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Universidade de Brasília

Disciplina: Física Experimental

Professor: José Eduardo Martins

Curso: Engenharia Da Computação

RELATÓRIO DE FÍSICA EXPERIMENTAL


7º RELATÓRIO

Experimento 07 - Gases ideais

Grupo 03
Data do experimento: 10 de Janeiro de 2023

Participantes:
Marcos Paulo de Oliveira – 221020889
Carlos Eduardo de Sousa Arnaud – 221006324
João Pedro Gomes Covaleski Marin Antonow - 221006351

BRASÍLIA-DF
2023

Objetivos

Verificar por meio de medidas a relação entre a pressão e o volume de um


gás à temperatura constante e também a relação entre volume e temperatura à
pressão constante e, a partir desses dados, determinar a pressão ambiente e
estimar a temperatura do zero absoluto.

Introdução

É conhecido que, se mantivermos gases em recipientes de mesmo volume,


com a mesma quantidade de mols para cada um desses recipientes (1 mol, por
exemplo), temos que, se medidas, as pressões encontradas para cada um dos
recipientes serão as mesmas. Essa análise só é possível graças a equação da Lei
dos Gases Ideais, conhecida também como equação de Clapeyron, que é dada por:

𝑃𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 (𝐼)

Onde 𝑃 é a pressão total dos gases, 𝑉 é o volume ocupado por eles, 𝑛 é a


quantidade de mols, 𝑅 é a constante universal dos gases e 𝑇 é a temperatura do
gás. Como dito, 𝑅 é a constante universal dos gases, ou seja, o seu valor é válido
para todos os gases, que é dado, no sistema internacional, por:

𝑅 = 8, 31 𝐽/𝑚𝑜𝑙. 𝐾

Apesar da equação (𝐼) pertencer aos gases ideais, ela é uma boa alternativa
para os gases reais, que são os que encontramos na realidade, ainda mais se esses
se encontrarem longe de suas temperaturas de condensação e forem rarefeitos.
No experimento, foi utilizada a equação (𝐼) com uma simples modificação:
como os gases e o mercúrio estão dentro de um recipiente cilíndrico, podemos
encontrar seu volume por meio da sua área da base e de sua altura, tendo assim:

𝑛𝑅𝑇
𝑃 = 𝐴ℎ
(𝐼𝐼)

Onde o 𝐴 corresponde a área da base do nosso cilindro e ℎ a altura da


coluna de ar que será observada durante o experimento. Durante o experimento,
ainda iremos manipular essa fórmula mais uma vez, isolando o nosso ℎ e ficando
com:
𝑛𝑅𝑇
ℎ = 𝐴𝑃
(𝐼𝐼𝐼)

É notável destacar a forma de obtenção dos dados conforme princípios da


hidrostática. Para ilustrarmos os princípios que guiaram nossos cálculos, temos a
seguinte figura, retirada do roteiro:

Para calcularmos a pressão adicional gerada pelo gás, temos que ℎ é a


diferença entre as alturas da coluna de mercúrio da direita e da esquerda, ou seja,
ℎ = 170𝑚𝑚 − 20𝑚𝑚 = 150𝑚𝑚. Como as colunas de mercúrio estão graduadas
em milímetros, há a forma de representação da pressão em fluidos de mercúrio sob
a grandeza 𝑚𝑚ℎ𝑔, que significa a pressão graduada na altura de milímetros de
mercúrio. Logo, temos que o acréscimo de pressão ao sistema é 𝑃 = 150 𝑚𝑚ℎ𝑔.
Este cálculo orientará como obtivemos os resultados referentes à Lei de
Boyle-Mariotte.
Com os dados coletados, iremos fazer três estudos distintos, deixando fixo
cada um dos nosso parâmetros que podem variar na equação (𝐼) e observando
como o resto do sistema se comporta. Nesse viés, iremos relacionar os dados
coletados com três leis: a Lei de Boyle-Mariotte, a qual diz que em uma temperatura
constante, a pressão e o volume são inversamente proporcionais entre si, tendo
assim um gráfico de Pressão versus Volume com as famosas isotermas; Temos
também a Lei de Gay-Lussac, que nos diz que para um volume constante temos
que pressão e temperatura são grandezas diretamente proporcionais, tendo assim
um gráfico linear de Pressão versus Temperatura; Por último, a Lei de Amontons, a
qual nos diz que a volume constante temos que a razão entre a pressão e a
temperatura é constante.

