Você está na página 1de 62

2021

Curso preparatório para Certificação CNEN em


Supervisor de Proteção Radiológica

Segurança e
Proteção radiológica
Gama acessória em Radioproteção
E-mail: contato@gamasp.com.br

WhatsApp: 19 9 8176-1319

Telefone: 17 3272-4001
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

SUMÁRIO

1. SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ............................................ 3


1.1. SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ........................................ 3
1.1.1. Conceito de Proteção Radiológica ..................................................... 3
1.1.2. A Segurança Radiológica .................................................................. 4
1.2. PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA........................................ 5
1.2.1. Justificação ........................................................................................... 5
1.2.2. Otimização ......................................................................................... 6
1.2.3. Limitação da dose individual .............................................................. 7
2. RESTRIÇÃO DE DOSE ........................................................................... 12
3 NÍVEIS DE REGISTRO E INVESTIGAÇÃO .............................................. 13
4 UNIDADES E GRANDEZAS ...................................................................... 13
4.1 Atividade .............................................................................................. 13
4.2 Exposição ............................................................................................ 14
4.3 Dose absorvida .................................................................................... 14
4.4 Dose Equivalente (Ht) .......................................................................... 15
4.5 Dose efetiva (E) .................................................................................. 16
5 DEFESA EM PROFUNDIDADE ................................................................ 17
6 CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS ................................................................... 18
6.1 Áreas Controladas............................................................................... 18
6.2 Áreas Supervisionadas ....................................................................... 20
6.3 Áreas Livres ........................................................................................ 21
6.4 Áreas de Trabalho e Limites de Dose ................................................. 21
7 CUIDADOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA ........................................... 21
7.1 Tempo ................................................................................................. 21
7.2 Distância ............................................................................................. 22
7.3 Blindagem ........................................................................................... 23
7.3.1 Blindagem para Diferentes Tipos de Radiação .............................. 24
7.3.2 Blindagem para Partículas Carregadas ......................................... 25
7.3.3 Noções de cálculo de blindagem X e gama ................................... 26
8. RESPOSTA A EMERGÊNCIAS RADIOLÓGICAS: FASE INICIAL, FASE
INTERMEDIÁRIA OU DE CONTROLE E FASE FINAL OU FASE DE
RECUPERAÇÃO.............................................................................................. 31
8.1 Fase Inicial .......................................................................................... 32
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

8.2 Fase Intermediária ou de Controle ...................................................... 32


8.3 Fase Final ou Pós-Emergência ou, ainda, Fase de Recuperação ...... 33
9 SERVIÇOS DE RADIOPROTEÇÃO (SR).................................................. 33
9.1 ESTRUTURA DO SERVIÇO DE RADIOPROTEÇÃO......................... 33
9.2 ATIVIDADES DO SERVIÇO DE RADIOPROTEÇÃO ......................... 35
9.3. CONTROLE DO MEIO AMBIENTE E DA POPULAÇÃO ........................ 43
9.4 CONTROLE DE FONTES DE RADIAÇÃO E REJEITOS........................ 44
9.5 CONTROLE DE EQUIPAMENTOS..................................................... 45
9.6 TREINAMENTO DE TRABALHADORES............................................ 48
9.7 REGISTROS ....................................................................................... 49
10 LICENCIAMENTO DE INSTALAÇÕES RADIOATIVAS ......................... 49
11 PROTEÇÃO FÍSICA DE FONTES RADIOATIVAS ................................ 52
11.1 Sistema de Proteção Física ................................................................ 53
12 PLANO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA .............................................. 58
12.1 Plano preliminar .................................................................................. 59
12.2 Do Plano de Proteção Física ............................................................... 61
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

1. SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

1.1. SEGURANÇA E PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

1.1.1. Conceito de Proteção Radiológica

A Proteção Radiológica ou Radioproteção pode ser definida como um


conjunto de medidas que visam proteger o homem e o ecossistema de possíveis
efeitos indesejáveis causados pelas radiações ionizantes, sejam elas de origem
artificial ou natural.

Sendo assim a Radioproteção visa analisa os diversos tipos de fontes de


radiação, as diferentes radiações e modos de interação com a matéria viva ou
inerte, as possíveis consequências e sequelas à saúde e riscos associados a
mesma.

Para avaliar de maneira quantitativa e qualitativamente tais possíveis


efeitos, necessita de definir as grandezas radiológicas, suas unidades, os
instrumentos de medição e detalhar os diversos procedimentos do uso das
radiações ionizantes, sempre onde o seu uso deve vir a buscar o bem do ser
humano como justificativa para o uso da mesma.

O estabelecimento de normas regulatórias, os limites permissíveis e um


plano de Proteção Radiológica para as instalações que executam práticas com
radiação ionizante se faz necessário e obrigatório, tendo como objetivo garantir
o seu uso correto e seguro, zelando a segurança dos indivíduos evolvidos com
a mesma, o público geral, e meio ambiente.

Não se deve descartar também os procedimentos para situações de


emergência, onde devem ser definidos para o caso do desvio da normalidade de
funcionamento de uma instalação ou prática radiológica para poder assegurar
ou minimizar os danos causados aos envolvidos.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Os conceitos, procedimentos, grandezas e filosofia de trabalho em


proteção radiológica são continuamente detalhadas e atualizadas nas
publicações da International Commission on Radiological Protection, ICRP.
Existe também a International Commission on Radiation Units and
Measurements, ICRU, que cuida das grandezas e unidades, seu processo de
aperfeiçoamento e atualização.

Os conceitos contidos nas publicações da ICRP e ICRU constituem


recomendações internacionais. Cada país, pode ou não adotá-los parcial ou
totalmente, quando do estabelecimento de suas Normas de Proteção
Radiológica. Tudo depende do estágio de desenvolvimento do país, da
capacidade ou viabilidade de execução, em cada área de aplicação. No Brasil o
órgão responsável por este setor é a Comissão Nacional de Energia Nuclear
(CNEN) sendo ela responsável pela orientação, planejamento, supervisão e
controle do programa nuclear no país, a CNEN está sob o controle do Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI).

1.1.2. A Segurança Radiológica

A Segurança Radiológica é de grande importância na Proteção


Radiológica, sem o estabelecimento de uma Cultura de Segurança, que inclui
estrutura, organização, prática, habilidade, treinamento e conhecimento, fica
difícil estabelecer um nível de proteção adequado em uma instalação radioativa,
seja ela qual for deve se ter fatores de segurança de acordo com a aplicação da
mesma.

A estrutura de um sistema de segurança correto, permite o exercício


apropriado da proteção desejada em uma instalação, como por exemplo o
funcionamento de uma usina nuclear, a proteção da população e ecossistema
fica mais fácil de ser garantida se aplicado um conjunto de medidas preventivas
de segurança. Claro que a segurança da mesma depende da correta execução
dos procedimentos, do treinamento e engajamento dos operadores da
instalação. A consciência coletiva para a execução rigorosa das tarefas
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

programadas e estabelecidas pelo programa de qualidade de operação, unifica


e expressa a cultura de segurança dos trabalhadores da instalação, indivíduos
públicos e meio ambiente.

Em muitas situações, as medidas de Segurança coincidem com as de


Proteção Radiológica. Mas existem outras como, por exemplo, de segurança
física e segurança do trabalho que ultrapassam as exigidas em Proteção
Radiológica. Obviamente, constatam-se situações onde outras em que
exigências de proteção radiológica são mais rigorosas que as de segurança,
como por exemplo, a filosofia de estabelecimento dos limites de doses máximas
permissíveis, para as diversas práticas e situações que, embora seguros, a
proteção radiológica exige uma ordem de grandeza sempre abaixo em seus
valores, onde devem ser as mais baixas possíveis, para assim tranquilizar as
pessoas sobre o risco do uso da radiação nuclear, que muitos temem.

Em segurança do trabalho e de operação de muitas instalações, os níveis


de insalubridade e periculosidade, quando ultrapassados podem já causar danos
perceptíveis nos indivíduos, enquanto que na Proteção Radiológica, quando os
limites máximos permissíveis estabelecidos pela CNEN são ultrapassados,
dificilmente algum dano é constatado, somente a probabilidade de ocorrência é
que aumenta de valor, ao menos que este valor seja muito mais alto que o do
limite de dose pré-estabelecido.

A segurança utilizada na Proteção Radiológica está bem detalhada na


publicação da Agência Internacional de Energia Atômica “International Basic
Safety Standards for Protection against Ionizing Radiation and for Safety of
Radiation Sources” - Safety Series No.115, IAEA, Vienna (1996).

1.2. PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

1.2.1. Justificação

A justificação em radioproteção nada mais é que forma de justificar o uso


da radiação ionizante, onde deve sempre ser para o bem estar dos seres
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

humanos, nunca ao contrário, como por exemplo o uso do raio X para


diagnósticos dos pacientes, onde só devem vir a serem feitos caso realmente
exista uma necessidade. A justificação também é descrita na norma 3.01 da
CNEN como pode ser visto abaixo;

“5.4.1.1 Nenhuma prática ou fonte associada a essa prática será


aceita pela CNEN, a não ser que a prática produza benefícios,
para os indivíduos expostos ou para a sociedade, suficientes
para compensar o detrimento correspondente, tendo-se em
conta fatores sociais e econômicos, assim como outros fatores
pertinentes”

“5.4.1.2 As exposições médicas de pacientes devem ser


justificadas, ponderando-se os benefícios diagnósticos ou
terapêuticos que elas venham a produzir em relação ao
detrimento correspondente, levando-se em conta os riscos e
benefícios de técnicas alternativas disponíveis, que não
envolvam exposição.”

