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FACULDADE SERRA GERAL EAD

NABYLLA DUARTE

USO DA INFORMÁTICA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

ARAGUARI
2022
USO DA INFORMÁTICA NA PRÁTICA PEDAGÓGICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Faculdade Serra Geral EAD como requisito parcial
para a obtenção do título de Pós Graduação em
Informática na Educação.

ARAGUARI
2022
RESUMO

Cada vez mais as tecnologias de informação e comunicação vêm sendo


apresentadas como solução para resolver problemas ligados ao ensino e
aprendizagem. Neste estudo foi realizada uma investigação com professores
atuantes, com o objetivo de fazer uma análise pedagógica de como se
desenvolve na prática o uso da informática em sala de aula, identificando as
principais dificuldades em utilizar as tecnologias em suas aulas em uma escola
pública no município de Vargem Alta, verificando a intensidade que os
professores usam os laboratórios de informática da escola, refletindo sobre a
concepção de educação construída pelos professores e contribuindo para uma
reflexão acerca da importância dos professores terem acesso às tecnologias na
escola. Foi utilizado o estudo de caso, através de pesquisa usando aplicativo
móvel, onde demonstrava uma real situação dos docentes e, abordando o
estudo através da pesquisa bibliográfica e questionário com perguntas
semiestruturadas aos professores, analisando os dados obtidos pela reflexão
na ação, a reflexão sobre a ação e a reflexão sobre a reflexão na ação. Este
estudo mostrou que a informática está presente nesta escola, mas que ao
longo do período de COVID- 19, através de um plano de implantação e
treinamento, o uso efetivo das tecnologias poderia suprir o conteúdo e ajudar
na melhoria do nível de aprendizado, possibilitando uma forma hibrida de
ensino que visa facilitar a transição do modo normal para o tecnológico.

Palavras-chave: Professores; Ensino Fundamental; Informática na Educação;


Prática Pedagógica; Sala de Informática.
ABSTRACT

Increasingly, information and communication technologies have been presented


as a solution to solve problems related to teaching and learning. In this study,
an investigation was carried out with active teachers, with the objective of
making a pedagogical analysis of how the use of computers in the classroom is
developed in practice, identifying the main difficulties in using technologies in
their classes in a public school in the municipality. de Vargem Alta, verifying the
intensity that teachers use the school's computer labs, reflecting on the concept
of education constructed by teachers and contributing to a reflection on the
importance of teachers having access to technologies at school. The case study
was used, through research using a mobile application, where it demonstrated a
real situation of teachers and, approaching the study through bibliographic
research and questionnaire with semi-structured questions to teachers,
analyzing the data obtained by reflection in action, reflection on action and
reflection on reflection in action. This study showed that information technology
is present in this school, but that throughout the COVID-19 period, through an
implementation and training plan, the effective use of technologies could supply
the content and help to improve the level of learning, enabling a hybrid form of
teaching that aims to facilitate the transition from the normal to the technological
mode.

Keywords: Teachers; Elementary School; Informatics in Education;


Pedagogical Practice; Computers Room.
1 INTRODUÇÃO

Com esta pesquisa pretendeu-se identificar as dificuldades vivenciadas na


implantação da informática nas práticas escolares, apresentando a experiência
vivenciada na prática docente.

A partir destas considerações, surge o questionamento para abordagem deste


estudo:

Como se desenvolve, na prática pedagógica dos professores do ensino


fundamental, o uso da informática em sala de aula?

Para chegar à resposta desta indagação tem-se como objetivo geral neste
trabalho analisar como se desenvolve a prática pedagógica dos professores do
ensino fundamental o uso da informática em sala de aula.

Para que o objetivo geral seja alcançado, os seguintes objetivos específicos


estão previstos:

 Refletir sobre a concepção de educação construída pelos professores;

 Identificar os usos que os professores fazem da tecnologia em sala de


aula;

 Verificar com que intensidade os professores usam a sala de informática;

 Investigar as dificuldades que os professores encontram em utilizar as


tecnologias em sala de aula;

 Contribuir para uma reflexão acerca da importância dos professores


terem acesso às tecnologias na escola.

