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O grid de 2024 e a falta de brasileiros

Pela primeira vez na história da Fórmula 1, o grid inicial da próxima temporada não terá
novatos. Com a última vaga preenchida com a renovação de Logan Sargeant na Williams,
as equipes seguirão com os mesmos 20 pilotos atuais para 2024.

O grid e os contratos

Na Red Bull Racing, o bicampeão Max Verstappen tem o vínculo de maior extensão entre
os pilotos, até o fim de 2028. Já Sergio Perez possui o menor, até o fim da próxima
temporada. Lewis Hamilton e George Russell permanecem até 2025 com a Mercedes.
Fernando Alonso, responsável por 76% dos pontos da Aston Martin, segue com seu
contrato “plurianual”. Lance Stroll também foi confirmado, mas a duração de seu contrato
não é conhecida.

A Scuderia Ferrari segue com seus pilotos até o fim da próxima temporada. Enquanto
Charles Leclerc disse já ter “lentamente” começado a discutir sua renovação, o espanhol
Carlos Sainz teria assinado com a Audi para 2025, informação que o staff do piloto nega.
Lando Norris tem contrato com a McLaren até 2025, enquanto o rookie Oscar Piastri
assinou um vínculo “plurianual”, após imbróglio com a Alpine. Na Williams, além da
renovação do rookie Sargeant, a equipe americana estendeu o contrato de Alex Albon em
novo vínculo de múltiplos anos.

A Alpine teve mudanças em sua estrutura diretiva, como a saída do chefe de equipe Otmar
Szafnauer, mas os pilotos seguem os mesmos. Pierre Gasly e Esteban Ocon seguem no
time ao menos até a próxima temporada. A Alfa Romeo tem Valtteri Bottas e Guanyu Zhou,
primeiro chinês na categoria, até o fim de 2024. A equipe vive sua última temporada sob
esse nome, já que se prepara para parceria com a Audi em 2026, ano de novo regulamento
dos motores na Fórmula 1.

A equipe irmã da Red Bull, AlphaTauri, manterá contrato com Yuki Tsunoda e Daniel
Ricciardo. O australiano ocupa o lugar de Nick DeVries, demitido em julho. Por fim, a Haas
anunciou a extensão dos contratos de Nico Hulkenberg e Kevin Magnussen até 2024.

Quem ficou de fora

Com a manutenção das equipes para o próximo ano, os pilotos reservas não terão chance
de compor o grid. Mick Schumacher seguirá como reserva da Mercedes, mas também irá
correr no Campeonato Mundial de Endurance, a WEC, pela Alpine. O filho de Michael
Schumacher chegou a correr na Fórmula 1 por duas temporadas pela Haas, mas foi
substituído por Nico Hulkenberg para 2023.

Na AlphaTauri, Liam Lawson, que substituiu Ricciardo por algumas corridas após o
australiano sofrer uma fratura na mão, foi confirmado como piloto reserva. O campeão da
Fórmula 2, Théo Pourchaire será reserva da Alfa Romeo.
Na McLaren, o atual campeão da Indy, Álex Palou enfrenta uma batalha judicial. A equipe
busca reparação de quase R$ 120 milhões pela quebra de contrato, e alega que assinou
com o piloto até 2026. Palou admitiu no tribunal que rompeu seu contrato com a equipe
britânica para continuar com a Chip Ganassi Racing, equipe que ele defende na Indy desde
2021. Tudo aponta que o piloto espanhol seguirá na categoria. A McLaren terá Pato
O’Ward, que defende a equipe na Indy, como piloto reserva.

Os brasileiros na Fórmula 1

O Brasil não tem um piloto com lugar fixo no grid há seis anos. O último foi Felipe Massa,
que fez sua última corrida em 26 de novembro de 2017, no GP de Abu Dhabi em Yas
Marina, como piloto da Williams.

Atualmente, o paranaense Felipe Drugovich é membro do Programa de Desenvolvimento


de Pilotos pela Aston Martin, e piloto reserva da equipe britânica. Foi campeão da Fórmula
2 em 2022 pela equipe MP Motorsport, sendo o primeiro brasileiro a conquistar o feito.

Durante a temporada de 2023, Drugovich chegou a ser cogitado no lugar de Guanyu Zhou
na Alfa Romeo, mas o chinês teve seu contrato renovado. Ele também foi cogitado na
Williams, no lugar de Logan Sargeant, por conta da má performance do americano na
temporada, mas a equipe optou por renovar seu contrato.

Na Aston Martin, Drugovich quase chegou perto de entrar no lugar de Lance Stroll no
começo de 2023, após o canadense lesionar o punho em um acidente de bicicleta às
vésperas do primeiro GP da temporada, no Bahrein. O brasileiro chegou a realizar a
pré-temporada, porém, Stroll conseguiu se recuperar a tempo para o GP.

Há muita especulação sobre a vaga de Lance, que é filho de Lawrence Stroll, dono da
equipe. Houveram boatos de que ele teria desejo de sair da Fórmula 1, mas o canadense
negou as informações. Para 2024, Drugovich seguirá na reserva.

Outro brasileiro tendo destaque no mundo do automobilismo é Gabriel Bortoleto. O piloto


paulista foi campeão da Fórmula 3 este ano, primeiro brasileiro a conquistar a categoria, e
já está confirmado para a Fórmula 2 em 2024, pela equipe Invicta Virtuosi Racing. Em
outubro ele foi anunciado como membro do Programa de Desenvolvimento de Pilotos da
McLaren. Bortoleto tem a carreira agenciada por Fernando Alonso desde setembro de 2022.

Também na Fórmula 2, temos Enzo Fittipaldi. Neto de Emerson Fittipaldi, primeiro brasileiro
a se tornar campeão da Fórmula 1, Enzo também é irmão de Pietro Fittipaldi, piloto reserva
da Haas, e confirmado recentemente como titular da equipe Rahal Letterman Lanigan
Racing da IndyCar para 2024.

Enzo participou da Fórmula 2 em 2023 pela equipe Rodin Carlin, mas não renovou para a
2024. Ele chegou a fazer testes na Indy, e sua próxima temporada ainda não está definida.
Até o momento, ele teve renovação na Academia de Pilotos Red Bull, a equipe que mais
promoveu jovens talentos no esporte.
A jovem de 16 anos Aurelia Nobels é uma pilota belga-brasileira, que integra a Ferrari Driver
Academy, e participa da Fórmula 4 Italiana pela Prema Racing. Ela conquistou a vaga após
vencer a seletiva global FIA Girls on Track - Rising Stars, organizada pela Federação
Internacional de Automobilismo, a FIA. Filha de belgas, nascida nos Estados Unidos e
morando no Brasil desde a infância, Aurelia foi a única mulher a competir na Fórmula 4
Brasil em 2022. Desde a criação do Campeonato Mundial de Fórmula 1 em 1950, apenas
cinco mulheres participaram pilotando.

Algumas questões influenciam o fato de não termos pilotos brasileiros no grid. A falta de
patrocínio para pilotos é uma delas, e as empresas brasileiras não demonstram interesse,
possivelmente pelo alto investimento necessário em um esporte caro como a Fórmula 1.
Outra questão pode ser a falta de interesse do brasileiro no esporte, já que em nosso país o
destaque da mídia é voltado para o futebol. Seja o que for, apesar das grandes promessas
citadas acima, será difícil ver um brasileiro correndo na Fórmula 1 tão cedo.

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