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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

COLÉGIO TÉCNICO NA UNIVERSIDADE RURAL


CURSO TÉCNICO EM AGROECOLOGIA
TURMA 15 / 2024 - CONCOMITÂNCIA EXTERNA

DISCIPLINA DE CULTURAS ANUAIS


PROFº DRº VALDEMIR LUCIO DURIGON

AMENDOIM - Arachis Hypogaea L

DISCENTES:
ANTONIO MÁXIMO COSTA SANTOS - 20243000196
GABRIEL RODRIGUES LIMA - 20243000220
J. VIKTOR VALENTE DE MORAES - 20243000070

Seropédica - UFRRJ
2024
AMENDOIM - Arachis Hypogaea L

ANTONIO MÁXIMO COSTA SANTOS - 20243000196


GABRIEL RODRIGUES LIMA - 20243000220
JOÃO VIKTOR VALENTE DE MORAES - 20243000070

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 3
2. DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................3
2.1. Origem...........................................................................................................................3
2.2. Importância Econômica.................................................................................................4
2.3. Importância Nutricional................................................................................................ 6
2.4. Classificação Botânica.................................................................................................. 8
2.5. Descrição da Cultura..................................................................................................... 8
2.6. Variedades..................................................................................................................... 9
2.7. Exigências Edafoclimáticas - Solo e Clima.................................................................. 9
2.8. Espaçamento e Densidade de Plantio..........................................................................13
2.9. Exigências Nutricionais e Adubação...........................................................................14
2.10. Principais Doenças e Pragas......................................................................................14
2.11. Colheita......................................................................................................................16
2.12. Beneficiamento e Utilização pelo Homem................................................................16
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ 17
3.1. Considerações - Antônio Máximo Costa Santos.........................................................17
3.2. Considerações - Gabriel Rodrigues Lima................................................................... 17
3.3. Considerações - J. Viktor Valente de Moraes..............................................................17
4. REFERÊNCIAS................................................................................................................. 17
1. INTRODUÇÃO
Parte da família das leguminosas, pertencente à subfamília das papilionáceas, o
amendoim - nome científico Arachis Hipogaea L. - é originário da América do Sul. No
território brasileiro é uma das oleaginosas mais cultivadas, já em escala mundial a produção
desta cultura se destaca junto da soja e do feijão, principalmente por sua utilização na
produção de grãos, óleos, farelos e outros (FERRARI NETO, et al. 2012. p. 2).
Suas sementes, são produzidas abaixo da superfície do solo, podendo estas serem
consumidas cruas, com grande teor nutritivo e de fácil digestão. As propriedades de tal planta
proporcionaram seu uso pelo homem pré-histórico, antes mesmo do conhecimento da
cerâmica ou do domínio do fogo (FREITAS, et al. 2003. p. 6).

2. DESENVOLVIMENTO
Freitas et al (2003), apresentam uma breve linha do tempo referente aos estudos
botânicos ligados ao amendoim, tendo sua primeira descrição realizada por Lineu no ano de
1753. Em 1841, Bentham verificou a existência de algumas espécies diferentes da que havia
sido estudada por Lineu, logo, as descreveu como espécies silvestres do amendoim. Os
autores ainda perpassam quanto a identificação de uma ampla variação morfológica entre as
plantas desta cultura, terem incentivado a necessidade da subdivisão em subespécies e
variedades que foi proposta por Krapovickas no ano de 1995 (FREITAS, et al. 2003. p. 6).
Possuindo alto valor nutritivo, além da sua relevância econômica, as sementes podem
ser processadas, inseridas e utilizadas diretamente na alimentação humana, seja através da
produção de conservas, doces e outros itens alimentícios, como também para a produção de
biodiesel.