1.2.2. Otimização

O princípio básico da proteção radiológica ocupacional estabelece que


todas as exposições devem ser mantidas tão baixas quanto razoavelmente
exequíveis (ALARA: As Low As Reasonably Achievable).

O princípio ALARA estabelece, portanto, a necessidade do aumento do


nível de proteção a um ponto tal que aperfeiçoamentos posteriores produziriam
reduções menos significantes do que os esforços necessários. A aplicação
desse princípio requer a otimização da proteção radiológica em todas as
situações onde possam ser controladas por medidas de proteção,
particularmente na seleção, planejamento de equipamentos, operações e
sistemas de proteção.

A otimização também é mostrada na norma CNEN 3.01;

“5.4.3.1 Em relação às exposições causadas por uma


determinada fonte associada a uma prática, a proteção
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

radiológica deve ser otimizada de forma que a magnitude das


doses individuais, o número de pessoas expostas e a
probabilidade de ocorrência de exposições mantenham-se tão
baixas quanto possa ser razoavelmente exequível, tendo em
conta os fatores econômicos e sociais.”

1.2.3. Limitação da dose individual

Uma das metas da proteção radiológica é a de manter os limites de dose


equivalente anual, HT,lim, para os tecidos, abaixo do limiar do detrimento, HT,L,
para os efeitos não-estocásticos nesse tecido ou seja,

HT,lim  HT,L

Dessa forma impõe-se que as doses individuais de Indivíduos


Ocupacionalmente Expostos (IOE) e de indivíduos do público não devem
exceder os limites anuais de doses estabelecidos na Tabela 1

Outra meta da proteção radiológica é a de limitar a probabilidade de


ocorrência de efeitos estocásticos. A limitação de dose para efeitos estocásticos
é baseada no princípio de que o detrimento deve ser igual, seja para irradiação
uniforme de corpo inteiro, seja para irradiação não uniforme. Para que isso
ocorra é preciso que;

Onde wT é o fator de peso para o tecido T, HT é a dose equivalente anual


no tecido T e HWB,L é o limite de dose equivalente anual recomendado para
irradiação uniforme do corpo inteiro HWB, ou dose efetiva E.

O fator de peso, wT, para efeitos estocásticos no tecido T, é definido como


sendo a razão entre o coeficiente de probabilidade de detrimento fatal para esse
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

tecido (fT), levando em conta a severidade do efeito e o coeficiente de risco total


para o corpo, para irradiação uniforme de corpo inteiro. Os valores de fT e wT
para vários tecidos são mostrados na Tabela 1.

Tabela 1 - Limites Primários anuais de Dose Efetiva - CNEN-NN-3.01 (2011) e BSS 115.

Onde para cada letra temos;

a) Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar


temporariamente uma mudança na limitação de dose, desde que não exceda 50
mSv em qualquer ano, o período temporário de mudança não ultrapasse 5 anos
consecutivos, e que a dose efetiva média nesse período temporário não exceda
20 mSv por ano.

b) Mulheres grávidas (IOE) não podem exceder a 1 mSv por ano.

c) Em circunstâncias especiais, a CNEN poderá autorizar um valor de


dose efetiva de até 5 mSv em um ano, desde que a dose efetiva média em um
período de 5 anos consecutivos não exceda a 1 mSv por ano.

d) Por período (diagnóstico + tratamento).

e) Valor médio numa área de 1 cm2 da parte mais irradiada.


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

1.2.3.1 Limites Primários

Os valores dos limites variam com o tempo. Eles dependem do estado de


desenvolvimento da prática de proteção radiológica no mundo ou num
determinado país, dos limites de detecção dos equipamentos que medem as
grandezas operacionais vinculadas às grandezas primárias estabelecidas em
norma e das prioridades estabelecidas pelos grupos humanos em determinada
época.

Por exemplo, os limites estabelecidos na Basic Safety Series 115 da


Agência Internacional de Energia Atômica, são coerentes com os recomendados
pela Comissão 240 Internacional de Proteção Radiológica, na publicação 60
(ICRP 60) e foram acatados pela Norma NN-3.01, cuja revisão pela CNEN, foi
concluída em 2011.

Na Tabela 1 que resume os limites estabelecidos pela Norma NN-3.01 e


pelo BSS 115, percebe-se a preocupação social com os aprendizes, estudantes
e acompanhantes de pacientes em hospitais.

Em condições de exposição rotineira, nenhum IOE pode receber, por ano,


doses efetivas ou equivalentes superiores aos limites primários estabelecidos
pela Norma CNEN-NN-3.01 de 2011, mostrados na Tabela 1.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Tabela 2 - Coeficientes de Probabilidade de Detrimento Fatal e Fatores de peso para vários


Tecidos.

OBS: *Este total só vale para o público em geral. O risco total para IOE é estimado
400.10-4Sv-1.

1.2.3.2. Limites Secundários, Derivados e Autorizados

Na prática, as grandezas básicas não podem ser medidas diretamente e,


assim, não permitem um controle adequado dos possíveis danos induzidos pela
radiação. É, portanto, um dos problemas fundamentais da proteção radiológica
interpretar as medições de radiação ou atividade no meio-ambiente em termos
da dose equivalente em tecidos e da resultante de dose efetiva.

Recomenda-se assim a aplicação de limites secundários e de limites


derivados que são relacionados aos limites primários e permitem uma
comparação mais direta com as quantidades medidas.

Os limites secundários são para irradiações externa e interna. No caso de


irradiação externa aplica-se o índice de dose equivalente de 20 mSv/ano. Para
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

a irradiação interna, os limites são os anuais para a absorção de material


radioativo via inalação ou ingestão, referidos ao Homem de Referência.

Pode-se utilizar padrões intermediários, chamados de limites derivados


ou limites operacionais, para interpretar uma medição de rotina em termos dos
limites máximos recomendados.

Autoridades competentes ou a direção de uma instituição, podem


determinar limites inferiores aos limites derivados, para serem utilizados em
determinadas situações. Tais limites são chamados de limites autorizados.

1.2.3.3. Níveis de Referência

Para se adotar uma ação, quando o valor de uma determinada quantidade


ultrapassa determinado valor, utilizam-se níveis de referência. A ação a ser
tomada pode variar de uma simples anotação da informação (Nível de Registro),
passando por uma investigação sobre as causas e consequências (Nível de
Investigação), até chegar a medidas de intervenção (Nível de Intervenção).
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

1.2.3.3. Nível de Registro

O Nível de Registro é utilizado quando as medidas de um programa de


monitoração fornecem resultados tão baixos que não são do interesse, podendo
ser descartados. No entanto, pode-se escolher um nível de registro para as
doses efetivas, equivalente de dose pessoal ou para a entrada de material
radioativo no corpo acima do qual é de interesse adotar e arquivar os resultados.

1.2.3.4. Nível de Investigação

O Nível de Investigação é definido como o valor da dose efetiva ou de


entrada de material radioativo no corpo, acima do qual o resultado é considerado
suficientemente importante para justificar maiores investigações. Esse nível
deve ser relacionado a um só evento, e não com a dose efetiva acumulada ou
entrada de material durante um ano.

1.2.3.4. Nível de Intervenção

O Nível de Intervenção depende da situação e deve ser pré-estabelecido,


pois sempre irá interferir com a operação normal ou com a cadeia normal de
responsabilidades.

2. RESTRIÇÃO DE DOSE

As restrições de doses, tem como finalidade de garantir um nível


adequado de proteção individual para cada IOE, deve ser estabelecido, como
condição limitante do processo de otimização da proteção radiológica, um valor
de restrição de dose efetiva, levando em consideração as incertezas a ela
associadas, relativa a qualquer fonte ou instalação sob o controle regulatório.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

3 NÍVEIS DE REGISTRO E INVESTIGAÇÃO

O nível de registro para monitoração individual mensal de IOE é de 0,10


mSv para dose efetiva: todas as doses maiores ou iguais a 0,10 mSv devem ser
registradas. Níveis operacionais para fins de registro de monitoração em
períodos inferiores ou superiores ao período mensal devem ser submetidos à
aprovação da CNEN. O nível de investigação para monitoração individual de IOE
deve ser, para dose efetiva, 6 mSv por ano ou 1 mSv em qualquer mês. Para
dose equivalente, o nível de investigação para pele, mãos e pés é de 150 mSv
por ano ou 20 mSv em qualquer mês. Para o cristalino, o nível de investigação
é 6 mSv por ano ou 1 mSv em qualquer mês. Para fins de investigação, níveis
operacionais em períodos de monitoração inferiores ou superiores ao período
mensal devem ser submetidos à CNEN. (alterado pela Resolução CNEN nº
230/2018, DOU 25.09.2018).

