Você está na página 1de 12

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS - PUC Minas

Graduação em Engenharia Mecânica - PUC Coração Eucarístico

Débora Dayane Ramos Bueno


Guilherme Grossi Lamas Neto
Luan Xavier Da Fonseca
Sarah Fernandes Lisboa
Washington Emmanuel Sousa Rodrigues

Relatório de Fluidos mecânicos (Prática 1):


MANOMETRIA

Belo Horizonte
2024
1. INTRODUÇÃO

1.1. Objetivo

O objetivo deste relatório é detalhar a experiência realizada no


laboratório, que visa analisar e aferir manômetros utilizando dois métodos
distintos. O primeiro método envolve a utilização de um manômetro de
peso morto para aferir um manômetro do tipo Bourdon. O segundo método
consiste no uso de uma bomba de aferição, que emprega um manômetro
padrão tipo Bourdon para aferir outro manômetro do mesmo tipo, bem
como um transdutor elétrico.

2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO

Para compreender os eventos em questão, é fundamental ter


conhecimento prévio sobre pressão e aferição, os quais são discutidos a
seguir.

Pressão (P): Refere-se à força normal exercida por unidade de área

e é expressa pela equação:

Equação 1:

𝐹
𝑃=
𝐴
Onde P é a pressa, F é a força, e A é a área. A pressão é
diretamente proporcional à força aplicada em uma área específica e
inversamente proporcional à área em que essa força atua. A unidade
padrão para medição da pressão no Sistema Internacional (SI) é o pascal
(Pa), equivalente a uma força de 1 newton por metro quadrado. Existem
várias maneiras de descrever a pressão, dependendo de sua aplicação.
Isso inclui pressão atmosférica, absoluta e manométrica, entre outras. No
contexto deste trabalho, foi utilizado a pressão atmosférica, absoluta e
manométrica.
• Pressão atmosférica (Patm): É a força exercida pela atmosfera
sobre a superfície terrestre, comumente tomada como referência ao
nível do mar.
• Pressão absoluta (Pabs): É a diferença de pressão entre um ponto
no sistema e o vácuo absoluto, ou seja, quando a pressão é igual a
zero.
• Pressão manométrica (Pman): É a diferença entre a pressão em um
ponto desconhecido e a pressão atmosférica. Essa pressão é
medida por instrumentos como o manômetro.

A fórmula para calcular a pressão em um sistema acima do nível do


mar pode ser expressa da seguinte forma:

Equação 2:

𝑃𝑚𝑎𝑛 = 𝑃𝑎𝑏𝑠 − 𝑃𝑎𝑡𝑚

O instrumento usado para medir pressão relativa é o manômetro,


enquanto a pressão atmosférica é medida com um barômetro.

Ao realizar a calibração de um instrumento de medição de pressão,


espera-se que o manômetro registre o mesmo valor encontrado de forma
analítica, conhecido como pressão verdadeira. Se houver uma grande
discrepância entre a aferição do manômetro e o valor calculado, isso indica
um erro, que precisa ser corrigido por meio da calibração. Essa diferença
entre a pressão verdadeira e a pressão indicada no manômetro pode ser
expressa como erro de medição de pressão (em kgf/cm²), conforme:

Equação 3:

𝐸𝑟𝑟𝑜 = 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑎𝑑𝑒𝑖𝑟𝑎 − 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑛𝑜 𝑚𝑎𝑛ô𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜

3. MATERIAIS

Para obter os resultados desejados, foi utilizado os seguintes


materiais/equipamentos de calibração:
1. Manômetro de Bourdon: Instrumento de medição de pressão com
uma curvatura originada em um tubo de secção elíptica, ligado ao
mecanismo de medição/aferição.

2. Manômetro de peso morto: Equipamento para calibração de


manômetros, medindo a pressão através de massas padronizadas
sobre um êmbolo de área conhecida, conectado a um manômetro.

3. Bomba de calibração: Gerador de pressão para testes e calibração


de instrumentos de medição de pressão, utilizando referências para
definir o erro de calibração.

4. Transdutor de pressão: Converte pressão em sinal elétrico


analógico, usando sensores de deformação/tensão ligados ao
diafragma, resultando em uma alteração proporcional de resistência
elétrica.

4. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

Foram empregados dois procedimentos distintos durante a


realização do experimento:

1º Procedimento - Utilização do Manômetro de Peso Morto:

Nesta etapa, utilizou-se um sistema composto por um pistão


cilíndrico movendo-se livremente dentro de um cilindro, este último
ajustado para impedir a entrada de ar. Adicionou-se pesos ao pistão,
aumentando gradativamente a força exercida e, consequentemente, a
pressão. Uma bomba foi utilizada para injetar água no manômetro do tipo
Bourdon a ser aferido, bem como no manômetro de peso morto. Após o
preenchimento completo do cilindro, os manômetros foram isolados da
bomba. Os pesos foram adicionados ao pistão em incrementos de 0,5 kgf,
registrando-se a leitura do manômetro de Bourdon a cada adição. Na
primeira leitura, o manômetro registrou a pressão causada pelo peso
próprio do êmbolo, o qual possui uma massa de 500 gramas em uma área
de 1 cm². O processo foi repetido para a retirada dos pesos. Ao comparar
as leituras do manômetro com a pressão real, calculou-se o erro para cada
leitura.

