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Didaquê

Anésio Rodrigues
Aula 101 - A Comunidade do discípulo amado

Introdução
Todo evangelho foi escrito visando uma catequização.
O texto era escrito visando uma comunidade, para que esta fosse instruída sobre Jesus.
O Evangelho de João é um desses livros.

Um estudo mais minucioso, nos faz perceber que este livro não é obra das mãos de uma só
pessoa. Ele parece expressar toda a história, conquistas e enfrentamentos de uma
Comunidade Cristã no primeiro século. Vamos chamá-la de “Comunidade do Discípulo
Amado, na cidade de Éfeso”.

O Discípulo Amado
Isso porque, este livro, tem um personagem central chamado de “o Discípulo Amado” .
Mais do que ver João, o apóstolo, ali naquele personagem, acredito que a intenção daqueles
escritores era que nos víssemos ali. O Discípulo Amado pode ser cada um de nós.

É como aquelas guras de personagens para fotogra a, em que tem um pequeno buraco em
que você coloca o seu rosto ali para fotografar. O "Discípulo Amado” seria um desses:
coloque o seu rosto ali!

1. O autor, o presbítero, os presbíteros e as Comunidades


A. João
a. O Evangelho de João é a coletânea de registros do próprio João feito por seus
discípulos mais próximos, que o apelidam de “discípulo amado”. Dá pra se notar
na narrativa colocada no nal do Livro que se distinguem o autor dos relatos, com
os autores do livro:
b. João 21:20-24 (Nova Versão Internacional)
Pedro voltou-se e viu que o discípulo a quem Jesus amava os seguia.
(Este era o que estivera ao lado de Jesus durante a ceia
e perguntara: “Senhor, quem te irá trair?”)
Quando Pedro o viu, perguntou: “Senhor, e quanto a ele?”
Respondeu Jesus: “Se eu quiser que ele permaneça vivo até que eu volte,
o que importa? Quanto a você, siga-me!”.
Foi por isso que se espalhou entre os irmãos o rumor
de que aquele discípulo não iria morrer.
Mas Jesus não disse que ele não iria morrer;
apenas disse: “Se eu quiser que ele
permaneça vivo até que eu volte, o que importa?”
Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e que as registrou.
Sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
1. Pode ser possível que João já teria morrido, e aqui estaria a explicação para os
questionamentos daqueles que pensavam que Jesus teria dito que João não
morreria.
2. Fica claro no último trecho que o Discípulo João registrou essas coisas, e quem
está escrevendo (no plural, discípulos de João) testi ca que sua narrativa é
verdadeira.
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B. O Presbítero
a. Provavelmente um ancião (tradução da palavra presbítero) de Éfeso com o nome de
João. Talvez o mais idoso de todos os demais presbíteros e responsável pelas igrejas
joaninas de Éfeso.
b. 3 João 1 (Nova Versão Internacional)
O presbítero, ao amado Gaio, a quem amo na verdade.
c. 2 João 1 (Nova Versão Internacional)
O presbítero, à senhora eleita e aos seus lhos, a quem amo na verdade

C. Os Presbíteros
a. Um corpo de líderes na Igreja, discípulos de João e éis aos seus ensinamentos e
doutrina. Formam a Escola Joanina, que trazem em seus ensinos uma cristologia
mais alta, vendo Jesus não apenas como um ser histórico, mas um ser eterno.
b. Estes são aqueles que aparecem nas expressões “nós”.
c. Outros líderes, itinerantes, são chamados de “irmãos” (3 João 5,6)

D. As Comunidades
a. Éfeso era uma metrópole. Certamente haviam várias casas espalhadas na cidade
onde a igreja se reunia.
b. É provável que algumas delas não se sentiam ligadas a João, sendo algumas igrejas
gentílicas (herança das Comunidades de Paulo), outras formadas por judeus
convertidos (herança das comunidades de Tiago) e ainda praticantes do judaísmo, e
outros grupos, formados por gregos gnósticos tanto carismáticos (1 João 4:1) quanto
céticos (Aula 96 - A segunda carta de Pedro).
c. Nas cartas de João, existem alguns embates com alguns desses grupos.
d. Aos irmãos éis à sua doutrina, João os chama de “ lhinhos”.

2. Os diversos grupos dentro desta Comunidade


A. Os irmãos vindos de grupos samaritanos
a. Quanto aos irmãos vindos dos Samaritanos era natural, devido ao embate histórico
entre judeus e samaritanos, que enfrentassem con itos com irmãos vindos do
judaísmo.
b. João 4:3-42 O texto nos mostra que os primeiros samaritanos foram convertidos
pelo próprio Jesus, e a evangelista deles fora uma mulher.
c. Haviam também outros irmãos que se posicionaram contrários ao Templo e a
religião judaica institucionalizada e manipulada por Roma. Para esta Comunidade
de discípulos, o Templo de Jerusalém era lugar de morte, e o compara às trevas.

