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Claudia Garcia
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seõçatona reV
CONHECENDO A DISCIPLINA
Prezado aluno!
Este livro visa abordar conteúdos de muita relevância para a área da educação
física interligada com a psicomotricidade, pois discutiremos sobre assuntos que
contribuirão para o entendimento e resolução de diferentes situações-problema
encontradas na sua prática profissional.
Para isso, você conhecerá as principais características anatômicas e o
funcionamento do sistema nervoso central e periférico em situações de
aprendizagem, além de entender as teorias de aprendizagem, tornando-se capaz
de classificar as habilidades motoras, compreender o processamento de
informação, o processo da aprendizagem, o controle motor, os principais conceitos
de psicomotricidade, relacionar o aprendizado com o lúdico e assimilar as ações de
prevenção e educação psicomotora, que visam à profilaxia. Além disso,
conheceremos os transtornos e o processo de avaliação psicomotora,
colaborando, assim, para a compreensão dos aspectos da aprendizagem motora e
psicomotricidade, bem como sua aplicação na educação física.
A divisão dos conteúdos abordados servirá para o entendimento geral e específico
do tema, sendo relacionados com situações-problema e divididos em quatro
unidades de conhecimento.
Dessa forma, na unidade 1 você conhecerá a organização morfofuncional do
sistema nervoso, por meio de sua apresentação, seu funcionamento durante a
aprendizagem e alterações no sistema nervoso central. Na unidade 2, serão
relatados os aspectos básicos da aprendizagem motora na intenção de
compreender as teorias da aprendizagem motora, a classificação das habilidades,
o processamento de informação e tomada de decisão, a aprendizagem de
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compreender a estrutura corporal, o desenvolvimento da criança, o brincar e o
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brinquedo, a avaliação e os transtornos psicomotores.
Pronto para se aventurar?
Ao estudar sobre os conteúdos do livro, você será capaz de conhecer e aplicar
metodologias respaldadas em conhecimento científico e diferenciadas na sua vida
acadêmica e profissional.
Bom estudo!
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Claudia Garcia
seõçatona reV
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, seja bem-vindo a esta unidade de ensino!
Agora é o momento de estudar a organização morfofuncional do sistema nervoso,
para que você amplie seus conhecimentos sobre esse assunto. É comum nos
depararmos com questionamentos de alunos sobre como acontece o movimento,
e com conhecimento teórico fica muito mais fácil dar uma resposta clara e objetiva,
pois o que queremos é a confiança de nossos alunos no trabalho realizado.
Nesta unidade, será possível compreender, conhecer e reconhecer as principais
características de funcionamento, constituição e estruturas do sistema nervoso
central e periférico, em condições normais, com possíveis alterações no processo
de aprendizagem. O objetivo é fazer com que você consiga aplicar e relacionar
seus conhecimentos adquiridos em situações da sua vida acadêmica e profissional.
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profissional.
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Imagine que você seja um técnico de basquetebol feminino na categoria sub-12 e
esteja ministrando aulas duas vezes por semana em um clube bem conhecido na
região onde mora. Sua equipe possui 14 atletas, porém o clube não seleciona as
componentes do time, já que a entrada na equipe acontece por meio de inscrição.
O principal objetivo é a participação em competições.
Durante uma determinada aula, você treinava com sua equipe o fundamento da
bandeja, comum no basquetebol, e ao receber a bola após um arremesso na cesta,
a aluna Raquel virou o dedo e gritou de dor. Essa é uma situação muito comum nas
aulas de basquetebol: a aluna arremessou a bola, que bateu no aro da cesta e
voltou rapidamente, e para não deixar a bola cair, Raquel tentou pegá-la, mas
acabou torcendo o dedo.
Vocês entenderam o que aconteceu? Por que Raquel gritou imediatamente depois
que virou o dedo ao tentar pegar a bola? Como acontece essa reação? Quais
estruturas neurológicas foram requisitadas para que essa reação ocorresse?
Agora é o momento de compreender o que aconteceu no momento da batida da
bola no dedo da Raquel. Convido você para acompanhar a apresentação do
sistema nervoso, a fim de verificar o que ocorreu e solucionar esses
questionamentos.
CONCEITO-CHAVE
Você já parou para analisar que nossos movimentos precisam de comandos para
ser realizados? E já pensou em como esses comandos acontecem e de que forma?
Além disso, qual é o sistema responsável por esses movimentos?
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SISTEMA NERVOSO
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O sistema nervoso é o responsável pelo comando dos movimentos em resposta
aos sinais tanto internos como externos do nosso corpo.
Como exemplo, podemos imaginar uma criança pulando corda. Para que esse
movimento ocorra, é necessário um disparo no córtex cerebral, o qual permite que
todos os movimentos aconteçam numa grande velocidade.
O sistema nervoso humano é dividido em sistema nervoso central e periférico,
sendo o central constituído pelo encéfalo e medula espinhal, e o periférico por
uma grande rede de nervos, gânglios e terminações nervosas. Constitui-se como
uma estrutura formada pelo tecido nervoso, e os tipos celulares são os neurônios
e as células de neuroglia.
NEURÔNIOS
Os neurônios são células essenciais para funções do encéfalo que recebem
informações do ambiente e, dessa forma, entram em contato outros neurônios
para comandar as tarefas motoras e sensações. Os neurônios estão divididos em:
corpo celular, dendritos e axônio.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CORPO CELULAR
Possui determinadas estruturas que mantêm o funcionamento neural em bom
estado, mostrando a capacidade de captar estímulos vindos das sinapses.
DENDRITOS
É uma estrutura alongada que funciona como um canal para os neurônios, que,
por sua vez, estão encobertos por sinapses.
AXÔNIO
Encontrado apenas nos neurônios, serve para transportar informações entre
lugares afastados do sistema nervoso.
A velocidade do sinal elétrico é considerada um impulso nervoso, porém muda
conforme o diâmetro do axônio e apresenta tamanhos diferentes, podendo chegar
a um metro.
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ASSIMILE
É importante se atentar para o fato de que quanto mais fino for o axônio,
mais rápido o impulso chegará.
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Os neurônios são classificados conforme o número total de axônios e dendritos.
Um neurônio que possui um neurito é conhecido como unipolar; se possui
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neuritos, é bipolar; e quando apresenta mais células, é multipolar.
CÉLULAS DE NEUROGLIA
Comparadas aos neurônios, as células de neuroglia estão presentes em maior
quantidade e agem isolando os neurônios uns dos outros.
CÉREBRO
Agora, vamos conhecer melhor o cérebro, pois é o principal órgão do corpo
humano, responsável pelas ações voluntárias e involuntárias. Ele constitui a porção
mais maciça e importante do sistema nervoso central.
É dividido por dois hemisférios cerebrais (direito e esquerdo), sendo o hemisfério
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Figura 1.2 | Cérebro
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Fonte: Shutterstock.
CEREBELO
O cerebelo fica atrás do cérebro e possui uma proporção pequena quando
comparado a esse órgão principal, porém sabe-se que ele possui muitos
neurônios. É um centro de controle de movimentos, equilíbrio corporal, manejo do
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tônus muscular e aprendizagem motora, por isso tem diversas conexões com o
cérebro e a medula espinhal. Também é dividido por lados, no entanto,
diferentemente dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do cerebelo está
relacionado com os movimentos do lado esquerdo, o que também vale para o lado
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direito.
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REFLITA
TRONCO ENCEFÁLICO
A parte que falta do encéfalo é o tronco encefálico, o qual possui uma forma
parecida com um tubo, que serve para encaminhar informações do cérebro à
medula espinhal e ao cerebelo, e destes dois para o cérebro. É o local que regula a
respiração, o estado de alerta e a temperatura corporal.
MEDULA ESPINHAL
Caracteriza-se como a parte mais longa do sistema nervoso central, envolvida por
ossos e localizada no canal interno da coluna vertebral, constituindo-se de células
nervosas. É o maior condutor de informação da pele, das articulações e dos
músculos ao encéfalo e, consequentemente, deste para a pele, articulações e
músculos.
DICA
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OS NERVOS CRANIANOS
Para que você entenda melhor o que são os nervos cranianos, é necessário saber
que, além dos nervos que temos na medula espinhal e que inervam o corpo
humano, ainda existem os nervos cranianos, os quais estão no tronco encefálico e
inervam a cabeça. Além disso, alguns deles fazem parte do sistema nervoso
central.
MENINGES
As meninges são membranas que revestem o sistema nervoso central para que
não fique em contato direto com o crânio ou a coluna vertebral. A proteção mais
externa é a dura-máter, considerada de consistência dura, como evidencia a
descrição do próprio nome. Possui a forma de um saco forte e sem elasticidade,
que reveste o encéfalo e a medula espinhal. Na parte inferior da dura-máter
encontra-se a membrana aracnoide, que é semelhante a uma teia de aranha. Já a
pia-máter é uma membrana de estrutura fina onde correm muitos vasos
sanguíneos. Entre essas duas últimas membranas é possível encontrar um líquido
chamado líquor, que alimenta o sistema nervoso central e responsável por
minimizar possíveis traumas.
Toda a constituição do sistema nervoso central estudado até este momento de
nossos estudos é relevante para compreendermos que as células do tecido
nervoso realizam funções importantes para a manutenção da vida. Sabemos,
agora, que o sistema nervoso é constituído de dois tipos de células: os neurônios e
as células da neuroglia.
REFLITA
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informação e como você terá vontade de experimentar ou comer esse
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alimento se um dos sentidos que estimulam o desejo de comer é o cheiro?
O mesmo ocorre caso seu aluno não possa enxergar como acontece uma
atividade física proposta, já que, sem a visão, um estímulo que poderia
incentivar a execução do movimento não estará disponível.
ASSIMILE
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seõçatona reV
EXEMPLIFICANDO
Para que você entenda melhor, lembre-se que esse sistema é responsável
por transmitir informações sensoriais para o sistema nervoso, e este para
os músculos, as glândulas e células. Dessa forma, caso você leve um choque
em alguma parte do corpo, a sua reação imediata será de dor, pois o
sistema periférico é conhecido como o sistema das sensações. Nesse caso,
ele recebeu a informação por meio da pele, transmitiu impulsos nervosos
para o sistema nervoso central, e este, por sua vez, enviou comandos aos
músculos, glândulas e células.
ASSIMILE
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ATENÇÃO
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KRUEGER-BECK, E. et al. Potencial de ação: do estímulo à adaptação neural.
Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 24, n. 3, p. 535-547, jul./set. 2011.
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OS IMPULSOS NERVOSOS E AS SINAPSES
Será que você já percebeu que os neurônios e células da glia carregam
informações do centro para a periferia e da periferia para o centro?
Essas informações são transmitidas de um neurônio para o outro por meio das
sinapses, que podem ser elétricas ou químicas. Esse processo é conhecido como
transmissão sináptica e geralmente acontece em terminações axonais.
As sinapses químicas ocorrem na comunicação intraneural, como também entre
neurônios e células neurais. Para que isso aconteça, são necessários
neurotransmissores.
