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Creacti

vity em
Angra
do
Heroís
mo
(https:
//agen
dacore
s.pt/ev
ent/cre
activity
-em-
angra-
Top Azores: A do-
herois
influência mo/)
Setembro

socioeconómica e 3 @ 10:00
-

cultural hebraica nos Setembro


7 @ 20:00

Açores Animar
PDL
2021
! Ana Oliveira (https://agendacores.pt/author/ana- (https:
oliveira/) - //agen
dacore
" 30 de Agosto, 2019 - s.pt/ev
# TOP AZORES (https://agendacores.pt/category/top- ent/ani
azores/) mar-
pdl-
julho-
de-
Top Azores: A influência socioeconómica e 2021/)
cultural hebraica nos Açores Setembro
3 @ 17:00
-
Setembro
Celebra-se a 1 de setembro o Dia Europeu da Cultura 11 @ 21:30

Judaica. O objetivo desta data é dar a conhecer melhor a Worksh


cultura judaica e as suas tradições nos países europeus op de
Marion
através de atividades relacionadas com esta cultura. E a
etas
equipa editorial do Top Azores decidiu dedicar um artigo Gigant
sobre a vinda de alguns membros do povo hebraico aos es
(https:
Açores, a sua influência socioeconómica e cultural hebraica //agen
nos Açores e o seu património. dacore
s.pt/ev
ent/wo
rkshop
-de-
1. A vinda dos povos judeus para os marion
etas-
Açores (Povoamento)
gigant
es/)
Segundo Francisco Miguel Nogueira, na sua coluna de Setembro
opinião no Jornal da Praia, de 24 de novembro de 2017 3 @ 18:00
(http://www.jornaldapraia.com/noticias/ver.php?id=2427), -
Setembro
os primeiros judeus de Portugal continental que aportaram
18 @
aos Açores, pela ilha Terceira, foram oferecidos como
20:00
escravos a Vasco Anes Côrte-Real, primogénito de João Vaz
Festa
Côrte-Real, devido à expulsão desta comunidade por D.
de
Manuel I, em 1496, condição imposta para que este se Nossa
conseguisse casar com a Infanta D. Isabel de Espanha, Senhor
a da
filha de reis católicos. Luz
2021 –
Gracio
sa
(https:
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ta-de-
nossa-
senhor
a-da-
luz-
2021-
gracios
a/)
Setembro
3 @ 18:00
-
Setembro
6 @ 20:00

Festa
de
Nossa
Senhor
a dos
Milagre
s 2021

Serreta
(https:
//agen
dacore
s.pt/ev
ent/fes
Massacre de Lisboa: “Da Contenda Cristã, que
ta-de-
recentemente teve lugar em Lisboa, capital de
Portugal, entre cristãos e cristãos-novos ou judeus,
nossa-
por causa do Deus Crucificado”
senhor
a-dos-
milagr
D. Manuel I, porém, apercebeu-se de que a saída dos judeus
es-
do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a 2021-
comunidade judaica era formada por um escol de serreta
/)
mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, Setembro
entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. 3 @ 19:00
Para o rei, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, -
Setembro
sobretudo num momento em que a aposta nos
12 @
Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era
20:00
muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a
conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Ver todos os

Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o Eventos

conceito de cristão-novo (os cristãos que já existiam (https://age

passaram a ser os cristãos-velhos). Em 1499, os cristãos- ndacores.pt


/events/)
novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham
acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos.
Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de
forma secreta, tendo uma política de grande benevolência
para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre
cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, Artigos
Recentes
impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando
muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se Júlio Tavares

portugueses de segunda. Oliveira: «A


poesia vai
sublimando e
A 22 de maio de 1501, aportaram à Terceira, vários
combatendo
náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no
os dias. Não
Continente. Estes se encontravam numa caravela que se os substitui,
dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mas de certa

mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda forma os


redime»
na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu.
(https://agen
Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra,
dacores.pt/juli
avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os o-tavares-
(https://agendacores.pt/)
judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónia oliveira-a-

