Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Tipo de Bolsa:
( ) PIBIC/CNPq
( ) PIBIC/CNPq-AF
( ) PIBITI
( ) PIBIC/UFPA
( ) PIBIC/UFPA-AF
(X) PIBIC/UFPA-INTERIOR
( ) PIBIC/UFPA-EBTT
( ) PIBIC/UFPA-PcD
( ) PIBIC PRODOUTOR
( ) PIBIC PRODOUTOR RENOVAÇÃO
( ) PIVIC
( ) FAPESPA
( ) PIBIC-EM
Resumo: Os estudos sobre emancipação feminina são relevantes para a continuação dos
direitos conquistados. É nesse aspecto que muitas pesquisas históricas buscam lembrar e
reconhecer o árduo trabalho de importantes figuras, muitas delas femininas, responsáveis
por essas grandes conquistas. Nísia Floresta desenvolveu um importante papel como uma
mulher educadora e defensora dos direitos femininos, contribuindo assim pela
emancipação. Nesse sentido, o presente plano de trabalho tem como objetivo investigar a
vida, principalmente no âmbito educacional, e obra de Nísia Floresta Brasileira Augusta,
considerada a precursora do feminismo no Brasil, bem como a sua importância na luta
por direitos e emancipação feminina na obra Direitos das Mulheres e Injustiça dos
Homens (1832). Além disso, foi investigado a literatura feminina manifestada através dos
periódicos do século XIX. Para isso, utilizou-se de uma metodologia bibliográfica
baseada em Duarte (2010), Muzart (2003), Floresta (1832), Campoi (2011), entre outros;
e documental nos periódicos disponíveis na hemeroteca digital. Trata-se, portanto, de uma
pesquisa de cunho qualitativo. Os dados coletados demonstram a grande importância de
Nísia Floresta na busca por emancipação e conquista dos direitos, principalmente em
relação à educação, das mulheres.
1. INTRODUÇÃO:
2. OBJETIVOS:
Geral:
Investigar a vida, principalmente no âmbito educacional, e obra de Nísia Floresta
Brasileira Augusta, considerada a precursora do feminismo no Brasil, bem como a sua
importância na luta por direitos e emancipação feminina.
Específicos:
Relatar a literatura feminina produzida no Brasil no século XIX;
Discutir sobre a importância da imprensa como um meio de divulgação e luta por
direitos;
Analisar a obra Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832) no contexto
social do século XIX a fim de que sua relevância seja reconhecida.
3. METODOLOGIA:
O presente estudo dispõe-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico que parte,
principalmente, da investigação na obra Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens
(1832) de Nísia Floresta, além da leitura dos estudos biográficos produzidos por
Constância Lima Duarte em Nísia Floresta (2010) e da pesquisa documental em
periódicos do século XIX, acessados através da hemeroteca digital. Além disso, trata-se
de uma pesquisa com abordagem qualitativa.
4. RESULTADOS:
Devido ao recente cadastro no projeto, os dados apresentados a seguir não condizem
com uma pesquisa profunda em relação ao plano de trabalho. No entanto, consideramos estes
resultados de grande relevância para o meio acadêmico e social, uma vez que contribuem
para o conhecimento coletivo acerca da importante representação feminina que teve Nísia
Floresta. Os resultados estão dispostos da seguinte maneira: a princípio, foi discutido
brevemente sobre a produção literária feminina no século XIX, bem como a importância dos
periódicos como meio de divulgação e busca pelos direitos das mulheres. Depois,
apresentado uma breve biografia de Nísia Floresta, dando ênfase para o papel educacional e
de escritora a qual desempenhou, e também as suas principais obras. Por fim, feita a
discussão sobre Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832).
4.1 Escritora, onde estás?
Se cada homem, em particular, fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso
sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para seu uso, que não
somos próprias senão para procriar e nutrir nossos filhos na infância, reger uma casa,
servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles homens. (Floresta, 1989, p.35).
A mulher do século XIX, período ainda marcado por uma sociedade patriarcal, viveu
sob restrições, submissões, julgamentos e anonimatos. Nascer mulher, naquela época, era
uma predestinação a carregar o fardo de circunscrever-se ao mundo doméstico e maternal, ser
serva do esposo, ser retratada como aquela desprovida de capacidades de produções
intelectuais e/ou artísticas, ou pior: sofrer contra os resquícios das mazelas da escravidão. A
figura feminina era posta por detrás das cortinas, enquanto a figura masculina, aquela
privilegiada pela sociedade elitizada, ganhava destaque nos palcos e, consequentemente,
grandes reconhecimentos. Isto tudo, em todos os âmbitos sociais, inclusive nas produções
literárias.