B. Os gregos e demais gentios


a. Outro grupo, eram os pagãos que se convertiam e não tinham origem na religião
judaica.
b. João 12:20-22 esse texto conta sobre Gregos que querem ver Jesus.
Propositalmente colocado aqui para mostrar que alguns gregos foram convertidos
diretamente por Jesus.
c. Sabendo que haviam muitos estrangeiros na Comunidade, note o cuidado dos
escritores de tornar os termos judaicos inteligíveis aos leitores.

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d. Como todos os evangelhos foram escritos visando a instrução de suas
comunidades, esse ajuste (explicações quanto a terminologias judaicas) nos revela
que haviam estrangeiros nessa Comunidade do Discípulo Amado.

e. João 1:38-42 (Nova Versão Internacional)


37 Ouvindo-o dizer isso, os dois discípulos seguiram Jesus.
38 Voltando- se e vendo Jesus que os dois o seguiam,
perguntou- lhes: “O que vocês querem?”
Eles disseram:“Rabi” (que signi ca “Mestre”),
“onde estás hospedado?”
39 Respondeu ele:“Venham e verão”.
Então foram, por volta das quatro horas da tarde,
viram onde ele estava hospedado
e passaram com ele aquele dia.
40 André, irmão de Simão Pedro,
era um dos dois que tinham ouvido
o que João dissera e que haviam seguido Jesus.
41 O primeiro que ele encontrou foi Simão, seu irmão,
e lhe disse:“Achamos o Messias” (isto é, o Cristo).
42 E o levou a Jesus.
Jesus olhou para ele e disse:
“Você é Simão, lho de João.
Será chamado Cefas” (que traduzido é “Pedro”)

3. Os diversos con itos externos enfrentados por esta Comunidade


A. O “mundo”
a. Embora algumas vezes a palavra aparece se referindo à toda humanidade, na
maioria das vezes se refere a um sistema social injusto, anti-cristo, contrário à
Cristo, em oposição ao estilo de vida livre que Jesus veio ensinar.
b. Jesus ensinava o amor ao próximo, a simplicidade, a ajuda aos pobres. O estilo de
vida conveniente à religião da época, manipulada pela elite não queria aquilo.
c. O mundo era, portanto, esse estilo de vida egoísta, sem amor, um sistema anti-
cristo.

B. Os judeus
a. Não se refere ao povo judeu como um todo.
Mas à elite judaica, com seu poder econômico, político, religioso e ideológico.
b. Esses judeus eram exclusivistas, e matavam pessoas que se opunham à eles. São
esses judeus religiosos e ligados à elite econômica que mataram a Jesus!
c. Eles são “as trevas” que tentaram apagar a Luz. (João 1:5)
d. Muitos irmãos daquela Comunidade eram expulsos das sinagogas, portanto,
da convivência, do comércio, das relações que tinham com outros judeus,
e até de suas próprias famílias.

C. A multidão
a. A multidão eram os descomprometidos, indecisos, gente que não falava
abertamente de sua fé.
b. Evitavam ser abertos sobre sua fé em Jesus para não serem expulsos das sinagogas.

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c. Um cego de nascença, que fora curado, acabou sendo expulso por declarar
abertamente sua fé em Jesus (João 9).

d. João 12:42-43 (Nova Versão Internacional)


42 Ainda assim, muitos líderes dos judeus creram nele.
Mas, por causa dos fariseus, não confessavam a sua fé,
com medo de serem expulsos da sinagoga;
43 pois preferiam a aprovação dos homens
do que a aprovação de Deus
e. É o caso de Nicodemos, que queria ser um seguidor de Jesus, mas permanecer
membro do Sinédrio.
f. Jesus disse que ele precisaria Nascer de Novo se quisesse ver o Reino de Deus.