4 UNIDADES E GRANDEZAS

4.1 Atividade

A atividade de um material radioativo é expressa pelo quociente entre o


número médio de transformações nucleares espontâneas e o intervalo de tempo
decorrido. Matematicamente é dada por:

Onde, N é a quantidade de desintegrações de um radionuclídeo.


Segundo a definição da ICRU, a Atividade é o quociente dN/dt, de uma
quantidade de núcleos radioativos num estado de energia particular, onde dN é
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

o valor esperado do número de transições nucleares espontâneas deste estado


de energia no intervalo de tempo dt.

Sua unidade, o becquerel (Bq), corresponde a uma transformação por


segundo, ou s-1. A unidade antiga, curie (Ci) é ainda utilizada em algumas
situações, e corresponde ao número de transformações nucleares por unidade
de tempo de 1 grama de 226Ra, sendo 1 Ci = 3,7 x 1010 Bq.

É bom salientar que, uma transformação por segundo não significa a


emissão de uma radiação por segundo, pois, numa transformação nuclear,
podem ser emitidas várias radiações de vários tipos e várias energias.

4.2 Exposição

A grandeza Exposição é definida pela letra “X”, pois está relacionada


somente para fótons (RX ou gama) interagindo com o ar.

É o quociente entre dQ por dm, onde dQ é o valor absoluto da carga total


de íons de um dado sinal, produzidos no ar, quando todos os elétrons (negativos
e positivos) liberados pelos fótons no ar, em uma massa dm, são completamente
freados no ar.

A unidade que expressa a exposição é o roentgen (R), e está relacionada


com a unidade do SI, Coulomb/kilograma (C.kg-1).

4.3 Dose absorvida

Outro efeito da interação da radiação com a matéria é a transferência de


energia. Esta nem sempre é absorvida totalmente, devido à variedade de modos
de interação e à natureza do material. Assim, por exemplo, uma quantidade da
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

energia transferida pode ser captada no processo de excitação dos átomos, ou


perdida por radiação de freamento (raios X), cujos fótons podem escapar do
material. A fração absorvida da energia transferida corresponde às ionizações
dos átomos, quebra de ligações químicas dos compostos e incremento da
energia cinética das partículas (correspondente à conversão em calor).

A relação entre a energia absorvida e a massa do volume de material


atingido é a base da definição da grandeza Dose absorvida (D), representada
pela seguinte equação;

Onde, DE é a energia média depositada pela radiação no ponto P de


interesse, num meio de massa dm.

A unidade antiga de dose absorvida, o rad (radiation absorved dose), em


relação ao gray, vale,

1 Gy = 100 rad

4.4 Dose Equivalente (Ht)

A Dose Equivalente, Ht, é obtida multiplicando-se a dose absorvida D pelo


Fator de qualidade, logo pode ser definida como a dose absorvida média sobre
um tecido ou órgão, no ponto de interesse, ponderada pela qualidade da
radiação incidente (Wr)

Wr é o fator de ponderação da radiação - EBR (Eficacia biológica


relativa).

Ht = Wr.D

Sua unidade de medida é o Sievert (Sv)


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

A unidade antiga da dose equivalente denominava-se rem (roentgen


equivalente men), sendo que 1 Sv = 100 rem

Na tabela 3, abaixo é possível de se ter os valores do Fator de Qualidade


Efetivo;

4.5 Dose efetiva (E)

É a soma das doses equivalentes nos tecidos ou órgãos (H) multiplicada


pelo fator de ponderação de um tecido ou órgão wt, e a sua unidade, também, é
o Sievert (Sv).

Onde:

E = dose efetiva

Wt = fator de ponderação para o tecido, no tecido T

Ht = dose equivalente no tecido T


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Os fatores de ponderação Wt estão relacionados com a sensibilidade de


um dado tecido ou órgão à radiação, no que se refere à indução de câncer e
efeitos hereditários.

Tabela 4: Valores do fator de peso Wt para tecido ou órgão.

5 DEFESA EM PROFUNDIDADE

A defesa em profundidade em uma instalação radioativa, se baseia na


aplicação de diversas camadas (barreiras) de segurança em torno daquilo que
quer ser protegido, no caso de proteção radiológica, as fontes radioativas.

Visando assim dificultar e atrasar um possível ataque a instalação, e


garantindo que o sistema de defesa tenha um tempo maior para detectar o
atacante e se tomar as devidas providencias necessárias para bloquear sua
intensão e assim realizar a sua detenção.

O principio básico da defesa em profundidade é separar de diversas


formas o potencial agressor da fonte radioativa, por meio de barreiras sucessivas
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

de segurança, garantindo assim a proteção, caso uma das camadas falhe, se


terá outras com objetivo de atrasar o indivíduo.

6 CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS

O sistema de classificação de áreas é proposto para auxiliar o controle


das exposições ocupacionais. Considera a designação dos locais de trabalho em
dois tipos de áreas: áreas controladas e áreas supervisionadas.

A definição dessas áreas deve levar em conta o discernimento e a


experiência operacional. Em locais onde a possibilidade de contaminação por
materiais radioativos é remota, as áreas podem ser, algumas vezes, definidas
em termos da taxa de dose em seus contornos. O uso de fontes móveis demanda
alguma flexibilidade na definição dessas áreas.

As áreas devem ser classificadas sempre que houver previsão de


exposição ocupacional e definidas claramente no Plano de Proteção Radiológica
(PPR). Essa classificação deve ser revista, sempre que necessário, em função
do modo de operação ou de qualquer modificação que possa alterar as
condições de exposição normal ou potencial.

Fora das áreas designadas como controladas ou supervisionadas, a taxa


de dose e o risco de contaminação por materiais radioativos devem ser baixos o
suficiente para assegurar que, em condições normais, o nível de proteção para
aqueles que trabalham no local seja comparável com o nível de proteção
requerido para exposições do público. Tais áreas são denominadas áreas livres,
do ponto de vista de proteção radiológica ocupacional.

6.1 Áreas Controladas

Deve ser classificada como área controlada qualquer área na qual


medidas específicas de proteção radiológica são ou podem ser necessárias
para:
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

a) controlar as exposições de rotina e evitar a disseminação da


contaminação durante as condições normais de operação; ou

b) evitar ou limitar a extensão das exposições potenciais. Na


determinação da delimitação física de qualquer área controlada, devem ser
considerados a magnitude das exposições normais esperadas, a probabilidade
e magnitude das exposições potenciais e o tipo e extensão dos requisitos de
proteção e segurança necessários. Valores de taxa de dose baseados numa
fração do limite de dose podem ser definidos em 3/10 do limite de dose, desde
que se faça uma avaliação cuidadosa, levando em consideração tanto o período
de tempo em que a taxa de dose é igual ou superior ao valor prescrito, como o
risco de exposições potenciais. O trabalho com fontes radioativas não seladas
está sempre associado à possibilidade de incorporação de radionuclídeos,
sendo, portanto, necessária a avaliação específica da necessidade de
delimitação de áreas controladas, levando em conta as características
radiológicas dessas fontes. Em relação às áreas designadas como controladas,
os titulares devem:

a) sinalizar a área com o símbolo internacional de radiação ionizante, bem


como afixar instruções pertinentes nos pontos de acesso e em outros locais
apropriados no interior dessas áreas;

b) implementar as medidas de proteção ocupacional estabelecidas no


Plano de Proteção Radiológica, incluindo regras internas e procedimentos
apropriados a essas áreas;

c) restringir o acesso por meio de procedimentos administrativos e por


meio de barreiras físicas. O grau de restrição de acesso deve ser adequado à
magnitude e à probabilidade de ocorrência das exposições esperadas;

d) manter disponíveis, nas entradas dessas áreas, conforme apropriado,


equipamento, vestimenta de proteção e instrumento de monitoração; e

e) manter disponível nas saídas dessas áreas, quando apropriado:


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

i. instrumentação para monitoração de contaminação de pele e de


vestimenta;

ii. instrumentação para monitoração da contaminação de qualquer objeto


ou substância sendo retirada da área;

iii. meios para descontaminação, como chuveiro ou pia; e

iv. local adequado para coleta de equipamentos e vestimentas de


proteção contaminados. No estabelecimento das áreas controladas, o titular
pode utilizar as barreiras físicas existentes, tais como paredes de salas ou
prédios. Isso pode acarretar áreas maiores do que as estritamente necessárias
com base apenas nas considerações de proteção radiológica.

6.2 Áreas Supervisionadas

Deve ser classificada como área supervisionada qualquer área sob


vigilância não classificada como controlada, mas onde as condições de
exposição ocupacional necessitam ser mantidas sob supervisão. Em relação às
áreas supervisionadas, os titulares devem:

a) delimitar as áreas por meios apropriados;

b) colocar sinalização nos pontos de acesso; e

c) rever periodicamente as condições para determinar qualquer


necessidade de adoção de medidas de proteção e segurança ou de mudanças
nas delimitações físicas dessas áreas. Essa revisão deve considerar a
necessidade de adoção de programa de monitoração rotineira de área e de
indivíduos que nela trabalham.

