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UNIP- Universidade Paulista

Campus Cidade Universitária


Psicologia

TÉCNICA PROJETIVA HTP( House – Tree – Person)


TESTE DE APERCEPÇÃO INFANTIL CAT-A (Children Apperception Test –
Animal)

Aline dos Santos Medeiros – RA: T910765

São Paulo
2019
UNIP- Universidade Paulista
Campus Cidade Universitária
Psicologia

TÉCNICA PROJETIVA HTP( House – Tree – Person)


TESTE DE APERCEPÇÃO INFANTIL CAT-A (Children Apperception Test –
Animal)

Aline dos Santos Medeiros – RA: T910765

Trabalho de Compensação de Ausência apresentado ao


curso de Psicologia, da Universidade Paulista – UNIP,
para a disciplina Técnicas Projetivas do 6ºsemestre.
Profª Kátia V. Furtado

São Paulo
2019
Sumário

1. Introdução 4
2. Projeção e Apercepção................................................................................................6
3. HTP: House-Tree-Person 9
4. Teste de Apercepção Infantil : CAT-A 12
5. Conclusão 14
Referências Bibliográficas............................................................................................16
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1. INTRODUÇÃO
As técnicas projetivas são amplamente utilizadas nos mais variados contextos,
com o objetivo de compreender aspectos da personalidade encobertos, latentes ou
inconscientes. Isto é possível a partir da análise da maneira como o indivíduo percebe e
interpreta o material do teste, ou produz uma determinada tarefa, pois esta reflete
aspectos fundamentais de seu funcionamento psicológico.
Atendo-se ao construto projeção, verifica-se que Freud usou
primeiramente o termo como uma ação psíquica defensiva. Entretanto, quando a
expressão "métodos projetivos para o estudo da personalidade" foi introduzida por
Frank em 1939 (citado por Anzieu, 1981), em artigo publicado no Journal of
Psychology, o conceito de projeção já vinha associado a uma concepção inovadora e
bastante ampliada. Esse autor usou o termo "métodos projetivos" para explicar as
semelhanças entre três técnicas de avaliação da personalidade, o teste de associação de
palavras de Jung , teste de manchas de tinta de Rorschach e o Teste de Apercepção
Temática - TAT de Murray , demonstrando que a semelhança entre elas residia no fato
de que aí estava em jogo uma projeção - exteriorização de aspectos da personalidade
não perceptíveis de outro modo, retirando-se do termo o caráter meramente defensivo
desse fenômeno. Ocorre que essas técnicas não seguiam a metodologia psicométrica
utilizada pela maioria dos testes da época, baseando-se na abordagem clínica e estando
sua credibilidade vinculada exclusivamente à teoria que lhes deu origem.
As técnicas projetivas têm como
objetivo investigar a dinâmica e a estrutura da personalidade, caracterizando-se pela
apresentação de material ambíguo e indefinido que permita ao sujeito, ao dar a resposta,
projetar seus conteúdos internos. Essas técnicas, de acordo com Anzieu (1981), são
divididas em duas categorias, os testes projetivos temáticos, cujo modelo são os testes
de apercepção temática, que revelam os conteúdos significativos da personalidade, bem
como a natureza dos conflitos, desejos, relações com o ambiente, mecanismos de
defesa, enfim revelam a dinâmica da personalidade No presente trabalho,
serão pautados características do CAT- A e o HTP.
O CAT-A, fazendo parte do grupo das técnicas temáticas que tem por objetivo eliciar
processos projetivos sob a forma de histórias, que possui enquanto estímulo, as figuras
de animais para a composição de historias, partindo do pressuposto que as imagens de
animais evocam a fantasia com mais facilidade, fato que pode ser observado nas
fábulas, nos contos de fadas e no papel que têm os animais nos jogos infantis, nos
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desenhos animados da televisão e histórias em quadrinhos, ou seja, os animais têm um


importante papel nas fantasias e nas angústias infantis .
E também a técnica projetiva HTP, que por sua vez tem por finalidade
avaliar aspectos projetivos e expressivos da personalidade, refletindo a maneira como o
sujeito percebe o mundo, expressando vivências emocionais e ideacionais associadas ao
desenvolvimento da personalidade. Portanto, o desenho representa a maneira que o
indivíduo percebe o seu meio, as pessoas e de como sente e se posiciona diante delas,
isto é, indica a maneira peculiar de ser e sentir de uma pessoa.
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2. A PROJEÇÃO E A APERCEPÇÃO

