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UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR

ARQUITETURA E URBANISMO

ANDIARA FRASSON LOPES


MAYSA RAMOS SALDANHA
ISABELA FRITSCHE DE SOUZA

RESUMO DO TEXTO: “ DECOMPOR, ABSTRAIR E RECOMPOR: UM OLHAR


SOBRE A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA ”.

TOLEDO
2023
ANDIARA FRASSON LOPES
MAYSA RAMOS SALDANHA
ISABELA FRITSCHE DE SOUZA

RESUMO DO TEXTO: “ DECOMPOR, ABSTRAIR E RECOMPOR: UM OLHAR


SOBRE A ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA ”.

Atividade apresentada na disciplina de História da


Arquitetura sob a orientação do Profª. Caroline
Scheffer Nogueira, como parte integrante da nota
referente ao 3° bimestre da turma do 4° ano do
Curso de Arquitetura e Urbanismo na Unipar
Unidade de Toledo - PR

TOLEDO
2023
INTRODUÇÃO
O artigo discute os resultados de uma pesquisa de mestrado que investigou a
produção arquitetônica contemporânea no Brasil, se atentando às edificações
residenciais de escritórios brasileiros destacados na mídia. A pesquisa selecionou
três escritórios de arquitetura como FGMF, MAPA e O NORTE, com base em
critérios de trabalho com habitação unifamiliar e estar localizado em diferentes
regiões do país.
Foram descobertos seis residências com dimensões semelhantes, mas o artigo
se concentra na análise de duas delas, a Casa em TerraVille e a Casa em
Camaragibe, devido a marios proximidade em suas características essenciais dentro
desse grupo.
A avaliação e comparação de abordagens inclui a análise crítica de cinco autores
que desempenharam papéis importantes na análise de projetos e na concepção
formal sob diversas perspectivas. Essas contribuições são fundamentais para a
elaboração de um método de análise, enfatizando conceitos como a abstração e a
distinção do objeto moderno, além da criação de representações gráficas analíticas.
Essa definição teórica orienta a aplicação do método analítico, que requer a
capacidade de isolar os componentes essenciais do conjunto e compreendê-los
individualmente, antes de se familiarizar com a sua organização formal.

A ESTRUTURA FORMAL: UM OLHAR SOBRE A ARQUITETURA

No artigo apresenta uma análise das obras, feita pelos autores Carlos Martí Arís,
Colin Rowe, Edson da Cunha Mahfuz, Peter Eisenman e Elena Botella. Onde
compara a Villa Foscari de Palladio com a Villa Stein, de Le Corbusier, destacando
semelhanças na estrutura profunda dos edifícios, ele observa que ambos
compartilham um esquema proporcional e métrico semelhante que orienta os outros
elementos do design, mas que acaba resultando em propostas diferentes.

Embora Rowe não forneça uma definição explícita de estrutura formal, seu estudo
demonstra claramente o conceito de estrutura formal proposto por Carlos Martí Arís.
A Villa Foscari foi projetada por Andrea Palladio entre 1550 e 1560 e reflete sua
teoria arquitetônica de forma notável. A casa projetada para dois irmãos, segue uma
simetria em torno do seu piso principal, uma sala cruciforme central e duas alas
idênticas para os proprietários. Verticalmente, a casa é dividida em três níveis: o
térreo para serviços, o intermediário para funções nobres e o sotão para
armazenamento agrícola.
Figura 01: Villa Foscari, Andrea Palladio, Itália

Em contrapartida, a Villa Stein foi projetada por Le Corbusier entre 1926 e 1927,
refletindo os princípios da arquitetura moderna. É descrito por um volume cúbico
com janelas horizontais de vidro. Verticalmente, a casa possui quatro níveis, com o
último funcionando como um jardim no telhado.

