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FON 080 – AASI

e tecnologias
auxiliares de
audição
Profa Dra Luciana Macedo de
Resende
UFMG
Objetivos de aprendizagem
Ao final da aula espera-se que os alunos:

- Compreendam o que é AASI, quais os seus principais componentes e


características eletroacústicas
- Conheçam a evolução histórica da amplificação sonora individual
- Compreendam as diferenças das tecnologias de AASI (do analógico ao
digital)
- Conheçam as dificuldades auditivas relacionadas às perdas auditivas
permanentes
Próteses Auditivas - AASI
Uma prótese auditiva (um aparelho de
amplificação sonora individual) é um
sistema que capta o som do meio
ambiente, aumenta sua intensidade e
o fornece, amplificado ao usuário.

Audição e perda auditiva:


características particulares –
modificações do som para melhor
adequação
Tipos de Próteses Auditivas - AASI
RETROAURICULAR:

Retroauricular – BTE

Receptor no Canal – RIC (RITE)

Adaptação aberta (Opn)

INTRA AURAL :

Intraauricular (ITE) – concha

IntraCanal (ITC) – MAE

Microcanal (CIC)

Invisível no canal (IIC)


Próteses Auditivas - AASI
Componentes básicos:

Microfone

Amplificador

Receptor
Transdutor de entrada –
converte energia sonora em
energia elétrica

Microfones
Apresenta uma resposta de
frequência variável que
influencia no resultado da
amplificação
Microfones:

Convertem som em eletricidade

transdutor

eletreto – diafragma – back-plate

microfone de silicone

resposta de frequência dos microfones

imperfeições dos microfones: sensíveis à exposição a agentes químicos adversos, vibrações, ruído

microfones direcionais
Microfones:

 Nos microfones direcionais a resposta varia de acordo com o


ângulo de incidência da onda sonora, sensibilidade de 15 a 20
dB para sons frontais (45º )

 De acordo com a resposta de freqüência: resposta plana,


rampa, meia rampa.
Microfones:

a) Microfone omnidirecional
b) Microfone direcional
c) Omni e direcional
Microfones:

O padrão direcional percebe com


sensibilidade reduzida o ruído que vem de
trás do usuário.
Microfones:

A sensibilidade a frequências baixas dos


padrões direcionais é bem menor do que
o equivalente omnidirecional.
Microfones:
Amplificadores: Amplificam o sinal elétrico
que foi digitalizado

Receptor: trandutor de saída, converto sinal


elétrico em energia sonora (já amplificada,
Amplificador e modificada)

receptor Conversor analógico digital, filtros,


conversor digital analógico

Baterias: energia para o sistema funcionar


Amplificadores:

aumentam o sinal elétrico (intensidade)

tecnologia – transistor, circuito integrado

desempenho: PC e distorção

amplificadores de saída: classe A, B (push-pull), D e H

amplificadores de compressão: AGC, AVC


Amplificadores:

circuitos digitais

 conversores analógico-digitais
 processadores de sinal digitais
 conversores digitais-analógicos
Receptores

Alto falante

Transforma o sinal elétrico em onda sonora amplificada

Transdutor de saída
Componentes das próteses auditivas

 Acoustic Dampers
 Telecoils
 Entrada de audio
 controles remotos
 condutores ósseos
 baterias
AASI – Características Eletroacústicas

SAÍDA MÁXIMA GANHO RESPOSTA DE DISTORÇÃO


(SSPL) ACÚSTICO FREQUÊNCIA HARMÔNICA
AASI – Características
eletroacústicas

Saída máxima

 SSPL – saturation sound pressure level

 O máximo nível de pressão sonora que


a prótese é capaz de produzir
AASI – Características
eletroacústicas

Ganho acústico

 Diferença entre o sinal acústico de


entrada e o de saída
 Quantidade de amplificação
fornecida pela prótese auditiva
 Full-On Gain = controle de volume
(ganho máximo produzido pela
prótese)
AASI – Características
eletroacústicas

Resposta de frequência

 Curva que expressa o ganho por


frequências de uma prótese, um
ganho de referência
Faixa de frequência
Espaço na curva em que a prótese
oferece ganho (veja o gráfico)
Distorção Harmônica

 O som que sai da prótese difere do


som que entrou AASI – Características
eletroacústicas
 Distorção harmônica se refere às
frequências presentes na saída que
são múltiplas das que entraram
 É medida em 500, 800 e 1600Hz
 Expressa em porcentagem (quanto
maior a porcentagem, maior a
distorção - <15%)
Medidas Físicas Básicas

 Freqüência – quantas vezes por segundo uma onda sonora


alterna da pressão positiva para a negativa e de volta ao
início. É medida em ciclos por segundo ou Hertz.

 Período – tempo levado por uma onda sonora repetitiva para


completar um ciclo. É medido em segundos ou milisegundos
e é igual a um dividido pela freqüência.

