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4. O que é Criação?

De onde veio o Universo? Qual a sua finalidade? Deveríamos pensar na


criação como boa ou má? Neste capítulo procuraremos entender como
Deus criou o Universo, de que tipo ele é e como devemos pensar na
criação hoje.

A criação tornada realidade


Deus criou o Universo a partir do nada; Nada além de Deus existia antes de
o Universo ser criado. Todas as coisas, que Gênesis 1:1 chama de “céus e
Terra”, foram criadas por Deus. João 1:3 afirma: “Todas as coisas foram feitas
por intermédio dele”. E em Colossenses 1:16 lemos: “pois nele foram criadas
todas as coisas nos céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis”. E como vimos
no capítulo anterior, todos os membros da Trindade estiveram envolvidos
nesse processo.
Deus chamou toda a criação à existência, desde a Terra e as águas às plantas
e animais (Gênesis 1:3-25) — isto é, toda a criação exceto o homem. Homem
e mulher foram criados pelas mãos divinas e receberam vida do próprio
fôlego de Deus (Gênesis 2:7,22). Essa criação intimista e especial é um sinal
do lugar exclusivo que Deus designou aos seres humanos dentro de sua
criação. Além disso, os seres humanos são os únicos que Deus criou “à sua
própria imagem” (Gênesis 1:27). Ser criado à imagem de Deus significa ser
como ele para representá-lo. Como imagem de Deus, o homem é o clímax de
toda a criação e mais semelhante a Deus do que qualquer outra criatura, e a
única designada por ele para governar o restante da criação como seu
representante (Gênesis 1:28-31).
Existem muitas teorias científicas que conflitam diretamente com a visão
bíblica da criação, como a de que todos os seres vivos vieram do resultado de
mutações aleatórias durante um longo período de tempo, em vez de como
resultado do projeto inteligente de Deus e de seu poder infinito. Essas teorias
que não reconhecem Deus como o Criador não nos conferem a dignidade
dada pela narrativa bíblica. A Bíblia ensina que, embora Deus não precisasse
criar nada, ele preferiu criar-nos e escolheu fazê-lo a sua imagem.
Por outro lado, algumas vezes as observações científicas do mundo podem
corrigir os mal-entendidos das pessoas. Antigamente, muitos cristãos
pensavam que a Bíblia ensinava que o sol girava ao redor da Terra. Eles se
opunham às teorias de Galileu, cujas observações astronômicas o levaram a
concluir que a Terra gira e orbita ao redor do sol. Por fim, toda a igreja
reconheceu que a Bíblia jamais ensinou que o sol gira em torno da Terra, e
assim eles puderam aceitar as pesquisas de Galileu. Devemos ter cuidado,
então, ao tratar de questões sobre as quais a Bíblia não fala claramente. E
quando nossas observações do mundo natural parecerem entrar em conflito
com a compreensão da Escritura, devemos examinar novamente ambas,
procurando descobrir onde nossa compreensão limitada e imperfeita poderia
estar equivocada. Em última análise, um bom entendimento acerca da ciência
e uma compreensão adequada das Escrituras nunca estarão em conflito.
A Bíblia é clara: Deus criou a Terra e tudo o que nela há a partir do nada.
Ele criou o homem do pó da terra que havia feito. Antes da criação, nada
existia senão Deus. Por consequência, nada é eterno além de Deus. Ninguém
além de Deus pode, no fim das contas, governar sobre o que criou. Assim,
nada além de Deus é merecedor de nossa adoração. Em virtude de sermos
produtos especiais da criação de Deus, esse fato deveria produzir profunda
humildade em nós. Além disso, por ter Deus criado o Universo do nada e,
porque ele não necessitava criá-lo, deve tê-lo feito por algum propósito.
Como somos produtos especiais da criação divina, isso nos deveria dar
grande dignidade.