VIAS DE ASSOCIAÇÃO
Tem como função analisar as informações, armazená-las na memória e elaborar
formas de dar repostas ou gerar retornos espontâneos.
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do sistema nervoso central e conduzem para o periférico ou, até mesmo, para os
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efetores, como órgãos e músculos.
Conhecemos as vias aferentes como sensitivas, pois trazem informações dos
receptores de sensação e estão interligadas com temperatura, dor, propriocepção
inconsciente (como a sensibilidade visceral) e propriocepção consciente.
Após todo esse estudo e com um bom embasamento teórico, como podemos
responder aos questionamentos sobre a Raquel, que bateu o dedo na bola de
basquete e gritou?
REFERÊNCIAS
BARRETO, S. J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:
Livraria Acadêmica, 2000.
BEAR, M. F; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o
sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Rio de
Janeiro: WAK, 2009.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
HOLLMAN, S. J.; HARRIS, J. C. Cinesiologia: o estudo da atividade física. São Paulo:
Artmed, 2002.
KRUEGER-BECK, E. et al. Potencial de ação: do estímulo à adaptação neural.
Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 24, n. 3, p. 535-547, jul./set. 2011.
Disponível em: https://bit.ly/3lxgLU3. Acesso em: 27 maio 2021.
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MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
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Edgar Blücher, 2000.
ROCHA, L. P.; SHOLL-FRANCO, A. Memória motora: por que nunca esquecemos de
como andar de bicicleta? Ciência & Cognição, Rio de Janeiro, v. 9, p. 158-161, nov.
2006. Disponível em: https://bit.ly/3r9jZk4. Acesso em: 27 maio 2021.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
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Claudia Garcia
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SEM MEDO DE ERRAR
Quando conhecemos as características e o funcionamento do sistema nervoso,
tanto o central como o periférico, podemos identificar o que aconteceu com
Raquel na aula de basquete.
Dor é a sensação de que algo não caminha muito bem, é uma defesa do nosso
organismo para demonstramos o que aconteceu ou acontece durante uma
situação de desconforto.
Raquel gritou imediatamente depois que virou o dedo ao tentar pegar a bola
porque o sistema nervoso periférico entrou em ação, isto é, recebeu um estímulo
por meio da batida no local e levou informações para o sistema nervoso central em
um tempo extremamente rápido, de modo que a estrutura envolvida foi acionada.
Com essa resposta, é fácil compreender que quando recebemos estímulos
externos pelas vias sensitivas o nosso corpo reage rapidamente, pois o sistema
periférico recebe a informação e, a partir das sinapses, essas informações chegam
ao sistema nervoso central, o qual informa aos músculos para a realização da
tarefa ou ação.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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ENGRAMAS
Carlos é atleta de alto rendimento que compete em uma determinada modalidade
esportiva. Treina corrida quase todos os dias e natação algumas vezes na semana,
porém, em 2019, ele recebeu uma proposta de trabalho para tentar acompanhar
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uma equipe de triátlon num determinado campeonato internacional. Carlos, a
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princípio, ficou com dúvidas sobre aceitar ou não esse convite, pois nunca mais
havia andado de bicicleta desde sua infância. Mesmo assim, o atleta topou o
desafio, pois ainda tinha cerca de dois meses de preparação até o campeonato.
Logo marcou um dia para andar de bicicleta com a equipe, porém teve alguns
problemas de estabilidade e resistência no início do treino. Depois, com a prática,
conseguiu andar perfeitamente com a bicicleta, mas ainda precisava melhorar as
rotações do pedal da bicicleta para ganhar velocidade. Será que Carlos conseguiu
andar de bicicleta, participar do campeonato e ainda obter algum resultado
positivo?
RESOLUÇÃO
Durante os dois meses que faltavam, Carlos resolveu pegar sua bicicleta e
voltar a pedalar, no entanto teve alguns problemas de estabilidade. Como fazia
muito tempo que não andava de bicicleta, o atleta já não tinha resistência nem
velocidade. Diante disso, a sugestão foi começar a andar de bicicleta
gradativamente para que a repetição do movimento fizesse com que ele
aprimorasse seus movimentos e, consequentemente, tentasse participar do
campeonato. Isso é possível porque carregamos uma memória de movimento,
o que auxilia na aprendizagem e no controle motor.
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Claudia Garcia
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PRATICAR PARA APRENDER
Estudamos, anteriormente, qual o caminho percorrido da via aferente (sensitiva)
até o sistema nervoso central, que envia comandos ao sistema periférico. Agora,
vamos compreender outro processo de informação, o qual vem diretamente do
sistema nervoso central para o periférico. Essa compreensão é necessária para que
você, frente a situações do dia a dia ou durante as aulas com seus alunos, seja
capaz de adequar, aplicar tarefas motoras, exercícios ou atividades físicas eficazes,
de acordo com o objetivo planejado.
Na seção 1 desta unidade, Raquel, aluna da equipe de basquetebol, virou o dedo
durante um arremesso, e nós investigamos o que motivou a reação da aluna nesse
momento. Agora, vamos analisar o movimento que ela realizou durante o
lançamento da bola. Imagine Raquel na posição ereta, em pé, aproximando-se da
cesta de basquete, posicionando todo o seu corpo para a execução do lançamento.
O arremesso é um fundamento bastante utilizado no basquetebol, e para a
evolução técnica desse movimento, é importante que haja sistematização e
organização. Assim, para que essa ação aconteça, são necessários vários fatores
microscópicos e estruturais, processos cognitivos superiores, áreas encefálicas e
controle de movimentos.
O que você acredita ser requerido para que esse movimento ocorra de maneira
natural? Como Raquel conseguiu arremessar? Quais são as forças necessárias para
que ocorra o movimento do arremesso?
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CONCEITO-CHAVE
seõçatona reV
Para realizar tarefas motoras, nosso corpo necessita de informações, as quais, por
sua vez, acontecem por meio de estruturas neurais. Você deve lembrar que essas
informações são transformadas em sinais elétricos, considerados impulsos
nervosos, que podem caminhar do sistema nervoso periférico para o sistema
nervoso central. Agora, nesta seção, você compreenderá outro processo de
informação, o qual ocorre do sistema nervoso central para o periférico. Para isso,
você conhecerá a placa motora, as unidades motoras e as vias eferentes ou
motoras. Além disso, será possível analisar os processos cognitivos superiores e as
aprendizagens humanas, bem como as áreas encefálicas que controlam as
emoções, verificando, também, como acontece o controle dos movimentos
reflexos, automáticos e voluntários.
ASSIMILE
A PLACA MOTORA
As fibras musculares controlam e estão dentro de cada músculo esquelético, que,
por sua vez, se encontra na medula espinhal e compõe a maior parte da massa
muscular do corpo. Essas terminações nervosas que se conectam com as
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estruturas musculares formam o chamado sistema motor somático, o qual
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controla os movimentos de forma voluntária, tendo domínio, por exemplo, sobre
os músculos de que precisamos para caminhar, correr, abaixar, levantar, rolar,
entre outras atividades. Dessa forma, placa motora é onde acontece a
comunicação entre a fibra muscular e a nervosa, que é mediada pelos botões
sinápticos, os quais são compostos por ramificações cuja responsabilidade é enviar
informações por meio dos neurotransmissores.
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UNIDADE MOTORAS
Neurônios motores alfa e gama são divisões dos neurônios motores inferiores da
medula espinhal. Os primeiros constituem o gerador direto da força do músculo, e
esse neurônio, juntamente com todas as fibras musculares que ele inerva, forma a
unidade motora.
As unidades motoras estão presentes na maioria dos músculos e podem ser de
vários tamanhos. Dependendo da requisição, é possível obter um controle mais
leve ou pesado, de acordo com a exposição de carga. Dessa forma, a contração
muscular pode ocorrer de forma individual ou combinada, conforme as unidades
motoras solicitadas. Portanto, um conjunto de neurônios motores alfa requisitados
formam um grupo de neurônios motores.
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Fonte: Shutterstock.
EXEMPLIFICANDO
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central para a periferia. Esse caminho é conhecido como via eferente ou motora,
que pode ser dividida em vias eferentes somáticas e eferentes viscerais, ou do
sistema motor autônomo.
As vias eferentes somáticas são responsáveis pelo controle dos músculos estriados
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esqueléticos, permitindo, assim, a execução dos movimentos voluntários ou
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autônomos e equilibrando o tônus e a organização da postura. No entanto, o
circuito que faz o movimento acontecer é constituído pelo córtex cerebral,
neurônio motor e demais elementos que auxiliam nesse caminho. O córtex se
comunica com os gânglios da base pelas fibras que passam pelo tálamo.
Dessa maneira, as vias eferentes são classificadas pelos tratos, como: trato
corticoespinhal, responsável pelo movimento voluntário; trato corticonuclear,
parecido com o trato corticoespinhal, mas seus impulsos são encaminhados do
córtex cerebral aos neurônios motores do tronco cefálico em vez da medula; trato
rubroespinhal, o qual tem a função de controlar a movimentação dos músculos
distais; trato vestibuloespinhal, que controla o equilíbrio; trato reticuloespinhal,
que colabora com a postura; e trato tectoespinhal, que está relacionado com o
acompanhamento visual.
REFLITA
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estímulo) você se torna capaz de sempre aprender novas habilidades motoras?
seõçatona reV
Isso é possível porque, quando realmente aprendemos algo, nosso organismo
armazena informações motoras que transferimos para outras situações de
aprendizagem, e à medida que praticamos esses movimentos, passamos a realiza-
los com mais eficácia e menor gasto energético.
EXEMPLIFICANDO
EXEMPLIFICANDO
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habilidade.
seõçatona reV
EXEMPLIFICANDO
Nota-se que um controle motor fino acontece nos músculos das mãos e
face, mas também é importante lembrar que movimentos finos podem
ocorrer com outros músculos e ser aprendidos com as experiências.
Podemos citar como exemplo um violinista, que necessita da coordenação
das articulações dos dedos, punhos e ombros para a realização do
movimento.
ASSIMILE
EXEMPLIFICANDO
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possivelmente foi desviada.
seõçatona reV
Você provavelmente já vivenciou situações nas quais teve sua atenção desviada e
foi necessário recorrer a diferentes habilidades já aprendidas para resolver esses
incidentes. Também é possível que tenham surgido diversos sinais fisiológicos,
como frio, calor, coração acelerado por esperar alguém que não via há muito
tempo ou pela participação em um jogo importante. Enfim, essas são situações
rotineiras que devemos levar em conta durante a realização das tarefas motoras.
Além disso, precisamos tomar como importância o processo de motivação e
concentração para executar os movimentos.
EXEMPLIFICANDO
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MOVIMENTOS REFLEXOS
Ainda dentro do útero materno, os primeiros movimentos realizados pelo feto são
chamados de reflexos. São movimentos feitos de forma involuntária, controlados
subcorticalmente, os quais são considerados como reações de uma parte do corpo
0
ou a algum estímulo externo. Você já notou que quando colocamos o dedo na boca
seõçatona reV
de um recém-nascido ele imediatamente começa a fazer o movimento de sucção?