Sendo assim, pretendeu-se desenvolver uma pesquisa descritiva, o tipo de


dados qualitativa, foi abordado o objeto de forma bibliográfica e de campo
através de entrevista com perguntas semiestruturadas para professores do
Ensino Fundamental, visando analisar e identificar as dificuldades enfrentadas
por eles mediante as novas tecnologias na prática cotidiana com os discentes e
os benefícios que a inclusão digital traz a educação.
2 PRÁTICA DOCENTE COM O USO DAS TECNOLOGIAS
Antes dos computadores, havia pouquíssimos bons pontos entre o
que é mais fundamental e envolvente na Matemática e qualquer coisa
existente na vida cotidiana. Mas o computador – um ser com linguagem
matemática fazendo parte do dia-a-dia da escola, dos lares e do
ambiente de trabalho - é capaz de fornecer esses eixos de ligação. O
desafio à educação é descobrir meios de explorá-los.
(PAPERT, 1994)

O computador que é, talvez, o símbolo máximo da revolução tecnológica e


cultural do final do segundo milênio da era Cristã, representa também uma
importante ferramenta de revolução educacional, do mesmo modo como foi um
dia o livro, a régua de cálculo, a calculadora, entre outros inventos humanos.

Para que a atividade docente possa corresponder às novas cobranças da


sociedade informatizada é necessário que o professor se aproprie dos
conhecimentos necessários para o manuseio do computador, obtendo assim os
subsídios teóricos que lhe dê suporte para seu uso nas escolas.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

Segundo Lopes (2004), a informática vem adquirindo cada vez mais relevância
no ambiente escolar. Sua utilização como instrumento de aprendizagem vem
aumentando de forma rápida, sobretudo no meio acadêmico e
consequentemente com maior inserção na sociedade. Inevitavelmente como
ocorrido com o aparecimento e generalização do livro, esta mudança de
suportes tecnológicos provocou e continua a provocar alterações processuais
nas formas de ensinar e nos processos de aprender.

Além de propiciar o acesso às novas tecnologias a escola precisa promover


discussões, tanto com os docentes quanto com os discentes, para as
implicações que eles trazem à nossa vida em sociedade, para as configurações
dos conhecimentos individuais e coletivos, para a criação de ambientes virtuais
e conexões infinitas de informações. Informações estas que não se configuram
em conhecimento produzido para todos (CANDAU, 2000).
2.2 A INFORMÁTICA E A EDUCAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, como em outros países, o uso do computador na Educação teve


início com algumas experiências em universidades, no princípio da década de
1970. Em 1971, foi realizado na Universidade Federal de São Carlos (SP) um
seminário intensivo sobre o uso de computadores no ensino de Física,
ministrado por E. Huggins, especialista da Universidade de Dartmouth, EUA.
Nesse mesmo ano, o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras
promoveu, no Rio de Janeiro, a Primeira Conferência de Tecnologia em
Educação Aplicada ao Ensino Superior (I CONTECE). Durante essa
Conferência, um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP),
acoplou, via modem, um terminal no Rio de Janeiro a um computador
localizado no campus da USP (SOUZA, 1983).

Em 1979 foi criada a Secretaria Especial de Informática (SEI), que em março


de 1980, institui a Comissão Especial de Educação, para discutir as várias
questões relacionadas à informática e à educação.

Ao final de 1982, o MEC traçou diretrizes para o estabelecimento da política de


informática no setor da educação, cultura e desportos. Segundo Chaves e
Setzer (1998), a quarta diretriz estipulava:

Desenvolvimento e utilização da tecnologia da Informática na


Educação, respeitando os valores culturais e sócio-políticos sobre
os quais se assentam os objetivos do sistema educacional,
estabelecendo que os programas computacionais destinados ao
ensino sejam desenvolvidos por equipes brasileiras. (CHAVES;
SETZER, 1988, p. 70).