Uma criação distinta, mas dependente


Como Criador, Deus é distinto da sua criação. Ele não faz parte de sua obra
criadora. Deus é, de muitas maneiras, diferente de sua criação. Ele fez todas as
coisas e governa sobre elas. É infinitamente maior do que a criação e muito
independente dela, e também não precisa da criação de forma nenhuma.
Mas Deus também está intimamente envolvido na criação. Com seu sopro,
deu vida a sua própria imagem [o homem]. “Em sua mão está a vida de cada
criatura e o fôlego de toda a humanidade” (Jó 12:10). Deus mesmo “dá a
todos a vida, o fôlego e as demais coisas”, “pois nele vivemos, nos movemos e
existimos” (Atos 17:25,28) Somos, como Paulo diz, “descendência dele” (Atos
17:29).
Deus é tanto envolvido em sua criação, como distinto dela. Ele não é
dependente da criação, mas esta depende dele. Assim, nada na criação é
merecedor do carinho a que Deus tem direito. Embora Deus seja maior que
sua criação, ele preferiu não deixá-la funcionar por sua própria conta. Em vez
disso, escolheu ficar intimamente entremeado com ela, especialmente com
as coisas feitas a sua imagem.
Dessa forma, ele não está tão afastado de nós que não possa ou não esteja
intimamente envolvido em nossas vidas e nossas lutas. Ele está perto; ele é
“nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade”
(Salmos 46:1). Por ser Deus maior que toda a criação e estar envolvido com
ela, se esperarmos nele nada temos a temer.

Criação glorificadora de Deus


Toda a criação foi feita para glorificar a Deus. “Os céus declaram a glória de
Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Salmos 19:1) Deus diz
que também fomos criados para a sua glória (Isaías 43:7). Na verdade, o papel
de Deus como Criador o torna digno de nosso louvor: “Tu, Senhor e Deus
nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as
coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas” (Apocalipse 4:11).
A criação de Deus mostra seu poder e sua sabedoria superiores. “Mas foi
Deus quem fez a Terra com o seu poder, firmou o mundo com a sua
sabedoria e estendeu os céus com o seu entendimento” (Jeremias 10:12) Até
mesmo uma breve reflexão sobre a complexidade, diversidade e beleza da
criação produz em nós louvor a Deus por seu poder, sabedoria e inteligência.
Deus nunca precisou da glória da criação. Toda a glória de que ele precisa
sempre esteve no seio da Trindade. Em vez disso, a Bíblia é clara: Deus criou
todas as coisas e por sua “vontade elas existem e foram criadas” (Apocalipse
4:11). A criação foi um ato livre de Deus. Ele criou o Universo para mostrar
sua grandeza, demonstrar sua excelência e deleitar-se em sua obra. Portanto,
ao tomarmos prazer espontâneo nas atividades criadoras de Deus, em nossas
ações e atividades criativas e nas atividades criativas de outros, estamos dando
glória a Deus por imitar o deleite que ele desfrutou em sua criação.

A boa criação
Deus pode deleitar-se em sua criação porque ela lhe dá glória. Ele também
se deleita nela, como nos diz em Gênesis 1:31, onde Deus olhou para tudo o
que havia feito e considerou muito bom. A despeito de a criação nem sempre
funcionar como deveria por causa do pecado, deveríamos considerá-la como
sendo feita de bom material. “Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve
ser rejeitado, se for recebido com ação de graças” (1Timóteo 4:4).
Sendo assim, devemos aproveitar as coisas boas que Deus criou para nós.
Apesar de algumas delas poderem ser utilizadas para fins pecaminosos, seu
uso potencialmente prejudicial não as torna malignas em todas as situações.
Por exemplo, embora Paulo diga que “o amor ao dinheiro é raiz de todos os
males” (1Timóteo 6:10), ele também afirma que Deus mesmo “de tudo nos
provê ricamente, para a nossa satisfação” (1Timóteo 6:17).
Desse modo, devemos usar alegremente a terra pródiga que Deus nos deu e
procurarmos cuidar dela de maneira que traga glória e honra a seu nome.

Perguntas para revisão e aplicação


1. De que maneira os atos criadores de Deus produzem em nós grande
humildade? Como eles nos concedem grande dignidade?
2. Liste algumas das formas como a terra, os animais e você mesmo podem
dar glória a Deus, o Criador.
3. O que Deus pensa sobre toda a sua criação? Como sua visão da criação
mudou depois de Adão e Eva cometerem o pecado? Como a visão de Deus
de toda a Sua criação difere de nossa visão de aspectos específicos da
criação?

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