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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências Agrárias

Departamento de Engenharia de Pesca

Severino Campos Oliveira Neto

Disciplina: Genética Aplicada a Pesca e Aquicultura

Prof. Dr. José Renato de Oliveira Cesar

Fortaleza

2018

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Sumário
1. Introdução......................................3

2. Desenvolvimento............................5

3. Conclusão......................................8

4. Referências.....................................................................9

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INTRODUÇÃO

O L. vannamei, comumente conhecido como camarão-da-pata-branca,


pertence à ordem Decápode e à família Penaeidae. É uma espécie endêmica da
costa oriental do Oceano Pacífico, distribuindo-se desde o Peru (região de Tumbes)
até o México (região de Sonora). Assim como os demais camarões peneídeos, o L.
vannamei é classificado como onívoro, alimentando-se de fito e de zooplâncton nos
estágios larvais e pós-larval. Essa espécie é reconhecida como osmorreguladora,
tolerando rápidas e amplas flutuações na salinidade (0,5 – 40 ppm).

Figura 1. Exemplar da espécie Litopenaeus vannamei.


Fonte:http://www.zealaqua.com/Vannamei-Shrimp.aspx

O cultivo de camarão é uma atividade secular, que teve início na Ásia, com
pescadores artesanais, que aprisionavam camarões adultos e pós-larvas através de
diques, construídos no próprio mangue, que eram abastecidos pela variação das
marés. Dentre as espécies de maior destaque, em termos de volumes cultivados,
destacam-se o Litopenaeus vannamei (Figura 1). Possuindo uma maior
representatividade dentro da carcinicultura mundial correspondendo por
aproximadamente, 50% de toda a produção mundial de crustáceos cultivado.

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Com a estabilização da produção pesqueira e o aumento da demanda
mundial por pescado, o cultivo de camarões marinhos foi a atividade aquícola que
mais obteve sucesso econômico nos últimos anos. Porém, a rápida expansão da
indústria associada à intensificação dos sistemas de cultivo coincidiu com o
surgimento e disseminação de novas patologias emergentes, sendo necessário o
desenvolvimento de linhagens com desempenho superior em termos de
crescimento, resistência a enfermidades e a variáveis ambientais.

Processo de Muda

Os crustáceos, como outros artrópodes, possuem um exoesqueleto rígido


ou cutícula que reveste todo o seu corpo, sustentando-o e conferindo-lhe resistência
mecânica. No entanto, a cutícula é uma barreira física ao crescimento destes
animais. Para contornar este problema, os artrópodes desenvolveram um
mecanismo de troca periódica deste exoesqueleto, denominado ciclo de muda ou
ecdise. A secreção da nova cutícula inicia-se antes que a antiga seja abandonada
no momento da ecdise. O animal, então, sai do antigo exoesqueleto com sua nova
cutícula ainda macia e flexível. Nesse momento, o crustáceo absorve uma grande
quantidade de água, aumentando rapidamente de tamanho. Assim, a nova cutícula,
ainda flexível, acompanha o aumento de volume e enrijece-se. (CHANG, 1985)

Dinâmica do ciclo de muda

O ciclo de muda é um processo complexo, que influencia toda a vida do animal, e


podemos distinguir mudanças morfológicas, fisiológicas e comportamentais
decorrentes desta influência na maior parte do ciclo. O ciclo de muda apresenta, em
geral, quatro estágios ou fases bem distintas: intermuda, pré-
muda, muda ou ecdise e pós-muda, algumas delas com subdivisões. As diferenças
entre as fases nem sempre são identificáveis a olho nu. Geralmente a progressão do
ciclo deve ser acompanhada através do exame microscópico da cutícula, da
epiderme e do desenvolvimento das cerdas. (HIGHNAM & HILL, 1977)

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Fatores que influenciam o ciclo de muda

O ciclo de muda abrange um gasto de energia extremamente grande para o


animal e acende uma situação de extrema fragilidade durante o período em que o
novo exoesqueleto ainda não está com todas as suas camadas completas. Desse
modo, os crustáceos conseguem alterar a frequência e a duração do ciclo de acordo
com seu desenvolvimento e com as condições ambientais. (WITHERS, 1992)
O processo de mudas além de ser controlada por fatores intrínsecos, como a
oferta de alimentos e hormônios, é também influenciada por fatores extrínsecos,
como a intensidade de luz, fotoperíodo, a temperatura e a salinidade, e esses
fatores influenciam as taxas metabólicas, acelerando ou retardando o ciclo. Uma
baixa oferta de alimentos pode também atrasar a muda, já que os animais
necessitam de uma reserva energética durante os períodos em que não podem se
alimentar, e precisam repor o gasto metabólico após a ecdise (KLEINHOLZ,
1985 apud MAGIONNI, 2002).

MELHORAMENTO GENÉTICO – EMPRESA AQUATEC

Quando se realiza um projeto com genética voltada para crescimento, alguns


pontos merecem destaques: construção de um núcleo de genética afastado da
indústria (fazendas, beneficiamentos, laboratórios e etc.), formação e quantidade do
número de famílias que se obtém por ano, no caso específico da AQUATEC
compreende 300 famílias por ano, existência de laboratório de multiplicação e o
aporte financeiro orçamentário que se tem, afinal a genética é um investimento de
médio-longo prazo.
Para este esquema funcionar já por 20 anos, foi necessário investir na
construção e operacionalização de um Núcleo de Melhoramento Genético SPF
(Livres de patógenos específicos), isolado da indústria, nascendo a coligada
GENEARCH AQUACULTURA em 2006, e transformar a AQUATEC num grande
CENTRO de MULTIPLICAÇÃO do produto da GENEARCH.
Desde o início do programa genético, inúmeras implementações técnicas
foram formando o produto da AQUATEC, até que em 2003 nasce internamente a
linhagem Speedline. A partir de então a linhagem segue evoluindo, fruto da
constante busca pela construção de um novo produto, que atenda às mudanças e
necessidades do mercado.