2.1. Origem
Tem como estimativa de origem no período entre 3.500 a 9.400 anos atrás, na região
compreendida pelo Noroeste da Argentina e Sudoeste da Bolívia, os primeiros relatos do
cultivo foram feitos nos séculos XVI e XVII por colonizadores espanhóis e europeus,
registrando a presença de tal produto nas roças indígenas em diversas regiões da América do
Sul. Por se tratar de um alimento saboroso e de fácil transporte e armazenamento, além da
possibilidade de consumo in natura, tais aspectos podem ter fundamentado sua domesticação
no continente da Sul Americano, como apresenta a obra “Brasil - 50 Alimentos”
(EMBRAPA, 2023), ao tratar sobre o Amendoim..
Os primeiros estudos científicos referentes ao Amendoim, não conseguiam estimar de
forma unânime a origem da espécie. Enquanto alguns apresentavam a origem de tal planta no
Continente Americano, outras indicavam a origem no Continente Asiático. Porém,
atualmente sabe-se que a origem deste é Sul Americana, possuindo mais de 80 espécies
silvestres, anuais e perenes, conforme Freitas (2003) apresenta em seu estudo.
Com fundamentação em achados arqueológicos que datam de mais de 3.700 anos, a
grande relevância do gênero Arachis na dieta pré-colombiana é apresentada. O registro
arqueológico mais antigo do amendoim, faz referência a um material encontrado em
abundância na região da costa árida do Peru, especificamente a partir do denominado Período
Inicial - de 3.800 a 2.900 A. C. - além de apresentar um cultivo ocorrente nas populações
indígenas atuais (FREITAS, et al. 2003. p. 6).

2.2. Importância Econômica


Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, apresentam um
aumento significativo no rendimento médio da produção de Amendoim no Brasil ao longo
dos anos. Em 1974, o rendimento médio apresentado era de 1.212 kg por hectare, em
contrapartida no ano de 2014 tal valor foi de 2.817 kg por hectare. No quadro abaixo, serão
apresentados os dados referentes ao rendimento médio da safra de Amendoim que foram
colhidos da obra “Brasil - 50 Alimentos” de autoria da EMBRAPA (2023).

Figura XX - Rendimento Médio da Cultura do Amendoim (1974 a 2021)

Fonte: EMBRAPA, 2023. p.44. Adaptado da ABICAB (2021) e IBGE (2021).


Para uma melhor compreensão da importância econômica da cultura do amendoim,
buscando observar o crescimento de sua produção em território nacional, em pesquisa foi
encontrada como fonte a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB, empresa pública
vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Tal companhia,
instituída por meio da Lei Nº 8.029, de 12 de abril de 1990, foi criada a partir da fusão de três
empresas públicas: a Companhia de Financiamento de Produção - CFP (instituída pelo
Decreto-Lei Nº 5.212/1943); a Companhia Brasileira de Alimentos - COBAL (instituída pela
Lei Delegada Nº 06/1962); e a Companhia Brasileira de Armazenamento - CIBRAZEM
(instituída pela Lei Delegada Nº 07/1962).
A CONAB teve suas atividades iniciadas no dia 1º de Janeiro de 1991, possuindo
atualmente superintendências distribuídas por todos os 26 estados e no Distrito Federal, e tem
como missão o provento de inteligência agropecuária, além de participar no processo de
formulação e execução de políticas públicas. Tal empresa fornece informações detalhadas e
atualizadas sobre a produção agrícola e pecuária em território nacional, através de
levantamentos de diversos dados associados ao processo de produção destas áreas.

Quadro XX - Produção do Amendoim no Brasil


Área Plantada Produtividade
Safra
(hectares) (toneladas)
2012/2013 96.600 ha 326.411 t
2013/2014 105.300 ha 315.800 t
2014/2015 108.900 ha 346.800 t
2015/2016 119.600 ha 406.161 t
2016/2017 129.300 ha 466.200 t
2017/2018 139.300 ha 511.500 t
2018/2019 146.800 ha 557.500 t
2019/2020 160.500 ha 597.100 t
2020/2021 165.600 ha 596.900 t
2021/2022 200.100 ha 746.700 t
2022/2023 220.000 ha 893.000 t
Fonte: Dos Autores, 2024. Com base nos Boletins de Safras da CONAB.
Cabe destaque ao fato dos quantitativos de Área Plantada terem apresentado um
aumento de 227% ao longo dos 11 períodos analisados, já os valores relacionados à
Produtividade alcançaram um aumento de 273% no mesmo período. Neste caso, para uma
melhor compreensão do aumento destes quantitativos referentes à cultura do Amendoim em
território brasileiro, abaixo será apresentado um gráfico de linhas com os dados de Área e
Produtividade acima descritos.