Mas, e elas? Produziam? Publicavam? Eram ouvidas? Onde estavam?
Embora tenham sido muito produzidas durante o século em questão, Muzart (2003) diz
que a literatura feita por mulheres começa a ganhar visibilidade, no Brasil, a partir do século
XX. No entanto, mesmo não sendo figura de grande destaque, e não sendo reconhecidas por
suas produções literárias, há registros de mulheres que produziram e publicaram nos
periódicos do século XIX, como Josefina Álvares de Azevedo, por exemplo. E, para além
disso, houve também aquelas que ultrapassaram a grande imprensa e publicaram livros. Entre
elas, destaca-se Nísia Floresta, a qual é a protagonista desta dada pesquisa.
4.2 Elas por elas: o jornal como megafone na luta por direitos
A Historiografia apresenta grandes mulheres que revolucionaram e fizeram parte da
luta para as conquistas dos seus direitos. Por muito tempo, na História, elas não usufruíram
dos mesmo diretos que os homens, logo, justificam-se tais atitudes. Mas é através delas que,
hoje, o público feminino está conseguindo cada vez mais garantir o seu espaço nos meios
sociais, e a luta não para. Luta esta que teve, a princípio, como principal arma o jornal.
A chegada da grande imprensa no Brasil, segundo Duarte (2010), é datada no ano de
1816. As publicações nos periódicos dessa época são marcadas por sua diversidade de
assuntos. E foi nesse meio que as mulheres, dotadas de valentia e intelectualidade,
levantaram-se de seus assentos e começaram a publicar em busca, principalmente, da
emancipação, do direito à educação e, mais tarde, ao voto.
Nesse sentido, Muzart (2003) relata uma das grandes conquistas femininas no século
XIX: a criação de um periódico inteiramente feito por mulheres e para mulheres. Tal jornal, o
chamado Jornal das Senhoras, fundado por Juana Paula Manso de Noronha, em 1852, é
considerado o primeiro periódico de cunho feminista do Brasil. O objetivo de Juana Paula
Manso era “propagar a ilustração, e cooperar com todas as suas forças para o melhoramento
social e para a emancipação moral da mulher.” (Muzart, 2003. p. 227)
A partir disso, a imprensa feminina começou a ganhar impulso e as manifestações e
publicações literárias - reunindo várias possibilidades de assuntos - começaram a surgir. Em
1888, por exemplo, foi fundado o Jornal da Família, de Josefina Álvares de Azevedo, uma
outra importante defensora dos direitos das mulheres daquela época.
Percebe-se, portanto, que o periódico se tornou um espaço onde o público feminino
ganhou forças para conquistar os seus direitos. Embora alguns desses periódicos não tenham
sido voltados para as causas femininas, o fato de ter existido jornais fundados, dirigidos e
produzidos por mulheres, já é uma imensa conquista. Publicar, no século XIX, foi uma
grande revolução e um grande passo para a emancipação.
4.5 Por que não elas? Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832)
A primeira obra de Nísia Floresta que possui caráter emancipatório a ter ganhado
notoriedade foi Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens publicado em Recife, em
1832. Nele, Nísia diz que pretende
[...] somente fazer ver que meu sexo não é tão desprezível como os homens querem
fazer crer, e que nós somos capazes de tanta grandeza de alma como os melhores
desse sexo orgulhoso; e estou mesmo convencida que seria vantajoso para os dois
sexos pensar dessa maneira. (Floresta, 1832).
Trata-se, portanto, de uma escritora que transmite, através de sua obra, a sua percepção em
relação a figura da mulher no século XIX, seu repúdio ao serem negadas à educação, bem
como o desejo por igualdade, e não por superioridade.
O livro possui seis capítulos dispostos da seguinte maneira:
É ao apontar a diferença, que não está relacionada à Biologia e sim ao social, que
Nísia Floresta critica a desigualdade de gênero.
Capítulo III – Se os homens são mais próprios que as mulheres para governar.
Aqui, Nísia questiona o porquê de as mulheres não poderem exercer função de
liderança e comando. Nesse sentido, a escritora argumenta que o sexo feminino é tão capaz
de liderar e chefiar as grandes repartições do Estado quanto os homens. Ao mesmo tempo que
fica indignada com tamanho preconceito e exclusão: “mas que prova têm eles apresentado,
para convencer que não seríamos tão capazes de nos preservarmos dos perigos, como eles o
são de nos guardar, se gozássemos das mesmas vantagens e poder?” (Floresta, 1932, p. 55)
Capítulo IV – Se as mulheres são ou não próprias a preencher os cargos públicos.
