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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

FICHAMENTO: Conceitos fundamentais dos métodos projetivos

NITERÓI
2024
RAYANNA SILVA NUNES

FICHAMENTO: Conceitos fundamentais dos métodos projetivos

Trabalho apresentado Unilasalle, Campus Niterói, como


requisito para obtenção da aprovação na disciplina
Avaliação Psicológica II, do curso de graduação em
Psicologia.

Prof. Cristiane Moreira

Orientador: Prof.______________________

Co-orientador: Prof.____________________

Orientador: Prof.______________________

Co-orientador: Prof.____________________

NITERÓI
2024
PINTO, Elza Rocha. Conceitos fundamentais dos métodos projetivos. Ágora (Rio de Janeiro)
v. XVII n. 1 jan/jun. 135-153. 2014.

Elza Rocha Pinto, em seu artigo intitulado “Conceitos fundamentais dos métodos
projetivos” objetiva fortalecer a confiança no uso dos métodos projetivos na avaliação
psicológica, considerando as associações produzidas diante de estímulos ambíguos como
expressões da personalidade. Com foco na psicanálise, são explorados três conceitos teóricos
relevantes para a interpretação dos materiais projetivos: projeção e suas variações, elaboração
de fantasias e personificação. Além disso, são discutidos alguns métodos projetivos, com ênfase
na eficácia projetiva através de desenhos e pinturas. (p. 135)
Na introdução do artigo a autora explica que os métodos projetivos, conforme
designados por Frank (1939, 1965), englobam uma diversidade de testes que permitem o acesso
às vivências internas, conflitos e desejos do sujeito. Essas técnicas oferecem percepções sobre
o mundo subjetivo do indivíduo, revelando aspectos latentes ou encobertos da personalidade.
(p.136)
A obra ressalta que, embora utilizados desde o início do século XX, os métodos
projetivos foram muitas vezes vistos com suspeita por psicólogos que preferiam procedimentos
mais seguros dos testes objetivos. Esse preconceito contribuiu para o declínio de sua utilização
durante os anos 1960, quando os testes objetivos ganharam destaque. No entanto, mesmo com
essa preferência por testes objetivos, a complexidade e riqueza dos insights oferecidos pelos
métodos projetivos continuam relevantes. (p.136)
Já no primeiro tópico do referido artigo, sobre o conceito de projeção, a autora explica
que é fundamental para a hipótese projetiva, e remonta a Freud, que o explorou em diferentes
perspectivas, incorporando aspectos conscientes e inconscientes. Freud, influenciado pela
psicologia herbartiana, onde a noção de defesa era central, viu na projeção um mecanismo de
defesa importante. Esse conceito se ampliou ao longo do tempo, sendo associado a fenômenos
cotidianos e normais, além de situações patológicas. Freud destacou que as projeções podem
ser tanto inconscientes quanto conscientes, o que trouxe uma nova compreensão para esse
fenômeno. A projeção passou a explicar não apenas o deslocamento de desejos inconscientes,
mas também de sentimentos, ideias e emoções, inclusive os considerados positivos e
conscientes. (p.138)
A projeção, quando revisada no contexto da vida cotidiana, transcende o significado de
expulsão paranoica, passando a representar o desconhecimento dos próprios desejos e emoções
reprimidos, atribuindo-os à realidade externa. Esse conceito ampliado da projeção serve como
base para fenômenos como o animismo, o pensamento mágico e a onipotência das ideias,
resultantes da transferência de processos psíquicos primários para o mundo exterior. Mitos e
tabus são vistos como manifestações de fantasias projetadas do psiquismo, onde a projeção
mescla-se à atribuição de qualidades ao objeto externo, seja com afetos positivos ou negativos.
Freud reconheceu que a projeção não é apenas um mecanismo de defesa inconsciente, mas
também pode ocorrer de forma consciente, influenciando nossa percepção do mundo exterior.
(p. 139-140)
Notadamente, Elza Rocha Pinto expõe em seu texto que o psicanalista Anzieu (1988)
retoma ideias da psicologia projetiva de Abt & Bellak (1967) e identifica três formas distintas
de projeção. No tipo especular, o indivíduo reflete em seus trabalhos características que
reconhece como suas, agindo como se estivesse diante de um espelho. Na forma complementar,
a projeção envolve uma atribuição externa de causalidade, justificando características próprias
por meio de causas externas. Por fim, na projeção catártica, ocorre a expulsão de características
intoleráveis, onde o sujeito atribui a uma origem externa sentimentos e ideias que não reconhece