O estabelecimento de uma área supervisionada no entorno de uma área


controlada pode ser dispensado desde que os requisitos de proteção radiológica
implementados dentro da área controlada sejam suficientes.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

6.3 Áreas Livres

Deve ser classificada como área livre qualquer área da instalação que não
seja classificada como área controlada ou área supervisionada. Em condições
normais de operação, a dose para indivíduos nas áreas livres não deve
ultrapassar o limite previsto para indivíduos do público, isto é, 1 mSv/ano ou
fração proporcional ao tempo de permanência na área. O titular e eventuais
empregadores são responsáveis pelo controle dessas áreas, de modo a garantir
sua classificação como área livre. Para tal, deve ser estabelecido um programa
de monitoração adequado, abrangendo todas as possíveis vias de exposição.

6.4 Áreas de Trabalho e Limites de Dose

Os limites de dose tanto para os IOE que trabalham em áreas


supervisionadas como para os que trabalham em áreas controladas são os
mesmos. As restrições de dose aplicadas no processo de otimização devem ser
definidas em relação a práticas específicas e não em relação a qualquer área
designada.

7 CUIDADOS DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

7.1 Tempo

As radiações externas podem ser controladas operando-se com três


parâmetros: tempo, distância e blindagem (ou barreira).

A dose acumulada por uma pessoa que trabalha numa área exposta a
uma determinada taxa de dose é diretamente proporcional ao tempo em que ela
permanece na área. Essa dose pode ser controlada pela limitação desse tempo:

Dose = Taxa .Tempo

Como o tempo de permanência em áreas de trabalho nas quais existem


materiais radioativos ou fontes de radiação, conforme o tipo de tarefa a ser
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

realizada, devem ser empregadas procedimentos de redução na dose do IOE.


Os recursos mais utilizados são: o aumento da distância ou a introdução de
material de blindagem entre o homem e a fonte de radiação.

Figura 1: Taxa de dose em decorrência do tempo.

Deve-se sempre ter em mente que quanto menor o tempo de exposição,


menores serão os efeitos causados pela radiação. Porém, o recurso mais eficaz
de redução do tempo de execução de uma tarefa é o treinamento do operador,
a otimização de sua habilidade.

7.2 Distância

Para uma fonte puntiforme, emitindo radiações em todas as direções, o


fluxo, que é proporcional à taxa de dose numa determinada distância r da fonte,
é inversamente proporcional ao quadrado dessa distância.

Cabe lembrar que essa relação somente é verdadeira para uma fonte
puntiforme, um detector puntiforme e absorção desprezível entre a fonte e o
detector. Isto porque ela se baseia no ângulo sólido definido pela fonte
(puntiforme) e a superfície de uma calota esférica definida pela distância r, entre
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

fonte e objeto alvo, durante o tempo t de exposição. A lei do inverso do quadrado


é dada por:

onde D1 é a taxa de dose na distância r1 da fonte e D2 é a taxa de dose


na distância r2 da fonte.

Note-se que duplicando a distância entre a fonte e o detector, reduz-se a


taxa de dose a 1/4 de seu valor inicial. Dessa forma, o modo mais fácil de evitar
exposição às radiações ionizantes é ficar longe da fonte.

7.3 Blindagem

As pessoas que trabalham com fontes ou geradores de radiação ionizante


devem dispor de procedimentos técnicos bem elaborados de modo que o
objetivo da tarefa seja concretizado e sua segurança esteja garantida contra
exposições desnecessárias ou acidentais. Nesses procedimentos, os fatores
tempo e distância em relação às fontes radioativas estão implícitos na habilidade
e destreza de um técnico bem treinado para a tarefa. Por não apresentar
hesitações durante sua execução, sua duração é mínima; por dominar todos os
elementos do processo, não comete enganos, se posiciona no lugar adequado
e com a postura correta.

Entretanto, em certas situações, principalmente quando se opera com


fontes intensas ou níveis elevados de radiação, além de colimadores, aventais,
labirintos e outros artefatos, é necessário introduzir outro fator de segurança: a
blindagem.

A escolha do material de blindagem depende do tipo de radiação,


atividade da fonte e da taxa de dose que é aceitável fora do material de
blindagem.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

7.3.1 Blindagem para Diferentes Tipos de Radiação

Nêutrons rápidos são atenuados de forma aproximadamente exponencial,


onde o coeficiente de atenuação é denominado Seção de Choque Macroscópica,
que pode ser avaliado pelo Comprimento de Relaxação:

onde x é a espessura de material atenuador, ϕ é o fluxo ou intensidade do feixe


de nêutrons, Σ é a seção de choque macroscópica (cm-1) e λ é o comprimento
de relaxação.

Na tabela 4 são dados valores de comprimento de relaxação para


nêutrons rápidos para alguns materiais moderadores e atenuadores.

Tabela 4 - Comprimento de Relaxação aproximado de alguns materiais, para nêutrons rápidos

Os materiais utilizados para blindagem de nêutrons normalmente são de


baixo número atômico Z, para evitar o espalhamento elástico que, ao invés de
atenuar, espalharia nêutrons em todas as direções. Os materiais de alto Z
utilizados são aqueles que absorvem nêutrons nas reações, como o cádmio e o
índio. Os materiais mais utilizados são a água, a parafina borada, o grafite e o
concreto.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

O projeto de blindagem para nêutrons numa instalação envolve um


aparato matemático muito complexo, e normalmente a equação de difusão ou
transporte são solucionadas numericamente por meio de códigos de
computação. Nesses códigos são levados em conta todos os tipos de reações
nucleares, em todas as faixas de energia, inclusive nas regiões de ressonância,
onde o valor da seção de choque varia abruptamente, inclusive em várias ordens
de grandeza.

7.3.2 Blindagem para Partículas Carregadas

Partículas carregadas dissipam energia nas colisões com as partículas


dos átomos do material de blindagem, até que sua velocidade entra em equilíbrio
com a das demais partículas do meio. O espaço percorrido desde sua entrada
no material até sua parada é denominado de alcance da partícula (ou range).

Se a massa da partícula é pequena, como no caso da partícula beta, a


forma da trajetória pode ser bastante irregular, tortuosa, com mudanças
significativas de direção de propagação, principalmente perto do ponto de
“parada”. Se a partícula tem massa elevada, como no caso da partícula alfa ou
fragmentos de fissão, a trajetória é quase retilínea, só mudando de direção
quando ocorre uma colisão com um núcleo pesado, o que raramente acontece.

Devido a esse comportamento, ou seja, de existir um alcance para cada


tipo de partícula carregada em função da energia e do material, pode-se chegar
à absorção total de um feixe de partículas. Isso permite construir uma blindagem
com muita eficiência, desde que a espessura de material seja superior ao
alcance, ou “poder de penetração” da partícula, e sua natureza seja tal que
minimize as interações com emissão de radiação de freamento.

Para blindar essas partículas utiliza-se material de baixo Z que possua


consistência mecânica, como acrílico, teflon, PVC, polietileno e, algumas vezes,
o chumbo e concreto. O chumbo não deve ser utilizado para blindagem de feixes
de elétrons, devido à produção de radiação de freamento que agravaria a
situação em termos de níveis de radiação e penetrabilidade.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

7.3.3 Noções de cálculo de blindagem X e gama

Devido ao fato de fótons X e γ atravessarem o material absorvedor, sua


redução é determinada pela energia da radiação, pela natureza do material
absorvedor e a sua espessura.

Com isso então é possível a gente determinar a espessura de material


necessário para se atenuar feixes de fótons dos raios X e γ, utilizando a lei de
atenuação exponencial.

𝐼 = 𝐼𝑜 . 𝑒 −𝜇.𝑋
Onde,

8 I = Incidência final

9 Io = Incidência inicial

10 e = Exponencial [ - ]

11 𝜇 = Coeficiente de atenuação [ - ]

12 X = Espessura [mm, m...]

Camada Semi-Redutora

O coeficiente de atenuação total μ depende do material atenuador e da


energia do feixe incidente. No caso de uma fonte que emite fótons de várias
energias, deve-se utilizar diferentes valores de μ, correspondentes às diversas
energias do feixe e às diversas taxas de emissão de cada radiação. Como a
intensidade de um feixe de fótons não pode ser totalmente atenuada pela
blindagem, utiliza-se um parâmetro experimental, denominado de camada semi-
redutora (HVL = Half Value Layer), definido como sendo a espessura de material
que atenua à metade a intensidade do feixe de fótons. A relação entre μ e HVL
é expressa por:

𝐿𝑛 2
𝜇=
𝐻𝑉𝐿
Onde,
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

• Ln 2 = 0,693

• HVL (CSR) = Camada semi-redutora dos materiais

OBS: Valor este que é tabelado

Da mesma forma que o HVL, outro parâmetro muito utilizado no cálculo


de espessura de blindagem é a camada deci-redutora (TVL = Tenth Value Layer)
definido como sendo a espessura de material que atenua de um fator de 10 a
intensidade do feixe de fótons.

Na Tabela 5 são dados valores de HVL e TVL para três materiais, chumbo,
concreto e ferro, em função da kilovoltagem pico do tubo de raios X.

Tabela 5 - Camadas semi-redutoras (HVL) e deci-redutoras (TVL).