Diferentemente de outros países, como os Estados Unidos, cuja proposta era


voltada para a alfabetização em informática e a informatização do ensino, ou a
França, que pretendia preparar profissionais para atuar na empresa
informatizada e promover o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático
dos estudantes. No projeto brasileiro, o papel atribuído ao computador era o de
catalisador de mudanças pedagógicas (VALENTE e ALMEIDA, 1997).
Conforme Lima (2007) em 09 de abril de 1997 foi criado o Programa Nacional
de Informática – PROINFO com finalidade de iniciar o processo de
universalização do uso de tecnologia de ponta no sistema público de ensino.

2.3 FORMAÇÃO DOCENTE PARA O USO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

A formação de professores tem se constituído um dos temas que tem absorvido


grande parte da agenda da produção acadêmica em educação. Isso revela a
processual compreensão de que a formação de professores.

O professor é visto como um elemento-chave do processo de ensino-


aprendizagem. Sem a sua participação engenhada é impossível imaginar
qualquer transformação significativa no sistema educativo, cujos problemas, de
resto, não cessam de se agravar (PONTE, 1994).

Usando o computador como ferramenta da prática pedagógica e


fundamentando-se em teorias, o professor pode fazer uma leitura de sua
própria prática, questioná-la, identificar suas limitações, suas condutas
inadequadas e o estilo assumido em seu enfrentamento, buscando formas de
modificá-la para favorecer maior desenvolvimento de seus alunos (ALMEIDA,
1996).

Todavia, o que se observa em relação à inserção da informática na educação é


uma preocupação excessiva com a aquisição de equipamentos e uma
proliferação de programas de computadores para a educação.

A formação docente para o uso da informática dá-se através dos cursos de


graduação; dos cursos de pós-graduação; de formação continuada e/ou
através de cursos de alfabetização em informática não associados a qualquer
programa de desenvolvimento docente, sendo estes últimos, resultado do
interesse particular do docente em relação ao uso do computador.

Essa nova realidade revela a necessidade de superação das práticas


tradicionais, promovendo o avanço em direção a uma ação pedagógica
interdisciplinar voltada para a aprendizagem do aluno – sujeito envolvido no
processo não somente com o seu potencial cognitivo, mas com todos os fatores
que fazem parte do ser unitário, ou seja, fatores afetivos, sociais e cognitivos.

2.4 REFLEXÃO SOBRE A PRÁTICA DOCENTE

De acordo com Moraes (1997), uma nova educação para a “Era das relações”
requer que a inteligência, a consciência e o pensamento, assim como o
conhecimento, sejam vistos como estando em processo, em continuidade.

Requer que o produto resultante de cada uma dessas atividades nunca estará
completamente pronto e acabado, mas num movimento permanente de “vir a
ser”, assim como o movimento das marés constituído de ondas de reflexão que
se desdobram em ações, e que se dobram e se concretizam em novos
processos de reflexão sobre as ações desenvolvidas.

2.5 TECNOLOGIA NA SALA DE AULA

Segundo Moran (1999) preparar os professores para a utilização do


computador e da Internet é necessário seguir alguns passos. O primeiro passo
é facilitar o acesso dos professores e dos alunos ao computador e à internet.
Procurar de todas as formas possíveis que todos possam ter o acesso mais
fácil, frequente e personalizado possível às novas tecnologias. Ter salas de
aula conectadas, salas ambiente para pesquisa, laboratórios bem equipados.
Facilitar que os professores possam ter seus próprios computadores. Facilitar
que cada aluno possa ter um computador pessoal portátil.