2º Procedimento - Utilização da Bomba de Aferição:

Este procedimento envolveu um sistema composto por um


manômetro de Bourdon padrão, outro manômetro do mesmo tipo e um
transdutor elétrico conectado a um painel eletrônico para leitura da
pressão indicada.

A pressão gerada pelo equipamento é distribuída uniformemente


para os três manômetros conectados à bancada, incluindo um manômetro
padrão. À medida que o volante é girado em uma direção, a pressão no
sistema aumenta ou diminui proporcionalmente. Com um manômetro
como ponto de referência, uma pressão inicial de 5 Psi foi estabelecida e
os valores foram registrados nos outros dois manômetros. Em seguida,
utilizando o volante de forma controlada, foram registrados valores
adicionais de pressão no manômetro padrão, variando de 10 Psi até a
pressão máxima de 65 Psi. Os valores obtidos nos manômetros foram
continuamente registrados durante este processo. Após atingir a pressão
máxima, o volante foi girado no sentido oposto para verificar a pressão
decrescente, com intervalos de 10 Psi, e os valores correspondentes foram
registrados. om os valores da pressão verdadeira e medida pelos
manômetros, calculou-se o erro de medição usando a equação 3.

5. RESULTADOS

Com base nos pontos de pressão medidos, foram registradas todas


as pressões e discrepâncias indicadas pelo manômetro a ser calibrado em
todos os cenários. Os resultados de ambos os procedimentos foram
apresentados nas tabelas 1, 2 e 3. É importante observar que os valores
obtidos na bomba de calibração estão em Psi para o manômetro de
Bourdon padrão e em bar para o transdutor elétrico, sendo necessário
converter os resultados para kgf/cm² (1 Psi = 0,07030 kgf/cm²; 1 bar = 1,02
kgf/cm²).

A partir dos dados tabelados, foi elaborado o gráfico da curva de


calibração para os três manômetros, com o eixo vertical representando a
leitura do manômetro e o eixo horizontal representando a pressão
verdadeira. O Gráfico 1 mostra a curva de calibração com o manômetro
de peso morto, enquanto os Gráficos 2 e 3 apresentam a curva de
calibração com o manômetro de Bourdon e o transdutor elétrico na bomba
de aferição, respectivamente. Nos gráficos, os valores medidos foram
linearizados, permitindo a obtenção da equação que descreve a reta e o
coeficiente de determinação R².

Adicionalmente, foi criado o gráfico do erro em relação à pressão


verdadeira. Esse gráfico é fundamental para avaliar a credibilidade da
calibração realizada pelo manômetro e está apresentado nos Gráficos 4,
5 e 6 dentro deste contexto.

Tabela 1: Primeiro procedimento - Manômetro de Peso Morto:

FOLHA DE TESTE: MANOMETRIA - 1º PROCESSO - MANÔMETRO DE PESO MORTO


RESPONSÁVEIS: DÉBORA, GUILHERME, LUAN, SARAH, WASHINGTON CURSO: ENGENHARIA MECÂNICA DATA: 19/02/2024

DADOS DO MANÔMETRO DE PESO MORTO LEITURA DO MANÔMETRO A SER CALIBRADO

Peso
Carga total do Pressão Pressão ERRO (Pressão Pressão ERRO (Pressão
acrescentado ao
Pistão Verdadeira Crescente Crescente) decrescente Decrescente)
Pistão
Kgf Kgf kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm²
0 0,5 0,5 0,48 0,02 - -

0,5 1 1 0,88 0,12 - -

0,5 1,5 1,5 1,3 0,2 - -

0,5 2 2 1,75 0,25 - -

-0,5 2,5 2,5 2,35 0,15 - -

-0,5 2 2 - - 1,85 0,15

-0,5 1,5 1,5 - - 1,45 0,05

-0,5 1 1 - - 0,88 0,12

-0,5 0,5 0,5 - - 0,45 0,05


Tabela 2: Segundo procedimento - Bomba de aferição no
manômetro de Bourdon

FOLHA DE TESTE: MANOMETRIA - 2º PROCESSO -BOMBA DE AFERIÇÃO


RESPONSÁVEIS: DÉBORA, GUILHERME, LUAN, SARAH, WASHINGTON DATA: 19/02/2024

LEITURA DO MANÔMETRO DE BOURDON PADRÃO LEITURA DO MANOMETRO DE BOURDON A SER CALIBRADO

Pressão Pressão Pressão ERRO (Pressão Pressão ERRO (Pressão


PADRÃO
Crescente decrescente Crescente Crescente) decrescente Decrescente)
PSI kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm²
5,000 0,352 4,570 0,150 0,202 3,710 0,860
15,000 1,055 3,867 0,730 0,325 3,400 0,467
25,000 1,758 3,164 1,320 0,438 2,580 0,584
35,000 2,461 2,461 1,900 0,561 1,980 0,481
45,000 3,164 1,758 2,490 0,674 1,400 0,358
55,000 3,867 1,055 3,090 0,777 0,820 0,235
65,000 4,570 0,352 3,660 0,910 0,210 0,142

