Em 2023, o Brasil foi palco de um intenso debate sobre a utilização de
materiais didáticos, com a proposta inicial do governo estadual de São Paulo de adotar exclusivamente recursos digitais nas escolas. Contudo, essa abordagem não encontrou respaldo, sendo abandonada em poucos dias. A Suécia, por sua vez, há 15 anos, buscava uma educação majoritariamente digital, mas em 2023, reavaliou sua estratégia. Segundo a ministra da Educação sueca, Lotta Edholm, a priorização absoluta da educação digital mostrou-se uma experiência valiosa, porém, críticas foram levantadas quanto à postura acrítica em relação à tecnologia. O desempenho dos alunos, evidenciado pelo Pirls 2021, revelou uma queda na performance, associada ao aumento do uso de telas em sala de aula. Para compreender os desdobramentos dessa decisão, o Porvir conversou com Peter Karlberg, diretor da Agência Nacional de Educação da Suécia. Karlberg destaca a autonomia concedida às escolas e educadores na seleção de materiais didáticos, seja impresso ou digital. Esse aspecto, característico do sistema sueco, promove uma abordagem flexível e adaptável à realidade local. Dentre os pontos abordados na entrevista, destacam-se: • Adaptação à Digitalização: A digitalização na Suécia é vista como um experimento em andamento, com a participação ativa de professores e escolas na definição do uso de recursos digitais. • Escolha Local: A decisão sobre a adoção de materiais digitais ou impressos é descentralizada, cabendo às escolas e municípios a responsabilidade pela seleção e aquisição dos recursos. • Impacto Pedagógico: A introdução de tecnologia na sala de aula exige uma abordagem cuidadosa, garantindo que os recursos digitais sejam integrados de forma eficaz ao ensino, sem comprometer a qualidade da aprendizagem. • Flexibilidade e Inovação: O sistema sueco promove a autonomia dos professores na escolha de metodologias de ensino, incentivando a experimentação e a colaboração entre educadores. Em resumo, a experiência sueca destaca a importância de uma abordagem equilibrada na seleção de materiais didáticos, reconhecendo os benefícios tanto do formato impresso quanto digital, e enfatizando a necessidade de uma implementação pedagogicamente eficaz da tecnologia na sala de aula. Fonte: https://porvir.org