Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Apresentação:
"Ayrton Senna da Silva, ou simplesmente Senna, foi um piloto de Fórmula 1 das décadas de 80
e 90 e maior ídolo brasileiro do automobilismo. Nasceu em São Paulo, no dia 21 de março de
1960, e morreu de maneira trágica em 1º de maio de 1994, após colidir com uma mureta de
proteção no Grande Prêmio de San Marino, em Ímola.
Família
"Início no kart
A carreira de Senna no automobilismo começou como a da maioria dos pilotos: no kart. Aos
quatro anos, Ayrton ganhou o seu primeiro kart, construído pelo seu pai. O motor foi tirado de
um cortador de grama, mas chegava aos 60 km/h. O kart foi montado pelo pai foi o principal
"brinquedo" de Ayrton na infância.
A partir dos sete anos de idade, Ayrton passou a dirigir um kart profissional, mas sem
participar de competições. A primeira volta de Senna em um circuito de kart foi aos 11 anos,
na chuva. Um ano depois, desmontou seu próprio kart para descobrir a função de cada peça e
entender como poderia ser mais rápido.
Em 1973, aos 13 anos, Ayrton Senna participou da sua primeira corrida de kart, em um circuito
improvisado na cidade de Campinas, São Paulo. Apesar de ser mais novo que os demais
pilotos, liderou boa parte da corrida e chamou a atenção de quem assistia. Para muitos, Senna
reinventou a arte de pilotar karts.
O primeiro título não demorou muito para vir. Em 1974, Senna conquistou o
Campeonato Paulista de Kart, conquista que se repetiu em 1976. No kart, também foi
tricampeão brasileiro em 1978, 1979 e 1980 e campeão sul-americano em 1977 e 1980."
"No final da década de 70, Senna participou também de competições de kart na Europa e na
Ásia durante as tentativas de ser campeão mundial de kart. Ele correu o campeonato mundial
entre 1978 e 1982, mas não conseguiu o título. Na época, conheceu quem ele disse ser seu
maior rival: o inglês Terry Fullerton. Em entrevista, Senna disse que a disputa com Fullerton era
a melhor lembrança de toda a carreira, incluindo o período na Fómula 1.
"Fullerton era, pra mim, um piloto completo. Tenho boas lembranças disso. Era competição
pura, automobilismo puro. Sem política nem dinheiro envolvido." (Ayrton Senna)."
Estudiosos da carreira de Senna dizem que a ida para a Inglaterra foi uma decisão crucial para
a evolução do piloto. Senna passou um ano testando carros de fómula no circuito de
Snetterton, em Norwich. Ao mesmo tempo, continuava competindo no kart. Naquela época,
nem todo piloto de kart almejava migrar para os carros de fórmula, mas Senna deixou claro
que era o seu desejo.
O talento demonstrado por Senna foi visto por patrocinadores e o piloto brasileiro entrou na
Fórmula Ford em 1981, competindo pela equipe Van Diemen Racing. Ayrton foi campeão em
seu primeiro ano, vencendo a maioria das corridas. Seu desempenho foi tão surpreendende
que Ralph Firman, chefe da equipe Van Diemen, afirmou que Senna seria um dia campeão
mundial de Fórmula 1.
Apesar do sucesso na Fórmula Ford 1600, Senna teve que voltar para o Brasil porque não
conseguiu patrocínio para correr no ano seguinte. Ele trabalhava na empresa do pai quando
recebeu uma ligação da Inglerra: era Ralph Firman convidando o piloto brasileiro para correr
em outra categoria, a Fórmula Ford 2000. Em termos financeiros, a oferta não era boa, mas
Senna precisava voltar a competir.
O carro de Fórmula 2000 era mais agressivo que o de Fórmula 1600, principalmente por ter
aerofólio. Mesmo assim, Senna se adaptou rápido ao novo carro, venceu 13 das 15 corridas e
foi novamente campeão.
