças como oportunidades de enfrentar desafios e construir
aprendizagem mútua.

6. Considerações finais
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A sociedade está imersa no uso de Tecnologias Digitais (TD), utilizá-las como
instrumento educacional, ainda é algo desafiador, mas explorar esses recursos, entende-se de
extrema importância para acompanhar as constantes transformações e atualizações, para
isso, de acordo com Vanini et al. (2013, p. 161), cabe ao professor buscar “novas formas de
pensar, de ensinar e de aprender, isto é, possibilitando e viabilizando a criação de situações
que suscitem a produção, construção ou consolidação dos conhecimentos”.
A partir da proposta realizada e das reflexões feitas, houve modificações na forma de
pensar o ensino e aprendizagem da Matemática, é importante destacar também que o projeto
proporcionou a oportunidade de buscar informações sobre a pesquisa científica, utilizando-
se de linguagem adequada, normas da ABNT, algo que com certeza, será de grande
importância para os próximos anos de estudo dos educandos. Assim, como também foi
possível conhecer outros recursos tecnológicos, como o Drive da plataforma Google, onde foi
possível utilizar os relatórios de forma compartilhada e também registrar no o diário de
campo, quando o diário não estava junto.
No decorrer do projeto, percebeu-se que utilizando a rede social para revisar
conceitos, construir regras, discutir atividades e esclarecer dúvidas, nas avaliações realizadas
começou a apresentar mudanças significativas. observou-se que, com a utilização da
ferramenta, o grupo desenvolveu novos hábitos de estudo, demostrando maior
responsabilidade para realizar as atividades propostas, o que veio contribuir para um melhor
desempenho dos educandos.
Dessa forma, vale destacar que todo esse avanço tecnológico, requer profundas
reflexões sobre o uso desses aparatos tecnológicos o que também requer modificações no
ensino, para isso, de acordo com Vanini et al. (2013), é importante inserir as TD como
ferramentas pedagógicas, a fim de reconhecer as diferentes finalidades desses recursos para
o bem social, proporcionando, sempre que possível, novas formas de produção do
conhecimento.
Através do projeto, foi possível observar que os estudantes, tiveram a oportunidade
compartilhar e construir conhecimentos, tais como, aprender a pesquisar e utilizar fontes
confiáveis, conhecer e utilizar plataformas virtuais de forma compartilhada, como foi o caso
do Google Drive, utilizado como recurso para o registro do diário de campo, bem como para
os demais documentos e materiais referentes ao projeto.
Sendo assim, por meio dessa experiência, foi possível encontrar possibilidades,
utilizando-se se recursos disponíveis pelos próprios estudantes, que serviram como
instrumentos metodológicos úteis para a pesquisa, revisão de conceitos, contribuindo para a
assimilação dos mesmos, construção de novos conhecimentos, e principalmente,
proporcionando ao estudante uma base para a busca de novos caminhos.
No entanto, com todo o avanço tecnológico e a sociedade atual introduzida nesse
mundo virtual, novas investigações e reflexões são necessárias, a fim de explorar as
potencialidades das TD e como essas podem ser utilizadas de maneira consciente em prol da
Educação Matemática.

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Referências Bibliográficas
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introdução à teoria e aos métodos. Lisboa: Porto Editora, 1994.

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