ASSIMILE
Dos tipos de reflexos, podemos destacar os inatos, isto é, aqueles que não
dependem da aprendizagem, e sim da hereditariedade. Quando você está exposto
aos raios solares ou a uma nuvem de poeira intensa, é comum que aconteça, de
maneira reflexa, a contração da pálpebra, diminuindo a entrada de luz pelos olhos.
Outro tipo de reflexo são os adquiridos, ou seja, aqueles que dependem da
associação entre os movimentos inatos, o que leva à produção de outros estímulos
como resposta reflexa. São bastante utilizados nos esportes e demais atividades
motoras como resposta a uma determinada ação. Como exemplo, podemos citar a
defesa de um golpe de judô.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
MOVIMENTOS AUTOMÁTICOS
Você já deve ter assistido algum espetáculo circense e se perguntado como os
malabaristas realizam tantas tarefas motoras diferentes ao mesmo temo? Como
eles iniciam o malabarismo com três bolinhas, terminam com sete bolinhas em
movimento e ainda ficam em cima de uma prancha de equilíbrio?
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS
O ser humano é capaz de realizar uma gama de movimentos, dentre eles os
movimentos finos (delicados) ou grossos (bruscos). Você já viu a desenvoltura de
uma ginasta efetuando sua série de ginástica rítmica? Esses movimentos corporais,
0
juntamente com o manejo do aparelho, impressionam as pessoas que assistem.
seõçatona reV
São ações realizadas de maneira voluntária e, para chegar a esse nível de
desempenho, é necessário organizar o processo preparatório de programação e
execução.
Dessa forma, o professor precisa saber distinguir esses diferentes tipos de
movimentos e aplicar seus conteúdos e estratégias de forma eficaz, de acordo com
o objetivo de ensino-aprendizagem das suas aulas.
REFERÊNCIAS
BARRETO, S. J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:
Livraria Acadêmica, 2000.
BEAR, M. F; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando
o sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
CATELA, D. et al. Introdução e exploração da colher na infância em
contexto familiar. Revista da UIIPS, Santarém, v. 8, n. 2, p. 30-38, 2020. Disponível
em: https://bit.ly/3HTTpBn. Acesso em: 10 de jun. 2021.
DE PAULA, F. V. R.; FARIA, C. D. C.; VIEIRA, D. S. R. Teoria de programação motora:
uma perspectiva da sua evolução teórica. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v.
20, n. 2, p.
63-71, abr./jun. 2017. Disponível em: https://bit.ly/31576N2. Acesso em: 10 jun.
2021.
FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Rio de
Janeiro: WAK, 2009.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
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MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
seõçatona reV
Edgar Blücher, 2000.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
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seõçatona reV
Claudia Garcia
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aprendidos e emoções supostamente vivenciadas, as estruturas corporais e
seõçatona reV
possíveis lesões interferem em determinadas tarefas motoras?
Ainda estudaremos os assuntos expostos aqui para que você obtenha o máximo
de informação sobre a organização morfofuncional do sistema nervoso central.
Dessa forma, salientamos que o desafio proposto de desvendar o que ocorreu
durante o arremesso feito por Raquel foi concluído.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
EQUIVALÊNCIA MOTORA
Durante determinadas situações, os seres humanos conseguem resolver tarefas de
diferentes formas. Pensando em um esporte coletivo, como o futsal, é comum que
os técnicos da modalidade treinem seus atletas ensinando os fundamentos
necessários e as possíveis situações de jogo. Gabriel, atleta da seleção juvenil de
futsal, treina todos os dias a modalidade com os mesmos colegas de equipe,
porém surgiu a oportunidade de fazer um teste em um clube grande. Gabriel
resolveu participar desse processo de seleção. Quando chegou, foi bem
recepcionado pelo técnico avaliador e demais jogadores do time, que já se
conheciam e tinham um entrosamento do sistema de jogadas e técnicas. Apesar
da boa recepção, Gabriel ficou impressionado com o tamanho dos jogadores da
equipe e com as habilidades vistas, pois enquanto aguardava o horário do teste,
teve a oportunidade de ficar assistindo ao aquecimento dos atletas.
O técnico avaliador logo colocou Gabriel para jogar com a equipe e o trocou de
posição algumas vezes, mesmo sabendo que o atleta estava interessado em
disputar uma vaga para a posição de lateral. Gabriel ficou exausto, porém
conseguiu adaptar algumas situações, já que eram parecidas com as que tinha
aprendido anteriormente.
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RESOLUÇÃO
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equipe, diante das mesmas estruturas físicas dos seus amigos de equipe e nas
mesmas condições, como horário de treino, posicionamento, local, entre
seõçatona reV
outros fatores. Para que Gabriel conseguisse um melhor desempenho no teste,
era preciso variar mais essas situações anteriores e trabalhar melhor o
movimento sob pressão ou situação de tensão, pois as emoções estão
conectadas com a realização das tarefas motoras. Se tudo isso ocorresse,
mesmo que não fosse diante da mesma equipe e no mesmo local,
possivelmente Gabriel conseguiria adaptar ainda mais seus movimentos e
realizá-los de maneira equivalente.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Vimos que existem caminhos a serem percorridos para que aconteça o
movimento, os quais geralmente estão ligados a estímulos que se transformam em
respostas motoras. No entanto, todos esses caminhos naturalmente acontecem
com indivíduos sem nenhuma lesão neural, seja durante o caminho do sistema
nervoso periférico para o central, deste para o periférico ou do sistema nervoso
central para o periférico. Nesta seção, o foco será estudar sobre a plasticidade
neural, a fim de verificar como o organismo se organiza diante das experiências,
alterações e lesões no sistema nervoso central, o qual encaminha estímulos para
que exista uma resposta motora, de acordo com a tarefa, sobre a recuperação da
função no sistema nervoso central.
Obter esses conhecimentos é muito relevante porque colabora com uma boa
prática profissional. Com essas informações, você será capaz de selecionar
estímulos favoráveis para a recuperação da função do sistema nervoso central do
seu aluno lesionado.
Voltaremos ao caso da aluna Raquel durante o arremesso da bola na cesta de
basquete. Se além da dor momentânea causada pela torção, a volta da bola tivesse
quebrado o dedo da aluna, lesionado algumas musculaturas e o nervo periférico,
como ela poderia recuperar as funções do seu dedo, visto que com a lesão deixou
de conseguir movimentá-lo? O dedo fica sem função ou outro dedo pode ser usado
com a mesma qualidade de movimento? Existe algum tipo de mapeamento?
Esses questionamentos poderão ser respondidos a partir dos conteúdos a seguir.
Compreenda, nesta seção, o que é plasticidade neural, as experiências e atuações
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CONCEITO-CHAVE
seõçatona reV
PLASTICIDADE NEURAL
Nosso corpo possui a capacidade de se organizar e se adaptar de acordo com
alguma situação, seja por meio de um aprendizado ou a partir de uma lesão. Dessa
forma, plasticidade neural é quando o sistema nervoso encontra soluções para
cada circunstância.
Pode ser considerada como a capacidade de organização comportamental, quando
o cérebro estimula novas conexões sinápticas entre os neurônios, sempre de
acordo com um determinado comportamento. De modo geral, a necessidade de
outros comportamentos são aprendidas, significando que o cérebro muda e uma
função do sistema nervoso pode ser desenvolvida em outra parte do cérebro.
Em todas as fases da vida e a cada nova tarefa aprendida, acontecem conexões
neurais, o que colabora para o desenvolvimento do indivíduo. Isso significa que o
organismo é capaz de responder a estímulos internos e externos.
ASSIMILE
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FILOGENÉTICA
A filogenética pode ser observada quando determinadas habilidades aparecem ao
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longo da vida, de acordo com a maturação do indivíduo, e resistem às influências
seõçatona reV
ambientais.
ONTOGENÉTICA
A ontogenética está relacionada diretamente com o aprendizado e necessita de
determinadas práticas e experiências, sendo influenciada pela cultura de cada
indivíduo.
Dentre os tipos de plasticidade neural, temos: axônica, dendrítica, somática,
sináptica e de regeneração.
PLASTICIDADE AXÔNICA
A plasticidade axônica ocorre entre os 0 e 2 anos de idade, que é uma fase ótima
para promover diferentes estímulos às crianças, a fim de propiciar melhorias ao
seu desenvolvimento.
PLASTICIDADE DENDRÍTICA
É uma plasticidade que possui alterações no seu comprimento, número, no espaço
e na densidade das espinhas dendríticas, as quais, por sua vez, têm uma
concentração de íons e pequenas moléculas responsáveis pela transmissão de
informações entre os neurônios.
PLASTICIDADE SOMÁTICA
A plasticidade somática regula o crescimento ou morte das células nervosas, não
sofrendo alterações do meio externo e sendo capaz de gerar cópias idênticas. É
encontrada somente no sistema nervoso embrionário.
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PLASTICIDADE SINÁPTICA
A plasticidade sináptica é responsável por regular as informações para as células
nervosas.
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PLASTICIDADE DE REGENERAÇÃO
seõçatona reV
Constitui-se como o reestabelecimento dos axônios lesionados no sistema nervoso
periférico, e não no sistema nervoso central, pois possui dificuldade de
regeneração.
APRAXIA
A apraxia pode estar relacionada com alguma lesão cerebral, como traumatismo
craniano, tumor cerebral, acidente vascular encefálico (AVC) e doença de
Alzheimer. Essas lesões podem acarretar a perda de habilidade para realizar
determinadas atividades motoras.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
AFASIA
O indivíduo que apresenta a apraxia também tende a manifestar afasia, que é a
dificuldade de expressão pela fala, decorrente de uma desordem nas regiões
cerebrais responsáveis pela comunicação oral. Afasia não é considerada uma
doença, e sim um sintoma causado pela lesão cerebral. Sua gravidade depende da
região afetada, podendo iniciar com alterações sutis até gerar a perda completa da
fala.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
ASSIMILE
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AGNOSIA
É um distúrbio ocorrido pela lesão das áreas parietais posteriores. Relaciona-se à
dificuldade de reconhecer figuras geométricas de objetos ou rostos de pessoas,
porém sem perder a capacidade de lembrar da utilização do objeto ou verificar se
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o rosto é familiar ou não.
seõçatona reV
ASSIMILE
ATAXIA
A ataxia acontece quando partes do sistema nervoso são lesionados e acometem
os movimentos, comprometendo o controle muscular, o equilíbrio, a coordenação
e a marcha. Pode ser hereditária ou adquirida.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
SISTEMA AUDITIVO
A surdez está relacionada a alterações na cóclea ou perto dela. Pode ser dividida
em surdez de condução e neural.
Quando o som do ouvido externo é perturbado durante a sua condução até a
cóclea, chamamos de surdez de condução. É um problema que pode estar
relacionado com o aumento de cera no ouvido ou a doenças dos ossículos.
Já a surdez neural está relacionada com a perda de neurônios, no nervo auditivo, e
das células ciliadas da cóclea. As causas podem ser: uso de drogas tóxicas
(afetando as células ciliadas) e contato com som em alto volume.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
ASSIMILE
SISTEMA VISUAL
A perda parcial ou total da visão acarreta a anormalidade de vários componentes.