judaica na Terceira e nos Açores. poesia-vai-


Eventos por Ilha ! (https://agendacores.pt/calendar/)
sublimando-
e-
Segundo M. J. de Andrade, no jornal Açoriano Oriental, a 29
combatendo-
de maio de 1988, os descendentes de judeus que vieram
Informações Úteis ! (https://agendacores.pt/informacoes-
os-dias-nao-
para as ilhas não praticavam o culto hebraico, por receio os-substitui-
dos cristãos-velhos, não havendo assim notícias de mas-de-

existência de locais de culto, mesmo no anonimato,


uteis/) certa-forma-
os-redime/)
havendo, pois muitos açorianos que carregam os genes
deste povo sem o saberem. 20 Locais
TOP AZORES (https://agendacores.pt/top-azores/) onde fazer

O medo não era infundado, veja-se o que fez, em 1555, o piquenique


em São Miguel
bispo de Angra, D. Jorge de Santiago, em visita pastoral,
Contacto (https://agendacores.pt/contacto/) (https://agen
identificou alguns cristãos-novos, suspeitos de infrações às
dacores.pt/20
leis da religião cristã, prendeu-os e mandou embarcá-los -locais-onde-
para Lisboa, aos cuidados da Inquisição, segundo o artigo fazer-

“O último judeu dos Açores”, de Inácio Steinhardt. piquenique-


em-sao-
(https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/viewFile/43104/2
miguel/)
7206)
Raimundo
Quintal: «É
tempo de
Segundo o opúsculo de António Ferreira Serpa, editado no olhar para os
jardins como
Porto em 1925, Suum Cuique, na ilha de São Miguel
unidades de
existem, a partir do século XV, descendentes, por via reta
paisagem
masculina, de cristãos de nação hebraica, de apelido complexas e
«Borges, Medeiros, Dias, e Araújos».E ainda um trabalho valiosas, com

genético, realizado há poucos anos na Unidade de Genética enorme


potencial
e Patologia Moleculares (UGPM) do Hospital do Divino
turístico»
Espírito Santo (HDES), de Ponta Delgada, chegou à
(https://agen
conclusão de que 13,4% do DNA das ilhas é judeu (VIEIRA, dacores.pt/rai
2005).1 mundo-
quintal-e-
tempo-de-
olhar-para-
os-jardins-
2. Segunda vaga de emigrantes
como-
judeus no século XIX
unidades-de-
paisagem-
complexas-e-
valiosas-
com-enorme-
potencial-
turistico/)

15 Livros Para
Oferecer no
Dia da Mãe
(https://agen
dacores.pt/15-
livros-para-
Foto: Cais de Ponta Delgada no século XIX. História dos
oferecer-no-
Açores (Facebook)
dia-da-mae/)

No século XIX, no advento do Liberalismo, é concedida 17 Bailarinos


liberdade religiosa e é proclamado o fim do Santo Ofício. Açorianos

Isso, aliado, à péssima qualidade de vida dos judeus Cheios de


Talento
marroquinos levou a que estes vissem Portugal como um
(https://agen
possível destino onde pudessem melhorar a sua condição. dacores.pt/17-
A população judaica de Marrocos não só teria de conviver bailarinos-
com sucessivas epidemias que haviam dizimado acorianos-
cheios-de-
recentemente as populações locais e criado condições talento/)

económicas adversas, mas também com uma certa


instabilidade política, em que a sucessão do sultão era
quase sempre decidida pelas armas, o que colocava os
judeus, na sua situação de «tolerados», à mercê de
frequentes saques e pogromes, como é referido no artigo
«História da presença judaica nos Açores
(https://journals.openedition.org/lerhistoria/646)», de
Inácio Steinhardt.

Os primeiros destinos destes imigrantes foram o Algarve e


os Açores. Naturalmente havia uma comunicação familiar
entre as duas comunidades judaicas e aquela que se viria a
desenvolver em Lisboa.

Porquê os Açores? Nas ilhas do arquipélago, eles


identificaram potencial para um comércio inovador e
lucrativo, principalmente na área do comércio de tecido.

Os primeiros judeus desembarcaram em Ponta Delgada, em


1819, e estes foram Abraão Bensaúde, Salom (Shalom)
Buzaglo, Arão Benayon, Jacob Mataná, Isaac Sentob e Arão
Aflalo.