Procedimentos

Primeiramente, verificamos se a rolha que cobre o reservatório de mercúrio


estava solta, dando início ao experimento. Logo em seguida, ajustamos o botão de
ajuste da temperatura do circulador para uma temperatura menor do que a
temperatura ambiente, de forma a não ativar o aquecimento, fazendo o sistema se
manter à temperatura ambiente. Para iniciar os procedimentos de medição, o
reservatório de mercúrio foi posicionado de forma que se igualasse ao nível de
mercúrio do recipiente de medida. Dessa forma, estimamos o volume do gás dentro
do recipiente de medida à pressão ambiente da seguinte maneira: medimos o
comprimento da coluna com ar, já que a área no interior do tubo é constante, e com
certas noções, vimos que o comprimento da coluna de ar correspondia à distância
entre o nível de mercúrio até a parte pintada de marrom do tubo, acrescida de 1 cm.
Tomando um ponto de referência e variando a posição do reservatório de 5 em 5
cm, anotamos cada nível do mercúrio do reservatório e também do êmbolo fechado,
e tais medidas foram, posteriormente, inseridas na Tabela 1.
Em segundo lugar, o reservatório, ainda em temperatura ambiente, foi
posicionado de forma que seu nível de mercúrio se igualasse ao nível do recipiente
de medida e para determinar o valor do volume de gás, o mesmo procedimento
anterior foi feito. De modo a coletar de 8 a 10 pontos de medição, a temperatura da
água foi acrescida de 5 em 5°C (sem exceder os 70°C) e em cada variação,
também foi variada a posição do reservatório de modo que os níveis de mercúrio
ficassem desiguais em pelo menos 5 cm e assim os comprimentos de coluna do gás
foram coletadas em cada ponto (sempre tomando o cuidado de desnivelar as
colunas de mercúrio antes de aumentar a temperatura) e inseridos na Tabela 2.

Materiais

- Recipiente que contém determinada quantidade de ar e mercúrio, esse último


podendo alterar a quantidade de ar;
- Reservatório de mercúrio que seja possível variar sua posição vertical;
- Régua graduada;
- Aquecedor com circulador de água para alterar a temperatura do ar;
- Termômetro
Dados Experimentais

Por meio dos procedimentos descritos, conseguimos obter os seguintes


resultados:

1- Dependência entre a pressão e o volume à temperatura constante - Lei de


Boyle-Mariotte

Temos que o 𝑉 α ℎ e, dado a impossibilidade de descobrirmos a quantidade


exata de números de mols do gás e a exata área do cilindro que contém o gás,
faremos a relação entre a diferença de altura entre as duas colunas de mercúrio e a
pressão adicional gerada por tal diferença, o que nos permitirá obter a seguinte
tabela e o gráfico no modo Scatter. Foi requerido a montagem de gráficos e tabelas
de 𝑃 𝑋 1/ℎ, ou seja, sendo 𝑃 equivalente ao eixo das ordenadas e 1/ℎ equivalente
ao eixo das abscissas.

Tabela 1

1/h(mm) P(mmHg) 𝜟P 𝜟h
0.005 199 1.26e-05 0.5
0.006 157 2.02e-05 0.5
0.008 117 3.65e-05 0.5
0.012 82 7.43e-05 0.5
0.03 33 4.59e-04 0.5
0.83 1.2 2.08e-08 0.5
-0.025 -40 3e-04 0.5
-0.014 -71 1e-04 0.5
-0.009 -116 4e-05 0.5
-0.007 -152 2e-05 0.5
2- Dependência entre o volume e a temperatura à pressão constante - Lei de
Gay-Lussac

Novamente, procedemos com a substituição de 𝑉 como proporcional à ℎ,


assim como para obter os dados no experimento referente à Lei de Boyle-Mariotte,
porém com a singela diferença que ordenamos ℎ como o eixo das ordenadas,
enquanto 𝑇 foi posto como o eixo das abscissas.