Os métodos projetivos foram assim designados por Frank (1939, 1965), quando
este autor reuniu sob o mesmo termo uma diversidade de testes então utilizados. Frank
(1939) achava que as técnicas projetivas ofereciam acesso ao mundo dos sentidos,
significados, padrões e sentimentos, revelando aquilo que o sujeito não pode ou não
quer dizer, frequentemente por não se conhecer bem. De acordo com este autor, tais
métodos podiam apreender aspectos latentes ou encobertos da personalidade, por serem
inconscientes.
Os métodos projetivos são utilizados desde o início do século XX. Porém,
muitas vezes foram olhados com suspeita por psicólogos que procuram maior segurança
nos procedimentos dos testes objetivos. O preconceito contra os testes projetivos foi
responsável pelo declínio de seu uso, durante a década de 1960, época em que os testes
objetivos ganharam muito prestígio.
Anzieu (1988) indica a confluência de duas grandes correntes teóricas na
invenção dos métodos projetivos — o Gestaltismo, por um lado, e a Psicanálise, por
outro.

O fundamento teórico da hipótese projetiva, explicitada por Frank (1939), deve


ser creditado ao conceito de projeção, que teve um longo percurso na obra de Freud.
Este autor vai trabalhar o conceito em momentos distintos, com perspectivas bastante
diferentes, incorporando conteúdos conscientes e inconscientes. Esta perspectiva é de
grande importância, pois retira do conceito sua carga negativa. Não é de se estranhar
que ele tenha designado este fenômeno como mecanismo de defesa. É importante
lembrar que Freud está trabalhando numa época que sofreu enorme influência da
psicologia herbartiana.
Herbart compreendia a alma como uma unidade de matéria, indivisível da
realidade, e que obedecia às mesmas leis newtonianas que regiam o mundo físico. Da
física, o sistema herbartiano incorporou pelo menos dois princípios: "toda ação provoca
uma reação", e "a natureza resiste à destruição". Estes mesmos princípios são
encontrados na obra de Freud, pois foi à luz desta psicologia que desenvolveu sua
psicanálise. Segundo Herbart, a alma responderia aos estímulos externos por meio de
respostas defensivas, às quais ele denominou percepções. As respostas perceptivas aos
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estímulos externos seriam as defesas autoprotetoras da alma. O sistema herbartiano vai


lidar com matéria e energia, já que sua psicologia se enraíza na física. A personalidade é
produto de um campo de forças, que podem ser relacionadas entre si, combinadas ou
divididas, dirigidas para sentidos idênticos ou opostos, ou mesmo excluídas
mutuamente. "Estas forças são percepções, e a dinâmica de Herbart se baseia na luta das
percepções para conseguir um lugar na consciência humana. As forças reprimidas ficam
submergidas no inconsciente; esforçam-se por ganhar a superfície e algumas vezes o
conseguem" Ele acreditava que a massa aperceptiva — espécie de
subfator da alma — incorporava percepções novas, por meio da assimilação e da
combinação com representações antigas, processo que ele designou de apercepção. Esta
massa aperceptiva constituía a "totalidade de percepções conscientes que controla a
atividade da alma". Isto foi escrito antes que Freud constituísse sua teoria psicanalítica.
A teoria psicanalítica, assim como a construtivista piagetiana, refletem as ideias de
Herbart. Em ambas as teorias, o conceito de apercepção ganha uma nova roupagem e
designações diferentes. Basta pensar na dinâmica das identificações projetivas para
verificar a semelhança, já que nestas, também, a percepção externa e a interna se
entrecruzam formando novos significados. A apercepção herbartiana se corporifica pelo
jogo interativo da introjeção e da projeção. Para Freud, as representações derivadas das
percepções internas e externas se entrelaçam formando um corpo de fantasias que
constituirá o imaginário. A elaboração destas fantasias obedece à mesma dinâmica
interativa incorporada no processo de apercepção.
De modo geral, o conceito de projeção foi
utilizado por Freud em 1895 ao estudar a Histeria, entendendo como o deslocamento da
culpa, negação da realidade e projeção do ódio no outro, o termo projeção aparece
relacionado à patologia, como característico da paranóia. Nesse contexto, a projeção é
usada como um mecanismo de defesa que expulsa um desejo intolerável à consciência,
sendo, portanto, um processo inconsciente. Mais tarde Freud amplia esse conceito,
constatando que o indivíduo atribui à realidade externa desejos e emoções não aceitos
por ele como seus, dos quais é parcialmente inconsciente. Outro conceito importante
para a compreensão das técnicas projetivas é o de apercepção. Foi adotado por Bellak
em 1950 (citado por Anzieu, 1981), indicando o “processo pelo qual a experiência nova
é assimilada e transformada pelo traço da experiência passada de cada um, de modo a
formar um todo novo” portanto, a apercepção é uma interpretação e como tal dá sentido
à experiência. Esse termo se refere à integração de uma percepção nova com a
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experiência passada e com o estado psicológico atual do indivíduo. Assim, quando se