Um tipo de distúrbio comum em adultos é a catarata, quando ocorre a
opacificação do cristalino do olho. O glaucoma é uma perda progressiva da visão
que está ligada com o aumento da pressão intraocular. Existem, ainda, outros tipos
de lesões.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
EXEMPLIFICANDO
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Existe o AVC hemorrágico, quando há sangramento em algum local do sistema
seõçatona reV
nervoso; e o AVC isquêmico, quando acontecem súbitos neurológicos que
provocam isquemia, culminando no infarto cerebral permanente.
Alguns dos sintomas mais comuns antes da ocorrência do AVC são: formigamento
na face e nos membros, principalmente em um só lado do corpo, confusão mental,
embaçamento da visão, fala alterada, dificuldade para se equilibrar, tontura e dor
de cabeça repentina.
DOENÇA DE PARKINSON
É considerada uma doença crônica, neurológica, progressiva e degenerativa que
atinge os neurônios produtores de dopamina.
Ao longo dos anos, a doença progride e diminui a habilidade de realizar diferentes
tarefas motoras, afetando o sistema nervoso. É comum que apareça após os 60
anos de idade. A causa é desconhecida e ainda não há cura para essa doença,
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Figura 1.12 | Idoso com tremor nas mãos
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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recuperação parcial das funções corticais por meio das mudanças internas do
seõçatona reV
sistema nervoso, promovendo uma reorganização dessas funções – estratégia
conhecida no início desta seção como plasticidade.
REFLITA
Dessa forma, fica claro que, após uma lesão, o processo de recuperação do
indivíduo depende de diferentes fatores, de modo que quanto antes esses
procedimentos ou acompanhamentos forem realizados, mais rápido os resultados
aparecerão. Como sabemos, alguns casos são irreversíveis, porém é possível
melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofreram com esses traumas.
REFERÊNCIAS
BARRETO, S. J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:
Livraria Acadêmica, 2000.
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o
sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FERREIRA, E. V. et al. Plasticidade neural em indivíduos da terceira idade. Arquivo
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do Mudi,
v. 23, n. 3, p. 120-129, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3xrOTVN. Acesso em: 24
jun. 2021.
FONSECA, V. Psicomotricidade: filogênese, ontogênese e retrogênese. Rio de
0
Janeiro: WAK, 2009.
seõçatona reV
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
HOLLMAN, S. J.; HARRIS, J. C. Cinesiologia: o estudo da atividade física. São Paulo:
Artmed, 2002.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
Edgar lücher,
2000.
MELO, T. M. et al. Desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem em
crianças usuárias de implante coclear com duas estratégias de processamento de
sinal. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 86, n. 6, p. 720-726, dez. 2020.
Disponível em: https://bit.ly/3HWqmNB. Acesso em: 24 jun. 2021.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
No decorrer da seção, foi possível verificar que nosso organismo é capaz de fazer
alterações estruturais e funcionais de forma adaptativa para resolver os diferentes
tipos de problemas, sejam eles ocasionados internamente ou externamente.
Para que esses problemas sejam minimizados ou não aconteçam, podemos
executar alguns métodos preventivos, o que não significa, no entanto, que as
pessoas ou seus alunos estarão isentos de sofrer algum tipo de lesão.
Cuidar do local de aula é muito importante. É preciso ter boa iluminação, não
deixar objetos soltos, contar com aparelhos de segurança, espaço adequado, ter
cuidado com piso molhado, entre outras medidas de prevenção. Também é válido
sempre conversar com seu aluno sobre suas rotinas diárias, para poder orientá-lo,
visto que antes de qualquer situação fatídica o corpo demonstra sinais de cansaço,
estresse, estado febril, tremores, entre outros sintomas. Orientar o seu aluno a
passar periodicamente no médico e fazer consultas de rotina é de extrema
importância, assim como estar atento ao sobrepeso e à pressão arterial.
Existem casos, no entanto, de traumas que acontecem por falta de aptidão física,
atenção ou de maneira acidental, como o episódio da aluna Raquel, que se
machucou durante o rebote em seu arremesso. Raquel podia estar com a atenção
focada no movimento, porém a bola voltou mais rápido do que ela imaginava e,
por ser um material duro e pesado, a aluna supostamente quebrou o dedo na
situação apresentada.
Diante do que foi apresentado, você deve ter notado que o nosso organismo se
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que o nosso organismo consegue mapear o que é necessário para cada tarefa
seõçatona reV
motora e, a partir dos estímulos corretos, executa essa atividade da melhor forma
possível.
A aluna Raquel com certeza teve que imobilizar o dedo e, em seguida, fazer
algumas sessões de fisioterapia para recuperar seus movimentos de forma ainda
mais rápida. É de extrema importância o papel dos profissionais envolvidos, visto
que decidem o tipo de imobilização a ser feita, o tempo de afastamento, a
recuperação e ativação de processos adaptativos e, ainda, os fatores
motivacionais, pois muitas vezes os indivíduos que sofrem alguma lesão ficam com
receio de realizar o mesmo movimento.
Nesta seção, você estudou algumas lesões que podem acontecer e entendeu como
o corpo se organiza diante desses traumas. Durante o processo de aprendizagem,
são necessário diferentes estímulos motores, emocionais e psicológicos.
Analisando o caso da Raquel, que já treinava basquetebol e tinha conhecimento
sobre os fundamentos da modalidade, podemos notar que ela apresenta um
domínio prévio do arremesso e rebote, porém foi pega de surpresa com a volta da
bola. Além disso, com o processo de imobilização, a aluna teve que aprender o
movimento novamente. As perguntas que surgem agora são: qual o estágio de
desempenho do seu aluno? Como melhorar a performance desse estudante frente
a uma situação? Para responder a esses questionamentos, na próxima unidade
você compreenderá quais os caminhos para aprendizagem de habilidades motoras
e quais teorias e modelos de estágios contribuem nesse processo.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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ALZHEIMER
Durante uma palestra na universidade, Maria, docente de fisioterapia, acabou
esquecendo os conceitos básicos do trabalho que estava apresentando e ficou
muito chateada, pois sua palestra não foi satisfatória no relatório geral dos
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participantes. Em outro momento, em casa, acabou esquecendo a torneira aberta
seõçatona reV
após escovar os dentes e só percebeu quase uma hora depois. Preocupada e
curiosa com a situação, foi pesquisar sobre essa característica de esquecimento e
se deparou com o Alzheimer. Logo lembrou que sua mãe possui a doença.
O Alzheimer é observado quando há uma perda progressiva da função mental,
sendo que no início de sua manifestação, o esquecimento de acontecimentos em
curto prazo é muito comum. Posteriormente, o acometimento se torna maior,
gerando confusão mental, problemas na fala e complicações para realizar tarefas
do dia a dia.
Maria entrou em desespero, pois não sabia se isso realmente estava acontecendo
com seu organismo. Além disso, ela conhece todas as dificuldades enfrentadas
pela sua mãe e, por ser fisioterapeuta, sabe muito bem que as perdas são grandes
e dificilmente recuperadas.
O que Maria deve fazer diante dessa situação?
RESOLUÇÃO
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Claudia Garcia
seõçatona reV
CONVITE AO ESTUDO
Durante os estudos desta unidade, você entenderá como acontece o processo de
aprendizagem motora, isto é, qual o caminho que um indivíduo percorre para
aprender determinadas tarefas e conseguir realizá-las de forma automática.
Analisaremos os pressupostos teóricos para que você consiga ampliar ainda mais
sua prática profissional, melhorando, assim, o desempenho de seus alunos. Para
isso, faremos uma introdução aos estudos sobre o processo de aprendizagem das
habilidades motoras e os princípios do controle motor, além de compreender
como acontece o processamento de informação e a tomada de decisão.
Nas seções que compõem esta etapa de nossos estudos, será possível entender as
teorias e modelos de aprendizagem, as classificações das habilidades, o
funcionamento dos sistemas de memória, atenção e aprendizagem, diferenças
individuais, capacidade motora, tipos de práticas, retroalimentação, feedback,
princípios do controle motor, previsão de movimentos e, por fim, o que é
performance motora ou desempenho motor.
O estudo deste capítulo será baseado na experiência de aprender uma nova
tarefa. Para isso, acompanharemos um estudo de caso no qual alunos da
graduação de uma universidade foram expostos a uma tarefa que nunca tinham
praticado. Veremos que, por meio desse novo desafio, esses estudantes passarão
por todas as etapas de aprendizagem, conforme as teorias existentes sobre o
tema.
Por fim, no decorrer das seções e com esses embasamentos teóricos, vamos
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PRATICAR PARA APRENDER
seõçatona reV
Querido aluno, a maior função do profissional de educação física é proporcionar o
bem-estar físico aos seus alunos, e juntamente com esse bem-estar físico existem
outros relacionados, como o emocional e o mental. O profissional da área pode
atuar em diferentes campos, como o esportivo, escolar, fitness, de lazer, entre
outros. Em todas essas áreas, o professor acaba ensinando alguma tarefa nova ou
aprimorando outras já aprendidas. A forma como ocorre esse aprendizado
depende de uma série de fatores, de modo que é necessário compreendê-los para
poder avaliar em qual momento está esse processo de aprendizagem e, de certa
maneira, aprimorá-lo, melhorando, assim, o desempenho do seu aluno. Existem
teorias e modelos que explicam esses momentos e quais habilidades estão sendo
requisitadas para cada tarefa. Além disso, algumas avaliações permitem entender
melhor esse processo. Dessa forma, os modelos de estágios servem também como
medida de avaliação.
Na abertura do capítulo, foi mencionado que para compreender esse processo
vamos utilizar uma situação-problema que exemplifica como funciona a
aprendizagem motora. Portanto, o estudo desse capítulo será baseado na
experiência de aprender uma nova tarefa. Assim, alunos da graduação de uma
universidade foram expostos a uma tarefa que nunca tinham praticado.
Nesta seção, iniciaremos nossa análise com um professor universitário da
disciplina Atividades Contemporâneas, o qual descobriu, por meio de uma
pesquisa, que seus alunos nunca tinham vivenciado ou praticado uma atividade de
malabarismo. Como as atividades circenses estão presentes na disciplina e o
professor pretendia explicar como funciona o processo de aprendizagem, ele
resolveu iniciar o curso com esse exercício. Assim, o professor, durante a primeira
aula prática, entregou a cada um dos seus alunos três bolinhas de malabares.
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Solicitou que segurassem duas bolinhas em uma mão, uma bolinha na outra, e
começassem a jogar uma de cada vez para tentar recuperá-las. O que será que
aconteceu com os alunos? O que o professor fez para ensinar a manipulação com
as bolinhas?
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A aprendizagem dessa tarefa foi dividida em três etapas para que os alunos
seõçatona reV
compreendessem todo o caminho percorrido, as quais seguem a sequência das
seções desse capítulo.
O objetivo da disciplina é aprender a realizar o malabarismo com as três bolinhas
em pelo menos seis aulas. Como os alunos nunca tinham praticado a atividade,
tiveram muitas dificuldades inicialmente com a coordenação para manipular as
bolinhas.