“Mas concedendo-se que as mulheres tenham sido sempre excluídas dos empregos
públicos, segue-se necessariamente, que isto deva ser assim?” (Floresta, 1832, p. 63). Neste
capítulo, mais uma vez, Nísia se mostra revoltada em relações às atitudes de exclusão e
“prejuízo”, que possui o mesmo sentido de preconceito (Duarte, 2010), demonstrada pelos
homens ao repudiarem que as mulheres exercessem e liderassem os cargos públicos da época.
Pois, para Nísia
Se em tempos imemoriáveis os homens tivessem sido menos invejosos e mais interessados
em fazer justiça a nossos talentos, deixando-nos o direito de partilhar com eles dos
empregos públicos, estariam tão acostumados em ver-nos preenchê-los, quanto estamos em
o ver desonrá-los. (Floresta, 1832, p. 65)
Este capítulo é destinado para falar da crença de que a mulher não possui
intelectualidade, tanto quanto os homens, para participar das ciências. Nísia Floresta faz
vários questionamentos sobre esse pensamento forte no século XIX, e demonstra-se
indignada e totalmente ao contrário a esse aspecto. Diante de tal afirmação, a autora, com
uma linguagem que parece flutuar nas entrelinhas, diz que, se fosse dada às mulheres a
oportunidade de participar das descobertas das ciências, elas seriam mais úteis que os homens
por fazerem diferente.
5. PERSPECTIVA:
6. CONCLUSÕES:
Por tratar-se de um começo de pesquisa, os dados apresentados neste relatório são
relativamente parciais. No entanto, percebe-se a grande relevância de Nísia Floresta no
processo de emancipação feminina. Suas obras, bem como suas publicações que
circularam nos periódicos do século XIX denotam a magnitude de uma exceção, que foi
Nísia Floresta, de mulheres analfabetas, submissas e anônimas. Foi por poder publicar
que ela utilizou a literatura como um meio para se chegar à igualdade de gênero, muito
almejada no contexto daquela época, e também, da atualidade.
A obra Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens (1832) possui uma grande
relevância na luta por emancipação feminina. Trata-se de uma das mais importantes obras
de Nísia Floresta Brasileira Augusta, em que ela transpõe sua concepção em relação a
forma de tratamento às mulheres e, à sua maneira, pede por respeito e igualdade, sendo,
mais tarde, considerada a pioneira na defesa dos direitos das mulheres.
Em relação aos objetivos, nota-se que estes foram alcançados parcialmente, uma
vez que a disposição de tempo não possibilitou uma pesquisa mais apurada. No entanto, o
desejo pela continuação na pesquisa sobre Nísia Floresta e sua fundamental participação
na busca por emancipação é contínuo. Dar voz àquelas que foram, por muito tempo,
silenciadas foi uma das grandes motivações para esta pesquisa. “É preciso, portanto, ouvi-
las, antes de decidir se são ou não injustas” (Floresta, 1832, p. 61)
7. BIBLIOGRAFIA:
CAMPOI, I. C.. O livro “Direitos das mulheres e injustiça dos homens” de Nísia Floresta:
literatura, mulheres e o Brasil do século XIX. História (São Paulo), v. 30, n. 2, p. 196–
213, dez. 2011.
DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora
Massangana, 2010.
FLORESTA, Nísia. A lágrima de um caeté. Rio de Janeiro: Typographia de L. A,
Meneses, 1849.
FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. (trad. Michelle Vartulli. Apres.
E notas biográficas de Constância Lima Duarte) Florianópolis: Mulheres/ Santa Cruz do
Sul: Edunisk, 1997.
FLORESTA, Nísia. Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens. Recife: Typographia
Fidedigna.
MUZART, Zahidé Lupinacci. Uma espiada na imprensa das mulheres no século XIX.
Revista Estudos Feministas, v. 11, n. 1, p. 225–233, jan. 2003.
PARECER DO ORIENTADOR:
O presente relatório condiz que as pesquisas propostas pelo Projeto e plano apresentados
à Propes, contudo, ressaltamos que a incipiência da investigação se dá em virtude de a
bolsista ter integrado o Grupo há pouco tempo, o que reitera a necessidade da continuação
da investigação. Apesar de ser iniciante, a aluna demonstra habilidade e dedicação ao
objeto de estudo, devendo, caso prossiga, obter êxito nos resultados esperados pelo
projeto.
DATA: 29/08/2023
_________________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
__________________________________________
ASSINATURA DO ALUNO