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Na Tabela 6 são dados valores de HVL para os vários tipos de


radionuclídeo emissores gama.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

8. RESPOSTA A EMERGÊNCIAS RADIOLÓGICAS: FASE INICIAL,


FASE INTERMEDIÁRIA OU DE CONTROLE E FASE FINAL OU FASE
DE RECUPERAÇÃO.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Em qualquer tipo de acidente, salvar vidas, combater o fogo, isolar a área


e notificar às Autoridades Competentes são ações prioritárias a serem tomadas
prontamente. De uma maneira geral, as seguintes medidas devem ser tomadas
nas fases inicial, intermediária e final de um acidente radiológico, conforme
aplicável:

8.1 Fase Inicial

A fase inicial de uma atuação em acidentes compreende ações de


primeiros socorros e uma avaliação inicial da gravidade do evento, incluindo as
características de cada fonte radioativa envolvida, de modo a orientar as
medidas a serem tomadas para recuperar o controle da situação, a saber:

• resgate e socorro médico às vítimas;


• controle de fogo e das águas utilizadas no combate ao incêndio;
• estabelecimento de canal de comunicação entre o local do acidente e as
Autoridades Competentes;
• monitoração dos níveis de irradiação e contaminação;
• isolamento das áreas afetadas;
• avaliação preliminar do evento.

8.2 Fase Intermediária ou de Controle

A fase de controle é iniciada a partir do momento em que se possui dados


sobre cada radionuclídeo envolvido no evento e sobre o levantamento
radiométrico realizado no local, permitindo, assim, a tomada de decisões para
controlar a situação de emergência radiológica, destacando-se:

• controle de acesso ao local do acidente;


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

• emprego de equipamentos de proteção individual e estabelecimento de


procedimentos de segurança para o pessoal envolvido nos trabalhos de
resgate e descontaminação;
• abrigagem e evacuação;
• descontaminação de pessoal;
• descontaminação inicial de áreas;
• controle de alimentos e água.

8.3 Fase Final ou Pós-Emergência ou, ainda, Fase de Recuperação

Após a fonte radioativa estar sob controle e após a implantação das


medidas de proteção dos trabalhadores, público em geral e meio ambiente, a
Autoridade Competente deve declarar o término da fase de emergência,
empregando os canais de comunicação disponíveis (jornal, rádio, televisão).
Nesta fase, deve ser dada continuidade aos trabalhos finais de descontaminação
e restauração das áreas afetadas, gerenciamento dos rejeitos radioativos
gerados bem como acompanhamento médico das vítimas.

9 SERVIÇOS DE RADIOPROTEÇÃO (SR)

O objetivo da norma CNEN 3.02 na qual carrega o nome de “Serviços de


radioproteção” é de estabelecer os requisitos relativos à implantação e ao
funcionamento de Serviços de Radioproteção.

9.1 ESTRUTURA DO SERVIÇO DE RADIOPROTEÇÃO

• DISPOSIÇÕES GERAIS

- O SR deve constituir o único órgão ou serviço autorizado pela Direção


da instalação para a execução das atividades de radioproteção especificadas
nesta Norma.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- O SR deve estar diretamente subordinado à Direção da instalação, sem


ser estruturalmente vinculado a grupos de manutenção ou de operação da
instalação.

• PESSOAL

O pessoal lotado no SR deve ser constituído por um Supervisor de


Radioproteção, por um número apropriado de técnicos de nível superior e/ou
médio, e por auxiliares devidamente qualificados para o exercício das suas
funções específicas.

• INSTALAÇÕES

Em função de suas necessidades, o SR deve possuir todas as instalações


para:

a) acomodação do pessoal;

b) higiene pessoal;

c) troca e guarda de vestimentas;

d) descontaminação externa de pessoas;

e) aferição, ajuste, guarda e descontaminação de equipamentos;

f) elaboração e arquivamento de documentos e registros; e

g) pronta comunicação entre pessoas apropriadas da instalação e com as


pessoas e instituições externas relevantes para o caso de notificações e tomada
de decisões em emergências.

• EQUIPAMENTOS
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Em função das suas necessidades, o SR deve possuir os equipamentos


necessários para:

a) monitoração individual de trabalhadores;


b) monitoração de área;
c) monitoração ambiental;
d) ensaio de instrumentos;
e) proteção pessoal, tais como máscaras, luvas, vestimentas etc; e
f) descontaminação externa de pessoas e superfícies.

9.2 ATIVIDADES DO SERVIÇO DE RADIOPROTEÇÃO

O SR deve desempenhar as seguintes atividades:

a) controle de trabalhadores;

b) controle de áreas;

c) controle do meio ambiente e da população;

d) controle de fontes de radiação e de rejeitos;

e) controle de equipamentos;

f) treinamento de trabalhadores; e

g) registros de dados e preparação de relatórios.

• CONTROLE DE TRABALHADORES

O controle de trabalhadores de áreas controladas deve ser executado


através de monitoração individual, avaliação de doses e supervisão médica.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

• MONITORAÇÃO INDIVIDUAL

A monitoração individual e os cuidados relativos à exposição externa


devem atender aos seguintes requisitos:

a) monitoração permanente de cada trabalhador de áreas controladas


com dosímetros individuais, de uso obrigatório por qualquer pessoa durante a
sua permanência em áreas controladas;

b) especificações dos dosímetros individuais compatíveis com as


condições de exposição, tais como tipo de radiação, energia, geometria de
irradiação do corpo, tempo de exposição e taxa de dose;

c) utilização de tantos dosímetros quantos forem necessários para a


avaliação de doses de regiões do corpo em separado, quando existir o risco de
exposição não homogênea do corpo humano;

d) possibilidade dos dosímetros individuais permitirem avaliações em


separado de doses devido a exposições de raios X e gama, nêutrons e radiação
beta, quando ocorrerem na instalação;

e) período de uso e procedimentos de avaliação dos dosímetros


individuais compatíveis com as condições de exposição;

f) após a ocorrência de exposições de emergência ou acidentes, ou


suspeita de ocorrência de acidentes, providências para imediata avaliação dos
dosímetros individuais dos trabalhadores envolvidos;

g) antes da distribuição de dosímetros individuais, exame para verificação


da adequação das suas condições de uso;

h) estabelecimento de um programa de controle da qualidade dos


dosímetros individuais (inspeções, aferições e ajustes); e

i) providências para a calibração e, quando necessário, para a avaliação


dos dosímetros individuais em instituições autorizadas pela CNEN.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

• CONTAMINAÇÃO EXTERNA

A monitoração individual e os cuidados relativos à contaminação externa


devem atender aos seguintes requisitos:

a) fornecimento de todos os equipamentos e meios necessários para


evitar a contaminação de trabalhadores sujeitos ao risco de contaminação
externa;

b) uso de monitores de contaminação em pessoas especificamente


adequados para os tipos de radionuclídeos que possam ser liberados nas áreas
de trabalho;

c) testes diários dos monitores de contaminação em pessoas com fontes-


teste adequadas, e calibração em intervalos apropriados, por instituições
autorizadas pela CNEN; (alterado pela Resolução CNEN n o . 231/2018, DOU
17.09.2018)

d) instalação de monitores de contaminação em pessoas em locais


apropriados, nas áreas que apresentam risco de contaminação;

e) exame das mãos, pés, cabeça e roupas de trabalhadores sujeitos ao


risco de contaminação externa com monitores de contaminação adequados
sempre que se retirarem das áreas sujeitas a contaminações, ou sempre que
houver uma suspeita de ocorrência de contaminação durante o trabalho;

f) realização ou providências para a descontaminação de trabalhadores,


imediatamente após a constatação de ocorrências de contaminação;

g) não permanência de trabalhadores em áreas com contaminação, e o


contato de pessoas com contaminação com outras não contaminadas, ou a sua
permanência em áreas não contaminadas; e

h) liberação de sapatos, luvas e outros apetrechos, acessórios e meios


usados para a proteção individual de trabalhadores contaminados, para
reutilização somente após a descontaminação dos mesmos, após a inspeção e
aprovação competentes.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

• CONTAMINAÇÃO INTERNA

A monitoração individual e os cuidados relativos à contaminação interna


devem atender aos seguintes requisitos:

a) ênfase na segurança das instalações, com visitas à minimização de


liberação de material radioativo e/ou radiação;

b) obrigatoriedade dos trabalhadores sujeitos ao risco de contaminação,


de utilizar máscaras específicas e/ou outros equipamentos protetores
adequados, se assim exigido pelo SR, em função dos correspondentes níveis de
atividade da contaminação. Esses trabalhadores devem ser examinados, no
mínimo, uma vez por ano, ou sempre após a ocorrência ou suspeita de
ocorrência de contaminação interna acidental;

c) preparação para executar ou providenciar imediata avaliação de


contaminações internas em todos os trabalhadores contaminados ou suspeitos
de estarem contaminados;

d) inclusão, nos exames para a determinação de contaminação interna,


quando requeridos, de análises de sangue, excreta, e exame com contador de
corpo inteiro, a serem realizados por instituições autorizadas pela CNEN;

e) preparação para efetuar e/ou providenciar o tratamento de


trabalhadores, imediatamente após a confirmação da ocorrência de acidentes
graves.

• AVALIAÇÃO DE DOSES

- O SR deve realizar a avaliação de todas as doses e demais grandezas


sujeitas à limitação, conforme estabelecido na DBR e em normas específicas da
CNEN.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- procedimentos para o cálculo de doses e das demais grandezas sujeitas


à limitação devem se basear em modelos compatíveis com as condições de
exposição.