pede ao sujeito para compor um relato a partir de um estímulo, considera-se que sejam
necessárias a participação dos processos - primário (ego-prazer) e secundário (ego-
realidade). O primeiro é caracterizado pela necessidade de descarga e satisfação
imediata dos desejos e dessa forma, as associações promovidas remetem o sujeito às
suas necessidades internas, fantasias e desejos. O processo secundário tem a função de
moderador do processo primário, obedecendo ao princípio de realidade, da lógica e da
coerência. Para responder a tarefa, o sujeito deve-se organizar e fazer uso da lógica,
seqüência e coerência, ordenando os elementos da história em concordância com o
estímulo. Sendo assim, a resposta ao teste projetivo é elaborada e verbalizada por meio
do ego, que deve ser capaz de rebaixar a tensão provocada pelo estímulo, identificar-se
com o personagem principal e encontrar uma solução satisfatória para os conflitos que
emergem em cada tema, dando uma resposta coerente ao estímulo. Quanto maior a
integração do ego, mais recursos o indivíduo dispõe para elaborar a resposta de forma
adaptada, quanto menor essa integração, menos adaptado se encontra o sujeito e maior
será o grau de distorção aperceptiva do estímulo (prova de realidade). Cabe ainda
ressaltar que a percepção é função do campo de estimulação de fatores externos, sendo
assim, quanto menos estruturado for o campo perceptivo, maior a possibilidade de o
indivíduo exteriorizar conteúdos de seu mundo interno sobre o material apresentado
(Anzieu, 1981). Enquadram-se nessas características as figuras do CAT, o qual também,
juntamente do HTP, serão feitas considerações a respeito do surgimento, fundamentos e
formas de avaliações, interpretações e estudos..
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3. HTP : House- Tree- Person

A avaliação projetiva, entende que o desenho é uma forma de manifestação dos


aspectos inconscientes da personalidade.
O HTP foi criado por John N. Buck, em 1948, e tem como objetivo compreender
aspectos da personalidade do indivíduo bem como a forma deste indivíduo interagir
com as pessoas e com o ambiente. O HTP estimula a projeção de elementos da
personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica e proporciona uma
compreensão dinâmica das características e do funcionamento do individuo (Buck,
2003). O instrumento é destinado a indivíduos maiores de oito anos e propõe a
realização de três desenhos seqüenciais - uma casa, uma árvore e uma pessoa, os quais
devem ser desenhados em folhas separadas, utilizando lápis e borracha. A aplicação
propõe, também, que se realize um inquérito acerca de características e descrições de
cada desenho realizado (Buck, 2003).
O HTP é uma das técnicas mais utilizadas por psicólogos brasileiros e é um dos
testes mais ensinados nos cursos de formação em. A popularidade do HTP pode estar
relacionada ao baixo custo e à facilidade de sua aplicação. Por se tratar de uma técnica
projetiva gráfica, em que aspectos pessoais são projetados sobre o estímulo do desenho,
o HTP permite que o avaliador realize interpretações frente ao conteúdo trazido.
Na sua versão atual, o HTP oferece um manual contendo padronização de
aplicação e de registro das respostas oriundas do inquérito posterior a cada desenho.
Além disso, oferece um protocolo com uma lista de conceitos interpretativos para cada
desenho, associados a possíveis características psicopatológicas da personalidade. Em
relação à aplicação, a mesma exige que sejam considerados alguns critérios relevantes,
como o adequado conhecimento técnico e teórico do aplicador, sobretudo no que se
refere às técnicas projetivas, um ambiente facilitador para a aplicação, a adequada
administração do rapport; e aplicação individual, especificamente no contexto clínico.
Quanto à interpretação, o HTP propõe avaliar o desenho a partir dos seguintes aspectos:
proporção, perspectiva, detalhes, qualidade da linha e uso adequado de cores, no caso
dos desenhos cromáticos (Buck, 2003).
No que se refere ao protocolo de interpretação, trata-se de uma
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tentativa de sistematizar a aplicação e criar critérios para a interpretação dos desenhos.