Fórmula 3
Campeão na Fórmula 1600 e Fórmula 2000, o próximo passo de Senna era competir na
Fórmula 3 Britânica, considerada na época a porta de entrada da Fórmula 1. O convite para
testar um carro de Fórmula 3 não demorou chegar e veio de uma pessoa importante no
automobilismo, o irlandês Eddie Jordan, que futuramente teria também uma equipe na
Fórmula 1. No teste, Senna foi mais rápido que o piloto titular da equipe na época.
A primeira corrida de Senna na Fórmula 3 foi ainda em 1982, quando corria de Fórmula 2000.
Ayrton foi convidado pela equipe West Surrey Racing, em Thruxton. A corrida seria
televisionada e Senna via nela uma ótima oportunidade de aparecer para patrocinadores.
Senna fez a pole position, venceu e fez a volta mais rápida. Logo depois da corrida, assinou seu
contrato para a próxima temporada.
O Campeonato de Fórmula 3 de 1983 foi disputado entre Senna e Martin Brundle, piloto inglês
que mais tarde também chegaria à F1. Curiosamente, Brundle pilotava para Eddie Jordan.
Ayrton novamente venceu a maioria das corridas e foi campeão.
"Senna tinha esse jeito de fazer as duas primeiras voltas a uma velocidade estonteante, e,
assim, desarmar os oponentes. Os outros pilotos não conseguiam, de fato, lidar com isso."
(Eddie Jordan)
Os feitos e Ayrton guiando monopostos chamou atenção das equipes de Fórmula 1 e, em
1983, antes de ser campeão de Fórmula 3, ele foi convidado para testar o carro da equipe
Williams, uma das maiores da categoria. Senna bateu o recorde do carro na pista de Donington
Park e deixou todos “perplexos”, palavras de Frank Williams, chefe da equipe na época. Por
triste coincidência, Senna morreria guiando uma Williams 11 anos depois.
Ainda em 1983, Senna também deu duas voltas no carro da McLaren, a convite do chefe de
equipe Ron Dennis. Anos depois, Senna e Ron Dennis formariam uma das parcerias de maior
sucesso na Fórmula 1.
Fórmula 1
Apesar dos bons resultados nos testes pela Williams e McLaren, era arriscado para as grandes
equipes contratarem um jovem como piloto titular. Senna conversou com a Lotus, equipe
mediana da época, mas a única proposta oficial veio da pequena equipe Toleman. "Era melhor
assinar com a Toleman do que me aposentar no automobilismo", afirmou Senna.
Equipe Lotus
No seu segundo ano na Fórmula 1, Senna deixou a Toleman e assinou contrato com a Lotus,
onde correu por três anos. A nova equipe lhe permitiu brigar pelas primeiras posições e até
por vitórias.
A primeira vitória de Senna na Fórmula 1 veio no dia 21 de abril de 1985, no Grande Prêmio de
Portugal. Chovia bastante e Senna mostrou novamente toda a sua habilidade na pista
molhada. A corrida foi interrompida quando havia apenas nove carros na pista, sendo Ayrton o
primeiro.
McLaren e tricampeonato
Senna conseguiu bons resultados na Lotus, mas ele precisava ir para uma equipe maior para
ser campeão de Fórmula 1. Na época, os melhores carros eram McLaren e Willams, com a
Ferrari um pouco atrás. As portas da McLaren se abriram para Senna e ele não pensou duas
vezes. McLaren e Lotus usavam o mesmo motor, Honda, o que facilitou a negociação.
Durante os anos pilotando para a Toleman e Lotus, Senna não teve dificuldade para vencer
seus companheiros de equipe. O brasileiro sempre foi o principal piloto da equipe, fato este
que mudaria na McLaren. A nova equipe de Senna contava com um piloto bicampeão mundial
de Fórmula 1, o francês Alain Prost.