- O SR deve estar capacitado para:

a) estimar as doses individuais a serem recebidas em exposições de


rotina;

b) avaliar com a máxima presteza as doses decorrentes de exposições


acidentais e de emergência;

c) estimar a dose coletiva dos trabalhadores da instalação; e

d) minimizar as doses individuais e doses coletivas, em conformidade com


o disposto na DBR.

• SUPERVISÃO MÉDICA

- O SR deve prover supervisão médica adequada a todos os trabalhadores


da instalação.

- A supervisão médica deve ser compatível com os princípios da


Segurança e Medicina do Trabalho.

- O médico responsável pela supervisão médica deve possuir experiência


e conhecimentos relativos aos efeitos e terapêutica associados aos acidentes
com radiações ionizantes.

- Nenhum trabalhador deve ser empregado, ou continuar empregado, em


atividade envolvendo exposições, contrariamente ao parecer médico ou do
Supervisor de Radioproteção.

- O serviço médico da instalação deve proporcionar primeiros socorros e


providenciar internações imediatamente após a ocorrência de acidentes.

- A supervisão médica deve abranger os seguintes exames:


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

a) exame pré-ocupacional para verificar se o trabalhador está em


condições de saúde física e mental para iniciar a sua ocupação, incluindo uma
análise do seu histórico médico e radiológico contendo todas as informações
sobre exposições anteriores;

b) exame periódico, de acordo com a natureza da instalação e com as


doses recebidas pelo trabalhador;

c) exames especiais, em trabalhadores que tenham recebido doses


superiores aos limites estabelecidos em normas da CNEN, ou sempre que o
médico ou o Supervisor de Radioproteção julgar necessário; e

d) exame pós-ocupacional, imediatamente após o término da ocupação


no emprego.

• CONTROLE DE ÁREAS

O controle de áreas compreende a avaliação, classificação, controle de


acesso, balizamento, sinalização, monitoração e descontaminação de áreas.

• AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS

- O SR deve realizar periodicamente a avaliação e classificação de áreas,


com relação aos seguintes aspectos:

a) segurança e confiabilidade das estruturas e equipamentos associados


a fontes de radiação; b) níveis de radiação externa e de contaminação;

c) acesso e movimentação de trabalhadores e de fontes de radiação, tanto


para condições normais de trabalho como para situações de emergência; e

d) localização de fontes de radiação e de rejeitos.

• CONTROLE DE ACESSO
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- As áreas restritas da instalação devem estar providas de meios


adequados para o controle do seu acesso.

- O acesso às áreas restritas somente deve ser permitido a pessoas


devidamente autorizadas pela Direção da instalação e sob controle do SR.

- Áreas restritas fora de serviço ou em situações de emergência devem


ser bloqueadas até que sejam tomadas as devidas medidas de segurança pela
Direção da instalação e pelo SR para a verificação das condições de exposição
e/ou para o restabelecimento da normalidade.

• SINALIZAÇÃO

As áreas restritas da instalação devem estar claramente sinalizadas, em


conformidade com as normas específicas, focalizando-se os seguintes aspectos:

a) presença de radiação com o símbolo internacional de radiação na


entrada e saída das áreas restritas, e nos locais onde existem fontes de radiação;

b) identificação e classificação das áreas, perfeitamente visíveis na


entrada e saída das mesmas; c) identificação das fontes de radiação e dos
rejeitos nas suas embalagens, recipientes ou blindagens;

d) presença do valor de taxas de dose e datas de medição em pontos de


referência significativos, próximos às fontes de radiação, nos locais de
permanência e trânsito de trabalhadores;

e) identificação de vias de circulação, entrada e saída para condições


normais de trabalho e para situações de emergência;

f) localização de equipamentos de segurança e instrumentos de medição


para radioproteção; g) aviso sobre a presença e identificação de contaminação
e altos níveis de radiação, com as datas de medição;

h) presença de procedimentos a serem obedecidos em situações de


acidentes ou de emergência; e
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

i) presença e identificação de sistemas de alarmes sonoros e visuais para


situações de acidente ou de emergência, ou para condições de trabalho
envolvendo altos níveis de exposição.

• MONITORAÇÃO DE ÁREA

- Deve ser estabelecido e executado um programa de monitoração


contínua para todas as áreas restritas da instalação, tanto para condições
normais de trabalho como para situações de emergência.

- As áreas livres da instalação onde estejam depositadas,


provisoriamente, fontes de radiação devidamente blindadas, devem ser
adequadamente sujeitas à monitoração de área, de modo a confirmar a
manutenção da condição de área livre.

- Nenhuma modificação em equipamentos, estruturas, sistemas ou em


operações em áreas restritas deve ser introduzida sem um planejamento prévio,
aprovação do SR e o acompanhamento de uma monitoração de área adequada.

- O programa de monitoração de área deve abranger a execução das


seguintes atividades:

a) seleção dos locais mais críticos nas áreas restritas com relação a todos
os tipos de radiação, contaminação e acidentes possíveis.

b) seleção de marcação de pontos de referência para a realização de


medições de campos de radiação, contaminações superficiais e atmosféricas,
selecionados de modo que sejam:

1) facilmente acessíveis a instrumentos portáteis de medição ou à


instalação e inspeção de instrumentos fixos;

2) representativos para a detecção prévia de irregularidades ou acidentes;


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

3) representativos com relação à permanência e trânsito de trabalhadores,


para efeito de estimativa de doses e indicação de alarmes; e

4) pouco sujeitos a modificações nas condições normais de trabalho.

c) seleção de equipamentos e de procedimentos de monitoração,


compatíveis com as condições de exposição, condições ambientais e com as
grandezas objetos de medição e limitação; e

d) execução da monitoração compreendendo a realização de medidas e


amostragens, inspeção de fontes de radiação e de rejeitos, e verificação das
condições gerais de trabalho.

• DESCONTAMINAÇÃO DE ÁREAS

O SR deve realizar, com a devida presteza, o isolamento e a


descontaminação de áreas contaminadas, evitando a propagação da
contaminação.

9.3. CONTROLE DO MEIO AMBIENTE E DA POPULAÇÃO

- Qualquer liberação de efluente radioativo da instalação deve ser medida,


controlada, contabilizada, e se possível, minimizada em conformidade com
normas específicas.

- O SR deve determinar as áreas ambientais sujeitas, ou que possam vir


a ser sujeitas, a contaminações oriundas da instalação, e executar um programa
de monitoração ambiental adequado à natureza da instalação, ao meio ambiente
e às condições climáticas locais.

- O SR deve determinar o grupo crítico da população afetada, ou que


possa vir a ser afetada, em conseqüência das atividades da instalação, e orientar
as operações da mesma de modo a minimizar a dose recebida pelo grupo crítico,
em conformidade com a DBR.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- O SR deve comunicar imediatamente, à Direção da instalação, qualquer


evento que ocasione ou que possa ocasionar a contaminação do meio ambiente
e a exposição da população.

9.4 CONTROLE DE FONTES DE RADIAÇÃO E REJEITOS

• DISPOSIÇÕES GERAIS

Qualquer fonte de radiação da instalação, inclusive rejeitos, deve estar


sob controle do SR, devidamente identificada, sinalizada e registrada, em
conformidade com os requisitos desta Norma e de normas específicas.

• SEGURANÇA

- Devem estar estabelecidos por escrito, e aprovados pelo Supervisor de


Radioproteção, os procedimentos para o uso, manuseio, acondicionamento,
transporte e armazenamento de fontes de radiação, em conformidade com esta
Norma e com normas específicas.

- O SR deve comunicar imediatamente, à Direção da instalação, a


ocorrência de qualquer irregularidade constatada com fontes de radiação.

- Qualquer fonte radioativa danificada ou inaproveitável deve ser retirada


do serviço e considerada como rejeito.

- A aplicação de fonte de radiação é restrita somente à instalação e às


finalidades para as quais foi autorizada pela CNEN.

• SUPERVISÃO
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

O SR deve estabelecer e executar um programa de supervisão para as


fontes de radiação da instalação, visando à verificação dos seguintes itens e
aspectos:

a) a sua presença em local correto, devidamente sinalizada;

b) estado físico, existência de contaminação e vazamento;

c) condições corretas de uso, blindagem, acondicionamento, segurança,


transporte e armazenamento.

• TRANSPORTE

Qualquer transporte de fontes de radiação deve ser realizado com


autorização do Supervisor de Radioproteção, em conformidade com normas
específicas.

• REJEITOS

- Qualquer atividade relativa a rejeitos deve estar sob a supervisão do SR,


em conformidade com norma específica.

- O transporte de rejeitos deve ser considerado como transporte de fontes


radioativas.

9.5 CONTROLE DE EQUIPAMENTOS

• DISPOSIÇÕES GERAIS
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- O controle de equipamentos pelo SR compreende a sua identificação,


sinalização, registro, inspeção, calibração, aferição, ajuste, manutenção e
descontaminação.

- Os requisitos relativos ao controle de equipamentos se aplicam a:

a) instrumentos para a medição de radiações ionizantes;

b) instrumentos para o processamento, coleta e análise de amostras; e

c) equipamentos destinados à proteção de trabalhadores.