Percebe-se que esta situação no Brasil é atualmente uma utopia, mas o ensino
de qualidade passa também necessariamente pelo acesso rápido, contínuo e
abrangente a todas as tecnologias, principalmente às telemáticas.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução, se mudarem


simultaneamente os paradigmas convencionais do ensino, que mantêm
distantes professores e alunos. Caso contrário conseguirá dar um verniz de
modernidade, sem mexer no essencial. A internet é um novo meio de
comunicação, ainda incipiente, mas que pode ajudar a rever, a ampliar e a
modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.
2.6 O CICLO DESCRIÇÃO-EXECUÇÃO-REFLEXÃO-DEPURAÇÃO

A perspectiva de Vygotsky que Papert (1994) refere-se ao papel da palavra na


aprendizagem. A palavra é um elemento fundamental nas inter-relações (aluno-
aluno, aluno-professor, aluno-computador) que se estabelecem em um
ambiente de aprendizagem informatizado. Esse ambiente favorece o
desenvolvimento de processos mentais superiores quando empregado segundo
o ciclo descrição- execução-reflexão-depuração.

Papert (1994), embasado nas ideias piagetianas sobre desenvolvimento,


propõe o uso do computador como uma ferramenta para a construção de
conhecimentos e para o desenvolvimento do aluno. Adotando uma posição
mais intervencionista do que Piaget, Papert estabeleceu uma conexão entre
ideias de distintos pensadores, dentre os quais ela salienta Dewey, Freire,
Piaget e Vygotsky, criando uma proposta de utilização do computador em
educação denominada construcionista.

A possibilidade de o computador ser uma ferramenta para a realização de


construções concretas como fonte de ideias para o desenvolvimento de
construções mentais e estas gerando novas construções concretas numa
relação dialética entre o concreto e o abstrato é a característica fundamental do
conceito de construcionismo. (PAPERT, 1985).
3 METODOLOGIA
As exigências das sociedades contemporâneas são visíveis e notórias
e exigem um novo tipo de indivíduo e trabalhador, dotado de um
conjunto de capacidades de realizar um trabalho mais
responsabilizado, com maior mobilidade, capaz de gerir situações de
grupo, de se adaptar a situações novas, sempre pronto e aprender,
um trabalhador mais informado e mais autônomo. A escola tem que
dar conta disso seja em qual for o setor da sociedade em que atua.
(BELLONI, 2001)

3.1 MÉTODO

Segundo Gil (2009) o estudo de caso é uma modalidade de pesquisa


amplamente utilizada nas ciências biomédicas e sociais. Consiste no estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu
amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante ao
trabalho.

De acordo com Gil (2009) a despeito de suas inúmeras vantagens, os estudos


de caso também apresentam limitações, que precisam ser consideradas ao se
decidir por sua utilização mas a substituição pela pesquisa na internet em
busca de conteúdo facilitou. Logo, o que cabe propor ao pesquisador disposto a
desenvolver estudos de caso é que redobre seus cuidados tanto no
planejamento quanto na coleta e análise dos dados para minimizar o efeito dos
vieses.

Conforme Gil (2010), o estudo de caso bem conduzido, a coleta de dados pode
ser feita mediante entrevistas, observação e análise de documentos.

Outra técnica de coleta de dados empregada na dissertação foi a entrevista,


que teve por finalidade esclarecer sobre os problemas observados no uso da
informática na sala de aula e de que forma a informática é percebida pelos
professores. Também serve de balizador para a etapa subsequente, que
constituiu no desenvolvimento de uma solução de um problema trabalhado nas
atividades docentes de cada professor.

Google Docs é um pacote de aplicativos do Google, tudo online


diretamente no browser. Possui processador de texto, editor de
planilhas, formulários, desenhos e apresentações de slides. Possui
também aplicativos que são compatíveis desde o Microsoft Office,
Koffice até ao Open Office e também o Broffice. Permite
compartilhar documentos onde o usuário pode contribuir
adicionando ou alterando algumas informações. (ARAÚJO, 2003)

A opção pelo google docs foi pela sua facilidade de envio aos pesquisados,
desta forma nos momentos de planejamento ou vagos os professores
manifestaram sem os demais saberem de sua opinião.