4. O estilo de vida pregado pelas igrejas joaninas


A. O amor
a. Aquela Comunidade foi desa ada a viver na contramão de tudo aquilo: uma vida
prática de Amor.
1. 1 João 4:7-21 (Nova Versão Internacional)
7 Amados, amemos uns aos outros,
pois o amor procede de Deus.
Aquele que ama é nascido de Deus
e conhece a Deus.
8 Quem não ama não conhece a Deus,
porque Deus é amor.
9 Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós:
enviou o seu Filho Unigênito ao mundo,
para que pudéssemos viver por meio dele.
11 Amados, visto que Deus assim nos amou,
nós também devemos amar uns aos outros.
12 Ninguém jamais viu a Deus;
se amarmos uns aos outros,
Deus permanece em nós,
e o seu amor está aperfeiçoado em nós.
20 Se alguém a rmar:“Eu amo a Deus”,
mas odiar seu irmão, é mentiroso,
pois quem não ama seu irmão, a quem vê,
não pode amar a Deus, a quem não vê.
21 Ele nos deu este mandamento:
Quem ama a Deus, ame também seu irmão

b. Pregar o evangelho é amar as pessoas. Pregar o evangelho é ter ações e atitudes


que demonstrem o amor de Deus.
c. As pessoas irão entender melhor a Deus, quando demonstrarmos nosso amor a
elas.

5. Lições dos textos de João


A. Toda e qualquer pessoa que sofre (pobreza, doença, privação de liberdade, seja o que
for) deve ser objeto do nosso amor.
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a. Tem alguém assim na tua família? Tem algum amigo seu? Comece praticando isso a
quem convive com você, seja na sua casa, no seu trabalho, no trajeto de seu
trabalho ou de sua escola.
1. Tem alguém doente?
2. Mulheres grávidas. Ajudá-las no serviço doméstico.
3. Pessoas idosas. Receber atenção.
b. Até a maneira como você dirige pode demonstrar se você ama ou não ama.
(Nunca se esqueça que você também é pedestre!)

B. Seria um bom desa o para nós arrancarmos alguns sorrisos ao longo do dia.
a. Você também pode começar a fazer diferença no seu mundo!
1. Se puder, faça com que as pessoas que passam pelo seu caminho, se sintam
melhores por ter tido contato com você!
2. Temos que aproveitar essas oportunidades que nos aparecem ao longo do dia
de fazermos a vida das pessoas um pouco melhor.
b. Quando você sai, as pessoas devem sentir a sua falta.
1. Devemos deixar o lugar de onde estamos saindo, bem melhor do que quando
entramos.
2. As pessoas precisam sentir prazer de ter você por perto.
3. Tem gente que quando está num ambiente carrega aquele ambiente.
Reclamam, falam de seus problemas, deixam os outros tristes, chateados ou
preocupados. Que você nunca seja assim!

C. Nossa vida ganha mais sentido quando somos úteis às pessoas.


a. É importante demonstrarmos para as pessoas que alguém se importa com elas.
1. Talvez para você aquilo não signi que muita coisa, mas para esta pessoa, fez
toda a diferença no dia dela, é o que as mantém rmes e as incentiva a
continuar.
2. Uma pessoa que vive sozinha disse certa vez que, a melhor coisa de vir aos
cultos na igreja é que ela sabe que, pelo menos uma vez na semana, ela irá
ganhar alguns abraços!
3. Muitos de nós ganhamos abraços o tempo todo. Mas isso pode não ser verdade
para muita gente.
b. Perceba mais, repare mais, nas pessoas que passam pelo seu caminho. Deus nunca
coloca ninguém no nosso caminho por acidente.
1. Mesmo aquelas pessoas sorridentes precisam de gentileza.
2. Alguns deles estão escondendo sua dor por detrás daquele sorriso.
3. Somos canais de Deus no dia a dia. Existe cura em nossa voz, no nosso sorriso,
no nosso abraço. Somos abençoadores de vidas, as mãos de Deus aqui na terra,
são as nossas mãos. Os abraços que Deus quer dar em alguém será o nosso
abraço. A voz encorajadora que Deus quer falar a alguém, ele o fará através de
nós, como se fôssemos seus profetas!
c. Você tem o seu jeito de ser, talvez nem seja tão sorridente como alguns e nem
consiga puxar assunto com ninguém. Talvez você seja tímido o bastante para não
chamar a pessoa do crachá pelo nome. Mas, Deus pode te usar do jeito que você é,
se você se dispor a ser usado por Deus na vida das pessoas.