Figura XX - Gráfico de Comparação da Safra do Amendoim (2012 a 2023)

Fonte: Dos Autores, 2024.


Com base nos Boletins de Safras da CONAB.

2.3. Importância Nutricional


Considerando os achados de Bulgarelli (2008), a importância nutricional associada ao
amendoim, se intensifica pelo fato dos grãos além de possuírem um agradável sabor, terem
em sua composição cerca de 50% de óleo e até 30% de proteína. Possui alto valor energético,
apresentando 585 calorias em uma porção de 100 gramas, além de ser fonte de carboidratos,
sais minerais, vitamina E e de complexo B.

O sabor agradável torna o amendoim um produto destinado ao consumo “in natura”,


aperitivos salgados, torrados e preparados de diversas formas, e, na indústria de
doces, como grãos inteiros com diversas coberturas ou grãos moídos na forma de
paçocas ou substituindo a castanha de caju em cobertura de sorvetes. Além do
consumo “in natura”, os grãos também podem ser utilizados para a extração do
óleo, empregados diretamente na alimentação humana, na indústria de conservas
(enlatados), em produtos medicinais, na indústria de tintas e tem potencial na
produção de biodiesel (GODOY et al., 1982. in BULGARELLI, 2008. p. 2)

Embora o produto possua alto valor calórico, o mesmo não apresenta colesterol, tendo
ainda em sua composição fitoesteróis de origem vegetal que além de não ser produzida pelo
corpo humano, possui capacidade de diminuir os níveis de LDL (colesterol ruim) do sangue.
Com grande teor de gorduras insaturadas, que auxiliam na diminuição do colesterol, na perda
de peso, na ativação do metabolismo e na estabilização do nível de açúcar presente no
sangue, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e
Balas - ABICAB (2024).
A ABICAB no ano de 2001, criou a iniciativa pioneira do Programa Pró-Amendoim,
que visa a auto regulamentação e expansão do consumo, buscando monitorar a contaminação
de aflatoxinas na etapa de processamento. Tal programa certifica a qualidade dos produtos
através do selo Amendoim de Qualidade - ABICAB (EMBRAPA, 2023. p. 46).

Figura XX - Selo Amendoim de Qualidade - ABICAB

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas, 2024.

2.4. Classificação Botânica


Arachis hypogaea L., é pertencente à família Leguminosae, popularmente conhecido
como Amendoim, uma espécie herbácea anual que tem sua classificação botânica apresentada
da seguinte forma:
O amendoim cultivado, Arachis hypogaea L., é uma dicotiledônea, pertencente à
família Leguminosae, subfamília Faboideae, gênero Arachis. Esta espécie é
subdividida em duas subespécies, Arachis hypogaea L. subespécie hypogaea, cujos
genótipos pertencem ao grupo Virgínia e Arachis hypogaea L. subespécie fastigiata,
com os genótipos pertencentes aos grupos Valência e Spanish. (JUDD, et al. 1999.
in BULGARELLI, 2008. p. 3)

Conforme dados taxonômicos obtidos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2024)


através do sistema “Flora e Funga do Brasil”, tal gênero tem sua descrição dada como ervas
de ciclo anual, com eixo central ereto, apresentando às vezes a característica de ser longo e
sinuoso, que desenvolve ramificações de primeira, segunda e terceira ordens, ou até
apresentar crescimento indefinidamente continuado a partir da produção de estolhos ou
rizomas.