4 UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA NA SALA DE AULA

Pesquisas como a de Almeida (1997) e de Candau (2000) afirmam que a


informática vem adquirindo cada vez mais relevância no ambiente escolar e
que sua utilização como instrumento de aprendizagem e ação no meio social
vem aumentando de forma rápida entre nós. Nesse contexto, a educação vem
passando por mudanças estruturais e funcionais para poder adequar-se a essa
nova tecnologia, todavia muito ainda há de ser pensado, seja para que estas
mudanças possam ser assimiladas por todos que fazem parte do processo
educacional, principalmente os docentes que, dentre tantas responsabilidades,
também têm por responsabilidade tornar os alunos aptos ao mercado de
trabalho que está cada vez mais informatizado.

O computador é um instrumento de apoio às disciplinas e aos conteúdos


lecionados, além da função de preparar os alunos para uma sociedade
informatizada. Em geral objetiva-se apenas a familiarização com os
computadores, entendendo-se assim o processo de ensino-aprendizagem
baseado no uso das tecnologias computacionais como suporte à perpetuação
dos conhecimentos, cultura e valores da sociedade.

Observou-se com a criação de salas de informática em escolas públicas, que


teria por finalidade prover os meios para utilizar a informática nas mesmas, a
necessidade urgente de revisão das práticas didático-pedagógicas, bem como
administrativas, implicando na necessidade de formação de técnicos e
docentes para o adequado uso dos recursos disponibilizados a partir de então.
13

Quando as escolas começam a utilizar a informática no ensino, propriamente dito,


percebe-se pela pouca experiência nessa tecnologia, um processo um pouco caótico.

4.1 APRESENTAÇÂO DE DADOS

Os resultados descritos a seguir foram obtidos a partir da aplicação do


questionário para as professoras.

Na pesquisa realizada com 13 professoras foi possível perceber que entre elas
sua faixa etária está entre 30 a 40 anos de idade, com tempo de serviço entre
10 e 20 anos.

Praticamente toda a experiência docente acumulada foi no município Araguari


– Minas Gerais.

Constatou-se que já lecionaram anteriormente em outras escolas do município


e de outros municípios do Estado..

Quando indagado se a professora tem ou teve alguma experiência com o uso


da Informática na Educação por unanimidade responderam que sim,
comentaram que tiveram experiências com informática na formação
profissional, no curso básico para aprender a manusear o computador,
participaram de cursos à distância e semipresenciais como cursos de extensão,
formações continuadas, graduações e pós-graduações pela plataforma moodle
de Universidades Federais.

O uso do computador como instrumento de sua ação docente geralmente ao


caráter pessoal, como instrumento de apoio à elaboração de aulas e para
pesquisas pessoais.

Acrescentaram ainda que usar a informática na prática pedagógica é


indispensável no aprimoramento das aulas e também no conhecimento do
aluno.
14
Pelas respostas fornecidas confirmou-se que o computador é visto como um
recurso audiovisual para “melhorar” a qualidade da aula, com os aspectos
pedagógicos que esta ferramenta pode influenciar no processo de ensino
aprendizagem.

Uma professora prepara aulas com a informática como parceira, pois é dali
que retiram exercícios para passarem aos alunos, questões para compor as
avaliações trimestrais, baixam vídeos sobre o conteúdo de forma a
complementar o que foi explicado em sala de aula.

A internet é vista como o principal recurso a ser explorado pelo professor para
inserção da informática na prática docente. Todavia não existe uma discussão
sobre como deve ser feita esta inserção e, quais os resultados a serem
esperados. Sabe-se que o aluno copia o resultado de uma pesquisa, sem
analisar a confiabilidade da fonte da informação, e o professor muitas vezes
aceita esta “colagem” acreditando ter sido, a atividade, suficiente para a
aprendizagem do aluno, alguns professores conseguem distinguir o que é da
capacidade do aluno escrever por conhecer a sua linguagem, mas professores
que possuem apenas 2 aulas por semana, raramente conseguem reconhecer a
capacidade de todos os alunos.

