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Discentes:
Inês Leitão | up201904512
Joana Elisabete Borges Guimarães | up201807156
Luísa Francisca Andrade Gonçalves | up201807188
Maria Leonor Carvalho Teixeira | up201909732
Sara Bessa Montenegro | up201807129
Docentes:
Catarina Grande
Marisa Matias
Turma:
LP3C
2021/2022
I. Abstract
O presente estudo, cujos temas centrais são a política e a empatia, divide-se em duas
investigações: uma qualitativa e uma quantitativa. Na investigação qualitativa, procurámos
determinar de que modo os dirigentes políticos demonstram falta de empatia em debates e,
em particular, como a demonstram para com os moderadores - para tal, analisámos dois
debates políticos portugueses de 2022 (André Ventura versus Catarina Martins, e versus Inês
de Sousa Real). Na investigação quantitativa, por sua vez, averiguou-se se os níveis de
empatia e o género dos indivíduos influenciam o seu nível de apoio de legislações
progressistas, através da administração de um questionário e consequente análise estatística
dos resultados obtidos (testes t de student para amostras independentes). Concluímos,
respetivamente, que as principais expressões de falta de empatia são do tipo linguístico,
ocorrendo com maior frequência o denegrir (18) e a ironia (14); e que não existem diferenças
significativas, no que toca ao apoio de legislações progressistas, entre indivíduos com baixo e
alto nível de empatia, ou entre homens e mulheres. Os nossos resultados devem, contudo, ser
analisados à luz das suas limitações, sendo necessárias investigações futuras. Isto é
particularmente evidente para a relação entre o género e o apoio de legislações progressistas,
tema sobre o qual a literatura existente é escassa.
2
estudo é de grande relevância. O debate é “uma forma de interação linguística que coloca a
imagem pública do orador sob tesão e que tem como objetivo a apresentação de ideias''
(Castel & Cubo, 2010). No contexto político, o debate adota a finalidade de clarificar os
planos políticos dos candidatos e de conhecer/questionar os planos dos seus opositores. Um
debate eleitoral, que visa a eleição de um representante pelo povo, é segundo Barão (2005),
“uma discussão competitiva e contraditória durante o período eleitoral, que é transmitido para
um público”.
Em Portugal, os debates ocorrem na presença de pelo menos um moderador e são
estabelecidos blocos de tempo para os candidatos falarem, e organizam-se da seguinte forma:
1) Introdução do moderador; 2) Parte central do debate onde são feitas perguntas e
apresentados argumentos; 3) Declarações finais dirigidas aos eleitores; e 4) Encerramento do
debate pelo moderador.
Como esperado, o controlo da expressão verbal e não verbal surge como ferramenta
nos debates políticos, ferramenta esta que se relaciona com a empatia. Dado que a empatia,
ou falta dela, influencia o outcome dos debates, que por sua vez tem impacto nas decisões
políticas dos eleitores, parece-nos importante o estudo da empatia neste contexto: de que
modo os candidatos demonstram (falta de) empatia nos debates?
A empatia tem vindo a ser definida de duas formas: por um lado, enquanto fenómeno
essencialmente emocional, sendo a caraterística central que os observadores partilham o
estado emocional do alvo, ou um outro estado emocional em resposta ao estado emocional do
alvo. E por outro lado, a empatia tem sido definida enquanto fenómeno essencialmente
cognitivo, com a caraterística central de que os observadores distinguem com precisão o
estado interno do alvo, sem necessariamente experimentarem qualquer mudança emocional
eles próprios. Há, contudo, uma terceira abordagem que é hoje a mais aceite e a qual
consideramos no presente estudo, a da empatia enquanto fenómeno multidimensional que
inclui componentes emocionais e cognitivos.