Erva cultígena de ciclo de vida anual. Eixo central ereto a prostrado, com (subsp.
hypogaea) ou sem (subsp. fastigiata) flores. Ramificações primárias dando origem a
ramos vegetativos ou reprodutivos ao longo de seu comprimento, regularmente
alternados dois a dois (subsp. hypogaea) ou com arranjo sequencial dos ramos
reprodutivos, sem alternância regular (subsp. fastigiata). Frutos (vagens) sem istmo
entre artículos, eventualmente com constricção perceptível entre as sementes, com
duas, três ou quatro, eventualmente cinco sementes, raramente apenas uma.
Epicarpo com reticulação desde muito marcada até ausente, eventualmente com
costelas longitudinais muito destacadas. Características morfológicas típicas das
subespécies e variedades frequentemente mescladas em cultivares comerciais
resultantes de programas de melhoramento genético, que incluem cruzamentos,
entre raças locais ou linhas de melhoramento, de variedades ou mesmo subespécies
distintas. (JBRJ, 2024)

2.5. Descrição da Cultura

A principal característica do amendoim é a formação das vagens no solo


(geotropismo positivo). Devido a essa particularidade, a colheita acontece em duas
etapas: o arranquio, quando as plantas são colocadas com as raízes para cima na
linha de plantio ou em leiras, expondo as vagens ao vento e ao sol (cura – 5 dias); e
o despencamento, quando as vagens são separadas das plantas manualmente ou por
meio de máquinas, após a cura. (EMBRAPA, 2023, p. 43)

2.6. Variedades
Pertencente à família Leguminosae ou Fabaceae, gênero Arachis, no Brasil possuindo
66 espécies, 02 (duas) subespécies e 05 (cinco) variedades aceitas, além de 48 espécies
endêmicas. O gênero Arachis é sul-americano, com uso documentado de A. Hypogaea em
toda América do Sul e América Central até o México.
Considerando os dados atuais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
existentes no Registro Nacional de Cultivares - RNC (2024), foram encontrados 31 registros
de cultivares aptas de Amendoim da espécie Arachis hypogaea L. para comercialização de
sementes e produção em território nacional. Além destas, a pesquisa retornou 06 (seis)
registros de cultivares do Amendoim Forrageiro ou Arachis pintoi cujo cultivo é destinado à
cobertura de solo e forragem, além de auxiliar na fixação de nitrogênio no solo.

No Brasil, também existem muitas variedades crioulas de amendoim, com


diferentes formatos de vagem, tamanhos e cores de sementes (branca, bege, rosada,
vermelha, púrpura, preta, além de mistura de cores). Essas variedades são
destinadas ao consumo familiar e aos mercados regionais em diversos estados
(Bahia-Recôncavo, Sergipe, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Sul). (EMBRAPA,
2023. p. 45)