Vocês sabem em qual estágio os alunos se encontram nesse momento de
aprendizagem? Qual a classificação dada para essa habilidade? E como é possível
transferir o aprendizado de habilidades para outras tarefas motoras?
CONCEITO-CHAVE
Em diferentes momentos da vida, o indivíduo passa por processos de
aprendizagens, aprende tarefas novas ou transfere o que já sabe para outra tarefa.
Nos primeiros anos de vida, aprendemos a andar, depois transferimos esse
mesmo movimento e conseguimos correr. Esse processo também acontece
quando aprendemos a andar de bicicleta e, posteriormente, conseguimos dirigir
uma moto. Isso significa que frequentemente estamos submetidos a novas
aprendizagens e, dependendo da similaridade da ação motora, conseguimos
transferir o que aprendemos para outra tarefa, sempre passando por estágios.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
REFLITA
Você deve lembrar como foi difícil aprender a escrever durante sua infância.
Era preciso coordenar, manter o alinhamento, equilibrar o tamanho das
letras, segurar firmemente o lápis em forma de pinça. Geralmente o
aprendizado de todas as tarefas durante a vida necessitam de prática e,
durante esse processo, as variáveis são comuns e podem interferir no
sucesso desse aprendizado.
A faixa etária tem um alto nível de influência, pois subentende-se que um adulto
possui mais experiências motoras do que uma criança exposta a tarefas novas e
seu potencial cognitivo está mais desenvolvido, colaborando para a compreensão
da tarefa que será executada e, consequentemente, para um aprendizado mais
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rápido. No entanto, não podemos afirmar que isso aconteça em todos os sentidos,
pois alguns fatores podem afetar, sim, determinados aprendizados, como o medo.
Para que você compreenda como funciona esse processo, faz-se necessário definir
o que é aprendizagem motora.
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seõçatona reV
APRENDIZAGEM MOTORA
Aprendizagem motora corresponde às modificações ocorridas internamente
capazes de fazer com que o indivíduo consiga realizar uma tarefa motora. Também
podemos dizer que a prática e a experiência determinam o nível de aprendizagem
do indivíduo.
Agora que já compreendemos o que significa o termo aprendizagem motora,
daremos início ao estudo sobre as teorias da aprendizagem motora e modelo de
aprendizagem.
REFLITA
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CLASSIFICAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS
Habilidade pode ser considerada uma tarefa motora e classificada conforme a
organização do movimento. Podemos dizer que uma das classificações diz respeito
à habilidade discreta, que geralmente acontece de forma breve, como: chutar uma
bola, saltar um buraco, apertar uma buzina, entre outras ações rápidas. As
habilidades também podem ser classificadas como seriadas quando envolvem
outras ações, como executar uma sequência de ginástica ou fazer um desenho. A
diferença entre as duas classificações está na duração, pois a segunda requer um
tempo maior para execução. No entanto, as duas possuem início e fim
determinados. Outra classificação de habilidade é a contínua, quando as ações são
executadas continuamente sem pausas durante um tempo maior. Como exemplo,
é possível destacar: pedalar uma bicicleta, correr uma maratona, nadar, entre
outras habilidades.
Podemos considerar que outros fatores também influenciam a classificação das
habilidades, tanto dos elementos motores como dos cognitivos.
ASSIMILE
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denominadas de habilidades fechadas e abertas.
seõçatona reV
HABILIDADE FECHADA
Quando executamos uma tarefa num ambiente estável ou previsível, dizemos que
a habilidade necessária é fechada, pois o indivíduo consegue realizar o
planejamento das suas ações de forma antecipada. Pegar o regador no jardim,
executar um salto em distância, nadar sozinho numa piscina e levantar uma
cadeira são tarefas que realizamos em ambiente previsível.
HABILIDADE ABERTA
Quando executamos uma tarefa em ambiente instável ou imprevisível, estamos
lidando com uma habilidade aberta, contudo, nessa situação, não podemos prever
o que acontecerá, pois são necessárias ações rápidas e o indivíduo acaba tendo
que adaptar as repostas de acordo com a situação vivenciada. Como exemplos,
podemos citar as ações de: tentar pegar uma borboleta, rebater uma bolinha de
tênis de mesa durante uma partida ou chutar uma bola depois que ela quicar no
chão.
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Fonte: Shutterstock.
Como é possível verificar na Figura 2.2, rebater a bolinha de tênis de mesa requer
muita atenção, pois não podemos prever exatamente onde o adversário lançará a
bolinha, e o sucesso de uma rebatida também depende da força, velocidade e
habilidade dos jogadores. Essa resposta de ação e adaptação é constante durante
uma partida da modalidade.
Com base nesse entendimento, agora verificaremos como o nosso corpo é capaz
de se adaptar a diferentes situações de aprendizagem.
O sistema nervoso central, como já estudamos anteriormente, é o responsável
pela coordenação dos movimentos. Para compreender o planejamento da ação
desses movimentos, agora vamos conhecer dois sistemas de controle de circuitos:
o fechado e o aberto.
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sistema efetor, que realizará a ação por meio dos músculos e articulações, porém
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sem acesso a um feedback. Dessa forma, é um sistema inflexível e eficaz apenas
para ações previsíveis.
EXEMPLIFICANDO
EXEMPLIFICANDO
Suponhamos que você tenha que ministrar uma aula de esportes radicais e
o material utilizado para a prática foram os patins. Você organiza um
caminho a ser percorrido por todos os seus cinco alunos com os patins.
Nota-se que durante o percurso cada aluno tenta ultrapassar os obstáculos
de acordo com suas habilidades.
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prática. Podemos salientar, ainda, que esse momento inicial do traço da memória é
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caracterizado como verbal-motor, e o segundo, como percepção de ação.
EXEMPLIFICANDO
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Fonte: Shutterstock.
Sendo assim, o esquema possui a ideia inicial da situação a ser realizada, do que se
deve fazer, das informações sensoriais sobre a situação e das informações
relacionadas aos resultados das respostas.
Para entender como podemos avaliar, estudaremos as curvas de desempenho e
transferência de aprendizagem.
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estudante errará muitas vezes, gastará mais energia, a atenção ficará totalmente
voltada para a realização da habilidade e a tensão muscular aplicada será maior.
Esses fatores são considerados parâmetros de avaliação que permitirão saber em
qual momento seu aluno se encontra no processo de aprendizagem. Além disso, a
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quantidade de erros e acertos, o ambiente, os estímulos propostos, as habilidades
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motoras já adquiridas, os fatores emocionais e o nível maturacional também
contribuem para essa avaliação. Com isso, podemos classificar se o aluno está no
processo inicial ou final de aprendizagem. Esse é um método de observação,
porém existem curvas de desempenho que demonstram dados mais efetivos, os
quais, de acordo com a prática, tempo e nível maturacional, são capazes de indicar
em que estágio o aluno se encontra.
Você, como futuro profissional da área, deve se apropriar dessas informações para
conseguir ensinar seu aluno de forma adequada e no momento correto,
conhecendo, ainda, o tempo necessário e o ambiente ideal para a prática.
ASSIMILE
Para que você compreenda melhor como é possível avaliar por meio da
observação e coleta de dados sobre habilidades aprendidas, faça a leitura
do artigo sugerido a seguir, cujo link de acesso está disponível nas
Referências desta seção.
FERES, F. C.; COELHO, D. B.; MARSON, R. A. Análise cinemática do chute no
futsal com aproveitamentos diferentes. Revista Brasileira de Futsal e
Futebol, São Paulo, v. 9, n. 32, p. 8-15, jan./fev./mar./abr. 2017.
Você já reparou que, mesmo tendo aprendido a escrever quando criança, ainda
hoje consegue executar o movimento com as mãos para desenvolver a escrita?
Você também já deve ter percebido que com a vinda das tecnologias a prática da
escrita pouco é realizada. Não esquecemos como nossa mão deve estar posicionar
0
para o movimento, mas talvez a escrita não seja mais delineada como antes. Isso
seõçatona reV
pode ocorrer por consequência da falta de prática. Contudo, você também deve
lembrar da diferença entre os seus primeiros traços e aqueles feitos após alguns
anos de prática. Isso significa que todo movimento que aprendemos pode ser
aprimorado ou refinado com a prática, mas não esquecido.
REFLITA
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Figura 2.5 | Estágio inicial do aprendizado: dirigir um carro pela primeira vez
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Fonte: Shutterstock.
A Figura 2.5 ilustra como uma pessoa na fase inicial do aprendizado se comporta.
Ao dirigir um carro pela primeira vez, o aprendiz pensa em vários movimentos a
serem executados e procura coordená-los de acordo com a necessidade, como
olhar no retrovisor, trocar de marcha, pisar no acelerador, virar o volante, entre
outras ações. Considerando as características anteriormente citadas, podemos
dizer que o aprendiz fica tenso, gasta muito mais energia, sua atenção fica
inteiramente voltada para a tarefa e ele acaba cometendo erros, como passar
muito perto de uma guia e frear bruscamente. Como se trata de uma tarefa que
envolve riscos, antes de dirigir sozinho pelas ruas é necessário ter práticas de
direção com um professor especializado e, em seguida, passar por um teste para
avaliar se esse aprendiz pode ou não dirigir. Em outras situações, como aprender a
pular corda, o aprendiz muitas vezes pisará na corda, não saberá o momento
correto de saltar e desconhecerá o posicionamento do corpo, a força e a
velocidade necessária para girar a corda e pular.
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ESTÁGIO FINAL OU AUTÔNOMO
O estágio final é considerado autônomo pelos autores, pois o indivíduo consegue
realizar a tarefa continuamente, de forma independente, sem pensar nas etapas a
serem realizadas para a execução dos movimentos, inclusive ignorando as coisas
que acontecem ao redor.
Fonte: Shutterstock.
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jogador não precisa ficar olhando para a bola no momento do drible. Ele consegue
coordenar seu corpo, seus movimentos durante o jogo e ainda ter o que
chamamos de visão de jogo. Ele é capaz de visualizar a posição de seus adversários
e companheiros de jogo, bem como calcular a distância e a força necessária para
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realizar um passe de bola. Esses movimentos estão tão automatizados que o
seõçatona reV
jogador não fica pensando para realizá-los; ele toma decisões rapidamente.
Portanto, é válido observar esses estágios durante a aprendizagem de seu aluno,
de forma que, consequentemente, será possível auxiliá-lo da melhor maneira
possível, a fim de que ele obtenha um ótimo desempenho motor.
REFERÊNCIAS
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o
sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FERES, F. C.; COELHO, D. B.; MARSON, R. A. Análise cinemática do chute no futsal
com aproveitamentos diferentes. Revista Brasileira de Futsal e Futebol, São
Paulo, v. 9, n. 32, p. 8-15, jan./fev./mar./abr. 2017. Disponível em:
https://bit.ly/3E1FZkn. Acesso em: 8 jul. 2021.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês,
crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
HOLLMAN, S. J.; HARRIS, J. C. Cinesiologia: o estudo da atividade física. São Paulo:
Artmed, 2002.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
Edgar Blücher, 2000.