3. Presença judaica nos Açores e a


sua influência socioeconómica

Quando chegaram aos Açores, a maioria dos judeus trazia


stocks de tecidos para vender. Até então, a gente do povo
vestia-se com roupas de linho, cultivado e tecido
localmente, nas aldeias, em aparelhos primitivos, ou tecidos
de lã de carneiro, também de criação local. Alguns
estabelecimentos vendiam tecidos importados do
Continente, cujos preços o povo não podia alcançar. Os
judeus recém-chegados ofereciam agora tecidos
portugueses e ingleses a preços inferiores aos dos
comerciantes locais. Isso causou uma revolução social.

O antagonismo do comércio local viria a inverter-se quando


os comerciantes se deram conta das vantagens que
podiam obter, eles próprios, adquirindo por atacado as
mercadorias importadas pelos judeus e vendendo-as no
varejo a preços convidativos para a população, o que
aumentava consideravelmente o volume dos seus negócios
e a situação económica dos Açores. Os produtores, por sua
vez, beneficiavam-se dos volumes da exportação. Aí, os
judeus passaram a ser bem-vindos. Também se integraram
na vida social e cultural dos Açores, e foi-lhes permitido
adquirir a nacionalidade portuguesa para si e para os seus
descendentes.

Salomão Bensaúde, filho de Salom Assiboni, o primeiro


judeu desembarcado em Angra do Heroísmo de que há
notícia (não se sabe ao certo quando chegou, mas o
primeiro documento em que é mencionado data de 1824),
foi para a Terceira como empregado de confiança de seu
primo, Jacob Bensaúde, filho de Judah Assiboni
(Bensaúde). Antes de 1834 mudou-se para Ponta Delgada.
Foi o fundador da firma Salomão Bensaúde, Filhos & C.ª, e
mais tarde de S. Bensaúde & Filhos, que acabou por se
fundir com Herdeiros de Elias Bensaúde, numa nova firma
com a designação de Bensaúde & C.ª, mais conhecida nos
nossos dias como Grupo Bensaúde, a maior empresa do
arquipélago, desde finais de Oitocentos até aos nossos
dias.

Outras famílias judaicas importantes na ilha Terceira foram


os Bensabat (de Mogador-Essaouira), os Levy (de Tetuan),
os Benarus (de Marraquexe), famílias que, depois da
dissolução das comunidades ilhoas, se distinguiram na
comunidade de Lisboa e na alta sociedade da capital.
Porém, o mais emblemático dos judeus marroquinos da
Terceira foi, sem dúvida, Mimon Abohbot, cujo nome ficou
conhecido na ilha, como o “Rabino e Deão dos Judeus”.

Foto: Mimon Abohbot

Mimon nasceu em 1800, em Mogador (Essaouira). Antes


de completar 24 anos, embarcou para Lisboa, onde foi
contratado pelo seu conterrâneo Salon Buzaglo, para
trabalhar para ele como caixeiro-viajante nas ilhas dos
Açores, com base em Angra do Heroísmo. Dois anos
depois, por desavenças com o patrão, separou-se deste e
estabeleceu-se por conta própria. Tinha loja de fazendas e
panos, que importava da Inglaterra, juntamente com outras
mercadorias, e exportava laranjas.

Mas a família judaica com maior relevância nos Açores é,


sem dúvida, a Bensaúde. Mercê de alguns
empreendimentos ousados, como a Fábrica de Tabaco
Micaelense, os investimentos turísticos, com destaque para
a sociedade Terra Nostra, o desenvolvimento dos negócios
de transporte marítimo e a fundação da Sociedade
Açoriana de Transportes Aéreos – SATA, ligaram o nome
Bensaúde aos baluartes da economia os Açores. O Grupo
Bensaúde fundou o Banco Micaelense, depois Banco
Comercial dos Açores, BANIF, e hoje em dia, Santander.
Criaram a Parceria Geral de Pescarias, para a faina do
bacalhau, e a Empresa Insulana de Navegação. Envolveram-
se na indústria do Açúcar, nos Seguros, Combustíveis, entre
múltiplas outras atividades.