2.7. Exigências Edafoclimáticas - Solo e Clima


Dentre os fatores climáticos mais importantes para o crescimento e desenvolvimento
desta planta, se destaca a temperatura, uma vez que tanto o florescimento, quanto a
maturação e o crescimento dos frutos depende diretamente da temperatura. Segundo a
EMBRAPA (2009), a taxa fotossintética líquida máxima é de 30°C. Com produtividade
média de 19,6 g/m² ao dia, tendo sua germinação em nível máximo sob temperaturas entre
32°C e 34°C.
Temperaturas inferiores à 18°C podem reduzir significativamente o poder germinativo
e a velocidade deste processo. Temperaturas abaixo do ideal podem prolongar a fase
vegetativa da cultura, retardando sua floração. Entretanto, seu período entre germinação e
florescimento também pode variar de acordo com o genótipo. O consumo de água pode variar
de 665mm a 490mm, respectivamente para variedades de ciclo longo e ciclo curto
(EMBRAPA, 2009. p. 16).
Com o desenvolvimento das vagens abaixo da superfície do solo, o amendoim
apresenta necessidades de solos mais leves, tais condições ideais podem ser encontradas em
terras arenosas ou franco-arenosas. Embora solos com características argilosas e mais pesadas
possam permitir um bom desenvolvimento da cultura, no momento da colheita estes solos
tendem a aumentar o número de perdas de vagens.
Entre 25 e 45 dias após a germinação, recomenda-se a realização da amontoa, uma
técnica compreendida na colocação de terra ao redor das plantas, de forma a evitar o
tombamento das mesmas que geralmente ocorre com a primeira capina. Dentre os benefícios
de tal técnica, listam-se: o melhor controle de plantas daninhas próximas à linha de
semeadura; a manutenção da umidade nos períodos de estresse hídrico; e a facilidade na
penetração dos esporões (ginóforo) no solo (EMBRAPA, 2009).
O plantio do amendoim sem a prática da rotação de culturas, tende a promover o
empobrecimento do solo. Nesse caso, a rotação cultural além de reduzir a ocorrência de
doenças, pragas e plantas daninhas, garante que a produtividade seja mantida. Na prática, o
amendoim apresenta ciclo curto e boa fixação de nitrogênio (N), sendo frequentemente
utilizado na rotação de culturas para a renovação de canaviais, principalmente no estado de
São Paulo.
A necessidade de irrigação pode ocorrer em regiões que tendem a sofrer longas
estiagens, uma vez que a planta necessita de água para seu desenvolvimento. Podem ser
aplicados todos os métodos de irrigação, exceto a inundação total, considerando que além de
questões ligadas ao desperdício do recurso hídrico, o desenvolvimento da cultura pode ser
prejudicado ou até mesmo a ocorrência de perda de plantas. No caso da utilização de
irrigação por sulcos, é importante que seja realizada a sistematização da área para evitar o
encharcamento em pontos específicos, conforme pontuam os autores (EMBRAPA, 2009. p.
40).
Para escolher o sistema de irrigação adequado, é importante compreender
sistematicamente as condições de relevo do terreno, textura de solo, disponibilidade de
recursos hídricos, dos recursos financeiros do produtor, além de outros fatores relacionados à
propriedade rural. O planejamento deste sistema deve considerar a aplicação de técnicas
práticas e metodologias que sejam eficientes e que busquem observar: a demanda climática
ou atmosférica, o monitoramento da umidade no solo e a medida direta na seiva da planta. O
uso de pelo menos um destes recursos promove uma irrigação precisa e efetiva.

O cálculo da quantidade de água a ser aplicada pode ser feito usando-se os dados da
evaporação do tanque classe A (ECA), da evapotranspiração de referência ou de
origem (ETo) e o coeficiente da cultura (Kc). A evapotranspiração de referência é
medida nas estações meteorológicas automáticas. Esses dados podem ser usados
num raio de 100 km de distância da área de plantio em regiões de clima uniforme.
(EMBRAPA, 2009. p. 43)

Os autores destacam quanto ao gráfico de aplicação dos valores do coeficiente da


cultura (Kc), em específico ao amendoim:
Figura XX - Aspectos de segmentos de Kc para as fases fenológicas do amendoim,
considerando-se um período de cultivo de 80 dias em regime de irrigação

Fonte: EMBRAPA, 2009. p. 43. Adaptado de Doorenbos e Kassam (1994).

O cálculo da quantidade de água a ser disponibilizado no processo de irrigação no


cultivo do amendoim, é apresentado pela equação abaixo:

Figura XX - Equação para Cálculo do Volume de Água Necessário para Irrigação

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2009. p. 44.

Já para o cálculo do volume de água total, o valor de Kc pode ser determinado de


acordo com cada região de cultivo, devendo ainda considerar possíveis perdas do sistema de
irrigação e propriedades do solo, aplicando a equação:

Figura XX - Equação para Cálculo do Volume de Total de Água Necessário


Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2009. p. 44.

Quanto ao tempo necessário de irrigação, ou tempo de aplicação (Ta) da água, este


pode ser calculado através da fórmula:

Figura XX - Equação para Cálculo do Tempo de Aplicação (Ta) de Água

Fonte: Adaptado de EMBRAPA, 2009. p. 44.