Figura 02: Villa Stein, Le Corbusier, Paris


À primeira vista, essas duas construções parecem não ter conexão, mas uma
análise detalhada das plantas dos pisos principais, características físicas e relações
arquitetônicas revelam semelhanças notáveis. Ambas ocupam lotes independentes,
com fachadas frontais e traseiras dominantes e fachadas laterais de menor
importância. Ambos têm volumes retangulares únicos e seguem uma proporção
matemática que divide o volume em unidades de comprimento, largura e altura.
Rowe analisa esses aspectos, concentrando nas características em si,
independentemente da aparência geral. Ele observa que as qualidades na obra de
Palladio são mais diretas, enquanto a Villa Stein apresenta atributos mais
complexos.
Carlos Martí Arís sugere que a estrutura formal é equivalente ao conceito de tipo,
uma imagem conceitual presente na estrutura profunda das edificações. Isso
demonstra que diferentes edifícios, onde apesar de sua aparência externa, podem
compartilhar a mesma estrutura formal.
Arís distingue entre edificações tradicionais e modernas com base na organização
de seus subsistemas. Nas antigas edificações, os subsistemas possuem uma
configuração monolítica, composição precisa dos elementos, tornando a estrutura
formal facilmente identificável. Na arquitetura moderna, os subsistemas são
decomponíveis e independentes, exigindo uma base de apoio para sua
coordenação. A estrutura formal é menos evidente inicialmente, revelando-se
apenas após uma análise mais aprofundada.
Essa mudança na organização dos subsistemas na arquitetura moderna é
influenciada por fatores tecnológicos e uma nova epistemologia baseada na
abstração, onde elementos podem ser isolados para análise.
Portanto, a estrutura formal é uma característica subjacente que pode ser
compartilhada por edificações diferentes, independentemente de sua aparência
externa, e sua compreensão requer uma análise abstrata que revela a matriz formal
subjacente.
Conforme Mahfuz explica, ao contrário de Arís, os elementos da arquitetura não
devem ser vistos como subsistemas independentes, e a criação de um projeto
inovador não consiste na sobreposição desses subsistemas. Em vez disso, Mahfuz
argumenta que um objeto interessante é formado por componentes que, quando
organizados por meio de um processo de composição, resultam em uma totalidade
coesa. No entanto, Mahfuz sublinha a importância de que cada obra arquitetónica
seja fundamentada num conceito central ao qual todos os outros elementos estão
subordinados, alinhando-se assim com a ideia de estrutura formal proposta por
Carlos Martí.
Enquanto Arís rotula este conceito central como estrutura formal, Mahfuz o
denomina de todo conceitual. Ele a vê como uma imagem imaterial e não detalhada
que constitui a essência do edifício. Esse todo conceitual é formado por um princípio
estruturante ao lado de partes conceituais. Segundo Mahfuz, o todo conceitual
funciona como uma ideia forte, um fio condutor em torno do qual se forma a
realidade do edifício. O princípio estruturante determina as relações entre as partes
e como o todo se relaciona com o seu contexto, enquanto as partes conceituais
representam noções gerais sobre os componentes de certas relações básicas.
Mahfuz dá maior ênfase ao princípio estruturante, considerando-o fundamental
para estudos analíticos que buscam compreender e caracterizar a produção
arquitetônica. A sua abordagem vai além da mera identificação e compreensão das
características superficiais de um edifício; envolve descobrir as relações dentro do
objeto, permitindo uma compreensão clara e precisa.
Outra característica do todo conceitual é a sua ligação, à semelhança da estrutura
formal de Arís, com a ideia de tipo. Pode ser caracterizado como um objeto
conceitual, não detalhado e irredutível, que pode se manifestar de diversas formas
superficiais. Por exemplo, Mahfuz faz uso da casa de estilo pátio como uma
ilustração, um arranjo organizado em torno de uma estrutura construída que inclui
uma ou mais áreas internas abertas.
Além disso, Mahfuz sublinha a importância de desenvolver um método analítico
que vá além das características visíveis de um edifício para identificar o seu conceito
global. Esse procedimento revela a essência da arquitetura e permite descobrir as
conexões entre os componentes, entre os componentes e a totalidade, bem como
entre a totalidade e seu entorno.
SUBSISTEMAS E SISTEMAS DE CONTROLE
O texto discute a abordagem de compreensão da arquitetura contemporânea,
destacando dois componentes fundamentais: os subsistemas interdependentes e as
áreas de controle mútuo que organizam uma estrutura formal. Os subsistemas
indicados incluem massa, estrutura portante, setorização, esquema distributivo,
circulação, aberturas e cobertura.
É enfatizado que a identificação dos subsistemas é crucial para a análise, e a
conexão entre eles é estabelecida por meio do sistema de controle ou área de
acordo mútuo, que pode ser uma regra geométrica ou padrão. Peter Eisenman
utiliza uma abstração para analisar edifícios, isolando componentes essenciais em
diagramas técnicos modificados.
Elena Botella, em sua tese "A análise gráfica da casa", também contribui para a
análise de residências unifamiliares, destacando a importância da abstração e do
desenho analítico para identificar elementos essenciais. Ela faz referência a estudos
de outros arquitetos e conduz uma pesquisa em duas etapas, analisando questões
específicas e comparando resultados de edificações projetadas por diferentes
arquitetos. A pesquisa utiliza um estilo de desenho padrão para destacar as ideias
principais.
Em resumo, o texto trata da análise da arquitetura contemporânea por meio da
identificação de subsistemas, áreas de controle mútuo e abstração, destacando a
importância do desenho analítico e referências a estudos de outros arquitetos.

DECOMPOR, ABSTRAIR E RECOMPOR


Casa em Terraville - MAPA

A Casa em TerraVille é uma residência unifamiliar localizada em Porto Alegre/RS,


com uma área total construída de 350 m². Foi projetado para abrigar um jovem
casal, um fotógrafo e uma produtora de moda, com dois filhos. A casa está situada
em um condomínio privado chamado TerraVille, em um terreno de 781 m² com frente
oeste e fundos voltados para um lago artificial.
Para atender às regras do condomínio, que planejam o isolamento do edifício no
lote e a manutenção da visibilidade do lago artificial, os arquitetos realizam um
projeto com poucos elementos e um talude artificial que bloqueia parcialmente a
vista da rua para o interior do lote.

