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Estudo Dirigido
Texto de referência:
Casara, Rubens R. R. Estado pós-democrático: neo-obscurantismo e gestão dos
indesejáveis. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
Questões
3. O que há de novo?
Segundo Casara, a indicação de que o Estado Democrático de Direito foi
ultrapassado não decorre da transgressão das restrições ao exercício do poder,
mas sim da completa ausência de intenção em fazer cumprir esses limites. Os
princípios do Estado Democrático de Direito já não conseguem mais restringir
efetivamente o exercício do poder na prática.
Após a derrota política e militar dos Estados Fascistas e a percepção por parte do
capitalismo de que o fascismo clássico já não servia mais aos objetivos imediatos
do projeto capitalista, voltou-se a investir em um modelo de Estado que fosse
caracterizado pela existência de restrições ao exercício do poder, ou seja, o Estado
Democrático de Direito. A ênfase foi então colocada nas limitações impostas ao
exercício de poderes (poderes que poderiam ser prejudiciais ao projeto
capitalista), entre os quais se destacavam os direitos fundamentais. No entanto, é
importante notar que a construção da categoria "direitos fundamentais" muitas
vezes é romantizada, sem levar em conta tanto a sua origem eurocêntrica quanto
a sua funcionalidade política nessa formulação. Essa aposta, no entanto, revelou-
se inadequada à luz do projeto de exploração capitalista, uma vez que os direitos
fundamentais passaram a representar obstáculos ao poder econômico. Como
resultado, a lógica neoliberal, uma nova forma de governança das economias e das
sociedades baseada na ampla disseminação do mercado e na liberdade irrestrita
do capital, conduziu à emergência do Estado Pós-Democrático de Direito.