Outras equações e fórmulas que embasam o planejamento do cultivo do amendoim


podem ser encontradas no material disposto pela EMBRAPA (2009), que corroboram na
análise sistêmica a ser realizada para o cultivo desta cultura.

Em aplicação à AgroEcologia, cabe a reflexão especial sobre a disponibilidade de


recursos hídricos e seus potenciais danos ao meio ambiente, os principais danos a serem
destacados são: a compactação do solo, a contaminação da água e a erosão. Visando diminuir
estes impactos ambientais causados pela irrigação, cabe ao produtor aderir às práticas
conservacionistas em suas áreas de plantio. Por sua vez, a degradação dos solos pode ser
evitada, conforme sugere a EMBRAPA (2009) sob a adoção de práticas como a adubação
verde, o terraceamento, os cordões de vegetação permanente, o plantio em contorno e outras.

2.8. Espaçamento e Densidade de Plantio


Quanto ao espaçamento, para cultivares eretas que apresentam ciclo curto (entre 90 a
100 dias), a recomendação da EMBRAPA (2009) é de 0,5m x 0,2m, realizando o plantio de
duas sementes por cova, possibilitando uma densidade populacional que pode alcançar até
200 mil plantas por hectare. Entretanto, também pode ser recomendado o espaçamento de
0,3m x 0,2m, que embora demande um maior número de sementes para o plantio, apresenta a
vantagem de redução no número de capinas necessárias e maior produtividade da cultura.

Quadro XX - Espaçamento, Quantidade de Sementes, Densidade e Produtividade


estimada do Amendoim em vagens

Sementes por Hectare Densidade Produtividade Média


Espaçamento
(kg) (plantas/ha) (t/ha)

0,70m x 0,20m 64 143.000 1,7

0,50m x 0,20m 90 200.000 2,1

0,30m x 0,20m 150 333.333 3,2


Fonte: EMBRAPA. 2009. p. 22.

Para cultivares rasteiras, ao considerar a massa vegetativa, a configuração espacial das


ramas pode atingir entre 80cm a 1m a partir de 60 a 70 dias de cultivo, nesse caso, o
espaçamento pode variar de 80cm a 90cm entre linhas, com a densidade de 12 a 15 sementes
a cada metro. A semeadura deve ser realizada em profundidade média de 5cm, uma vez que
em maior profundidade as plantas tendem a não conseguir emergir do solo. Considerando a
semeadura rasa, devemos voltar uma atenção especial para evitar a contaminação da planta
por herbicidas, quando estes forem aplicados.
Durante as duas primeiras semanas após a germinação, a umidade no solo é essencial
para o desenvolvimento do sistema radicular em profundidade. Devido a essa necessidade, a
recomendação de plantio é mediante a uma estação chuvosa bem estabelecida, com baixo
risco de ocorrência de veranicos. Quanto às demais fases de crescimento, tal cultura se
apresenta como tolerante à secas, entretanto, com queda na produtividade em caso de
deficiência hídrica na fase de florescimento do amendoim (EMBRAPA, 2009. p. 24).