"Estou indo lá para derrotá-lo, imediatamente." (Senna quando informado que Prost era
praticamente o dono da equipe McLaren)
Senna precisava de uma vitória para ser campeão no Japão. Ele fez o melhor tempo no treino
classificatório, largou na primeira posição, mas teve um problema na largada e foi ultrapassado
por vários carros. Senna caiu para a 14ª posição, mas ainda na primeira volta ultrapassou seis
carros. Enquanto isso, Prost liderava a corrida. O brasileiro, então, fez uma corrida de
recuperação e alcançou Prost na 28ª volta. Senna conseguiu a ultrapassagem, venceu a corrida
e conseguiu seu primeiro título na F1.
A rivalidade entre Senna e Prost continuou em 1989 e, novamente, o campeonato foi decidido
no Japão. Prost liderava o campeonato e também a corrida, quando Senna tentou uma
ultrapassagem arriscada no francês e os dois acabaram fora da pista. Prost abandonou a
corrida, mas Senna continuou e venceu. No entanto, os diretores entenderam que Senna
cortou caminho para voltar à pista e desclassificou o brasileiro, decisão considerada uma das
mais polêmicas da história da categoria. Com a desclassificação de Senna, Prost foi o campeão.
No final de 1989, a relação entre Senna e Prost ficou insustentável dentro da McLaren. Prost
sentiu que Ron Dennis, chefe da equipe, tinha uma preferência por Ayrton e, por isso, decidiu
se mudar para a Ferrari. No lugar do francês foi contratado o austríaco Gerhard Berger, que
viria a ser o melhor amigo de Senna na Fórmula 1.
Pela terceira vez, Senna e Prost disputaram o título da Fórmula 1. Em 1990, o cenário se
inverteu e foi Senna que chegou ao Japão à frente no campeonato. Um duplo abandono daria
o segundo título para o brasileiro e foi exatamente isso que aconteceu. Senna forçou uma
ultrapassagem em Prost e os dois saíram da pista, abandonando a corrida. O acidente é
considerado uma revanche de 1989.
No ano seguinte, em 1991, a Ferrari de Alain Prost não teve rendimento para acompanhar a
McLaren. Senna teve caminho "livre" para vencer as quatro primeiras corridas, inclusive no
Brasil. A primeira vitória de Senna em Interlagos veio de forma épica. O brasileiro teve
problemas no câmbio, perdeu marchas e fez um esforço físico enorme para dirigir o carro.
Além disso, começou a chover, dificultando ainda mais a pilotagem. Senna conseguiu se
manter na pista até o final e chegou exausto, sem ter forças até para levantar o troféu no
pódio.
Com Prost sem condições de disputar o título, quem apareceu como rival de Senna foi o inglês
Nigel Mansell, que pilotava pela Willams. Na penúltima corrida, de novo no Japão, uma batida
do piloto inglês deu o terceiro título para Senna. Na linha de chegada, Ayrton diminuiu a
velocidade de propósito e deixou Berger ganhar a corrida.
Herói nacional
As vitórias e ações de Senna o fizeram se tornar um herói nacional. No final da década de 80, o
Brasil havia recém-saído da Ditadura Militar e passava por um momento econômico difícil. A
renda per capita declinou e o percentual de brasileiros na linha da pobreza havia aumentado.
O brasileiro não tinha muito do que se orgulhar, mas Senna fazia questão de afirmar sua
nacionalidade e desfilava com a bandeira nacional em suas vitórias. Esses gestos e a
exploração da imagem de Senna pela TV contribuíram para a construção de um arquétipo de
herói nacional.
A rivalidade entre Senna e Prost também contribuiu para a imagem de herói nacional e fez
aumentar a audiência da Fórmula 1 no Brasil. Prost era considerado um "vilão" para os
brasileiros, mas hoje o francês é um dos principais colaboradores do Instituto Ayrton Senna,
ONG que desenvolve projetos educacionais para crianças.