O Banco Micaelense foi um dos negócios fundados


pelo Grupo Bensaúde. Foto: História dos Açores
(Facebook)

A partir de 1916, os Bensaúde começaram a importar,


armazenar e fornecer carvão para a navegação, mas depois
da II Guerra Mundial, quando o carvão perdeu grande parte
do seu valor, adquiriram uma instalação para
armazenamento de combustíveis líquidos em São Miguel.
Foi nesta altura que o clã se converteu ao catolicismo,
provavelmente com medo da expansão do anti-semitismo
de Hitler.

Pioneiros, na década de 30, os Bensaúde construíram o


primeiro campo de golfe dos Açores, [Furnas], onde mais
tarde edificaram um hotel [Parque Terra Nostra], segundo
refere Rita Roby Gonçalves, no artigo «Bensaúde em São
Miguel: primeiros judeus nos Açores
(https://www.dn.pt/gente/interior/bensaude-em-sao-
miguel-primeiro-judeus-nos-acores-1212876.html)».

No entanto, presença judaica nos Açores extinguiu-se cerca


de 50 anos depois do seu início. Por volta de 1873, as
famílias judaicas começaram, uma após outra, a debandar
e buscar outras partidas, quer no Continente, quer no Brasil
e outras terras. Tal como a sua chegada, também a partida
se deveu a razões económicas. O declínio da produção e
exportação da laranja, e a imposição de um regime de
pautas aduaneiras menos favorável, levou os negociantes
judeus a procurar novos rumos para a sua atividade
empresarial. Na segunda metade do século XIX já a
comunidade judaica dos Açores estava consideravelmente
reduzida.

Contudo, uma pequena comunidade de judeus foi surgindo


devido às perseguições nazis de Adolf Hitler.
O Dr. Friedmann foi um dos judeus que se refugiou nos
Açores, fugindo à perseguição nazi. Foto: Antigos
Alunos do Liceu Antero de Quental (Facebook)

«Durante a Segunda Guerra Mundial, período em que


Portugal recebeu refugiados judeus, um pequeno número
deles foi estabelecer-se em Ponta Delgada. Quase todos
chegaram a partir de 1938 e mantiveram-se até a década
de 1950. Destacavam-se: o cirurgião alemão Dr. Friedman,
muito conceituado; duas famílias de comerciantes Gordon
e Katzan; Luser (Lazar) Sales, sem família, também lojista;
e Philip Reich, que conduzia os serviços religiosos na
sinagoga, aonde iam ainda alguns dos sefarditas
marroquinos que ainda se mantinham na cidade, e que
desempenhava também a função de shochet de carne
kasher.

Em abril de 1970, havia cerca de 30 judeus na base


americana das Lajes, na ilha Terceira, entre militares e suas
famílias», como refere Steinhardt
(https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/viewFile/43104/2
7206).

4. Património hebraico nos Açores

Pico Salomão

Quem chega hoje ao aeroporto de Ponta Delgada e segue


pela estrada para o centro da cidade, encontra à sua
esquerda, lá no alto, um bairro de vivendas, conhecido por
“Pico do Salomão”. Foi construído por Elias Bensaúde, avô
dos atuais proprietários, que ali têm as suas residências
açorianas.
O construtor deu-lhe o nome de Salomão Bensaúde,
patriarca da família.

Torás de Mimon Abohbot


Foto retirada do blog Canal C
(http://canalc.pt/index.php/2017/02/07/os-legados-
judaicos-da-sinagoga-micaelense/)

Segundo Steinhard
(https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/viewFile/43104/2
7206)t, a 8 de maio de 1997, um estranho evento ocorreu
na aldeia de pescadores de Rabo de Peixe, na costa norte
da ilha de São Miguel.
Nesse dia, dois rapazes locais, brincando entre as rochas,
entraram numa gruta escura e tropeçaram num grande
saco de plástico.
Abrindo-o, encontraram uma Torá. Eles não sabiam o que
era. Tiraram-lhe o “vestido”, queimaram o pergaminho com
fósforos, venderam pedaços com aquelas “letras
estranhas” a oportunistas da aldeia e, no dia seguinte,
levaram alguns para a escola. O professor de religião
reconheceu logo que era hebraico. Uma professora teve a
feliz iniciativa de ir com eles buscar os destroços que
ficaram na gruta. Tudo foi entregue na Biblioteca Pública e
Arquivo Regional de Ponta Delgada.
Especialistas de Lisboa identificaram o rolo como uma
Torá, e uma amostra foi enviada à Universidade Hebraica de
Jerusalém, onde professores determinaram que se tratava
de uma Torá escrita em Marrocos, por volta de 1700.