2.9. Exigências Nutricionais e Adubação


Esta cultura requer uma boa drenagem e aeração do solo, uma vez que solos bem
drenados favorecem a aeração adequada, permitindo o suprimento de oxigênio para raízes e
vagens, e nitrogênio (N) para a fixação simbiótica. Para o bom desenvolvimento da planta, se
faz necessária uma concentração de pelo menos 10% a 12% de oxigênio no solo.
Os fatores de qualidade e quantidade de frutos, respondem às necessidades de
macronutrientes como o fósforo (P) e o cálcio (Ca). O primeiro, embora requerido em menor
quantidade, aumenta a eficiência reprodutiva e o desenvolvimento dos frutos, já o cálcio por
sua vez, influencia não apenas na fisiologia da planta como também na reação do solo.
Considerando a aplicação do cálcio incorporado ao solo, este além de efetuar o controle do
pH, auxilia a planta no aproveitamento de suas raízes, no alongamento dos eixos florais, no
tamanho das sementes e na redução de incidência da “podridão-das-vagens”, doença causada
principalmente por Pythium myriotylum, Rhizoctonia solani e Fusarium spp (EMBRAPA,
2009. p. 20).
A adubação química com nitrogênio não é realizada no cultivo do amendoim,
entretanto, em casos de solos em que o pH não apresente a faixa adequada de fixação
biológica (entre 5,9 e 6,3), é recomendada a aplicação de nitrogênio em proporções entre
10kg/ha e 16kg/ha. Os autores (EMBRAPA, 2009) ainda apresentam a importância do
molibdênio (Mo), que proporciona um aumento na eficiência da adubação biológica,
recomendando a aplicação de 100g de molibdato de amônio para a proporção de 100kg a
120kg de sementes inoculadas.
Ainda é possível a aplicação de Bradyrhizobium que é orientada pela Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (2009) na seguinte proporção: 10g de molibdato de
amônio a cada 10kg a 12kg de sementes, utilizando tal inoculante ainda fresco e realizando o
processo de inoculação ao fim da tarde ou antes das 8 horas da manhã.

2.10. Principais Doenças e Pragas

Apresentando alta sensibilidade à competição proveniente de plantas daninhas, o


controle destas é essencial para garantir a produtividade da cultura.

O amendoinzeiro é muito sensível à competição causada pelas plantas daninhas e


pela alelopatia ou teletoxicidade (capacidade das plantas em produzir substâncias
químicas que, uma vez liberadas no ambiente de outras, pode favorecer ou
prejudicar seu desenvolvimento ou o das outras). O período crítico de competição
nas plantas de hábito de crescimento ereto vai da emergência até os primeiros 40
dias. Para as cultivares rasteiras, de ciclo mais longo, o período crítico pode ser
estendido até mais de 70 dias da emergência das plantas. Caso não se proceda ao
controle nessa fase, as plantas daninhas podem reduzir significativamente a
produtividade da cultura. (EMBRAPA, 2009. p. 26-27)

O controle de plantas daninhas pode ser realizado manualmente com enxada ou


ferramental semelhante, sendo necessário durante o período crítico de competição da cultura,
e com exímio cuidado quanto à profundidade desta operação, uma vez que as estruturas
reprodutivas se localizam nos primeiros 20cm abaixo do solo, danos a estas podem ocasionar
baixo desenvolvimento e crescimento das plantas. Para realizar o controle através da tração
animal ou por tratores, o espaçamento entre as fileiras deve ser planejado para evitar pisoteio
ou danos mecânicos.
No Quadro a seguir é possível observar a listagem das plantas daninhas de espécies
anuais que se apresentam com maior frequência:

Quadro XX - Plantas Daninhas com Ocorrências mais Frequentes no Brasil

Nome Científico Nome Popular Locais de Maior Incidência


Cenchrus equinatus L. Capim-Carrapicho Todo o Brasil
Eleusine indica L. Capim-de-Ganso Região Nordeste
Acanthospermum hispidum D. C. Espinho-de-Cigano Todo Brasil
Amaranthus spp. Bredo-de-Porco Todo Brasil
Ageratum conizoides L. Vassoura Todo Brasil
Portula oleraceae L. Bredo Todo Brasil
Sorghum halepense L. Capim-Sudão Regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul
Ipomea spp. Corda-de-Viola Todo Brasil
Cyperus rotundus L. Tiririca Áreas Irrigadas da Região Nordeste
Fonte: Dos Autores, 2024.
Com base nos dados provenientes da EMBRAPA (2009) e do JBRJ (2024).