Para além da já referida relevância da empatia no contexto de debates políticos, vários
estudos, maioritariamente realizados nos EUA, apontam para uma ligação importante entre a
empatia e a ideologia política, que é o resultado da cognição social motivada e se traduz num
sistema de valores que orientam a ação cívica de um indivíduo. De facto, vários autores
apontam a empatia como um bom preditor da visão e afiliação política, embora não seja o
único (Morris, 2020). Hasson et al. (2018), por exemplo, encontrou diferenças
estatisticamente significativas que indicavam que os democratas/liberais (o equivalente de
apoiantes de partidos de esquerda, em Portugal) estavam mais motivados para sentir empatia
3
do que os conservadores (apoiantes de partidos de direita, em Portugal). Trabalhos de Waytz
et al. (2016) indicam que resultados em altos níveis de empatia se correlacionam
positivamente com o apoio a políticas tipicamente apoiadas por liberais. Também Loewen et
al. indicam diferenças na empatia entre liberais e conservadores, apontando que o apoio
partidário varia sistematicamente com as diferenças individuais no que toca à empatia e que
identificar-se com o partido conservador associa-se a empatia reduzida.
Tendo em conta os dados anteriores, indicadores da existência de uma correlação
entre maiores níveis de empatia e o apoio de legislações progressistas (relação esta que nos
propomos a investigar), e as diferenças de género e peso dos papéis de género rigorosamente
definidos pela sociedade, e sabendo que as mulheres têm geralmente níveis superiores de
empatia do que os homens (Eisenberg e Lennon, 1983), achamos interessante explorar
também de que modo o género influencia o apoio (ou não) de políticas de esquerda. Embora
não haja muita literatura que relacione diretamente estas duas variáveis (género e apoio de
legislação progressista), existem alguns aspetos teóricos que nos induziram a estudá-las. Por
exemplo, segundo Jesse Prinz (2011) existe evidência de que homens e mulheres apresentam
diferentes princípios morais. Gilligan (1982) afirmou que as mulheres tendem a ter uma ética
baseada no cuidado, em vez de princípios rígidos, o que se tem vindo a comprovar em vários
estudos feitos ao longo dos anos. Por fim, existe literatura que aponta que juízas mulheres
chegam a veredictos diferentes dos homens, quando está em questão discriminação sexual e
assédio sexual (Glynn & Sen, 2015), indicando-nos possivelmente uma visão mais liberal do
que os homens face a leis que contemplem estes aspetos e que lhes são mais próximas.
Em conclusão, aparentando a empatia ter um papel significativo a diversos níveis na
política, quisemos averiguar de que modo a empatia e a política se inter-relacionam. Em
particular, quisemos investigar a demonstração de falta de empatia nos debates políticos, bem
como a relação entre o apoio de legislações progressistas e a empatia, e o género (havendo
diferenças gerais e notáveis entre homens e mulheres ao nível da empatia).
III. Estudo 1
Questões de Investigação
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entre os candidatos e o moderador do debate. Com isto formulamos as seguintes questões de
investigação:
Método
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Participantes
Os participantes em causa eram figuras públicas e dois deles eram dirigentes políticos
de partidos com grande força mediática. Em primeiro lugar, Rosa de Oliveira Pinto, do sexo
feminino que desempenhou o papel de moderadora no debate político. Em segundo lugar,
Catarina Martins, também do sexo feminino, com 48 anos de idade, deputada da Assembleia
da República Portuguesa e dirigente politica do partido Bloco de Esquerda (BE). Por último,
André Ventura, do sexo masculino. com 39 anos de idade, também deputado da Assembleia
da República Portuguesa e dirigente politico do partido CHEGA.
Procedimento
O grupo decidiu realizar a observação de dois debates, embora apenas um foi alvo de
maior aprofundamento e análise. Foram escolhidos os debates, entre Inês de Sousa Real
(dirigente do PAN) e André Ventura (dirigente do CHEGA), assim como, entre Catarina
Martins (dirigente do BE) e André Ventura. Ressalvamos, também, que estes dois debates
foram escolhidos pois envolvem gêneros opostos e por isso, poderiam dinamizar ainda mais o
debate. Foram feitas as observações de ambos os debates, embora se tenha tornado visível a
pertinência em tornar o debate entre o BE e o CHEGA o foco da investigação, dado que, os
dados obtidos apresentaram-se os de maior utilidade para responder à questão de investigação
principal “Os candidatos nos debates analisados irão demonstrar falta de empatia,
nomeadamente sob a forma de descortesia verbal, um para com o outro.” Consideramos que
a pertinência dos dados está associada ao facto dos sujeitos alvo serem os dirigentes de duas
forças políticas opostas.
