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Exemplo 7

Em 2016, foi constituída uma sociedade por quotas, cujo objeto social contempla o
exercício das atividades de consultoria fiscal e de comércio de software de gestão. Como
a sociedade nunca exerceu a atividade de venda de software, em março de 2020 os sócios
deliberaram proceder ao arrendamento de parte das instalações que tinham sido
adquiridas para instalar uma loja, ocupando o restante com um novo escritório. Sabendo
que os três sócios exercem a atividade de consultores fiscais através da sociedade, qual o
enquadramento desta em relação ao regime de transparência fiscal?

Resolução:
Embora a referida sociedade tenha previsto no seu pacto social duas atividades distintas,
só exerce (e exerceu), efetivamente, a atividade que está prevista na lista a que se refere
o art.º 151º do CIRS com o código 4012 – Consultores fiscais. Também, o facto de obter
rendimentos acessórios relativos ao arrendamento de instalações, aqui como forma de
rentabilização de ativos, não lhe permite o afastamento do regime de transparência
fiscal.
Finalmente, verificam-se as duas últimas condições: os três sócios são profissionais dessa
atividade e exercem-na efetivamente através da sociedade. Assim, a referida sociedade
encontra-se sujeita ao regime de transparência fiscal, de acordo com o conceito
estabelecido na subalínea 1) da alínea a) do n.º 4 do art.º 6º do CIRC.

Exemplo 8
A sociedade Kepler, Lda. tem como objeto a prática de medicina, sendo constituída por
quatro sócios: um médico pediatra; um médico dentista; um médico de clínica geral e um
médico cardiologista.
Em novembro de 2020, o médico cardiologista reformou-se deixando de exercer
medicina, pelo que passou apenas a exercer funções de gerente na referida sociedade.
Qual o enquadramento da sociedade Kepler em relação ao regime de transparência fiscal,
no período de 2021, sabendo que, neste ano, apenas 3 dos sócios exerceram a sua
atividade na sociedade?

Resolução:
Em primeiro lugar, o facto de os sócios serem profissionais de especialidades médicas
distintas não afasta a aplicação do conceito de sociedade de profissionais.
Em 2021, todos os sócios exercem funções na Kepler, mas só três deles é que exercem a
sua atividade profissional (médicos) através da sociedade. O quarto sócio passa a
desempenhar apenas funções de gerente, o que não releva para o conceito aqui
abordado.
De acordo com a definição constante na subalínea 1) da alínea a) do n.º 4 do art.º 6º do
CIRC, uma vez há um socio que deixou de exercer a sua atividade profissional através
da sociedade, poderíamos dizer que a Kepler não se enquadraria no regime de
transparência fiscal. Aqui aplica-se a segunda definição de sociedades de profissionais,
e, como tal, a transparência fiscal abrange também esta sociedade.
Na subalínea 2) temos um conceito de sociedade de profissionais mais complexo e que,
a partir de 1 de janeiro de 2014, trouxe um maior número de sociedades para o regime
de transparência fiscal.
Na sociedade Kepler, podemos ver que esta poderia, face a este segundo conceito de
sociedade de profissionais, inserir-se no regime de transparência fiscal.
Admitindo que a totalidade, ou quase totalidade, dos rendimentos da Kepler são
provenientes da atividade de medicina, o primeiro requisito está cumprido.
Se cada sócio detiver 25% do capital, então também se conclui que, 75% é detido por
sócios que exercem a sua atividade profissional de médicos através da sociedade.
Na medida em que estas condições se verificaram durante mais de 183 dias do período
de 2021, a Kepler ficou enquadrada no regime de transparência fiscal em 2021.