.
Ainda no que tange ao controle das plantas daninhas, o controle cultural se apresenta
enquanto um dos métodos mais baratos, envolvendo as características da cultura junto às
práticas culturais que se incluem no manejo, tais como: amontoa; adubação localizada;
orientação espacial de plantio; e outras. O plantio adensado, associado às práticas culturais
anteriormente citadas, principalmente sob a utilização da adubação localizada, que embora
tenha um custo considerável, pode incentivar que a cultura venha a cobrir rapidamente o solo
e as plantas daninhas, uma vez que tal método de adubação favorece o crescimento e
desenvolvimento da cultura, desfavorecendo as plantas daninhas.

2.11. Colheita

Para melhor compreensão da sazonalidade aplicada à produção do amendoim, foram


avaliados os dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo -
CEAGESP, estado que detém a maior parcela de produção de amendoim no Brasil. Por meio
de tal consulta, foi possível elaborar o seguinte quadro, cuja legenda se distribui como: B -
Baixo (vermelho); M - Médio (amarelo); e A - Alto (verde).

Quadro XX - Sazonalidade do Amendoim na CEAGESP

Produto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Amendoim com Casca B B B M M A M M B B B B

Amendoim sem Casca B M A B A A A A M M B B


Fonte: Dos Autores, 2024.
Com base nos dados provenientes da CEAGESP, 2015.

2.12. Beneficiamento e Utilização pelo Homem


A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e
Derivados - ABICAB (2023), apresenta dados de estudo da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo - FIESP, quanto ao consumo de Amendoim per capita no Brasil, no ano
de 2020, ter alcançado a média de 1,1 kg/habitante. Entretanto, a média mundial do consumo
chega a atingir 6 kg/habitante, um valor consideravelmente superior. Os autores ainda
destacam o potencial de crescimento de consumo do produto, dado não apenas pelo valor
nutritivo, mas também pela praticidade de consumo e o sabor, associados à variedade de
aplicação do amendoim em diversos produtos alimentícios.

Escrever sobre: https://repositorio.ifg.edu.br/handle/prefix/1599

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
3.1. Considerações - Antônio Máximo Costa Santos

3.2. Considerações - Gabriel Rodrigues Lima

3.3. Considerações - J. Viktor Valente de Moraes

4. REFERÊNCIAS

ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e


Derivados. Amendoim industrializado, nutritivo, seguro e presente na cultura alimentar
brasileira. 1ª Ed. São Paulo – SP: BB editora. ABICAB / ITAL. 2023. 56 p. Disponível em:
https://ital.agricultura.sp.gov.br/documento/amendoim Acesso em: 17 mar. 2024.

ABICAB – Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e


Derivados. Programa Pró-Amendoim. Portal Online. Disponível em:
https://proamendoim.com.br/ Acesso em: 17 mar. 2024.

AZEVEDO, Benito Moreira de; SOUSA, Geocleber Gomes de; PAIVA, Thamiris Ferreira
Pinto; MESQUITA, Bruno Rêgo de; VIANA, Thales Vinícius de Araújo. Manejo da irrigação
na cultura do amendoim. MAGISTRA, [S. l.], v. 26, n. 1, p. 11–18, 2017. Disponível em:
https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/magistra/article/view/3953. Acesso em: 17 mar.
2024.

BULGARELLI, Elisangela Maria Bernal. Caracterização de variedades de amendoim


cultivadas em diferentes populações. 2008. Dissertação (mestrado). Universidade Estadual
Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Jaboticabal-SP, Brasil. 61 p.
Disponível em: https://www.fcav.unesp.br/Home/download/pgtrabs/gmp/m/3464.pdf Acesso
em: 17 mar. 2024.

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Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo. São Paulo: 2015. Disponível em:
https://ceagesp.gov.br/wp-content/uploads/2015/05/produtos_epoca.pdf Acesso em: 18 mar.
2024.

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CONAB: Brasília. 12º Levantamento das Safras anuais entre 2012/2013 e 2022/2023.
Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos
Acesso em: 18 mar. 2024.

EMBRAPA. Amendoim: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF :


Embrapa Informação Tecnológica, 2009. Disponível em:
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