Entregue o objeto aos cuidados dos especialistas do


Departamento de Restauro da Biblioteca Nacional de
Lisboa, estes, com a ajuda do rabino da sinagoga de Lisboa,
conseguiram restaurar o pergaminho, deixando em branco
os espaços que ainda faltam e que não foram devolvidos
pelos “investidores” que os haviam comprado aos meninos
achadores. Era, portanto, um Sefer Torá de Marrocos, do
século XVIII, e não, como inicialmente houve quem
supusesse, anterior à Inquisição em Portugal. Um pormenor
escapou, porém, aos investigadores: o manto de veludo
azul, com franjas douradas que cobria o achado na gruta
estava costurado à máquina. E no século XVIII ainda não
havia máquinas de costura. Além disso, a Torá era
sefardita, marroquina, e o manto estava confecionado em
modelo asquenazi. A não ser que se verifique muita
coincidência, estamos perante a Torá de Mimon Abohbot,
encaixotada em Angra do Heroísmo para embarcar para
Mogador, entregue ao capitão americano em Porto Judeu e
desaparecida misteriosamente da base aérea das Lajes.

Já a segunda Torá foi adquirida em 2009 pelo Museu de


Angra do Heroísmo, em Londres, segundo noticia a edição
de 7 de outubro de 2009 do Açoriano Oriental
(https://www.acorianooriental.pt/noticia/museu-de-angra-
adquire-manuscrito-do-seculo-xix-194220).

Café Mascote
O que em tempos foi uma casa de lotarias, hoje o Mascote
evoluiu e ampliou os seus serviços na área da restauração
e é um dos cafés mais antigos de Ponta Delgada.

Segundo José Farias


(http://www.diariodosacores.pt/index.php?
option=com_content&view=article&id=7216:cafe-mascote-
incluido-no-roteiro-turistico-judaico-dos-
acores&catid=36&Itemid=116), proprietário do Café
Mascote, em entrevista ao Diário dos Açores, «a Mascote
foi um projeto de um judeu que veio para Ponta Delgada
nos anos 40 para fugir às guerras da altura. Aliás, foi este
mesmo rabino, José Albo, que também abriu a Sinagoga na
Rua do Brum, em Ponta Delgada, hoje denominada Sahar
Hassamain. Esta informação foi-me revelada pelo
historiador José de Almeida Mello».

Cemitérios
Cemitério dos Hebreus de Angra. Aqui encontra-se
sepultado Mimom ben Abraham Abohbot, fundador
da Sinagoga Ets Haim em Angra (Terceira). Foto:
Angrense

Mas são os cemitérios e sinagogas os mais importantes


legados patrimoniais.

Por onde passaram, os judeus tiveram a preocupação de


criar duas instituições: primeiro um cemitério, depois uma
sinagoga. Isso envolvia, naturalmente, uma organização
comunitária que os unia. A primeira preocupação era
sempre a aquisição de um terreno, para servir de cemitério
para a comunidade. Só depois vinha a criação de lugares
de culto, as sinagogas. A razão reside no facto de que a
única exigência para a realização de atos de culto é a
participação de dez correligionários varões. O local pode
ser qualquer dependência numa casa particular, não
necessita de um templo. Mas o terreno sagrado para a
sepultura é imprescindível, porque aos judeus não é
permitido fazer transladações. As campas são sempre
perpétuas. Os judeus dos Açores não foram exceção.
Existiram cemitérios judaicos na Terceira (1832), S. Miguel
(1834), Faial (1852) e S. Jorge (?). Existem todos ainda
hoje porque os descendentes da família Bensaúde, embora
muitos já não sigam a religião judaica, assumem em
memória dos seus antepassados os custos da manutenção
desses campos sagrados.