Materiais
O processo de recolha de dados contemplou o uso de um protocolo de observação.
Este material diz respeito a uma tabela que inclui várias colunas, cada uma com um diferente
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propósito - identificação da observadora em questão, anotação do intervalo de tempo em que
determinado acontecimento observado ocorreu, descrição objetiva do acontecimento e
respetivas inferências da observadora face ao ocorrido. Para além disso, neste protocolo
também consta uma descrição dos sujeitos-alvo e do contexto de observação, assim como
outras informações adicionais como a duração do debate observado, o local de observação e a
data em que ocorreu. Face a isto apontamos que o debate observado se realizou nos estúdios
da CNN Portugal, teve uma duração de 27 minutos e 9 segundos e os sujeitos-alvo da
observação foram os dirigentes políticos André Ventura (CHEGA) e Catarina Martins (BE) e
a moderadora, Rosa de Oliveira Pinto. No que toca à descrição do contexto de observação,
aponta-se que os sujeitos-alvo se encontravam num estúdio de gravação composto por uma
mesa e três cadeiras onde os sujeitos se apresentavam sentados frente a frente - a moderadora
encontrava-se numa posição central entre dos dois candidatos, com André Ventura
posicionado à sua esquerda e Catarina Martins à direita da mesma.
Sistema de Categorização
Após a recolha dos dados, procedeu-se à análise da informação obtida através do uso
do sistema de categorização. Assim, fez-se a definição das categorias e subcategorias
(Antecedentes; Processos (Cognitivos Simples); Rotulação; Denegrir; Autopromoção;
Insinuar que o candidato está a mentir ou a contradizer-se; Indiferença; Ironia; Arrogância /
Assertividade; Cordialidade; Interromper). Foram seguidas as seguintes etapas para a análise
dos dados e conseguinte formação de um sistema de categorização:
7
formulação de comparações desvantajosas para o adversário; acusação de que interlocutor é
contraditório. Em seguida, associamos este esboço à proposta de Davis (2006), no que diz
respeito à empatia. Por fim, à tabela anterior juntou-se a proposta de Dallos (2012), em que
classificou-se as categorias em termos de linguagem. (Anexo 1 e 2)
Resultados e Discussão
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Em seguida, os resultados obtidos serão expressos à luz de cada uma das questões de
investigação formuladas, incluindo-se também reflexões teóricas das autoras.
A par de uma análise mais detalhada dos resultados, torna-se evidente a identificação
frequente e maioritária das subcategorias Denegrir, com uma frequência de 18, e a Ironia,
com uma frequência de 14, no total. Quanto ao tipo de comportamento que mais sobressai na
nossa análise, é o comportamento linguístico, que diz respeito ao conteúdo e características
da conversa, tendo sido identificado 53 vezes. Por fim, na junção destas duas propostas de
categorização, compreendemos que o que se mais destacou foram os comportamentos
linguísticos de denegrir o adversário, com uma frequência de 13. Adicionalmente, também se
identificaram várias amostras comportamentais associadas a manifestações de arrogância
(frequência de 12) e de desinteresse ou desprezo pelos adversários (frequência de 9). Deste
modo, sobressai bastante o uso de estratégias que visam comprometer ou desacreditar a
imagem do candidato através da sua associação a intenções negativas, da sua
minimização/ridicularização, ou da afirmação da sua ausência de qualidades, exemplificado
através da seguinte citação de André Ventura - “(...) por bandidos que os senhores defendem
no vosso partido a não sei quantos anos”. Para além disso, foram múltiplas as afirmações
proclamadas pelos candidatos que assumem um teor jocoso, que contrasta com o ambiente
formal de um debate político. Tendo isto em conta, exemplifica-se a seguinte citação de
9
Catarina Martins - "Só estou à espera de que o candidato da extrema-direita me acuse de ter
raptado o pai natal.”