Tabela 3: Segundo procedimento - Bomba de aferição no transdutor


elétrico

FOLHA DE TESTE: MANOMETRIA - 2º PROCESSO -BOMBA DE AFERIÇÃO


RESPONSÁVEIS: DÉBORA, GUILHERME, LUAN, SARAH, WASHINGTON DATA: 19/02/2024

LEITURA DO MANÔMETRO DE BOURDON PADRÃO LEITURA DO TRANSDUTOR ELÉTRICO

Pressão Pressão ERRO (Pressão ERRO (Pressão


PADRÃO Pressão Crescente Pressão decrescente
Crescente decrescente Crescente) Decrescente)

PSI kgf/cm² kgf/cm² Bar kgf/cm² kgf/cm² Bar kgf/cm² Bar


5,000 0,352 4,570 0,100 0,098 0,254 4,500 4,412 0,158
15,000 1,055 3,867 0,900 0,882 0,172 3,700 3,627 0,240
25,000 1,758 3,164 1,600 1,569 0,189 3,100 3,039 0,125
35,000 2,461 2,461 2,300 2,255 0,206 2,400 2,353 0,108
45,000 3,164 1,758 3,000 2,941 0,223 1,600 1,569 0,189
55,000 3,867 1,055 3,600 3,529 0,338 1,000 0,980 0,074
65,000 4,570 0,352 4,400 4,314 0,256 0,200 0,196 0,155
Gráfico 1: Curva de calibração do manômetro de Bourdon no
manômetro de peso morto

Gráfico 2: Curva de calibração do manômetro de Bourdon na bomba


de aferição
Gráfico 3: Curva de calibração do transdutor elétrico na bomba de
aferição

Gráfico 4: Erro em função da pressão verdadeira no manômetro de


peso morto
Gráfico 5: Erro em função da pressão verdadeira no manômetro de
Bourdon na bomba de aferição

Gráfico 6: Erro em função da pressão verdadeira no manômetro de


Bourdon na bomba de aferição
6. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Através da análise dos dados obtidos, foram obtidos informações


importantes sobre a confiabilidade dos manômetros após a calibração.
Examinando atentamente os gráficos das curvas de calibração de três
manômetros diferentes, conseguimos avaliar a eficácia do processo de
calibração comparando as leituras medidas com os valores reais de
pressão. A equação de linearização e os valores de R2 apresentados nos
gráficos servem como indicadores da técnica de calibração, sendo que
quanto mais próximo a 1, maior nível de precisão, enquanto valores
próximos de 0 indicam discrepâncias. Os resultados do R2 obtidos nos
gráficos 1, 2 e 3 foram 0,9978, 0,9953 e 0,9989 respectivamente,
indicando assim um nível de credibilidade alto, contudo não 100% preciso.

O equívoco relacionado à pressão real, essencial para a detecção


da histerese em manômetros calibrados, é evidenciado nos gráficos 4, 5 e
6. Diversos fatores externos podem ocasionar variações de erro devido à
coleta manual de dados, impactando os resultados obtidos. Quando se
utiliza o manômetro de peso morto, é possível que a presença de bolhas
de ar e o tempo de resposta comprometam a análise. Da mesma forma,
os movimentos do volante da bomba de calibração exercem influência
direta sobre os resultados, apontando a existência de histerese.

A histerese, que é causada principalmente por lacunas e


deformações causadas pela fricção, resulta em diferenças entre as curvas
ascendentes e descendentes. Ao analisar os gráficos 4 e 6, que utilizam
um manômetro de peso morto e um transdutor elétrico na bomba, é
possível notar um padrão de erro semelhante, embora haja variações mais
perceptíveis em determinados pontos. No gráfico 5, há uma histerese
presente, mas a resposta às alterações nos valores medidos é de uma
tendência quase linear, entretanto em um ponto específico ocorreu um erro
alto, colocando a curva decrescente variando da linearidade
7. CONCLUSÃO

Em síntese, a análise da calibração dos manômetros evidenciou


variações nas respostas de medição de pressão, possivelmente
decorrentes de influências externas ou da histerese nos equipamentos.
Embora os valores registrados pelos manômetros nem sempre
correspondam exatamente à realidade, eles se aproximam o suficiente
para garantir uma medição confiável. A prática foi concluída com sucesso,
superando as expectativas estabelecidas no roteiro. As dificuldades
encontradas na criação do gráfico de erro foram superadas com a
orientação do professor. Além disso, o grupo adquiriu uma compreensão
mais profunda da análise do manômetro de peso morto e do uso de
gráficos para acompanhar o erro padrão dos manômetros. A prática com
o pistão de peso morto foi instrutiva, proporcionando uma base sólida para
futuros experimentos e uma melhor compreensão do controle de pressão
do fluido no cilindro.

Você também pode gostar