Tabela 2

T (°𝐶) h(mm) 𝜟T 𝜟h
30 177 0.5 0.5
35 181 0.5 0.5
40 184 0.5 0.5
45 187 0.5 0.5
50 189 0.5 0.5
55 192 0.5 0.5
60 195 0.5 0.5
65 197 0.5 0.5
70 200 0.5 0.5
Análise de dados

Primeiramente, devemos estabelecer a forma que estabelecemos o cálculo


dos erros das equações. A fórmula geral para o cálculo do erro de uma grandeza Y,
dependente das variáveis A e B, é expresso por:

Além dessa fórmula do erro, há o erro instrumental, que é definido por:

𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑚𝑒𝑑𝑖𝑑𝑎 (𝐾)


∆𝐾 = 2

Partindo disso, podemos seguir para a análise de dados.

1 - Lei de Boyle-Mariotte

Para fazermos uma análise gráfica detalhada aliada aos princípios


físicos-matemáticos, percebemos que o gráfico obtido obedece exatamente à
equação (𝐼𝐼), o que, ao generalizarmos e substituirmos os parâmetros que
multiplicam o ℎ na equação pelo coeficiente angular, obtemos:
𝑛𝑅𝑇 1 1
𝑃 = 𝐴
* ℎ
= 𝑎· ℎ
(𝐼𝑉)

Logo, é possível inferir que a função segue o comportamento análogo à


função de forma:

1
𝑌 = 𝑎 * 𝑥
(𝑉)

dado que 𝑥 ∈ 𝑅 ≠ 0, o que mostra que o ponto de corte no eixo Y não existe,
apenas há assíntotas, que são valores respectivos aos eixos que,quando aplicados
no limite da função, se aproximam de certos valores: a assíntota vertical 𝑥 = 0, já
que lim 𝑌 = ± ∞, e a assíntota horizontal Y = 0, obtido quando lim 𝑌 = 0,
± ±
𝑋→0 𝑋→∞
assim sendo, fizemos a regressão linear por meio da função Fit Wizard, do software
Qtiplot, e obtemos o seguinte resultado:

Sendo o parâmetro a = 9,91e-01 +/- 1,48e-02, que é um valor positivo muito


próximo a 1. Ao derivarmos a função, obtemos a seguinte derivada, que representa
o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico:

−2
𝑌' = −𝑎 * 𝑥 (𝑉𝐼)
Assim sendo,temos as assíntotas devidamente representadas e podemos
perceber que o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico é negativo, ou seja, o
gráfico é decrescente em relação a 𝑃 se aumentam os valores positivos de ℎ,
enquanto o gráfico é crescente em relação a 𝑃 enquanto são inseridos valores
negativos de ℎ o que, de fato, se pode perceber no gráfico. Portanto, temos que as
grandezas Pressão e Altura ou Volume são inversamente proporcionais, o que, de
fato, é de acordo com a lei de Boyle-Mariotte.

2 - Lei de Gay-Lussac

Para efetuarmos a análise do gráfico, é fácil perceber que este segue uma
relação linear de primeiro grau entre as grandezas citadas, dado a equação (𝐼𝐼𝐼), o
que nos permite substituirmos os fatores que multiplicam 𝑇 na equação citada por :

𝑛𝑅𝑇
ℎ = 𝐴𝑃
* 𝑇 = 𝑎 ·𝑇

O que nos permite inferir que o comportamento esperado é análogo a uma


função de primeiro grau de forma:

𝑌 = 𝑎 * 𝑥 + 𝑏 (𝑉𝐼𝐼)

dado que 𝑥 ∈ 𝑅. Ao derivarmos a função para obtermos o coeficiente angular da


reta tangente ao gráfico, obtemos:

𝑌' = 𝑎 (𝑉𝐼𝐼𝐼)

o que acaba por tornar o parâmetro 𝑎 como o coeficiente angular da equação.