 Comprimento de onda – distância que uma onda sonora


percorre durante um período da onda. É medido em metros e
é igual à velocidade do som (no ar = 345m/s) dividida pela
freqüência do som.
Medidas Físicas Básicas

 Difração – a forma através da qual uma onda sonora é


alterada por um obstáculo.

 Pressão – quanta força por unidade de área uma onda


sonora exerce sobre qualquer coisa que se coloca no
caminho, como o tímpano. Medida em Pascals (Pa)

 Nível de pressão sonora – é o número de dBs pelo qual


qualquer pressão sonora excede a pressão de referência
(arbitrária e universalmente aceita) de 2.10-5 Pa. É igual a 20
vezes o logaritmo da razão da pressão sonora à pressão
sonora de referência. Quando a pressão dobra, o NPS
aumenta 6 dB; quando a pressão aumenta 10 vezes, o NPS
aumenta 20 dB.
Medidas Físicas Básicas

 Espectro – descreve a mistura de tons puros que, quando juntos, produzem um som
complexo particular em um tempo específico. Espectro e onda sonora são duas formas
diferentes de descrever o mesmo som.

tom complexo periódico – harmônicos (componentes do tom puro)


Medidas Físicas Básicas

 Bandas de oitava e bandas de 1/3 de oitava


– são regiões de freqüência com a largura de
uma oitava e 1/3 de oitava respectivamente.
Uma oitava corresponde a dobrar uma
freqüência (origem na música)

 Bandas críticas – regiões de freqüência em


que os ouvidos agrupam sons de diferentes
freqüências
Medidas Físicas Básicas

 Impedância – qual a facilidade de um meio vibrar quando uma


pressão sonora é aplicada – resistência à passagem do som.
Perspectiva histórica da amplificação
sonora para perdas auditivas
Nos primórdios: mão em concha atrás da orelha (117-135 d.C.)
Amplificação útil na faixa entre 1 e 3 KHz
Era Séc.XIII – cornetas acústicas de origem anima
acústic
a Séc.XVII – cornetas acústicas manufaturadas
pelo homem (1683)

Séc.XVIII – aparelhos acústicos patenteados

Séc.XIX – após 1876 (invenção do telefone – A


1ª prótese elétrica
Era do - 1878 - transmissores de carbono
Carbono - 1896 – sistema desenvolvido por Bell para
pessoas com deficiência auditiva com microfon
de carbono: Próteses auditivas de carbono

A partir da década de 40, início da fabricação d


próteses auditivas a válvula (maior ganho acú
Microfone de cristal, mic magnéticos

Era da
Válvula 1947: Transistor
(menor e mais eficiente que a válvula)
Próteses em haste de óculos
Próteses de caixa ou convencionais
Próteses retroauriculares Era do
Transistor
Mic de cerâmica

Déc 60 – Próteses intra aurais AASI


retroauricul
1971 – Mic Eletreto ar 1956

Déc 80 – evolução tecnológica dos


Amplificadores (K-Amp)

Déc 90 – Próteses digitais


Era
Séc XXI – Nanotecnologia, Nanotecnolog Digital
miniaturização, ia
descartáveis,
recarregáveis, Hearables
receptor no canal,
Wireless tech ... OTC
Era Acústica

 Mão atrás da orelha – 5 a 10dB de ganho nas médias e altas


frequências, sistema de redução de ruído
 Cornetas acústicas – funis – objetivo de ter um final alargado para
captar o máximo de som possível
 “speaking tube”
A era acústica não terminou.
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era acústica
Era do Carbono

 Uma prótese auditiva de carbono, na sua forma mais simples, consiste de


um microfone de carbono, uma bateria de 3 a 6 volts e um receptor
magnético, todos conectados em séries.
 Amplificador de carbono
 Na era do carbono emergiu a ideia de amplificar diferentes frequências
com diferentes quantidades, para se adequar à perda auditiva
 Também nesta era surgiram os equipamentos auxiliares de audição.
Era do carbono
Era do tubo a vácuo (válvula)

 Inventado em 1907 e utilizado nos AASIs a partir de 1920


 Permitiu que uma pequena voltagem, vinda do microfone, controlasse as
flutuações em grande corrente elétrica
 Aumentou a capacidade de amplificação dos aparelhos auditivos
(combinação de vários tubos a vácuo em sucessão permitiu a fabricação
de amplificadores potentes – ganho de 70dB e saída de 130dBNPS)
Era do tubo a vácuo (válvula)

 Melhora da resposta de frequências


 Tamanho dos aparelhos ainda era grande – uso de duas baterias para funcionar – uam
para aquecer os filamentos dos tubos e outra para os amplificadores.
 A partir de 1944 foi possível fazer o aparelho em uma unidade apenas – combinação de
baterias, microfone e amplificador: próteses de caixa, convencionais
 Também nesta era foram desenvolvidos: a ventilação dos moldes, microfones magnéticos
e pizoelétricos e amplificação com compressão.
Era do tubo a vácuo (válvula)
Era do transistor