Conforme propõe o manual, o protocolo configura-se como um recurso útil para a
apreensão das características relevantes, visando a interpretação adequada dos desenhos
(Buck, 2003). O manual do HTP também adverte que as informações oriundas
do protocolo não devem ser analisadas isoladamente e devem ser combinadas com a
história clínica do individuo e com dados oriundos de outras fontes. É importante
salientar que o objetivo da avaliação psicológica é compreender o indivíduo da melhor
forma possível, sem rótulos ou preconceitos .
Buck (2003), define o H.T.P, como um teste projetivo que serve
para obter informações de como uma pessoa experiência a sua individualidade em
relação ao ambiente do lar e em relação a outras pessoas. É um instrumento
sistematizado, que tem várias respostas. E como toda técnica projetiva, ele “estimula a
projeção de elementos da personalidade de áreas de conflito dentro da situação
terapêutica”, permitindo assim que estes conflitos, interesses gerais dos indivíduos e
aspectos específicos do ambiente que ele ache problemático sejam identificados, além
de estabelecer o rapport entre paciente e terapeuta. Conforme descreve Buck (2003), o
uso de projetivo de desenhos mostram os conflitos mais profundos e são mostrados
prontamentre durante o desenho do que em outras atividades. “Os desenhos formencem
um quadro grosseiro da personalidade, que é complementado pelo inquérito posterior ao
desenho” (Buck pg, 144). O H.T.P é indicado para indivíduos acima
de 8 anos de idade, as crianças são a população que mais aceita o uso deste teste, por ser
uma tarafa atraente. O seu uso é muito adequado quando não há comunicação verbal
direta de materiais conflitivos, onde há obstáculos nas capacidades verbais e
motivacionais. Ele contém 4 fases, a primeira é não verbal, que consiste em convida o
indivíduo a fazer um desenho de uma casa, de uma árvore e de uma pessoa, apenas
utilizando lápis preto e borracha, nesta fase pode se pedir um desenho adicional que é
uma pessoa do sexo oposto. A segunda fase, é a de um inquérito posterior ao desenho, é
uma série de perguntas sobre os aspectos de cada desenho. Após terminar estas duas
fases, o examinador pode ou não prosseguir para a terceira fase, que consiste em
desenhar novamento uma casa, uma árvore e uma ou duas pessoas, agora utilizando giz
de cera. Na quarta fase, o examinador deverá fazer perguntas adicionais sobre os
desenhos coloridos. A sua aplicação pode levar de 30 minutos a uma hora e meia. Os
desenhos, então, são avaliados baseados no conteúdo; características do desenho, como
tamanho, localização; a presença ou ausência de determinadas partes e as respostas do
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indivíduo durante o inquérito.


Por mais de 50 anos, os clínicos têm usado a técnica projetiva de desenho da
Casa-Árvore-Pessoa (House-Tree-Person, H-T-P) para obter informação sobre como
uma pessoa experiencia sua individualidade em relação aos outros e ao ambiente do lar.
Para propósitos diagnósticos, o H-T-P fornece informações, que, quando
relacionadas à entrevista e a outros instrumentos de avaliação, podem revelar conflitos e
interesses gerais dos indivíduos, bem como aspectos específicos do ambiente que ele
ache problemáticos. Na terapia em andamento, os desenhos podem refletir mudanças
globais no estado psicológico de um indivíduo.
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4. TESTE DE APERCEPÇÃO INFANTIL : CAT-A