Pode-se perceber, além disso, que o ponto de corte no eixo 𝑌 é quanto 𝑌 = 𝑏 , e
que o ponto de corte no eixo 𝑥 é quando 𝑥 = − 𝑏/𝑎 (𝐼𝑋). Teoricamente, conforme
a fórmula em função da temperatura, o comportamento esperado era de que 𝑏 = 0.
Posto isso, fizemos a regressão linear por meio da função Fit Wizard, do software
Qtiplot, e obtivemos o seguinte resultado:
Primeiramente, deve-se destacar que a equação se encaixa na qual foi
proposta, com leves distorções. Destaca-se a existência do coeficiente linear b, que
corta o gráfico no ponto y = 161, que, dado à limitação da amostragem a 8 pontos,
não pôde ser representado, mas significa a respectiva altura da coluna de mercúrio
em que a temperatura é igual a 0. Já o ponto em que Y = 0, ou seja, a altura/volume
é igual a 0, seria o ponto em que 𝑥 = − 𝑏/𝑎, e,efetuando os cálculos,
𝑥 = 𝑇 ≈ (− 289, 56 ± 15) °𝐶, ou seja, aproximadamente − 273 °𝐶 ou 0𝐾(0
absoluto), que é a temperatura no ponto em que a pressão é nula, pois, como a
temperatura registra o grau de agitação das moléculas e a mesma temperatura é 0,
temos que as moléculas estarão em repouso, ou seja, não haverá energia cinética e
a pressão. Não foi obtido o valor dentro da margem de erro de − 273 °𝐶 devido à
imprecisão dos instrumentos utilizados. Dado o parâmetro a = 5,56e-01 +/- 1,4e-02,
ou seja, positivo, temos que o coeficiente angular é positivo e, portanto, a função é
crescente. Ou seja, é possível inferir que, de acordo com o gráfico, a altura da
coluna de mercúrio, ou o volume, e a temperatura são diretamente proporcionais, o
que, de fato, confirma a lei de Gay-Lussac.

3- Procedimento para a Lei de Amontons

Como a Lei de Amontons define que a pressão e a temperatura são


diretamente proporcionais à volume constante, um procedimento a ser elaborado
que provaria tal Lei consistiria em alocar um certo volume de um gás em uma esfera
metálica, simulando um vácuo, e mergulhá-la em um béquer de água quente, com
auxílio de um manômetro para medir a pressão dentro da esfera e de um
termômetro pra medir a temperatura. Dessarte, confirmar-se-ia a Lei de Amontons,
e seria obtido um gráfico similar ao de uma equação de primeiro grau em que a
temperatura e a pressão são diretamente proporcionais.

Conclusão

Conclui-se que, de acordo com todo o experimento, pressão e volume (ou


diferença entre as alturas das colunas de mercúrio) são grandezas inversamente
proporcionais à temperatura constante, enquanto uma cresce outra decai e
vice-versa, condizente com a lei de Boyle-Mariotte. Ademais, foi visto que ao
aumentar a diferença de altura entre as colunas de mercúrio, a temperatura
aumenta, o que condiz com a lei de Gay-Lussac. Além disso, por meio do
experimento de Gay-Lussac, foi provado, com leve diferença na margem de erro,
que a pressão é nula na temperatura de 0𝐾, visto que não há agitação das
moléculas e, portanto, não há energia cinética e pressão.
Ao final da terceira parte do experimento, nota-se matematicamente que a
temperatura e pressão são grandezas diretamente proporcionais à volume
constante, e foi feito um procedimento válido a fim de provar, de forma clara, que a
Lei de Amontons se aplica em tal processo. Posto isso, pode-se dizer que os
resultados empíricos obtidos foram todos condizentes com os resultados teóricos
previstos, e que o experimento em questão foi um sucesso.

Bibliografia

Halliday, Resnick e Walker, Fundamentos de Física: Gravitação, Ondas e Termodinâmica,


Livros Técnicos e Científicos Editora S.A

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