 Disponível comercialmente em 1952


 Redução drástica no tamanho das baterias
 Transferência do uso dos aparelhos para a região da cabeça – vantagens:
eliminação dos ruídos provocados pelas roupas e atrito, balanço tonal dos
sons de diferentes direções, aparelhos binaurais
 Aparelhos em haste de óculos
 Aparelhos retroauriculares
 Aparelhos intraurais
(redução constante dos dispositivos dos AASIs)
Era do transistor

 Evolução na tecnologia dos microfones – eletreto


 Redução do volume dos receptores e microfones
 Década de 80, intra aurais: intra auricular, intra canal
 Década de 90: microcanais (CIC)

 Vantagens: baterias de zinco-ar, melhora da filtragem sonora e processamento


multicanal, potenciômetros em miniatura, transmissão wireless, amplificadores classe D,
melhora da compreensão acerca dos moldes e conchas acústicas, uso simultâneo de
dois microfones (direcionalidade).
Era do transistor
Era do transistor
Era Digital

 Circuitos digitais passaram a incorporar os controles dos aparelhos


 Pesquisas sobre o processamento digital iniciou na década de 60 nos Laboratórios Bell
 Aparelhos híbridos – programáveis
 Primeiro aparelho totalmente digital: 1996 (todos os modelos)

 Vantagens: maior flexibilidade dos controles, manipulação automática inteligente das


características eletroacústicas, redução do feedback acústico, redução do tamanho.
Era digital
Evolução tecnológica dos AASI
AASI analógico  Uso da eletrônica convencional

 Onda elétrica análoga a onda sonora


AASI programável Uso de duas tecnologias combinadas

Circuito digital interno e programador externo


AASI digital Microprocessador interno

Processamento de sinal digital


Indicação de AASI
Quem é candidato ao uso de um AASI?
Seleção do AASI
Qual o dispositivo indicado a cada caso?
Quais as características dos AASI?
Adaptação do AASI
Como é o processo de adaptação, o trabalho fonoaudiológico com
pessoas usuárias de dispositivos de amplificação sonora?
Etapas da seleção e adaptação de próteses auditivas
(ASHA, 1997)

1. avaliação do candidato
2. planejamento da intervenção e identificação das dificuldades e
necessidades auditivas individuais
3. seleção das características físicas e eletroacústicas das próteses
auditivas
4. verificação do desempenho das próteses auditivas
5. orientação e aconselhamento do paciente quanto ao uso da prótese
6. validação – impacto da intervenção na percepção da incapacidade de
do handicap
Princípios gerais na seleção, indicação e adaptação de próteses
auditivas

Objetivos:
• amplificação sonora, adequada e satisfatória, dos sons da fala, sons
ambientais, sinais de perigo e alerta,
• melhora da qualidade de vida do deficiente auditivo,
• facilitação da educação e desenvolvimento psicossocial e intelectual
do deficiente auditivo.
Princípios gerais na seleção, indicação e adaptação de próteses
auditivas

Critérios na escolha das próteses auditivas:


• Preferência individual
• Características da perda auditiva (grau, tipo, etc)
• Tamanho e forma do MAE
• Destreza/ habilidade manual do usuário
• Ocupação e estilo de vida
• Idade e experiências anteriores
• Custo
Adaptação binaural X monoaural

Vantagens da adaptação binaural:


• Melhor localização do som
• Somação binaural
• Eliminação do efeito sombra da cabeça
• Melhor reconhecimento de fala no ruído
Contra-indicação específica:
• Assimetria entra as orelhas (perdas)
Desvantagens:
• Custo
• Estética
Conceitos Introdutórios
Dificuldades presentes na perda auditiva permanente (DANS)
Redução da audibilidade

 Configuração audiométrica

 Grau da perda auditiva

 Sons suaves, sons intensos

 Audibilidade dos fonemas

 Mascaramento dos formantes

 “Eu escuto mas não entendo as palavras”


Redução do campo
dinâmico

Campo dinâmico reduzido


(Faixa dinâmica da audição)

recrutamento – UCL / MCL


Redução do campo
dinâmico
 separar sons de diferentes
Resolução de frequência freqüências – tonotopia coclear –
reduzida percepção auditiva (áreas definidas
(seletividade de frequência) de atividade cortical) – pior
discriminação de frequências,
redução da habilidade em
diferenciar vozes
Ex.: fala no ruído, mascaramento dos
formantes

Obs.: ruído interno dos AASI


 flutuação dos sons – intensidade,
tempo
Prejuízo da resolução
temporal  pior nas perdas auditivas em altas
frequências – interferência no
reconhecimento de consoantes
(mascaramento temporal)
 concentração de energia – elevados
NPS e sons graves – dificuldade de
escutar no ruído
 detecção de intervalos
Para a próxima aula  Leitura: Tratado de audiologia ABA – cap.33

 Quiz – 5 questões

 Sugestão de site: vídeo da Starkey legendado sobre os tipos de AASI

https://www.starkey.com.br/aparelhos-auditivos/aparelhos-auditivos-intracanal

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