NOGUEIRA, N. G. H. M. et al. O conhecimento do professor de educação física
sobre aprendizagem motora. Pensar a Prática, v. 24, 2021. Disponível em:
https://bit.ly/3nYmWSH. Acesso em: 8 jul. 2021.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
CONVITE AO ESTUDO
Nesta seção, você viu como aprendemos e quais as etapas pelas quais geralmente
passamos durante a aprendizagem de habilidades motoras ou tarefas motoras.
Voltando à situação-problema dos alunos universitários durante a aprendizagem
do malabarismo com bolinhas, vamos compreender os estágios e quais teorias que
embasam os caminhos percorridos por esses estudantes durante as aulas.
Como descrito anteriormente, o professor entregou três bolinhas para cada
estudante e pediu que as manipulassem ao mesmo tempo. O que você acredita ter
acontecido nesse momento, sabendo que nenhum estudante tinha experiência
com essa atividade?
Para esclarecer essa questão, vamos recorrer ao planejamento das seis aulas. O
professor, quando pediu que os alunos jogassem as bolinhas, verificou claramente
a dificuldade que eles apresentavam e que não tinham nenhum conhecimento
prévio daqueles movimentos, pois as bolinhas caíam o tempo todo e os estudantes
não conseguiam coordenar os movimentos. Assim, podemos dizer que os alunos
estavam na fase inicial do aprendizado. Dessa forma, para diminuir a dificuldade e
aumentar o sucesso da ação, o professor dividiu o aprendizado em etapas
motoras. Ainda sabendo que as bolinhas caíram bastante e que houve um
desgaste físico para apanhá-las do chão, também utilizou a estratégia do
posicionamento corporal em relação ao solo. A seguir, veremos as etapas
empregadas para a aprendizagem do malabarismo com bolinhas da primeira aula:
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3. Lançar a bolinha por baixo do braço contrário, recuperar a bolinha com a
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mesma mão e fazer o mesmo movimento com a outra mão alternadamente;
Esses movimentos devem ser executados para melhorar o desempenho com duas
bolinhas. Posteriormente, na segunda aula após essa melhora, deve-se focar na
postura corporal e nos posicionamentos dos braços, executar os mesmos
movimentos na posição em pé e, na sequência, colocar a terceira bolinha. O
professor aplicou a estratégia de ensinar a atividade de forma gradativa.
Com isso, é possível ensinar, em duas aulas, a movimentação do malabarismo.
Como se trata de uma tarefa nova, podemos dizer que quando solicitamos uma
tarefa diferente ou acrescentamos algo novo ou desafiador, é comum que erros
ocorram, porém essas falhas diminuirão conforme a prática, e o indivíduo
conseguirá transferir seu aprendizado para tarefas mais complexas de acordo com
sua prática. Existe, também, a individualidade de cada aluno frente à situação de
aprendizagem em relação ao tempo e à qualidade de movimento, porém o
processo é o mesmo para todos. No início, são comuns os grandes erros, depois
eles diminuem e, por fim, se torna possível realizar a atividade de forma
automática. Essa habilidade pode ser inicialmente considerada uma habilidade
aberta, pois o aprendiz não consegue prever o momento correto de lançar e
recuperar as bolinhas. No entanto, com a prática, podemos considerá-la uma
habilidade fechada, pois o praticamente sabe exatamente a velocidade, a altura e a
força necessária para lançar, recuperar e ainda executar truques.
Nas próximas seções do capítulo, que darão continuidade à sequência das aulas de
malabarismo, compreenderemos como o processamento de informação e a
tomada de decisão são importantes para o desempenho dessas aulas.
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anteriores. A partir dessas experiências, podemos transferir nossas ações motoras
seõçatona reV
para outras situações com características parecidas, mesmo nunca vivenciadas.
Joaquim e seu filho, Gabriel, resolveram passar as férias de inverno em Bariloche
para conhecer a cidade e também esquiar na neve, porém nunca tinham praticado
essa atividade anteriormente. Pensando nisso, o pai de Gabriel resolveu colocar
seu filho em alguma situação que o remetesse ao que vivenciariam. Então levou
seu filho para uma pista de patinação no gelo. Não foi nada fácil, pois os dois
também nunca tinham patinado no gelo ou em outra superfície. Entre muitas
quedas e com a necessidade de apoio para deslocamentos, ao final do tempo que
se submeteram a praticar, já estavam se equilibrando melhor e patinando com
menos apoio, porém ainda não realizavam a tarefa de forma autônoma.
RESOLUÇÃO
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Prezado aluno, no estudo anterior verificamos como podemos aprender
determinadas tarefas e organizá-las, percebendo, ainda, como é importante a
função do profissional de educação física em traçar, juntamente com seus alunos,
objetivos para a melhoria do desempenho motor por meio da escolha de
atividades ou exercícios eficazes.
No entanto, é necessário compreender que essas escolhas também dependem do
processamento de informação e da tomada de decisão, isto é, os estímulos
recebidos podem interferir no aprendizado.
Quando observamos nossos alunos realizando determinadas tarefas, podemos
avaliar seu desempenho de acordo com a qualidade do movimento, gasto
energético, erros e acertos, entre outros fatores. Como já foi mencionado, um
adulto, por causa de sua idade cronológica e de suas experiências motoras e
cognitivas, possui um desempenho melhor quando comparado a uma criança, mas
existem fatores que podem interferir nesse processo.
Vamos retornar à situação-problema sobre o processo de aprendizagem motora
baseado na experiência de aprender uma nova tarefa, em que alunos
universitários iniciaram o aprendizado do malabarismo com bolinhas. Na seção
2.1, vimos que os alunos fizeram duas aulas com exercícios pedagógicos para a
coordenação dos movimentos. Agora, nesta seção, continuaremos o processo de
aprendizagem de acordo com a divisão das etapas, realizando mais duas aulas
com o objetivo de continuar o aprendizado e melhorar a performance dos
movimentos.
Na terceira aula, os alunos Pedro e Ricardo não conseguiam lembrar como
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A atenção e a memória interferem no processo de aprendizagem?
seõçatona reV
A idade dos universitários contribui para uma rápida tomada de decisão?
Dessa forma, vamos seguir com o objetivo da disciplina, instaurado pelo professor
universitário, que é aprender a realizar o malabarismo com as três bolinhas em
pelo menos seis aulas.
CONCEITO-CHAVE
No esporte, em atividades físicas ou em tarefas do dia a dia, é necessário reagir e
tomar decisões diante de diferentes situações, porém, para dar essas respostas, o
indivíduo precisa avaliar o contexto e executar a ação da forma mais habilidosa
possível.
Dessa maneira, podemos comparar o ser humano com um computador capaz de
armazenar, processar, selecionar e produzir respostas. A compreensão do
processamento de informação e tomada de decisão é importante para desenvolver
essas habilidades em seus alunos.
REFLITA
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braço, conseguindo converter o ponto.
seõçatona reV
Esse exemplo indica que o jogador conseguiu processar a situação
(estímulo), selecionou e produziu uma resposta rápida e eficaz.
EXEMPLIFICANDO
ASSIMILE
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Figura 2.7 | Situação de ataque do jogo de basquete
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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uma ação, que pode ser: desviar do adversário que está à sua frente e arremessar
a bola na cesta; fazer um passe para seu companheiro, que está livre de marcação;
entre outras ações, podendo alcançar ou não o resultado desejado.
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ASSIMILE
seõçatona reV
processamento não aconteceu corretamente.
Uma forma de analisar e refletir sobre o momento em que essas informações não
foram processadas corretamente e quanto tempo o ser humano leva para
identificar as informações é por meio de estudos sobre tempo de reação e tomada
de decisão.
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Figura 2.8 | Largada de uma corrida de velocidade
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Fonte: Shutterstock.
REFLITA
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Figura 2.9 | Jogo de dança
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Fonte: Shutterstock.
EXEMPLIFICANDO
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situação e o movimento.
Além da influência das diferentes opções no tempo de reação e tomada de decisão
para as tarefas solicitadas, outro fator que contribui para o entendimento sobre a
velocidade da resposta é a compatibilidade.
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seõçatona reV
Figura 2.10 | Compatibilidade entre o estímulo e a resposta
Fonte: Shutterstock.
REFLITA
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pessoas habilidosas conseguem prever, antecipar e selecionar a ação a ser
seõçatona reV
realizada com maior velocidade, significando que conseguem ter a atenção
necessária quando a sua aprendizagem está desenvolvida.
REFLITA
ATENÇÃO E APRENDIZAGEM
A capacidade cognitiva da atenção bem desenvolvida melhora o nível de
concentração. Assim, mesmo quando uma pessoa é exposta a sinais externos
indesejáveis, consegue se concentrar para fazer a movimentação necessária a cada
situação requerida. Nesse sentido, um indivíduo com atenção estritamente voltada
à realização de tarefas consegue receber o estímulo sem influências, executar a
ação e alcançar o sucesso. Entretanto, indivíduos que não têm essa capacidade ou
a possuem de forma pouco desenvolvida são mais suscetíveis a erros e demandam
mais tempo de reação e tomada de decisão.
EXEMPLIFICANDO
Imagine que você seja um jogador de futebol escalado para jogar a final da
Copa do Mundo e que tenha vindo do término de um tratamento de
fisioterapia, pois fez uma cirurgia de joelho e não teve tempo suficiente
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substituído pelo técnico, pois a atenção é importante para não perder
seõçatona reV
determinadas jogadas.
SISTEMAS DE MEMÓRIA
Memória é a forma pela qual nosso sistema consegue armazenar as informações
adquiridas ao longo do tempo, sendo dividida em três sistemas diferentes, cada
um com um meio de processar essas informações. Os sistemas são:
armazenamento sensorial de curto prazo, memória de curto prazo e memória de
longo prazo.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
ASSIMILE
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completamente o seu nome.
seõçatona reV
MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
Esse tipo de memória é conhecido como aquele que levamos para toda a vida. É
considerado como o compartimento de armazenamento de informações, onde
dificilmente esquecemos as tarefas que foram bem aprendidas.
Essas habilidades, quando são aprendidas e conseguimos realizá-las de forma
automática em determinada fase da vida, também poderão ser executadas
posteriormente mesmo que não sejam praticadas frequentemente.
Alguns exemplos de tarefas apreendidas que não esquecemos são: andar, correr,
dirigir, nadar, entre outras.
Dessa maneira, quando algum professor disser que aprendemos alguma tarefa,
significa que a processamos na memória de curto prazo e a guardamos na
memória de longo prazo. No entanto, essa capacidade de armazenar e realizar
uma tarefa, mesmo que não seja praticada posteriormente, pode ser influenciada
em função das diferenças individuais, e isso também acontece com a atenção, o
tempo de reação e a tomada de decisão.
REFLITA
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Cada ser humano reage a determinadas situações por causa de diferentes fatores,
como tempo de prática, faixa etária, ambiente onde vive, cultura de movimento,
capacidade motora, estrutura física, controle emocional, psicológico, entre outros
aspectos.