O CAT-A faz parte do grupo das técnicas temáticas que tem por objetivo eliciar
processos projetivos sob a forma de histórias. É um descendente direto do Teste de
Apercepção Temática-TAT, de Henry Murray, considerado um instrumento projetivo
eficaz para avaliação de adultos, mas que não atendia, satisfatoriamente, as necessidades
com crianças pequenas, dada as características dos estímulos – figuras com situações
mais pertinentes ao mundo adulto.
A partir de suas experiências com crianças, o CAT-A foi criado por Leopold
Bellak e Sonya Sorel Bellak em 1949, ao constatarem que é mais fácil para crianças
pequenas identificarem-se com animais do que com pessoas (Bellak & Bellak, 1949 /
1991).
Em 1965 foi publicada uma forma humana (CAT-H), na qual as figuras de
animais foram substituídas por pessoas e, posteriormente, em 1952 foi lançado um
suplemento do CAT, o CAT-S composto por figuras de animais em situações diferentes
do primeiro.
Enquanto estímulo, as figuras de animais apresentam uma natureza mais
ambígua em relação à idade, sexo e a cultura. Essa característica representa uma
vantagem em comparação a outras técnicas similares, partindo do pressuposto de que as
imagens de animais evocam a fantasia com mais facilidade, fato que pode ser observado
nas fábulas, nos contos de fadas e no papel que têm os animais nos jogos infantis, nos
desenhos animados da televisão e histórias em quadrinhos. Pode-se concluir que os
animais têm um importante papel nas fantasias e nas angústias infantis (Bellak &
Hurvich, 1965). O referencial teórico que fundamenta o CAT-A é o
psicanalítico e o seu propósito é estudar a dinâmica das relações interpessoais, a
natureza e a força dos impulsos e tendências, assim como as defesas organizadas contra
eles. As situações escolhidas para compor cada prancha referem-se a aspectos
importantes do desenvolvimento da criança, como as fases oral, anal, fálica, complexo
edipiano, reações diante da cena primária, etc. Esses aspectos serão explicados na
descrição das pranchas que compõem o teste, baseado no manual .
Assim como ocorreu com outras
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técnicas projetivas, as pranchas do CAT deram origem a diferenciadas formas de


interpretação. O manual de Bellack e Bellack (1991) propõe que as histórias,originadas
a partir das pranchas, sejam interpretadas por meio de dez categorias: tema principal,
herói principal, principais necessidades e impulsos do herói, concepção do ambiente,
figuras vistas como conflitos significativos, natureza das ansiedades, principais defesas,
adequação do superego e integração do superego. No teste solicita-se que a criança
crie histórias a partir de cenas com diferentes graus de estruturação impressas em
cartões acerca de temáticas comuns à infância. Ao contar uma história, a criança atribui
significado aos estímulos mais ambíguos e indefinidos e assim oferece informações a
respeito do seu próprio funcionamento psicológico. O objetivo do CAT-A é investigar
a estrutura da personalidade da criança e seu funcionamento particular . Sua
administração é individual, em crianças de 5 a 10 anos de idade com tempo livre de
aplicação. Faz-se necessário o uso do rapport e em crianças menores o uso de atividades
lúdicas como forma de aproximação entre a criança e o psicólogo. É importante que o
psicólogo mantenha interesse na narração da criança, e também que deixe claro para a
criança que não há histórias certas ou erradas. O que vale é o uso da imaginação na
criação das história. Quando houver necessidade de encorajar a criança para contar
história, deve-se tomar cuidado para que a intervenção não ocorra como forma de
indução. O poder do
CAT-A está em sua capacidade de evocar tendências inconscientes, porque a forma
pessoal de elaborar uma história, revela a estrutura da personalidade da criança.
Histórias criadas a partir de cenas precisam ter começo, meio e fim, considerando os
sentimentos e pensamentos das personagens envolvidas.
É importante salientar que deve-se analisar as histórias individuais. Através de
uma leitura exaustiva de cada história, como forma de se familiarizar com o conteúdo e
tom emocional da história. Nenhuma história tem um significado absoluto por si só. “O
valor das técnicas projetivas está em sua abordagem molar à personalidade. Assim uma
fragmentação da resposta priva o resultado dessa técnica de boa parte de sua
significância.”
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5. CONCLUSÃO