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se sobrepõem a comportamentos de outra natureza, identificados duas vezes na observação.
Designadamente, aponta-se o exemplo de uma interrupção identificada, da parte de André
Ventura para a moderadora, que foi associado pelas observadoras a um comportamento
revelador de arrogância.
IV. Estudo 2
Questões e Hipóteses de Investigação
No âmbito da investigação quantitativa e após considerações teóricas tornou-se
pertinente averiguar se existe alguma correlação entre os níveis de empatia de um sujeito e
uma visão política mais liberal, normalmente associado ao apoio de legislações progressistas.
Legislações progressistas dizem respeito a um conjunto de leis que envolvem ideias de
progresso, especificamente: a legalização da prostituição, a interrupção voluntária da
gravidez, a legalização da canábis e a legalização do casamento homoafetivo. Deste modo,
foi formulada a seguinte hipótese.
11
a realização de um teste paramétrico. Com isto em vista, reformulamos a terceira hipótese
deste estudo para:
Hipótese 3 Reformulada: “Os sujeitos com maior empatia tendem a apoiar legislações
progressistas”.
No entanto, ambas as hipóteses foram baseadas nos mesmos estudos que apontam a
empatia como um bom preditor da visão e afiliação política, embora não seja o único (Morris,
2020).
Desde já, devemos ressalvar que muitos dos estudos neste âmbito foram desenvolvidos nos
Estados Unidos da América, que são caracterizados por uma maior polarização política do
que Portugal. No entanto, consideramos pertinente fazer uma correspondência com o
panorama político português, assim, os Democratas / Liberais nos EUA correspondem aos
partidos de esquerda em Portugal e os Republicanos / Conservadores nos EUA aos partidos
de direita em Portugal.
Embora não haja muita literatura que relacione diretamente estas duas variáveis
(género e apoio de legislação progressista), existem alguns aspetos teóricos, que foram
referidos anteriormente no enquadramento concetual, que nos levaram a estudar esta
hipótese.
Método
12
dados recolhidos em função das hipóteses de investigação. Assim, de modo a descrever estes
processos, esta secção será dividida em três subsecções: Amostra e Procedimentos de
Recolha de Dados; Instrumentos e as suas Qualidades Psicométricas e Procedimento de
Análise de Dados.
Como foi referido anteriormente, o instrumento utilizado para a recolha de dados foi
um questionário de resposta online. Este teve como objetivo recolher informação
sociodemográfica, como o género e a idade e informação relativa aos níveis de empatia dos
participantes e os seus níveis de concordância relativamente a leis progressistas. Para avaliar
a empatia foi utilizado o IRI (Interpersonal Reactivity Index), este é um instrumento de
medida de empatia que toma como ponto de partida a noção de que a empatia consiste num
conjunto de construtos separados, mas relacionados, segundo o modelo de Davis. O
instrumento contém quatro subescalas de sete itens, cada uma tocando uma faceta separada
da empatia. Contudo, neste questionário, o número de itens do IRI foi reduzido para 18.
Relativamente ao nível de concordância com a legislação progressista, foi pedido aos
13
participantes que indicassem numa escala de 5 pontos (de "discordo completamente" a
"concordo totalmente") qual a sua posição relativamente às leis progressistas, como por
exemplo, a legalização da prostituição ou a legalização do aborto. Estas questões foram
elaboradas pelas professoras da UC, sendo que a escala é constituída por 10 perguntas.
Assim, após a recolha dos dados foi calculado o Alfa de Cronbach de modo a
averiguar a consistência interna. A escala de empatia apresenta um alfa de .625 e a escala
relativa ao apoio da das legislações progressista apresenta um alfa de .847, e uma vez que
valores de alfa de Cronbach entre 0,70 e 0,90 indicam uma boa consistência interna (Oviedo,
Campo-Arias, 2005) é possível afirmar que ambas as escalas possuem uma boa consistência
interna.