A segunda parte da pesquisa é voltada às noções de conhecimento, ensino e


aprendizagem, sobre as novas tecnologias e seus impactos na educação,
iniciando com a indagação se o professor transmite conhecimento ao aluno, as
professoras responderam que sim, que o papel fundamental do professor é
mediar o conhecimento aos alunos, conhecimento esse não só de conteúdo do
currículo estadual, mas também conhecimento de vida, através das
experiências que tanto os alunos quanto os professores possuem:

Responderam que além de transmitir o conhecimento agem como facilitador da


aprendizagem construindo o conhecimento com o aluno.

A postura exposta anteriormente indica que a visão do professor como detentor


de todos os conhecimentos está em superação, o professor não é mais o único
a saber e tem por função transmitir o que sabe, ele deve ser o detentor da
experiência adquirida com o conhecimento e, principalmente, o profissional
capaz de facilitar a transmissão destes conhecimentos.
15
Pode-se observar que as professoras têm a percepção de que o seu papel é o
de facilitador de aprendizagem, todavia ressentem-se de embasamento teórico
e prático para romperem com uma tradição enraizada na qual cabe-lhes o
papel de transmitir conhecimentos, e aos alunos receber tais conhecimentos e
internalizá-los como fruto de aprendizagem.

Indagou-se também como se dá a passagem de um menor conhecimento para


um maior conhecimento, a professora R respondeu que ele acontece
gradualmente, dentro do próprio processo de ensino e aprendizagem e que as
dificuldades são encontradas em cada etapa e por cada ator do processo, tanto
para o aluno quanto para o professor e que às vezes é necessário voltar dois
passos para avançar um, ou seja, o importante é sanar as dúvidas dos alunos
para que eles possam avançar em seus conhecimentos.

A troca de conhecimentos é um ato muito engrandecedor dentro da sala de


aula, o respeito que ambos devem ter um com o outro é essencial para que
haja essa troca saudável de aprendizagem.

Sobre a aula expositiva foi perguntado se ela é suficiente para que o aluno
aprenda, as respostas foram unânimes que não, as professoras disseram que
devem usar várias metodologias, vários materiais didáticos e vários recursos
para que se dê um bom desenvolvimento no processo de ensino
aprendizagem, apenas a aula expositiva não garante que o aluno cresça em
seus conhecimentos e em sua aprendizagem.

Houve dúvida sobre o que é necessário na sala de aula para que o aluno
aprenda, as professoras responderam que precisam de materiais que possam
ficar expostos de forma que os alunos manuseiem a favor de contribuir para o
aprimoramento de seu conhecimento e somar aos conteúdos que o mesmo
está estudando, em aspectos materiais (livros, cartazes expositivos, caixa de
jogos, material concreto, e se possível acesso à internet em sala de aula) e
aspectos imateriais (motivação, ambiente agradável).

Além de materiais concretos, precisam também estar motivados para exercer a


profissão, um professor que tenha vontade de estar em sala de aula, envolve
mais seus alunos ao aprendizado. O ambiente se torna agradável, resultando
em respeito e interação maior entre ambos.
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Perguntou-se como o professor age com um aluno que tem dificuldade de
aprendizagem, a professora respondeu que oferecendo estratégias, atividades
e avaliações diferenciadas podem motivá-lo a aprender de acordo com suas
necessidades e possibilidades.

As professoras responderam ainda que pedem um aluno para explicar com


suas palavras, linguagem própria da idade, ao colega com dificuldade de
aprendizagem, muitas vezes esse processo dá certo desde que haja
intervenção do professor para que esse diálogo não seja improdutivo.