O teste HTP possui, assim como as demais técnicas projetivas, um caráter


idiossincrático (Buck, 2003). Em outras palavras, o significado da informação obtida
fundamenta-se, não no desempenho do indivíduo relativo a grupos previamente
estabelecidos, mas em seu próprio desempenho, avaliado por métodos independentes
(Tavares, 2003). A esse conjunto de critérios, dá-se o nome de validade clínica, a qual
enfatiza o significado singular de um conjunto de indicadores para um sujeito e seu
contexto específico, que inclui o contexto de vida e contexto da avaliação (Tavares,
2003).
O HTP não deve ser considerado como um instrumento único em um processo
diagnóstico que vise avaliar aspectos da personalidade de um indivíduo. Assim,
recomenda-se que o uso do HTP para indicação de caminhos no processo de
investigação realizado a posteriori, discriminando características bizarras salientes e
servindo como um complemento para corroborar informações advindas de fontes
adicionais. No que se refere à aplicação, recomenda-se o uso do HTP
no âmbito clínico, já que é nesse contexto que se encontra a possibilidade apreender as
particularidades do indivíduo avaliado, a partir de informações que dificilmente seriam
apreendidas em uma avaliação aplicada ao contexto da seleção de pessoal, por exemplo.
Devido a esse conjunto de características, salienta-se a necessidade do psicólogo possuir
uma formação adequada para utilização do HTP, advinda de treinamentos, de
atualizações e da prática supervisionada sistemática.
O CAT por sua vez, é um dos mais importantes
instrumentos para diagnóstico psicológico e psicoterapia, desde a sua publicação. Trata-
se de um método projetivo temático que tem como objetivo revelar a estrutura de
personalidade da criança e sua maneira de reagir e lidar com as questões do
crescimentoe o seu material com figuras de animais apresentou uma série de vantagens.
A aplicação do CAT está sujeita às dificuldades comuns em técnicas destinadas às
crianças, devendo levar em consideração o nível de compreensão da faixa etária. É
importante estabelecer um bom rapport, evitando provocar ansiedades relacionadas com
as expectativas da criança diante da avaliação do desempenho. Geralmente o CAT é
indicado para ser aplicado no final do processo psicodiagnóstico, quando o contato com
o aplicador já foi estabelecido.
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É consideravelmente importante em ambos os casos, a ampliação dos estudos


sobre os fundamentos teóricos dos métodos projetivos, inclusive partindo-se de outras
abordagens teóricas. Quanto mais claro ficarem os conceitos sobre os quais repousa a
interpretação destes métodos, mais fácil será para o psicólogo ampliar suas habilidades
e conhecimentos, de modo a qualificar-se melhor para o emprego das técnicas
projetivas. Importante também é a necessidade de sensibilidade, tato e conhecimento na
interpretação destas técnicas. As associações produzidas precisam ser interpretadas com
tato e cuidado. Ao se lidar com os materiais projetivos, a responsabilidade é muito
grande, principalmente porque as interpretações não estarão expostas aos olhares
críticos de observadores externos. Quando estão em jogo as associações produzidas a
partir dos métodos projetivos, é preciso evitar, sobretudo, o risco de a interpretação
revelar mais do intérprete do que do sujeito interpretado.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anastasi, A. & Urbina, S. (2000). Testagem Psicológica. Porto Alegre:
Artmed.

Anzieu, D. (1978). Os métodos projetivos. Rio de Janeiro, RJ: Campus


Buck, J. N. (2003). H-T-P: Casa – Árvore – Pessoa. Técnica Projetiva de
Desenho: Manual e Guia de Interpretação. (1ª ed.). São Paulo: Vetor.
Bellak, L. & Bellak, S. S. (1991) Manual do Teste de Apercepção Infantil
Figuras de Animais. Campinas - SP: Editora de Livro Pleno - ME.
(Originalmente publicado em 1949. Título original: Children's Apperception
Test CAT-A).
Retondo, M. F. N. G. (2000). Teste Projetivo H.T.P (casa - árvore - pessoa). São
Paulo: Casa do Psicólogo.
FREUD, S. (1997) Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas
completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Editora Imago.
Hirsch, S. B. (1987). Guia de Interpretação do Teste de Apercepção
Infantil (CAT) de L. e S. Bellak. Em: Ocampo, L. S., Arzeno,E. G.,
Piccolo, E. G. (Orgs.) O Processo Psicodiagnóstico e as Técnicas
Projetivas (pp.149-166). São Paulo: Martins Fontes.

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