D. Não seja egoísta. Não viva só para si mesmo.


a. Viva também para abençoar vida de muitas pessoas.
1. A razão de muita gente estar insatisfeita com sua vida pessoal, é que eles não
fazem nada pelos outros. Gastam as suas vidas somente consigo mesmos. Auto
consomem tudo aquilo que eles produzem.
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2. Use do seu tempo elogiando as pessoas. É um esforço tão pequeno, e que
produz um resultado tão grande!
b. Fale bem, bendiga, abençoe. Seja esposa, marido, lhos, seus amigos, gente que
você conhece e aos desconhecidos que aparecem no seu caminho.
1. Enquanto te falo essas coisas, quem o Espírito Santo está trazendo em sua mente
nesse momento?
c. Preste atenção aos detalhes
1. As pessoas sempre têm algo de bonito nelas para ser observado. Seja o cabelo,
o estilo pessoal, o jeito, o comportamento. Sempre precisamos procurar o que
existe de bom nas pessoas.
2. Mas, a nossa tendência é de sempre notar o feio: o corte de cabelo que não
cou legal, a roupa que não lhe caiu muito bem, se engordou demais, se
emagreceu demais.
3. Toda pessoa tem algo de belo nela!
4. Quando nos acostumamos a sempre procurar beleza nas pessoas, começamos a
reparar coisas bonitas que ninguém repara: o botão da camisa, um brinco
discreto, as unhas pintadas, o sapato legal que o cara está usando, o corte novo
na barba, o relógio.
d. Ao dizer para a pessoa que você notou, faz a pessoa se sentir melhor.
1. Por que eu estou dizendo para você falar para a pessoa? Porque se car só nos
nossos pensamentos, não irão abençoar a ninguém.
2. Para sua observação abençoar e motivar a alguém, é preciso sair de seus
pensamentos e se expressar em suas palavras.
e. Amar é assim: É algo demonstrado em atitudes gentis.
1. Que tal começar hoje a pensar em uma coisa boa a cerca das pessoas que estão
ao seu redor, com as quais você vive, trabalha ou são seus amigos, e começar a
dizer isso para elas?
2. Se você conhece bem a pessoa, seja mais profundo, uma análise de um traço
marcante de seu caráter: Eu admiro sua honestidade, sua sinceridade, seu senso
de humor, sua fé, sua generosidade.
f. As pessoas precisam muito de incentivo hoje em dia.
1. Críticas e críticos é o que não faltam hoje em dia, e a internet deu voz a essa
turma: gente que só gosta de criticar, falar mal, colocar um porém. Gente
maldosa!
2. Gente incentivadora ainda é a minoria. Quero te chamar a fazer parte dessa
pequena turma.
3. Use a mesma internet para incentivar pessoas, falar bem dos outros.
4. Use o que estiver à sua mão, para ser um instrumento de paz, de incentivo, ser
um instrumento de Deus na vida das pessoas.
5. Não perca seu tempo discutindo com pessoas que gostam de brigas.
6. Mantenha-se longe dos briguentos, e socorra as vítimas que eles deixam pelo
caminho.
g. Jesus nos mostrou que o que vale na vida é o amor.
1. A única maneira de demonstrar amor é através das nossas ações.
2. Por isso, quando se trata de amar a Deus, a Bíblia nos ensina claramente que
esse amor só se demonstra quando a gente ama a outras pessoas.
3. Quando amamos a Deus, amamos as pessoas;
quando amamos as pessoas, estamos demonstrando o nosso amor a Deus.

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6. Apêndice
A. Tradição da Igreja quanto a João em Éfeso.
a. Trecho do Livro História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia (325 e.c.), Livro
Terceiro, Capítulo 39 sobre os escritos de Papias de Hierápolis (60-130 e.c.),

1. Das obras de Papias conhecem-se livros intitulados Exegeses das palavras do


Senhor, em número de cinco. Irineu os mencionou como constituindo os únicos
escritos de Papias, nestes termos: “Papias, ancião, também ele ouvinte de João e
companheiro de Policarpo, atestou por escrito no quarto de seus livros. De fato,
existem cinco livros elaborados por ele”. Assim fala Irineu.

2. Entretanto, Papias, no prefácio de seus livros, não se apresenta jamais como


ouvinte ou espectador dos santos apóstolos, mas informa ter recebido os
ensinamentos relativos à fé por meio dos que os haviam conhecido. Diz
textualmente:

3. “Em teu favor, não hesitarei em editar às minhas explanações o que aprendi
outrora dos presbíteros e cuja lembrança guardei elmente, a m de corroborar
a manifestação da verdade. Efetivamente, não aprecio os que falam muito,
como acontece à maioria dos homens, e sim os que ensinam a verdade; nem
junto dos que relembram preceitos estranhos, e sim junto dos que comemoram
os mandamentos do Senhor impostos aos éis e nascidos da própria verdade.

4. No entanto, se vinha a determinado lugar algum dos companheiros dos


presbíteros, informava-me sobre as palavras dos presbíteros: o que dissera André
ou Pedro, ou Filipe, ou Tomé, ou Tiago, ou João, ou Mateus, ou qualquer outro
dos discípulos do Senhor; o que dizem Aristion e o presbítero João, discípulos
do Senhor. Não pensava serem tão úteis dos ditos provenientes dos livros
quanto o que deriva de uma palavra viva e permanente.”