Para melhor entendimento do quadro atual, perguntou-se qual é o papel do


professor e do aluno no processo de ensino-aprendizagem. A professora
respondeu que o papel do professor é ser o mediador entre aluno e o
conhecimento, guiando-o de forma a motivar-se pela busca do conhecimento e
indicando-o os melhores meios para isso e também despertar o gosto pela
curiosidade e a investigação, motivando atitudes e práticas produtivas,
procurando dar um sentido social para a construção do saber.

O papel do aluno é buscar esse conhecimento, pesquisar e se dedicar para


isso, ser responsável por vislumbrar todas as possibilidades que o
conhecimento que lhe é transmitido pode lhe oferecer. Ser atuante na
construção de seu próprio conhecimento, aproveitando da figura do professor
como mediador.

Ainda, disseram que o papel do aluno é aprender e ao mesmo tempo ser um


cidadão crítico, pois sem avaliação escrita, nós professores só detectamos a
aprendizagem quando o aluno é participativo e questionador.

Em complementação a indagação anterior, perguntou-se se esses papéis, do


professor e do aluno, permanecem inalterados ou podem mudar quando se
insere o computador, todos disseram que os papéis podem mudar no sentido
que o computador é uma ferramenta indispensável para a aprendizagem. A sua
contribuição é imensa. Só acrescentaria para novos conhecimentos, através de
figuras, vídeos, imagens e outros acessos. Para isso depende da proposta
pedagógica que o professor possui para a aprendizagem dos seus alunos.

Reconhecem que os papéis do professor e do aluno podem mudar quando se


insere o computador, mas não há uma consciência sobre como e por que
ocorrem estas mudanças. Percebe-se que a expectativa de mudança está

associada a uma “revolução de costumes” o que certamente raramente será


17
percebido em qualquer instituição que implante a informática de maneira
planejada. Só após a reflexão sobre como era a escola antes da chegada do
computador e como esta se encontra hoje é que eles perceberam que já houve
inúmeras transformações evolutivas com impacto em sua prática docente,
mesmo para aqueles que disseram não utilizar o computador.

Sobre a inserção do computador na escola, perguntou-se se houve alguma


mudança na organização escolar, no currículo, na atuação da direção ou se
pouca coisa foi mudada não ocorrendo alterações essenciais, as respostas
foram positivas no aspecto se comparar com 10 anos atrás, afinal as facilidades
dos alunos pesquisarem e encontrarem os conteúdos são surpreendentes.

Porém no município de Vargem Alta onde a professora M trabalha ela disse “é


que pouca coisa foi mudada, ainda grande parte do conteúdo se dá através do
livro didático e em sala de aula”.

Sobre o sistema educacional de maneira geral, perguntou-se se este está


preparado para integrar o computador ao processo educacional, a opinião dos
professores segue na linha que integrar o computador sim, mas parece não ter
interesse de melhorias dessa ferramenta tão importante, principalmente quanto
ao uso da internet que raramente funciona na escola. Outra questão é a
restrição de alguns sites.

Disseram ainda que é visível a necessidade de uma formação para os


professores lidarem com a tecnologia existente na escola, pois ainda
encontram. se professores sem os conhecimentos básicos de informática.
Então com um bom curso de capacitação os qualificam para esta área
educacional.

É perceptível também que muitos alunos não sabem utilizar muitos programas,
mesmo os básicos, como planilhas, digitar um documento sem erros de
gramática, formatar uma apresentação de slides e outras.

As professoras responderam que o uso das tecnologias – em especial o


computador – é essencial para o Ensino Fundamental Anos Finais,
acrescentaram ainda que o computador já faz parte do cotidiano dos alunos
fora da escola, cabe à unidade de ensino aprimorar o conhecimento dos alunos
nessa área dentro da escola.

Sobre a preferência de desenvolver um programa de formação continuada para


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os professores usarem o computador nas próprias disciplinas com seus alunos
ou ter na escola um professor com formação específica em Informática para
exercer as atividades relacionadas com a Informática, qual das duas opções
seria mais eficaz, os professores acreditam que um curso de formação seria
interessante, mas o que não dispensaria a contratação de um professor de
informática, acrescentaram ainda que deveria ter no currículo do aluno a
disciplina de informática como sendo de grande suporte.