Cemitério Hebraico – Campo da Saudade

Foto: Carlos Luis M C da Cruz

Segundo o site Visit Ponta Delgada


(http://www.visitpontadelgada.pt/pages/830/?
geo_article_id=2775), o Cemitério Hebraico – Campo da
Saudade, foi criado em 1834, tal como regista o livro de
escrituras da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Contudo,
existem registos de pedras tumulares anteriores a 1834,
nomeadamente uma, com data de 1826 e que se refere a
Jacob Bensaude, razão pelo qual sabe-se que, aquela área
era já utilizada para enterros da comunidade judaica
residente em São Miguel antes do seu registo.
O Cemitério Hebraico conta com cerca de 160 pedras
tumulares, dispostas de forma desalinhada e sem
agrupamento cronológico e familiar. Destaque para o caso
excecional das cinzas de Erna Friedman, esposa do Dr.
Friedman, falecida em Lisboa e que por seu desejo quis
repousar eternamente em Ponta Delgada.

Sinagogas

Edifício onde outrora funcionou a Sinagoga de Ets


Haim de Angra. A Sinagoga foi fundada na segunda
metade do século XIX no centro histórico de Angra. A
história deste templo está ligada à vida e obra do
comerciante judeu Mimom ben Abraham Abohbot,
seu fundador. Foto retirado do blog Questom Judaica
(http://questomjudaica.blogspot.com/2013/10/acores.
html)

Existiram pequenas sinagogas, em casas particulares, em


Ponta Delgada (onde chegou a haver cinco sinagogas em
residências particulares), em Angra do Heroísmo (Terceira),
na Horta (Faial), e em Vila Franca do Campo (São Miguel),
onde viviam apenas 20 judeus. Só uma foi instalada em
edifício próprio, adquirido na cidade de Ponta Delgada, por
um grupo de judeus liderados por Abraão Bensaúde, do
qual faziam parte também seu irmão Elias Bensaúde, seu
cunhado Isaac Zafrani, seu primo Salomão Bensaúde,
Salom Buzaglo, José Azulai, e Fortunato Abecassis. Outras
famílias conhecidas eram os Aflalo, os Benayun, os Sebag e
os Delmar.
A comunidade judaica de Ponta Delgada foi, sem dúvida, a
mais importante dos Açores. Embora não existam dados
exatos, estima-se em cerca de 150 indivíduos o número dos
seus membros.

Todas as referidas sinagogas desapareceram, com exceção


da existente na Rua do Brum, 16, em Ponta Delgada.

5. Sinagoga Sahar Hassamain de


Ponta Delgada (Museu Hebraico dos
Açores)
O facto de a Sinagoga se encontrar no interior de um
edifício, uma das características mais marcantes, já
que isso não acontece com outras sinagogas em
Portugal, faz deste espaço um local único.

Foto: Carlos Luís M C da Cruz

A Sinagoga de Ponta Delgada chama-se Sahar Hassamain,


que significa Força dos Céus e foi fundada em 1836, o que
faz dela a mais antiga sinagoga portuguesa construída
após a expulsão dos judeus do país. Foi fundada por
Abraão Bensaúde, seu irmão Elias Bensaúde, seu cunhado
Isacc Zafranv, seu primo Salomão Bensaúde, Salom
Buzaglo, José Azulav e Fortunato Abecassis.

A Sinagoga de Ponta Delgada está instalada numa antiga


casa de moradia da cidade, a qual foi adaptada à sua nova
função. No primeiro andar, designado por andar nobre, foi
construída uma sala em forma retangular, de grandes
dimensões, e no segundo andar um outro espaço, com
abertura para o anterior compartimento, de menor
dimensão.
Foto: Câmara Municipal de Ponta Delgada

O facto de a Sinagoga se encontrar no interior de um


edifício, uma das características mais marcantes, já que
isso não acontece com outras sinagogas em Portugal, faz
deste espaço um local único.

No século XX, até à década de 1950, o edifício, na parte de


moradia, foi habitado pela família Sebag. Com a ausência
de fieis na ilha, nunca mais se realizaram ofícios religiosos
na sinagoga, vindo o edifício a entrar em processo de
degradação.