Em primeiro lugar, foi necessário eliminar alguns dos participantes de modo a limpar a base
de dados. Primeiramente a variável género foi recodificada, sendo que aqueles que
responderam “outro” ou “prefiro não responder” foram eliminados uma vez que existiam
numa proporção muito baixa, além disso uma da hipótese de investigação propostas neste
estudo pretendia avaliar diferenças entre homens e mulheres, desta forma estes participantes
não eram relevantes nesta investigação. Foram ainda eliminadas as respostas referentes a
variáveis que não diziam respeito a esta investigação, bem como menores de idade e
participantes que não responderam a itens suficientes, sendo que esse limite foi de no
máximo 3 omissos. Seguidamente, as variáveis da escala de empatia e do apoio às leis
progressistas foram reconfiguradas. Finalmente, foi criada uma variável denominada
"empatia total" que engloba as 4 dimensões da empatia.
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Resultados
Recorreu-se a uma correlação para verificar se as variações dos níveis de empatia
estão associadas às variações nos níveis de apoio de legislações progressistas. Após a
verificação do pressuposto da normalidade e da não verificação da linearidade (Anexo 4) não
pudemos continuar o teste, o que nos levou a estudar a empatia como uma variável categorial
com duas categorias, em vez de uma variável métrica.
Desta forma, recorreu-se a um Teste T para amostras independentes para verificar se as
variações dos níveis de apoio de legislações progressistas dependem dos níveis de empatia.
Após a verificação dos pressupostos estatísticos, equilíbrio amostral, normalidade e
homogeneidade de variâncias, analisou-se os resultados do teste e verificou-se a hipótese nula
[t(486)= -1.39, p= .164, g= -.126].
Assim concluímos que os sujeitos com maiores níveis de empatia (M= 3.81, DP= 0.782) não
diferem significativamente dos sujeitos com menores níveis de empatia (M= 3.71, DP=
0.749) em relação ao apoio de legislações progressistas.
Discussão
Relativamente à primeira hipótese, uma vez que esta não foi confirmada, é possível
afirmar que não existem diferenças significativas entre indivíduos com elevada empatia e
indivíduos com baixa empatia, relativamente ao nível de concordância com leis progressistas.
Apesar de este resultado ir contra aquilo que era expectável de acordo com a revisão de
15
literatura realizada inicialmente, foi possível encontrar autores que, de facto, afirmam que a
empatia não tem assim tanta influência no que diz respeito ao apoio das leis mais
progressistas.
Bloom (2016) afirma que "Embora haja alguma associação entre empatia e políticas
progressistas, essa associação não é tão forte como as pessoas pensam que é”, isto porque
como o autor afirma, a empatia não nos dá informação relativamente a estas questões, pois
nem sempre estão diretamente envolvidas, como o autor afirma “ser contra a empatia não nos
dirá o que pensa relativamente ao controle de armas, tributação, assistência médica e afins;
não vai dizer-lhe em quem votar, ou como deve ser sua filosofia política geral”
Assim, Bloom defende a supressão da empatia nas decisões políticas e teoriza também
que esta não é informativa acerca da filosofia política de um indivíduo. Como tal, o autor
afirma que a empatia potencia a criação de enviesamento que pode resultar em
consequências, tanto negativas como positivas. Além disso. estudos indicam que nem sempre
a empatia está na fonte de comportamentos prossociais, exemplificando-se um estudo em que
a empatia se revelou o motivo para comportamento imoral e agressivo – neste estudo, sujeitos
que sentiram mais empatia por um indivíduo desfavorecido engajaram mais em
comportamento agressivo face ao oponente, com vista a ganharem dinheiro para o indivíduo
desfavorecido.
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participantes, estudos indicam que indivíduos que tem uma filha tendem a ter uma visão
política mais liberal, ao contrário dos que têm filhos, nomeadamente no que se refere a visões
políticas relativas à equidade de género ou questões feministas, contemplado no questionário,
por exemplo através de perguntas sobre o aborto (Glynn & Sen, 2015). Por este motivo, seria
também interessante estudar esta variável “ter filhas ou não” na nossa amostra e verificar o
seu possível impacto.