A respeito da indagação anterior, foi-se perguntado aos professores, em suas


opiniões, o que os alunos pensam sobre uma formação continuada ou um
professor formado em informática para auxiliá-los com as tecnologias da
escola. As professoras responderam que para os alunos seria mais
interessante o uso dos seus instrumentos tecnológicos particulares em sala de
aula, que a partir desta liberação, o aprendizado seria mais presente, as aulas
seriam mais prazerosas, teriam motivos de irem felizes para estudar, as fotos
seriam instantâneas, mas que precisariam de mediações, para que fossem
para o uso inadequado, como ficarem em redes sociais ao invés de prestarem
atenção na aula. Um profissional formado na área seria interessante na visão
dos alunos.

Por fim foi aberto um espaço as professoras para mais alguns comentários ou
observações de forma a encerrar a entrevista, onde disseram que é preciso
organizar um espaço adequado e recursos com mais qualidade, disponível para
o professor e o aluno com manutenção mensal, afinal a informática se torna
uma grande ferramenta no processo de ensino-aprendizagem. A educação é
um processo em constante evolução e a escola não pode ficar parada.

As professoras declararam ter interesse em participar de um programa de


formação continuada para o uso da informática na educação, em relação aos
resultados que esperavam obter que viesse a aprimorar a prática docente foi
constatado que esperavam obter maiores conhecimentos que possibilitasse
maior domínio quanto ao manuseio e técnicas de empregabilidade da
informática na educação e deste modo poder oferecer uma aula mais atraente
aos alunos
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5 CONCLUSÕES

Refletindo sobre o que este trabalho objetivou a princípio, acredita-se que foi
possível analisar como se desenvolve na prática pedagógica dos professores
do ensino fundamental, o uso das novas tecnologias em sala de aula, é
perceptível que os professores tiveram a oportunidade e refletiram sobre suas
práticas docentes, dando maior ênfase ao uso da sala de informática com seus
alunos a respeito de conteúdos inseridos no currículo. Não para simulados e
outras atividades que já fazem parte da rotina escolar, mas que estão mais
abertos para receberem novas estratégias com o uso da informática na escola.

É possível perceber na pesquisa que os professores possuem dificuldades em


utilizar a sala de informática devido à má conservação dos computadores, que
não há possibilidade de utilizar alguns sites por estarem bloqueados, mas que
mesmo com esses problemas, não deixam de tentar usar as tecnologias.

Como temas a serem abordados em trabalhos futuros que poderão ajudar a


melhor compreender as dificuldades e possibilidades para a implantação efetiva
da informática educativa na prática docente destacam-se:

 Investigação das dificuldades de aprendizagem de novas tecnologias por


parte dos docentes com maior tempo de formação.
 Avaliar os resultados obtidos por programas de formação continuada
embasados nos princípios descritos neste trabalho no que se refere às
mudanças produzidas nas práticas docentes.
 Investigar como os professores dos anos iniciais e finais do ensino
fundamental percebem na prática pedagógica o uso do computador.
 Avaliar as possibilidades de aplicação do ciclo descrição-execução-reflexão-
depuração nas áreas de conhecimento do Currículo Básico Comum.
 Estudar diferenças entre os resultados obtidos no uso da informática
educativa em relação à informática na educação.

As possibilidades abertas por este estudo levantarão novos problemas


certamente suscitarão novas pesquisas, novas descobertas, outras
construções, que levantarão novos problemas, e esses serão subsidiadas pelas
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ideias e diretrizes aqui desenvolvidas, mas abrirão outras lacunas e
contradições, buscarão nós e ligações com outros conceitos e teorias. Tudo
isso representa o desafio para sobrepujar os conflitos e os desequilíbrios e
atingir um novo patamar de conhecimento.

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