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As inovações neste produto AQUATEC são obtidas a partir de mudanças nos
pilares da formação da linhagem genética:
● Origem dos reprodutores.
● Seleção familiar e intrafamiliar direcionada por geneticista.
● Status SPF pelo monitoramento sanitário constante no Núcleo.
● Introdução de novos materiais.
● Processos de melhoria durante a formação dos reprodutores.
● Levantamento de informações na indústria para avaliação dos resultados e
conhecer as necessidades de mudanças.
Nesse sentido, é mostrado no quadro 1 a relação entre os produtos lançados
dentro da linhagem SpeedLine, gerada comercialmente desde 2005, e a estratégia
de transformação para o lançamento de um novo produto.

SpeedLine Aqua

Desde o último lançamento de produto da linhagem SpeedLine em 2016,


com a SpeedLine HB16, se discutia a continuidade do programa genético para
crescimento, sempre com a perspectiva de se obter índices ainda melhores. Ao final
de 2017, fruto de mais uma inovação, a AQUATEC lançou no mercado para 2018 a
linhagem SpeedLine Aqua, na qual há uma pressão de seleção ainda maior para o
fator crescimento e a manutenção do status sanitário “SPF” dos Reprodutores no
Núcleo e status “HIGH HEALTH” depois que são transferidos para a multiplicadora
AQUATEC.

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Desempenho SpeedLine

Destaca-se nos últimos anos, especialmente a partir de 2016, quando a


genética voltada para crescimento teve um importante benefício na expressão de
seu potencial, movido especialmente pela:
● Evolução de conhecimento técnico por parte dos produtores advindos da
necessidade de conviver com os desafios gerados por enfermidades.
● Adoção de novas tecnologias de manejos, seja em sistemas intensivos ou
sistemas extensivos.
● Melhor qualidade das pós-larvas em função dos processos da larvicultura.
● Adoção de fases de pré-engorda com modernização do sistema: maior tamanho
de transferência de juvenis.
● Melhora na qualidade e disponibilidade de tamanhos de rações iniciais.
● Evolução do uso de probióticos e imune estimulantes.
O casamento das melhorias técnicas acima citadas com a continuidade do
programa de melhoramento genético sob constante evolução, resultam na
expressão fenotípica deste trabalho de tantos anos. Mesmo diante dos desafios
relacionados à crise gerada pelo WSSV (Enfermidade da Mancha Branca), a
evolução das linhagens SpeedLine ao longo dos anos é claramente visível pelo
crescimento semanal (g), como mostra a figura a seguir.

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Considerando o uso da SpeedLine em sistemas intensivos e extensivos, o
quadro abaixo mostra alguns resultados médios alcançados na indústria atualmente.

CONCLUSÃO

A história da Genética de Crescimento no Brasil já tem 20 anos, mas o


encontro e reconhecimento das vantagens produtivas destas linhas pela nossa
indústria é recente, não mais que 5 anos. A tendência é que esta característica
zootécnica ganhe mais expressividade no futuro pela demanda da própria indústria
nacional. Melhorias genéticas acontecem quando a indústria demanda melhores
resultados em seus cultivos, passando por nutrição e manejo.
As linhagens de crescimento, atualmente, são utilizadas no Brasil de acordo
com a estratégia adotada pelo produtor, mas de uma maneira geral, os principais
benefícios na utilização desse produto são:
1- Possibilidade de um camarão maior em um intervalo de tempo menor;
2- Aumento de número de ciclos por ano;
3- Possibilidade de produtividade Kg/ha/dia competitiva.
Indiscutivelmente, fatores estes decisivos no sucesso de toda fazenda de camarão.
Segundo Ziegler (2017), “A taxa de crescimento do camarão é o principal fator
a afetar a lucratividade do viveiro na criação de camarão em condições normais de
cultivo”.

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REFERÊNCIAS

CHANG, E. Hormonal Control of Moulting in Decapod Crustacea. American


Zoologist, v.25, n 1. American Society of Zoologists. 1985.

DALL, W.; HILL, B. J.; ROTHLISBERG, P. C.; SHARPLES, D. J. The biology of


Penaeidae. Advances in Marine Biology, v. 27, p. 1- 484, 1990.

FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Fishery and
Aquaculture Statistics. 2015. Rome: FAO, 2017.

FAO. 2018. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2018. Cumplir los


objetivos de desarrollo sostenible. Roma.

SILVA, A.; SOUZA, R. A. Glossário de aquicultura. Belém: UFRA, 1998.

Panorama da aquicultura. História, evolução das linhagens, principais


características de uso e perspectivas futuras. Brasil, 2018
(https://panoramadaaquicultura.com.br/informe-empresarial-genetica-de-
crescimento-do-camarao-cinza-no-brasil-historia-evolucao-das-linhagens-principais-
caracteristicas-de-uso-e-perspectivas-futuras/)

WITHERS, P. C. Comparative Animal Physiology. Saunders College Publishing.


1992. 980p.

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