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Uma outra questão que se prende com estes resultados e que seria interessante
explorar, é o facto de que a masculinidade tende a associar-se mais à empatia cognitiva,
enquanto a feminilidade parece estar mais associada à empatia emocional. Como tal e de
modo a obter resultados mais informativos, seria importante fazer uma análise dos dados
tendo em conta as subescalas da empatia (Davis, 1983), ao invés de apenas fazer um cálculo
do score geral da empatia. Por exemplo, poderíamos ter comparado os resultados entre
homens e mulheres na escala de Tomada de Perspetiva, onde seria de esperar os homens
obterem scores mais elevados.
V. Conclusão
Após o estudo da empatia associada à política, concluímos que os dirigentes políticos não
têm comportamentos empáticos, entre eles e com o moderador, durante os debates políticos e
não existem diferenças significativas de género e níveis de empatia no apoio de legislações
progressistas. Assim, não encontramos diferenças de género nem no apoio de legislações
progressistas, nem nos comportamentos empáticos dos dirigentes políticos.
Limitações
Reconhecemos que os nossos resultados podem estar intimamente ligados a alguns vieses
durante todo processo. No estudo qualitativo, o visionamento de vídeos (o que tornou a
observação menos natural), em vez de situações ao vivo, e de serem apenas dois debates
(devido ao tempo limitado), o viés do observador, a ausência do fator novidade, uma vez que
já tínhamos expectativas criadas sobre o que íamos observar, o grande número de
interrupções e interpelações (o que tornou mais complicada a percepção e registo) e a
dificuldade de encontrar literatura que nos auxilie na análise e interpretação dos resultados,
foram fatores que podem ter alterado significativamente os resultados apresentados, bem
como a interpretação dos mesmos.
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Implicações
No que toca ao estudo quantitativo, julgamos que o nosso estudo poderá servir de guia para
estudos futuros, especialmente a parte referente à nossa segunda hipótese, visto que a
literatura nesta área é muito escassa e estes estudos podem ser extremamente úteis no
combate ao preconceito, a análise da empatia consoante o género pode ser realizada por
subescalas, ao invés de obtenção de score total de empatia e podem ser estudadas outras
variáveis como a religiosidade, ter uma filha e habilitações literárias.
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21
ANEXOS
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Processos - Para Davis, são os mecanismos através dos quais os resultados empáticos são
obtidos. No nosso trabalho, consideramos os processos como os mecanismos através dos
quais os resultados não empáticos são produzidos. São os “meios”.
● Não Cognitivos - Requerem pouca atividade cognitiva, como a mímica motora, mas
esta dimensão não foi encontrada na nossa análise.
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8) Arrogância - Atitude superioridade aos demais ou da pessoa que assume um
comportamento prepotente, desprezando os outros, pode ser feita através da expressão
consciente, directa, clara e equilibrada, com o objectivo de comunicar as ideias ou
defender os seus pontos de vista (assertividade).
9) Cordialidade - Comportamento informal e educado, especialmente em ambientes de
trabalho.
10) Interromper - Diz respeito a todos os comportamentos de interrupção,
descontinuidade ou suspensão do discurso de outra pessoa
Anexo 4 - Linearidade
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Joana Guimarães 20%
Total 100%
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Reflexão
Findada a unidade curricular, consideramos que todos os aprendizados foram úteis, tanto para
o resto da nossa formação, como para a nossa vida profissional no futuro. Estas aulas e
sobretudo o trabalho, permitiram-nos perceber em maior profundidade como se realizam os
estudos qualitativos e os quantitativos e as suas diferenças e aprender na prática como se
processa a realização de um artigo científico.
Para além disto, achamos que o tempo dedicado a cada parte deveria ser mais equilibrado,
uma vez que consideramos que ambas as partes são igualmente relevantes e que as notas dos
vários momentos de avaliação poderiam ser fornecidas durante o semestre de modo a servir
de feedback para as outras avaliações.
Por fim, reconhecemos que os power points fornecidos e a quantidade de detalhe das
orientações dadas é um ponto extremamente positivo e contribuíram para uma melhor
compreensão dos conteúdos e do que era esperado em cada avaliação.
26