como seus. Esses três tipos de projeção podem surgir de forma isolada ou combinada em
produções como histórias, desenhos ou outros trabalhos. (p. 141)
A autora expõe ainda, que em 1908, Freud escreve o artigo "O poeta e a fantasia",
contribuindo para a fundamentação teórica dos métodos projetivos. Ele associa a criação
artística à brincadeira infantil, argumentando que a poesia é uma continuação do devaneio
infantil. Na criação artística, o indivíduo substitui os objetos reais pelos elementos simbólicos,
como palavras. Freud destaca a importância da sublimação na arte, onde os desejos e fantasias
são expressos e elaborados. Ele também explora a dimensão temporal da fantasia criativa,
relacionando-a ao passado, presente e futuro do artista. A obra de arte é vista como uma
realização de desejos, assim como os sonhos diurnos, refletindo a vida subjetiva do artista.
Essas ideias de Freud influenciaram interpretações críticas sobre textos literários e obras de
arte, fortalecendo também as interpretações dos testes temáticos usados na clínica psicológica.
(p. 142)
No tópico “Personificação”, Freud destaca que nas novelas e contos, o protagonista
reflete o ego do autor. Ele afirma que o ego é o personagem principal de todas as histórias,
mesmo as mais complexas. Isso sugere que as histórias também expressam sentimentos, ideias
e fantasias conscientes do autor, além de motivos inconscientes. Esse entendimento amplia a
abordagem das respostas aos testes projetivos, como o TAT e o CAT. Melanie Klein expande
esse conceito ao observar que, no brincar, a criança personifica não apenas seu ego, mas também
conteúdos do id e do superego, distribuídos entre os personagens da brincadeira. Isso tem
relevância para os métodos projetivos, que podem ser vistos como técnicas lúdicas, onde a
personificação não se limita apenas ao brincar, mas também se manifesta nas histórias
produzidas diante de pranchas projetivas. (p. 143)
Ao tratar de formação de compromisso, quarto tópico do artigo, fica explícito pela
autora que Freud introduz o conceito de fantasia como uma formação de compromisso entre o
id, o ego e o superego, visando a manutenção do equilíbrio psíquico. Essa dinâmica é evidente
em mecanismos como sonhos, sintomas e atos falhos. Nas aplicações projetivas, essa mesma
lógica se aplica, já que qualquer comportamento humano resulta de uma negociação entre essas
instâncias da personalidade, com as defesas desempenhando um papel central na manutenção
do equilíbrio. Essa visão ecoa os princípios da metafísica materialista herbartiana, onde as
respostas aos estímulos externos são consideradas defesas auto protetoras. Portanto, tanto na
criação artística quanto nas respostas aos métodos projetivos, o resultado reflete esse acordo
subjetivo entre as forças da personalidade. (p. 144)
No último tópico do referencial teórico do artigo fica claro que Freud examinou obras
de pintores como Leonardo da Vinci e Miguel Angelo, além de escritores como Dostoievski,
Shakespeare e Goethe. Essas análises mostraram que é impossível separar o artista de sua
criação, pois cada obra reflete o estilo pessoal e a marca registrada do criador. As interpretações
freudianas das obras de arte forneceram uma base sólida para validar as técnicas projetivas da
Psicologia, que afirmam a possibilidade de compreender a personalidade de alguém por meio
de sua produção diante de estímulos ambíguos. As experiências prévias influenciam as
percepções e produzem fantasias que refletem o modo de ser da pessoa. Portanto, métodos como
o teste de Rorschach, técnicas gráficas e testes temáticos permitem a leitura da vida psíquica
através das produções individuais. (p. 145-146)
Nas considerações finais do estudo, a autora esclarece que o artigo aborda conceitos
psicanalíticos que servem de base para os métodos projetivos. São destacados quatro conceitos
principais: projeção e suas variações, elaboração de fantasias, personificação e formação de
compromisso. O texto ressalta a importância de ampliar os estudos sobre esses fundamentos
teóricos, incluindo outras abordagens além da psicanálise. A compreensão clara desses
conceitos pode capacitar os psicólogos a interpretarem melhor os resultados dos métodos
projetivos, aumentando assim a confiança em sua eficácia. Também enfatiza a necessidade de
sensibilidade e cuidado na interpretação das associações produzidas por essas técnicas, evitando
que as interpretações revelem mais sobre o intérprete do que sobre o sujeito analisado.

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