Exemplo 10
A sociedade Plutão, Lda. tem como objeto a prestação de serviços de contabilidade, representando
esta atividade 100% dos seus rendimentos. As suas duas sócias, Maria e Joana, são contabilistas
certificados e exercem a sua função na sociedade. Porém, a sócia Joana já está reformada pelo
que apenas realiza trabalho na sociedade Plutão, uma vez por semana. Em fevereiro de 2021 foi
admitido um novo sócio na sociedade que passou a deter 12% do capital, mas que não é
contabilista certificado nem exerce qualquer função na sociedade. Qual das seguintes afirmações
está correta quanto ao enquadramento da Sociedade Plutão?
a) Está enquadrada no regime de transparência fiscal porque não tem mais do que cinco
sócios;
b) Está enquadrada no regime de transparência fiscal, porque os dois sócios que detêm
mais de 75% da sociedade, exercem a função de contabilista na mesma e os rendimentos
da sociedade decorrem todos de atividades relacionadas com funções de contabilista
c) Não está enquadrada no regime de transparência fiscal porque a sócia Joana apenas
exerce, parcialmente, as funções de contabilista na sociedade;
d) Não está enquadrada no regime de transparência fiscal porque em mais de 183 dias do
período de tributação, tem um sócio que tem mais de 12% do capital.

Resolução:
A resposta correta é a da alínea b), pois o facto de existir um sócio com uma participação de
12% durante mais do que 183 dias no período e que é apenas sócio de capital não exclui a
sociedade do regime de transparência fiscal. Verificam-se todos os requisitos previstos na
subalínea 2) da alínea a) do n.º 4 do art. 6º CIRC, quanto à definição de “sociedade de
profissionais” (al.b)do nº1 artº 6º) .

Exemplo 11
A sociedade Juno é uma sociedade de mediadores imobiliários, cujo objeto social é a prática da
mediação na venda e arrendamento de imóveis, única atividade da empresa e exercida em
exclusivo pelos seus titulares do capital. Pretendendo os atuais cinco sócios admitir mais um sócio
também devidamente habilitado para o exercício da mediação imobiliária, qual o enquadramento
da sociedade Juno, em 2021, quanto ao regime de transparência fiscal?

Resolução:
Ainda que passe a ter 6 sócios, a sociedade não fica excluída do regime de transparência fiscal,
desde que todos os sócios exerçam a atividade de mediador imobiliário na sociedade (código
1330 da Tabela anexa ao CIRS).
A exclusão do regime de transparência fiscal por a sociedade ter mais de cinco sócios, só se
verifica na definição da subalínea 2) da alínea a) do n.º 4 do CIRC. Na definição de sociedades
de profissionais que ainda subsiste na subalínea 1), e que aqui é aplicável, não tem relevância o
número de sócios da sociedade, para a inclusão ou exclusão do regime.
Exemplo 12
A sociedade Proteu, Lda. é constituída por dois sócios, engenheiros civis, um com 60% do capital
(sócio A) e o outro com os remanescentes 40% (sócio B). No período de 2021, o lucro
contabilístico obtido pela Proteu foi de 2.000 euros, sendo a sua matéria coletável de 2.500 euros.
Considerando que a Proteu, Lda. se encontra enquadrada no regime de transparência fiscal e o
critério definido no pacto social para imputação da matéria coletável é a percentagem de capital
detida. Como será feita a distribuição de lucro e a sua consequência em termos de tributação dos
sócios?

Resolução:
A distribuição do lucro contabilístico obtido pelos sócios obedecerá às normas do direito
comercial e o que for deliberado pelos sócios. No pressuposto que é distribuída a totalidade do
lucro contabilístico: 2.000 euros, teremos que 1.200 euros caberão ao sócio que detém 60% e
800 euros ao sócio que têm a participação de 40%. Mas, no momento em que tais lucros forem
colocados à disposição dos sócios não haverá retenção na fonte porque tais rendimentos não se
qualificam como rendimentos de capitais (parte final da alínea h) do n.º 2 do art.º 5º do CIRS).
A tributação na esfera dos sócios ocorre por imputação da matéria coletável da sociedade: os
2.500 euros.
A declaração modelo 22 relativa ao período de 2021 será preenchida, normalmente, até ao
quadro 09 (só se preenchendo o quadro 10 e só o campo 365 se existirem tributações autónomas).
A imputação da matéria coletável aos sócios far-se-á no quadro 03 do anexo G da IES da Proteu:
sócio A – 1500 euros e
sócio B – 1000 euros.

Artº 6º nº 1 e nº 3

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