Declínio da McLaren
Em 1993, depois de ficar um ano longe da Fórmula 1, Alain Prost volta para substituir Nigel
Mansell, que havia anunciado aposentadoria depois de ser campeão (ele voltaria para correr
algumas corridas em 1994 e 1995). Senna até que conseguiu vencer cinco corridas, mas Prost
venceu sete e foi campeão. Uma das vitórias de Senna foi no GP da Europa, em Donington, na
Inglerra, quando ele fez a considerada melhor primeira volta da história.
Morte de Senna
Senna queria ser campeão novamente e sabia que na McLaren não teria mais chances. Depois
de vencer seu quarto título, Prost anunciou aposentadoria, o que abriu caminho para Senna na
Willams. Apesar de largar na frente nas duas primeiras corridas, Senna teve problemas no
carro e abandonou em ambas. O vencedor das duas corridas foi Michael Schumacher, que
anos depois viria a ser o piloto com mais títulos na Fórmula 1: sete.
No final de abril, a Fórmula 1 chegou ao circuito de Ímola, em San Marino, para a terceira
etapa do campeonato. Este Grande Prêmio ficaria marcado como o mais trágico da história da
categoria.
Senna sabia que precisava vencer a corrida para não deixar Schumacher escapar no
campeonato. Ele voltou para o carro, fez a volta mais rápida do treino classificatório e largou
novamente na primeira posição.
Ayrton Senna liderava a corrida, com Schumacher logo atrás. Na sexta volta, uma quebra na
barra de direção fez Senna perder o controle do carro quando passava pela curva Tamburello
e chocou-se com uma mureta de proteção a quase 300 km/h. Com a batida, uma das rodas
atingiu o capacete do piloto, afundando parte do seu crânio. O ídolo brasileiro foi levado para
o hospital de helicóptero, mas não resistiu aos ferimentos. Ayrton Senna morreu no dia 1º de
maio de 1994.
O velório de Ayrton Senna aconteceu em 5 de maio de 1994, em São Paulo, e durou 22 horas.
O cortejo foi acompanhado por cerca de 240 mil pessoas e teve transmissão ao vivo na
televisão. O caixão de Senna foi carregado pelos pilotos Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger,
Alain Prost, Rubens Barrichello, Christian Fittipaldi, Thierry Boutsen, Jackie Stewart, Raul
Boesel, Roberto Moreno, Michele Alboreto, Johnny Herbert, Pedro Lamy, Wilson Fittipaldi e
Damon Hill.
Antes da Fórmula 1
Bicampeão Paulista de Kart: 1974; 1976.
Fórmula 1
Vitórias: 41
Pódios: 80
Pole positions: 65
Legado de Senna
O acidente de Senna é um dos episódios mais tristes da história do esporte, mas sua morte foi
responsável por uma revolução na segurança da Fórmula 1. Os carros ficaram muito mais
seguros e nenhum acidente fatal aconteceu por quase 20 anos. Em 2014, o francês Jules
Bianchi se chocou com um trator que retirava o carro de outro piloto que havia batido
segundos antes. Ele foi levado em coma para o hospital e acabou falecendo nove meses
depois. Foi a única morte na F1 depois de Senna.
O maior legado de Senna é o Instituto Ayrton Senna, organização sem fins lucrativos que
beneficia mais de 1,5 milhão de crianças brasileiras por ano, por meio da formação de
educadores, projetos educacionais e parcerias com escolas públicas.
Homenagens
Ayrton Senna ganhou diversas homenagens ao redor do mundo. No circuito de Ímola, local do
terrível acidente, há uma estátua em sua homenagem. Há também uma escultura do piloto no
circuito de Donington Park, onde Senna fez a melhor primeira volta de todos os tempos.
No dia 1º de maio de 2019, quando completou 25 anos de sua morte, foi realizado o 1º Senna
Day, no Autódromo de Interlagos. O evento contou com atrações musicais, exposição de
objetos e carros de Ayrton, corridas de kart e atividades infantis.
"