Ao final da década de 1990 Jorge Delmar, Luís Bensaúde e


Eduardo Oliveira lavraram um acordo de cedência do
edifício à Comunidade Israelita de Lisboa que, por sua vez o
cedeu à Câmara Municipal de Ponta Delgada, pelo prazo de
99 anos, a fim de ser restaurado e musealizado o espaço de
culto. No contexto das comemorações dos 190 anos da
chegada dos primeiros judeus aos Açores, desde março
de 2009, esteve temporariamente aberta aos sábados para
visitas guiadas.

Em 2010 foram encontrados objetos de culto, documentos


manuscritos e impressos que constituem um valioso
espólio sobre a história da comunidade.
Foto: DR

As instalações da antiga sinagoga foram cedidas pela


Comunidade Israelita de Lisboa à Câmara Municipal de
Ponta Delgada que procedeu à recuperação do imóvel,
visando a sua requalificação como museu e a dinamização
do seu espaço para fins culturais e de turismo.

Após a conclusão das obras, o edifício foi reaberto ao


público no dia 23 de abril de 2015,dia de Yom HaAtzmaut,
só possível graças ao esforço da comunidade açoriana e
das comunidades portuguesa e judaica dos EUA e da
Europa. A sinagoga foi transformada em museu e arquivo
da memória judaica nos Açores, tendo recebido 6.036
visitantes em 2018.

Visite-a também!

Rua do Brum nº16

9500-036 Ponta Delgada


Horário de visita: dias úteis 13h00 às 16h30 (sujeito a
alteração).

Telefone: (+351) 296 304 400

Fontes:

«TERCEIRA – A CHEGADA DOS JUDEUS», de Francisco


Miguel Nogueira (Jornal da Praia, 24 de novembro de
2017). Acedido no dia 29 de agosto de 2019, em
http://www.jornaldapraia.com/noticias/ver.php?id=2427
(http://www.jornaldapraia.com/noticias/ver.php?id=2427)

«O último judeu dos Açores», de Inácio Steinhardt


(Universidade Federal de Rio Grande do Sul). Acedido no
dia 29 de agosto de 2019, em
https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/viewFile/43104/2
7206
(https://seer.ufrgs.br/webmosaica/article/viewFile/43104/2
7206)

1VIEIRA, Luísa Mota. Apelidos, genes e consanguinidade na


população açoriana. In: III Aniversário do site
Adiaspora.com. Encontro – Planejando Estratégias de
Sobrevivência Cultural Toronto, 2005. Disponível em:
http://www.
adiaspora.com/_images/_article/_events/2005/3rd_
Anniversary/LuisaMotaVieira-AdiasporaJan2005.pdf.
Acedido por Steinhardt a 20 jun. 2013.

«História da presença judaica nos Açores», de Inácio


Steinhardt. Acedido no dia 29 de agosto de 2019, em
https://journals.openedition.org/lerhistoria/646
(https://journals.openedition.org/lerhistoria/646)
«Bensaúde em São Miguel: primeiros judeus nos Açores»,
de Rita Roby Gonçalves (Diário de Notícias, 26 de abril de
2009). Acedido no dia 29 de agosto de 2019, em
https://www.dn.pt/gente/interior/bensaude-em-sao-miguel-
primeiro-judeus-nos-acores-1212876.html
(https://www.dn.pt/gente/interior/bensaude-em-sao-
miguel-primeiro-judeus-nos-acores-1212876.html)

Sinagoga Sahar Hassamain de Ponta Delgada, de José de


Almeida Mello (Publiçor, 2009).

«Café Mascote incluído no roteiro turístico judaico dos


Açores» (Diário dos Açores, 24 de outubro de 2016).
Acedido no dia 30 de agosto de 2019, em
http://www.diariodosacores.pt/index.php?
option=com_content&view=article&id=7216:cafe-mascote-
incluido-no-roteiro-turistico-judaico-dos-
acores&catid=36&Itemid=116
(http://www.diariodosacores.pt/index.php?
option=com_content&view=article&id=7216:cafe-mascote-
incluido-no-roteiro-turistico-judaico-dos-
acores&catid=36&Itemid=116)

Cemitério Hebraico – Campo da Saudade – Freguesia de


Santa Clara: http://www.visitpontadelgada.pt/pages/830/?
geo_article_id=2775
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Açores –
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