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Dessa forma, entende-se que indivíduos experientes e menos experientes
seõçatona reV
conseguem captar as informações do ambiente de maneiras diferentes. Os que
praticam uma determinada tarefa por mais tempo conseguem reagir mais rápido a
uma situação e, se orientados corretamente por um profissional qualificado,
também reagem de diferentes formas. Por outro lado, o indivíduo com menos
experiência, apesar de captar a informação, mesmo que de maneira não
convencional, pode não ter um tempo rápido de reação ou uma variedade de
respostas tão grande para a mesma tarefa em comparação com o experiente. Isso
significa que a prática difere entre os seres humanos com o mesmo tempo de
prática, pois existem outros fatores, os quais já foram citados, que prejudicam o
desempenho, como o desenvolvimento cognitivo.
REFLITA
Você já deve ter falado ou ouvido falar que determinado aluno herdou uma
habilidade do seu pai ou que ele vive na quadra praticando futebol. Pense
um pouco sobre isso: quem tem alguém na família que já praticou hóquei
no gelo? Quem já jogou futebol com os amigos na rua? Quem já pulou
corda quando era criança?
mais alto ou o mais forte da categoria; ou que um jogador conseguiu fazer o gol
com facilidade porque tem habilidade com o pé esquerdo.
Essas diferenças individuais nunca caminham sozinhas, pois todos esses fatores
influenciam o aprendizado e, até mesmo, os resultados.
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Para tentar equilibrar essas diferenças nos esportes e competições, é comum a
seõçatona reV
divisão por nível de aprendizado e faixa etária, porém existem diferenças
biológicas e alimentares que também interferem. Considere, por exemplo, dois
adolescentes de mesma idade, um deles com 1,60 m e outro com um 1,80 m.
Pense, ainda, que um deles tem 60 kg e o outro 80 kg.
Para tentar amenizar e equilibrar essas diferenças, no judô as categorias são
divididas considerando idade, gênero, peso corporal e experiência classificada pela
cor da faixa.
Fonte: Shutterstock.
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tarefa, sendo influenciada facilmente por situações externas, de modo que não
seõçatona reV
alcançam a concentração necessária. Um exemplo simples é a pressão da torcida
quando você está prestes a realizar um arremesso de sete metros no handebol.
Um jogador concentrado, com nível de atenção e controle emocional apurados,
fixa o olhar e se organiza corporalmente para realizar o arremesso mesmo depois
de escutar um grito da torcida dizendo que ele vai errar ou o som de uma corneta,
que tenta tirar sua concentração. Entretanto, nessa mesma situação, um jogador
que não tenha essa capacidade acaba direcionando o foco a fatores externos,
desviando sua atenção.
Portanto, como profissional que trabalha com movimento, é importante saber em
que nível de aprendizado seu aluno se encontra, seu histórico familiar de
movimento (que podemos chamar de acervo motor), suas características físicas,
emocionais, cognitivas, sociais, culturais, entre outros aspectos, a fim de poder
intervir da melhor forma possível no desenvolvimento da aprendizagem do aluno.
As estratégias variam, desde exercícios ou atividades que envolvam a melhora do
tempo de reação, atenção, habilidades motoras, capacidades físicas,
organizacionais e tempo de prática.
REFERÊNCIAS
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências: desvendando o
sistema nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
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SANTOS, R. C. et al. Existe diferença na tomada de decisão em situações de
seõçatona reV
levantamento e de bloqueio em atletas escolares de voleibol? Kinesis, v. 38, p. 1-
11, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3p54rep. Acesso em: 22 jul. 2021.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
No decorrer desta seção, foi possível verificar como os seres humanos são capazes
de memorizar, classificar a atenção necessária, receber as informações e tomar
decisões diante de diferentes situações.
Agora voltaremos à aprendizagem do malabarismo com bolinhas por parte dos
alunos de educação física, os quais já tiveram duas aulas práticas com alguns
exercícios pedagógicos.
Na terceira aula, os alunos Pedro e Ricardo não conseguiam mais realizar os
movimentos adequados com as três bolinhas, visto que elas caíam
constantemente. De acordo com os estudos, podemos dizer que esses alunos não
aprenderam a tarefa, pois não foram capazes de guardar as informações
fornecidas anteriormente na memória de longo prazo. Isso se deve a aspectos
como ausência de experiências anteriores, diferenças individuais e falta de prática,
pois, para eles, talvez fosse necessário um número maior de aulas.
Nessa situação, o professor resolveu retroceder com a aprendizagem. Ele tirou
uma bolinha de cada aluno e solicitou que refizessem os exercícios apenas com
duas bolinhas, para que prestassem atenção ao posicionamento corporal, à altura
dos lançamentos e conseguissem praticar os movimentos de forma ritmada.
Solicitou que lançassem as bolinhas sempre na mesma altura e de diferentes
maneiras, informando que, se lançassem muito baixo, o tempo de volta das
bolinhas seria muito curto para retornar as mãos, de maneira que quando
colocassem a outra bolinha, seria muito difícil recuperar.
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o tempo de reação e tomada de decisão deverá ser rápido. Ou seja, ver a bolinha
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subir ao ser lançada e capturá-la de volta nas mãos rapidamente dependerá da
prática, organização corporal, atenção, velocidade, altura do movimento e fatores
individuais.
Diante dessa situação-problema, podemos então responder que a atenção e a
memória interferem no aprendizado, pois se com as duas primeiras aulas Pedro e
Ricardo tivessem conseguido prestar a atenção necessária e memorizado os
movimentos, não apresentariam dificuldades. A idade influencia, sim, a tomada de
decisão, pois como pessoas mais velhas possuem experiências motoras adquiridas
ao longo da vida, conseguem programar suas ações de forma mais organizada e
transferir suas habilidades para um novo movimento. Talvez uma criança, que
consequentemente possui pouca experiência, ou um idoso que ao longo da vida
não tenha praticado determinadas tarefas percam o seu tempo de reação devido a
diferentes fatores, de forma que apresentam uma aprendizagem menos eficaz.
Assim, podemos afirmar que existem diferenças individuais e que diversos fatores
exercem influência sobre o tempo de reação e tomada de decisão.
Para que os alunos tivessem mais experiências com essa prática, na quarta aula o
professor retomou todos os exercícios anteriores, porém com menos repetições.
Além disso, pediu que os estudantes criassem maneiras novas de lançar e
recuperar as bolinhas.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
SURFE NO HAVAÍ
O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia de Covid-19, e as pessoas
tiveram que deixar de realizar suas tarefas diárias para protegerem a si mesmos e
as outras pessoas. Diante do ocorrido, Sérgio, 23 anos, atleta profissional de surfe,
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eram intensos e muitos dos movimentos não foram possíveis de ser executados ou
seõçatona reV
adaptados em sua casa. Além disso, a quantidade de treinos por semana e o
tempo de duração dos exercícios não eram os mesmos, o que o deixou muito
desanimado.
Em isolamento, sem poder praticar a modalidade adequadamente e sem
competições previstas, o atleta pensou em até desistir de continuar sua carreira,
porém um campeonato anual de surfe foi anunciando para julho de 2021 e Sérgio
ficou bem empolgado com a notícia, pois nunca tinha participado dessa
competição.
Após os seis meses de isolamento, podendo voltar aos treinos na praia
Itamambuca, seu técnico resolveu prepará-lo para essa competição. Entretanto,
Sérgio não estava em boas condições físicas e o mar de Itamambuca não tinha
ondas parecidas com as do Havaí.
Supondo que havia apenas seis meses de preparação, como o técnico de Sérgio
deveria programar seus treinamentos para atingir o objetivo de participação no
campeonato, na intenção de que o atleta fique entre os três primeiros colocados?
As experiências vividas na praia de Itamambuca ajudarão Sérgio a ter um bom
aproveitamento no campeonato? Como Sérgio pode melhorar sua forma física?
RESOLUÇÃO
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o treinador deve promover inicialmente treinos de preparação física geral e,
seõçatona reV
posteriormente, as específicas. Ou seja, o atleta precisa começar a surfar mais
vezes na semana, em diferentes dias e horários, visto que, dependendo do dia
ou horário, as ondas mudam e contribuem com diferentes experiências.
A modalidade depende muito do fator ambiental (estímulo), que nem sempre é
previsível. Lógico que, para um atleta acostumado a pegar ondas, é natural que
ele tente prever a altura da onda para realizar determinados movimentos. No
entanto, é complicado saber a duração da onda. Outro ponto que pode ser
trabalhado nos treinamentos é o tempo de reação e decisão frente a uma
situação, pois sabendo que as ondas são estímulos constantes, é necessário
treinar a velocidade de resposta entre as ações de ver a onda para começar a
remar com os braços, subir na prancha e realizar as manobras. Deve-se
organizar, ainda, uma ida antecipada ao Havaí, para treinar na praia onde a
competição acontecerá. Expor o participante a um ambiente que esteja
próximo da possível realidade do dia da competição ajuda na preparação do
atleta emocionalmente, cognitivamente e motoramente, pois as ondas do
Havaí costumam ser maiores e, apesar do conhecimento e da prática, Sérgio
nunca tinha participado desse evento.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, como já estudamos, o tempo de reação e tomada de decisão muitas
vezes determina o sucesso da uma tarefa. É importante que o profissional de
educação física saiba selecionar e ensinar determinadas habilidades motoras para
que seus alunos melhorem o desempenho motor. No entanto, essas habilidades
dependem dos tipos de práticas corporais que serão vivenciadas ou treinadas
pelos alunos.
Na seção 2.2, pudemos observar que é possível avaliar a performance dos alunos
verificando alguns dados, como gasto de energia, qualidade do movimento, idade,
experiências motoras e cognitivas, entre outros aspectos. Além disso,
compreendemos que o tempo de reação é um dado importante a ser avaliado.
Nesta seção, analisaremos a questão do feedback e dos programas motores,
estudando como esses elementos contribuem para a aprendizagem.
Considerando a dificuldade na aprendizagem do malabarismo com bolinhas
apresentada pelos graduandos Pedro e Ricardo, continuaremos o processo de
ensino, com o objetivo de conhecer outras possibilidades de prática a partir da
tarefa solicitada.
Nesse sentido, será que é importante, após a compreensão do movimento e da
prática por parte desses alunos, desenvolver outras atividades relacionadas? O
feedback é uma ferramenta importante de ser usada pelo professor universitário?
Em qual aspecto o feedback pode contribuir para o desempenho motor? Como é
possível saber se os alunos aprenderam determinadas tarefas?
Assim, daremos continuidade à proposta do professor universitário, seguindo com
as últimas duas aulas de aprendizagem do malabarismo com bolinhas.
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CONCEITO-CHAVE
O ser humano possui muitas qualidades e uma delas é a capacidade de se adaptar
a diferentes situações e tipos de prática.
Assim, quando expostos ao aprendizado de determinadas tarefas, somos capazes
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de acionar todos os nossos sistemas para realizar as ações necessárias
seõçatona reV
REFLITA
Brincadeiras;
Danças;
Esportes;
Lutas;
Ginásticas;
Alternativas;
De aventura;
Expressivas.