- As especificações dos equipamentos devem estar em conformidade com


as normas específicas aprovadas ou recomendadas pela CNEN.

- A qualidade e as especificações dos equipamentos devem ser


compatíveis com a confiabilidade e exatidão requeridas para sua aplicação.

• IDENTIFICAÇÃO, SINALIZAÇÃO E REGISTRO

Os equipamentos do SR devem ser devidamente identificados,


sinalizados e registrados, em conformidade com os requisitos desta Norma e de
normas específicas.

• INSPEÇÃO

O SR deve estabelecer e executar um programa de inspeções dos seus


equipamentos visando à verificação dos seguintes aspectos:
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

a) condições físicas;

b) condições de instalação e segurança;

c) procedimentos de uso e de armazenamento;

d) condições de funcionamento; e

e) presença de contaminações.

• CALIBRAÇÃO, AFERIÇÃO E AJUSTE

- É obrigatória a calibração prévia dos instrumentos de medição do SR,


por entidades autorizadas pela CNEN, em conformidade com normas
específicas.

- Deve ser sempre efetuada nova calibração de instrumentos de medição


após a ocorrência de defeitos, consertos, reparos ou indicação de funcionamento
irregular.

- Os instrumentos de medição do SR devem ser oportuna e


adequadamente sujeitos à aferição e ajuste.

- O SR deve possuir equipamentos substitutivos e peças de reposição


para os equipamentos considerados indispensáveis à radioproteção dos
trabalhadores.

• DESCONTAMINAÇÃO

- O SR deve proceder à retirada de uso e à descontaminação dos


equipamentos, imediatamente após a constatação ou a suspeita da existência
de contaminações.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

- A descontaminação de equipamentos deve ser realizada em local


adequado e autorizado pelo Supervisor de Radioproteção.

• MANUTENÇÃO

- O SR deve executar ou providenciar a manutenção preventiva periódica


e as medidas corretivas de todos os seus equipamentos, sempre que necessário.

- O SR deve executar ou providenciar a manutenção preventiva periódica


e as medidas corretivas de todos os seus equipamentos, sempre que necessário.

9.6 TREINAMENTO DE TRABALHADORES

- Os trabalhadores da instalação devem possuir treinamento e aptidões


específicos para o exercício de suas funções em condições seguras de trabalho.

- Os trabalhadores da instalação devem possuir conhecimento sobre os


riscos associados à sua saúde em virtude do desempenho de suas funções, bem
como noções de primeiros socorros.

- O Supervisor de Radioproteção é o responsável pela execução do


programa de treinamento dos trabalhadores, conforme descrito no Plano de
Radioproteção, e pela contínua avaliação de sua eficácia com relação às
condições radiológicas da instalação e grau de aprendizagem dos trabalhadores.

- O Supervisor de Radioproteção deve, com a devida periodicidade, ou


sempre que necessário, providenciar o retreinamento ou a atualização dos
conhecimentos dos trabalhadores.

- O Supervisor de Radioproteção deve, sempre que necessário, atualizar


e aperfeiçoar o programa de treinamento dos trabalhadores.

- Qualquer modificação a ser introduzida no programa de treinamento dos


trabalhadores, conforme descrito no Plano de Radioproteção, deve ser
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

comunicada à CNEN, juntamente com a apresentação das causas que


motivaram a introdução da referida modificação.

9.7 REGISTROS

• DISPOSIÇÕES GERAIS

O SR deve estabelecer e manter atualizado um sistema centralizado de


registros relativo a sua estrutura, Plano de Radioproteção, procedimentos,
regulamentos, funções, atividades, relatórios, e de todas as demais informações
exigidas pela CNEN.

10 LICENCIAMENTO DE INSTALAÇÕES RADIOATIVAS

A norma CNEN 6.02 tem por objetivo estabelecer os requisitos para o


licenciamento de instalações radiativas, aplicando-se às atividades relacionadas
com a localização, o projeto descritivo dos itens importantes à segurança, a
construção, a operação, as modificações e a retirada de operação de instalações
radiativas, bem como ao controle de aquisição e movimentação de fontes de
radiação.

Tabela 7: Classificações das instalações radioativas


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Tabela 8: Subdivisão dos grupos de instalações radioativas

GRUPO 1: Instalações de grande porte que utilizam fontes seladas em


processos industriais.

GRUPO 2: Instalações que utilizam fontes seladas em equipamento.

GRUPO 3: Instalações nas quais se manipulam, utilizam ou armazenam


fontes seladas que não se enquadram nos GRUPOS 1 e 2.

GRUPO 4: Instalações radiativas que manipulam, armazenam ou utilizam

fonte não-selada com atividade total até 30 vezes o nível de isenção.


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

GRUPO 5: […] entre 30 vezes e 20.000 vezes o nível de isenção.

GRUPO 6: […] superior a 20.000 vezes o nível de isenção.

GRUPO 7: Instalações que utilizam equipamentos geradores de radiação


ionizante

GRUPO 8: Instalações radiativas destinadas à produção de radioisótopos

Antes se operar instalações radiativas as mesmas devem requerer,


previamente ao início de suas atividades, as devidas autorizações junto à CNEN,
onde se tem alguns atos administrativos, como podem ser vistos na Tabela X
abaixo;

Tabela 9: Separação dos atos administrativos de acordo com os subgrupos.


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

11 PROTEÇÃO FÍSICA DE FONTES RADIOATIVAS

A norma CNEN 2.06, “PROTEÇÃO FÍSICA DE FONTES RADIOATIVAS


E INSTALAÇÕES RADIATIVAS ASSOCIADAS”, tem por objetivo estabelecer os
princípios gerais e requisitos básicos exigidos para a proteção física (PF) de
fontes radioativas e instalações radiativas associadas.

Entende-se como instalação radiativa o espaço físico, local, sala, prédio


ou edificação de qualquer tipo onde pessoa jurídica, legalmente constituída,
utilize, produza, processe, distribua ou armazene fontes de radiação ionizante.

A proteção física (PF) abrange, no âmbito das instalações radiativas, os


seguintes elementos, entre outros:

I - barreiras físicas;

II - equipamentos de detecção, alarme e confirmação da intrusão;

III - procedimentos de controle de acesso e de resposta à intrusão; e

IV - procedimentos de acionamento de forças de apoio ou suplementares.

A proteção física de fontes radioativas é um conjunto de medidas que têm


por objetivo:

I – proteger as fontes radioativas contra roubo, furto ou qualquer outra


forma de remoção não autorizada;

II – contribuir para a recuperação das fontes radioativas que porventura


tenham sido removidas de forma não autorizada ou estejam desaparecidas;

III – proteger as instalações e as fontes radioativas de atos não


autorizados, em especial de sabotagem;

IV – contribuir para minimizar ou mitigar os efeitos de um ato de


sabotagem na instalação radiativa;
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Cada instalação radioativa é classificada em grupos e subgrupos, como


podem ser vistas abaixo;

Tabela 10 - Nível de proteção física para instalações radiativas.

11.1 Sistema de Proteção Física

• GENERALIDADES

Toda instalação radiativa deve dispor de um Sistema de Proteção Física


(SisPF), com o objetivo de impedir atos maléficos envolvendo fontes radioativas
e suas respectivas instalações radiativas. A concepção de um SisPF deve ser
baseada no conceito de Defesa em Profundidade

Sendo assim um SisPF deve ser integrado e efetivo tanto contra atos de
remoção não autorizada de fontes radioativas quanto atos de sabotagem na
instalação.

A concepção do SisPF da instalação, deve atender, no mínimo, aos


seguintes requisitos:
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

I – considerar a localização geográfica e a disposição das fontes


radioativas; e

II – postular cenários de roubo ou sabotagem que incluam a participação


de adversários internos

• NÍVEIS DE PROTEÇÃO FÍSICA

O nível de proteção física da instalação radiativa deve ser definido de


acordo com o grupo ou subgrupo correspondente, conforme foi indicado na figura
X, sendo:

I - Nível de Proteção A, para prevenir a remoção não autorizada de uma


fonte radioativa; e

II - Níveis de Proteção B e C, para reduzir a probabilidade de remoção


não autorizada de uma fonte radioativa

▪ Projeto do SisPF da Instalação


▪ Serviço de Proteção Física
▪ Procedimentos de Proteção Física
▪ Vigilância e do Controle de Acesso
▪ Identificação de Pessoas para Instalações
▪ Situações de Contingência
▪ Registros

• RESPONSABILIDADES

O titular da instalação é o responsável legal pela aplicação dos requisitos


estabelecidos nesta Norma, por meio da implementação de um Serviço de
Proteção Física (SPF), visando prevenir o roubo, dano ou uso não autorizado de
fontes radioativas, incluindo ações relativas as funções de dissuasão, detecção,
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

retardo e resposta a uma tentativa e/ou ameaça de intrusão a instalação,


remoção ou danos às fontes.