Figura 03: Casa em Terraville, Mapa, Porto Alegre


A residência é composta por dois volumes independentes: um volume principal de
dois pavimentos, elevado do solo, e um anexo em forma de talude. A estrutura do
volume principal é metálica, com vigas, pilares e laje em steel deck, enquanto o
anexo é estruturado em concreto, com paredes de arrimo.
A setorização da casa é organizada em níveis hierárquicos, com os espaços
sociais e de serviços no térreo e o setor íntimo no pavimento superior. As alvenarias
internas seguem essa configuração, com áreas mais integradas na porção norte e
núcleos separados na porção sul. A circulação vertical e horizontal é independente
de cada volume, com configurações específicas. O espaço de transição no térreo é
envolvido por esquadrias de alumínio e vidro, permitindo a integração visual com o
exterior. No pavimento superior, existem apenas três aberturas pontuais, refletindo
sua natureza íntima.
A cobertura do volume principal é plana e impermeabilizada, enquanto a do
anexo é inclinada e coberta por vegetação, simulando a topografia natural do
terreno. Ambas são controladas por uma malha irregular.
Em resumo, a Casa em Terraville se destaca por sua arquitetura moderna, com
volumes independentes, setorização hierárquica, uso estratégico de aberturas e uma
cobertura que se integra ao ambiente. A organização da casa é influenciada pelas
regras do condomínio e pela busca de privacidade e integração visual com o
entorno.

Casa em Camaragibe - O NORTE

A Casa em Camaragibe é uma residência unifamiliar localizada na cidade de


Camaragibe/PE, projetada para um jovem casal com um filho em um terreno
extenso de propriedade da família. A casa foi concebida de acordo com a exigência
dos proprietários de ser compacta e isolada no lote, proporcionando privacidade
entre as duas residências existentes no terreno.

Figura 04: Casa em Camaragibe, O Norte, Pernambuco


O terreno possui uma área total de 1.478 m², e a nova casa ocupa uma faixa de
aproximadamente 15 x 30 m ao longo do eixo longitudinal, com acesso pela fachada
nordeste. Ela é delimitada por muros, sendo uma em alvenaria convencional nas
laterais noroeste, nordeste e sudeste, e uma parede verde semipermeável na lateral
sudoeste.
A análise da estrutura formal revela que a casa possui uma planta retangular e
longitudinal, com um volume permeável no térreo e um volume fechado no
pavimento superior. Os subsistemas estão contidos principalmente dentro da massa
da casa, exceto a cobertura, e são organizados em torno de um eixo
predominantemente, uma malha irregular com módulos de 3,0 x 4,5 a 3,0 x 1,50 m,
e estrutura entre determinados subsistemas.
Três estratégias de organização da forma arquitetônica destacam-se: a
articulação das massas, com massas específicas e soltas no lote, criando contrastes
entre espaços permeáveis ​e volumes opacos; sistemas de controle por meio de
malhas irregulares e eixos longitudinais; e a subordinação dos subsistemas, em que
o subsistema de abertura é influenciado pelo subsistema de setorização e massa.
Em resumo, a Casa em Camaragibe se destaca por sua organização compacta e
isolada, com ênfase na privacidade, e pela utilização eficaz de estratégias
arquitetônicas que integram volumes, sistemas de controle e subsistemas de forma
harmoniosa.

CONCLUSÃO
O texto aborda a necessidade de uma análise da arquitetura contemporânea que
vá além de sua variedade formal e imagética. Para isso, propõe uma metodologia
que se baseia no conceito de estrutura formal, que é entendida como um
pensamento ou ideia presente nas relações entre subsistemas organizados por
sistemas de controle específicos na arquitetura.
Através dessa abordagem analítica, o texto destaca a importância de identificar as
semelhanças entre duas residências que, à primeira vista, parecem não ter
nenhuma relação. Essa abordagem analítica possibilita uma reavaliação da
arquitetura contemporânea e sugere a possibilidade de compensar e ensinar a
arquitetura no século XXI.
Em resumo, o texto enfatiza a necessidade de uma análise mais profunda da
arquitetura contemporânea, buscando compreender sua estrutura formal subjacente
e identificando padrões e semelhanças entre edifícios aparentemente diferentes.
REFERÊNCIAS

RESIDÊNCIA Aldeia - Residencial | Galeria da Arquitetura. Imagem. Disponível em:


https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/o-norte-oficina-de-criacao_/residencia-aldeia/247
. Acesso em: 04/09/2023.

HELM, Joanna. Casa TRV - Terra Ville / studioparalelo + MAAM. 17 nov. 2011. Imagem.
Disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/01-9369/casa-trv-terra-ville-studioparalelo-mais-maam. Acesso
em: 04/09/2023..

COMAS, C. E. et al. DECOMPOR, ABSTRAIR E RECOMPOR: UM OLHAR SOBRE A


ARQUITETURA CONTEMPORÂNEA. In: . 2018: Salvador. p. 4338 – 4363. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/casacontemporanea/wp-content/uploads/2014/11/artigo-Tamires.pdf.
Acesso em: 04/09/2023.

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