5. Neste memo ponto, seria oportuno notar que Papias enumerava duas vezes o
nome de João, a primeira das quais entre Pedro, Tiago, Mateus e os outros
apóstolos, e indica evidentemente o evangelista; quanto ao outro João, ele
interrompe a enumeração e entre outros coloca-o, fora do número dos
apóstolos. Aristion o precede e ele é designado claramente como presbítero.

6. Por conseguinte, as próprias palavras demonstram ser verdadeira a opinião de


ter havido na Ásia dois homens com este nome, e existem, efetivamente, em
Éfeso, dois túmulos que ainda agora são ditos túmulos de João. Importa dar
atenção ao fato, pois é verossímil ter sido o segundo João, se não se quiser
admitir que foi o primeiro, o vidente da revelação transmitida sob o nome de
João.

7. Papias, de quem nos ocupamos agora, reconhece ter recebido as palavras dos
apóstolos por meio dos que com eles conviveram; declara, além disso, ter sido
ele mesmo ouvinte de Aristion e do presbítero João. De fato, cita-os com
frequência nominalmente em seus escritos, referindo as palavras que
transmitiram.

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b. No livro "Contra as Heresias" de Irineu, o autor faz referência ao apóstolo João e
sua atuação em Éfeso em diferentes partes de sua obra, ao longo de vários
capítulos. Algumas das passagens em que Irineu menciona João em Éfeso incluem:

1. Livro III, Capítulo 3, onde Irineu fala sobre a ordem dos bispos em várias igrejas
e menciona que João, o discípulo do Senhor, permaneceu em Éfeso.
2. Livro III, Capítulo 4, onde Irineu menciona que João, o discípulo do Senhor,
estava em Éfeso, onde viveu até o reinado de Trajano (98 a 117 e.c.).
3. Livro V, Capítulo 33, onde Irineu novamente menciona que João, o discípulo do
Senhor, estava em Éfeso e que ele teve discípulos que continuaram seu
ensinamento.

c. Em sua obra "História Eclesiástica", Eusébio de Cesareia faz referência a João em


Éfeso em vários capítulos. Aqui estão algumas das passagens relevantes:

1. Livro III, Capítulo 23: Eusébio relata que João, um dos apóstolos, permaneceu
em Éfeso após o exílio de Patmos e cuidou das igrejas na Ásia Menor. Ele
menciona que João era uma testemunha ocular de Jesus e descreve seu
ministério em Éfeso.
2. Livro III, Capítulo 31: Neste capítulo, Eusébio menciona que o apóstolo João, ao
retornar de Patmos, estabeleceu sua residência em Éfeso e supervisionou as
igrejas na região.
3. Livro III, Capítulo 39: Aqui, Eusébio menciona que o apóstolo João viveu até o
reinado de Trajano, o que indica sua permanência em Éfeso por um longo
período.
4. Essas são apenas algumas das passagens onde Eusébio de Cesareia menciona
João em Éfeso. Ele aborda o assunto em vários pontos ao longo de sua obra
"História Eclesiástica" enquanto discute a história do cristianismo primitivo.

B. Algumas observações quanto ao autor do Evangelho de João


a. Foi uma testemunha ocular
b. O autor era um judeu, que conhecia bem os costumes judaicos e a geogra a da
palestina.
c. No entanto, parece ser um judeu de Jerusalém, pois as citações sobre a Galiléia são
com poucos detalhes, enquanto as citações das imediações de Jerusalém são
detalhadas quanto ao templo, as aldeias ao redor, as distâncias entre as aldeias, e as
travessias de certos riachos e visitas a jardins, tudo isso indica um conhecimento
pessoal e especial da área de Jerusalém, que di cilmente um pescador da Galiléia
teria tido.
d. Como é dito que os apóstolos iniciais eram homens sem cultura (Atos 4:13),
di cilmente um deles, como João, o pescador, teria escrito com perfeição de uso
do grego, não sendo essa sua primeira língua.
e. Os discursos abstratos e metafísicos que aparecem no texto, não são familiares com
textos do Antigo Testamento nem da cultura hebraica. O escritor tinha um grande
conhecimento da cultura grega e a ideia do Logos.
f. Nos resta a concluir que a origem do Evangelho, são as memórias do apóstolo João,
escritas por um de seus discípulos em seu nome, sendo revisada mais tarde por um
grupo de presbíteros da Escola de Éfeso, testi cando que suas palavras são
verdadeiras.

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