➢ São deveres do titular da instalação:

I - designar ao Supervisor de Proteção Radiológica a responsabilidade


pelo planejamento e implementação do SPF das instalações radiativas que
fazem uso de fontes radioativas, classificadas conforme Norma CNEN NN 6.02
Licenciamento de Instalações Radiativas;

II - submeter à CNEN um PPF de acordo com o grupo de gradação de


risco estabelecido pela Norma CNEN NN 6.02 Licenciamento de Instalações
Radiativas e o nível de proteção física correspondente estabelecido no Artigo 12
desta Norma;

III - assegurar que os indivíduos participantes do SPF da instalação


conheçam e utilizem o PPF e demais procedimentos atualizados e apropriados
para execução das suas atividades;

IV - garantir as medidas de proteção física apropriadas para que os


trabalhadores da instalação, mesmo os que não estão diretamente envolvidos
com a fonte radioativa, estejam alertas a qualquer comportamento suspeito em
relação à fonte radioativa e ao seu local de armazenamento;

V - garantir que as medidas de proteção física aplicadas durante a gestão


das fontes radioativas não prejudiquem a segurança e proteção radiológica das
mesmas;

VI - garantir a execução de inventários periódicos das fontes radioativas,


de acordo com o seu nível de proteção física, para confirmar a localização e
quantidade;

VII - assegurar que a transferência de fontes radioativas seja feita entre


pessoas jurídicas que tenham autorização vigente e autorização específica da
CNEN;
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

VIII - garantir que os objetivos gerais de segurança física para o uso de


fontes radioativas sejam cumpridos em todos os níveis de proteção física
atribuídos;

IX - prover recursos necessários para:

a) assegurar a manutenção do SisPF de forma a garantir o cumprimento


de suas especificações e objetivos;

b) realizar treinamento inicial e periódico; e

c) prevenir, minimizar ou reduzir a probabilidade de remoção não


autorizada da fonte radioativa de acordo com o seu nível de proteção física
correspondente.

X - garantir a imediata notificação à CNEN, em caso de perda, roubo, furto,


acesso ou uso não autorizado de fonte, atos de sabotagem e falhas de
equipamentos que possam comprometer a proteção física da instalação, com
apresentação de relatório preliminar, no prazo máximo de vinte e quatro horas
após a notificação.

➢ DO SUPERVISOR DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

Supervisor de Proteção Radiológica, no tocante à proteção física, possui


as seguintes responsabilidades específicas:

I - manter sob controle, em conformidade com requisitos desta norma e


condições autorizadas pela CNEN:

a) as fontes radioativas;

b) as condições de operacionalidade do SisPF da instalação;

c) as áreas de segurança; e

d) os elementos de proteção física e sistemas de detecção, alarme e


confirmação da intrusão.
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

II - levar imediatamente ao conhecimento do titular da instalação, por


escrito, quaisquer deficiências observadas no SisPF, bem como quaisquer
condições de ameaça e perigo de que venha a tomar conhecimento;

III - cumprir os requisitos das Normas da CNEN e do PPF da instalação


que estiver sob sua Supervisão;

IV - coordenar os treinamentos, orientações e avaliações de desempenho


dos membros do SPF; V - planejar, coordenar, implementar e supervisionar as
atividades do SPF, de modo a garantir o cumprimento dos requisitos básicos;

VI - comunicar à CNEN, imediatamente, seu desligamento da instalação


na qual vinha atuando como supervisor;

VII - estabelecer por escrito, manter atualizado e verificar a aplicação do


PPF, bem como dos procedimentos específicos da instalação;

VIII - estabelecer, avaliar e manter atualizados e disponíveis para


verificação da CNEN por, no mínimo, três anos, os registros e indicadores
referentes ao SPF da instalação; e

IX - manter-se atualizado sobre conceitos e tecnologias relacionados à


segurança física, assim como sobre as normas e regulamentos aplicáveis.

➢ DOS INDIVÍDUOS OCUPACIONALMENTE EXPOSTOS

Os IOE da instalação possuem as seguintes responsabilidades, no âmbito


de proteção física:

I - executar suas atividades em conformidade com os requisitos dos


documentos de proteção física estabelecidos pelo SPF;

II - conhecer e aplicar as medidas de proteção física conforme as


instruções e orientações do SPR;

III - aplicar ações apropriadas para assegurar a proteção física das fontes
radioativas antes, durante e após a operação;

IV - participar dos programas de treinamento oferecidos pelo SPF;


Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

V - informar ao SPR qualquer comportamento suspeito ou inadequado


que possa representar um risco à proteção física da fonte radioativa; e

VI - informar ao SPR qualquer evento anormal na instalação, que possa


representar um risco à proteção física da fonte radioativa.

➢ DA EQUIPE DE PROTEÇÃO FÍSICA

A equipe de proteção física que compõe o SPF tem as seguintes


responsabilidades:

I - executar suas atividades em conformidade com os requisitos dos


documentos de proteção física estabelecidos pelo SPF;

II - conhecer e aplicar as medidas de proteção física conforme as


instruções e orientações do SPR;

III - participar dos programas de treinamento oferecidos pelo SPF;

IV - informar ao SPR qualquer comportamento suspeito ou inadequado


que possa representar um risco à proteção física da fonte radioativa;

V - informar ao SPR qualquer evento anormal na instalação, que possa


representar um risco à proteção física da fonte radioativa; e

VI - atuar em situações de contingência, de acordo com o previsto no PPF,


avaliando e implementando medidas específicas aplicáveis. Em áreas de
segurança, a equipe de proteção física deve atuar sob supervisão e orientação
do pessoal de operação.

12 PLANO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

O titular das instalações radiativas classificadas nos grupos e subgrupos


de gradação de risco mencionados deve submeter à CNEN Planos de Proteção
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

Física (PPF). De acordo com os requisitos da Norma 2.06, deve ser apresentado
em duas etapas, conforme descritas abaixo:

I - Plano Preliminar de Proteção Física (PPPF): submetido à CNEN


concomitantemente à requisição da Licença para Construção, prevista na Norma
CNEN NN 6.02 Licenciamento de Instalações Radiativas; e

II - Plano de Proteção Física (PPF): submetido à CNEN


concomitantemente à requisição da Autorização para Operação, prevista na
Norma CNEN NN 6.02 Licenciamento de Instalações Radiativas.

12.1 Plano preliminar

O PPPF deve ser implementado durante a etapa de construção e incluir,


no mínimo, as seguintes informações:

I - critérios básicos de planejamento da proteção física para:

a) descrição, classificação e nível de proteção da fonte e instalação a ser


protegida;

b) identificação dos possíveis alvos de roubo ou sabotagem (o que deverá


ser protegido);

c) localização geográfica (onde está o que deverá ser protegido);

d) estimativa de ameaças potenciais (do que e de quem deverá ser


protegido); e) controle do acesso à instalação ou à fonte radioativa;

f) delimitação das áreas de segurança e proteção radiológica, incluindo


descrição das respectivas barreiras físicas;

g) descrição dos sistemas e equipamentos de comunicação de


segurança;
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

h) contratação de colaboradores ou terceirizados que atuam ou atuarão


nas instalações; e

i) medidas de contingência em caso de roubo, furto ou sabotagem.

II - diretrizes da instalação radiativa relativas à proteção física, tais como:

a) estabelecimento de uma cultura de segurança física;

b) política de autorização de acesso à instalação;

c) política de contratação de pessoal; e

d) política de segurança da informação.

III - plantas e desenhos, identificando:

a) localização das edificações, incluindo as suas circunvizinhanças;

b) aspectos particulares do terreno que possam apresentar problemas


especiais de vulnerabilidade;

c) áreas de segurança conforme definido nesta norma;

d) áreas de estacionamento de veículos e vias de acesso;

e) zonas de isolamento, barreiras físicas, locais de controle de acesso,


sistema de iluminação, dispositivos de detecção, alarme e confirmação de
intrusão, e suas redes de comunicação;

f) localização do SPF;

g) localização da Estação Central de Alarme e Controle, quando


aplicável; e

h) localização da força de apoio e do apoio suplementar e suas jurisdições


geográficas
Segurança e Proteção Radiológica – Certificação CNEN para Supervisor em Proteção Radiológica

IV- relação dos dispositivos de detecção, alarme e confirmação de


intrusão; e

V- critérios de proteção física para a triagem e admissão de qualquer


colaborador nos trabalhos de construção, inclusive das empresas contratadas e
subcontratadas.

12.2 Do Plano de Proteção Física

O PPF deve compreender uma descrição real e atualizada de todas as


informações relativas à proteção física, e deve incluir, no mínimo, as seguintes
informações

I - critérios básicos de planejamento da proteção física

II - constituição e organograma do SPF, com identificação de pessoas com


autoridades e responsabilidades;

III - plantas e desenhos identificando a localização de equipamentos e


fontes radioativas;

IV - descrição dos elementos de dissuasão do SisPF

V - descrição dos elementos de retardo do próprio equipamento e/ou


instalação, incluindo estimativa do tempo de retardo proporcionado pelos
elementos;

VI - descrição dos elementos de detecção, alarme e confirmação de


intrusão, a serem ativados fora do horário de funcionamento da instalação;

VII - procedimentos de proteção física aplicados na rotina de operação de


fontes radioativas móveis, durante e após seu uso;

VIII - critérios para gestão de acesso, incluindo autorização de acesso,


determinação da confiabilidade e controle de acesso, com descrição dos
dispositivos utilizados na instalação.

Você também pode gostar