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concluir essa tarefa com mais facilidade e rapidez, e isso se deve à prática
seõçatona reV
intencional. Existem, ainda, outras práticas que não são realizadas de forma
observável, mas somente mentalizando o movimento a ser executado.
Para compreender essas formas de aprendizagem por meio das práticas,
precisamos saber quais tipos de práticas podemos utilizar nesse processo. De
acordo com Schmidt e Wrisberg (2010), existem as técnicas de prática física e de
treinamento mental.
REFLITA
Você já ouviu dizer que a prática leva à perfeição? Ou que repetir uma ação
simplesmente ajuda a aperfeiçoá-la?
ASSIMILE
TIPOS DE PRÁTICAS
A seguir, abordaremos técnicas de prática física que podem ser utilizadas pelos
professores de educação física para aprimorar as experiências dos seus
aprendizes.
PRÁTICA DE SIMULADOR
A técnica da prática de simulador pode auxiliar muito na melhoria da habilidade
motora, visto que um simulador imita uma situação real.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
EXEMPLIFICANDO
REFLITA
PRÁTICA PARCIAL
A técnica da prática parcial auxilia na aprendizagem de tarefas complexas, em que
o propósito é ensinar partes dos movimentos. Nessa abordagem, assim que os
aprendizes conseguirem realizar esses movimentos parciais, estarão aptos para
treinar outros e, por fim, aprender o movimento completo. Dentre essas técnicas
parciais, as mais conhecidas são: fracionalização, segmentação e simplificação.
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ou, ainda, uma bexiga, para que o tempo da ação seja prolongado.
seõçatona reV
PRÁTICA DA CÂMERA LENTA
Esta prática é utilizada para simplificar a atividade e fazer com que o aprendiz
compreenda todos os momentos da tarefa proposta. No entanto, essa técnica
difere da velocidade normal. O profissional deve ficar atento e verificar se seu
aluno conseguiu realizar a ação em todos os sentidos para aumentar novamente a
velocidade, colocando-a nos padrões normais.
EXEMPLIFICANDO
EXEMPLIFICANDO
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realizados.
seõçatona reV
Com a técnica da imaginação, o indivíduo consegue se enxergar e se sentir
realizando a tarefa. Dessa maneira, o professor que for trabalhar essa técnica
mental com seus alunos precisa orientá-los corretamente para que os estudantes
consigam atingir resultados satisfatórios.
Pensando em desempenho, muitas vezes o professor precisa ensinar várias tarefas
e de diferentes formas, porém alguns profissionais apresentam dificuldades para
sequenciar a aprendizagem dessas tarefas em suas aulas.
Dois tipos de práticas podem auxiliar os profissionais nesse caso: a prática em
blocos e a randômica.
Imagine que você tenha que ensinar um aluno a realizar uma sequência de três ou
mais habilidades diferentes. É possível utilizar a prática em blocos, que visa ensinar
uma habilidade de cada vez. Logo, assim que o seu aluno compreender e realizar
essa tarefa com tranquilidade e precisão, você poderá ensinar a próxima atividade,
e assim sucessivamente, até que ele consiga executar a sequência por completo.
ASSIMILE
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RETROALIMENTAÇÃO E FEEDBACK
seõçatona reV
O feedback, também conhecido como retroalimentação, é a informação percebida
ou fornecida antes ou após a realização de alguma tarefa. Indivíduos que estão no
estágio intermediário e automático da aprendizagem já conseguem ter a
percepção dos seus erros e tentam corrigi-los. Essa percepção ou informação dada
antes ou após a execução de uma atividade pode melhorar o desempenho nessa
tarefa.
As informações sensoriais auxiliam no feedback e podem ser identificadas antes da
realização da tarefa. Esse tipo de informação contribui para o planejamento do
movimento. O feedback pode ser intrínseco ou extrínseco.
FEEDBACK INTRÍNSECO
É uma informação percebida de si mesmo, isto é, quando não é necessário contar
com outras pessoas ou mecanismos para fornecer o feedback.
REFLITA
Imagine que você esteja jogando futebol e vá em direção ao gol para fazer
um chute. Ao realizar esse golpe, você consegue perceber facilmente se o
chute saiu errado e não vai acertar o gol? Consegue identificar se algo
aconteceu da maneira incorreta? É capaz de perceber se bateu o pé
corretamente e colocou a força necessária para o chute?
Essas situações ocorrem o tempo todo no nosso dia a dia, pois pelas nossas fontes
de informação sensorial conseguimos distinguir, por exemplo, a força necessária
para carregar uma cadeira ou uma mesa.
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FEEDBACK EXTRÍNSECO
Essa informação é dada após a finalização da tarefa por meios externos, como
filmagens, comentários e instruções de um técnico ou professor. É a soma da
informação interna com a externa, sendo também conhecida como informação de
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acordo com o resultado.
seõçatona reV
De modo geral, o feedback pode ter um caráter positivo, para ajuste de pequenos
erros e apresentando-se como um apelo motivacional, ou negativo, na tentativa de
exigir mais esforço do sujeito em questão, pois provavelmente não tentou realizar
a tarefa com tanta vontade e errou determinados movimentos.
Fonte: Shutterstock.
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necessárias e orientando seus atletas quando possível, para que consigam obter
melhores resultados.
ASSIMILE
0
Fique atento à frequência com que você pode fornecer o feedback, pois
cada aluno tem uma forma de compreensão. Logo, se a retroalimentação
seõçatona reV
se tornar muito frequente, o estudante pode não desenvolver seu feedback
interno e ficar dependente dessa informação.
Na fase inicial da execução da tarefa, geralmente os alunos têm acesso a
REFLITA
Já notou que para realizar uma tarefa simples, como caminhar, precisamos
controlar todo o nosso corpo? Quando um médico está realizando uma
cirurgia, ele deve ter precisão nos seus movimentos para que não realize
nada fora do previsto. E quando passamos por situações motoras
desafiadoras, nosso controle fica instável?
ASSIMILE
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Para que seja possível realizar as tarefas, são necessários ajustes nos movimentos
ou nas sequências de movimentos dentro de um tempo, espaço e força. Para que
isso ocorra, os indivíduos precisam utilizar seus programas motores generalizados,
isto é, um conjunto de ações já aprendidas e guardadas na memória que
0
permanecem sem alterações ou invariáveis, mesmo para realizar diferentes
seõçatona reV
tarefas, pois ao executar uma tarefa motora próxima daquela já aprendida, as
ações são resgatadas, controladas e colocadas de acordo com a prática e conforme
a necessidade.
EXEMPLIFICANDO
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EXEMPLIFICANDO
seõçatona reV
verificar que se o atleta conseguir dominar a bola rapidamente e seguir em
direção ao alvo com a velocidade e a habilidade necessárias, haverá
grandes chances de se obter sucesso. Se essa recuperação de bola for
lenta, talvez o jogador não chegue ao alvo sem a tentativa de bloqueio por
parte dos adversários.
ASSIMILE
REFLITA
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que acontece continuamente e provoca alterações nos processos internos
seõçatona reV
importantes tanto para o conhecimento quanto para a capacidade de realizar um
determinado movimento.
Para que essa aprendizagem ocorra, geralmente se faz necessário um profissional
do movimento, que age como um facilitador ou orientador dessa aprendizagem
graças aos seus conhecimentos específicos. No entanto, a aprendizagem só será
eficaz para a execução de uma nova tarefa se os profissionais levarem em conta as
experiências motoras anteriores, o aspecto motivacional, as habilidades motoras,
as capacidades físicas, os estágios de aprendizagem (que já estudamos
anteriormente) e os objetivos de suas aulas ou de seus alunos, planejando suas
estratégias de intervenção de acordo com as metas. Essa preparação deve incluir o
tempo necessário, o ambiente, os materiais, a intensidade das práticas, entre
outros fatores.
Diante disso, podemos afirmar que somente aprendemos algo quando esse
conhecimento fica gravado na memória de longo prazo, de forma que podemos
recorrer a esses aprendizados diante de novas tarefas.
ASSIMILE
Traçar metas significa estipular como será possível chegar aos objetivos
determinados, encurtando caminhos e conseguindo melhores resultados.
REFERÊNCIAS
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bebês,
seõçatona reV
crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
GONZALEZ, D. H. Aprendizagem motora: uma breve revisão sobre a construção e
progressão do conhecimento científico. EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 20, n.
211, dez. 2015. Disponível em: https://bit.ly/3E0sZf2. Acesso em: 5 ago. 2021.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
HOFFMAN, S. J.; HARRIS, J. C. Cinesiologia: o estudo da atividade física. São Paulo:
Artmed, 2002.
MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:
Edgar Blücher, 2000.
SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
2010.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
Considerando as dificuldades apresentadas pelos alunos Pedro e Ricardo, em sua
terceira aula, o professor universitário optou por retroceder com o processo de
ensino e solicitou que os alunos criassem, na quarta aula, movimentos novos que
pudessem ser repetidos. Agora planejaremos as práticas utilizando outras
estratégias para que, nas duas últimas aulas, os alunos alcancem a meta de
aprender o malabarismo com bolinhas.
Foi possível verificar, durante esta seção, que existem diferentes práticas possíveis
de ser aplicadas pelos professores. Diante disso, na quinta aula, o professor
poderá utilizar algum método que acredite ser necessário de acordo com o tempo
destinado para a aprendizagem, levando em consideração que ele já utilizou a
prática parcial do movimento, retirando uma das bolinhas, e depois que os
graduandos passaram a fazer o movimento de forma mais contínua e com mais
exatidão, solicitou que voltassem a praticar com as três bolinhas.
Nesta quinta aula, o professor verificou que erros continuam acontecendo. Ele
pode oferecer o feedback necessário, orientando esses alunos a fazerem ajustes
na altura, força, posicionamento do corpo. Além disso, seria interessante filmar a
execução e mostrar o vídeo aos alunos para, em seguida, fazer comentários,
sempre incentivando-os a continuarem praticando. Outra técnica que pode ser
utilizada é a de ensinar a atividade em câmera lenta ou com outros materiais,
como o tule, um pedaço de tecido que ajuda a diminuir a velocidade de execução,
auxiliando, assim, na precisão e compreensão das etapas dos movimentos. Como
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a partir da filmagem feita pelo professor.
seõçatona reV
Na sexta aula, o professor pode optar por utilizar habilidades diferentes com a
turma e, inclusive, com os dois alunos que mostraram mais dificuldades – Pedro e
Ricardo –, os quais já começaram a compreender seus erros. Usando outros tipos
de bolas, seria possível variar o peso e a dimensão desses objetos e ainda arriscar
a aplicação de um exercício em duplas.
Assim, respondendo aos questionamentos anteriormente apresentados, para
atingir a meta, conhecendo seu aluno e suas respectivas dificuldades de
aprendizagem, é importante sempre aplicar práticas diferentes e fornecer um
feedback adequado, pois isso contribui para o aprendizado e para a obtenção de
um desempenho positivo como resultado. Além disso, é possível saber se os
alunos aprenderam tarefas motoras quando eles não as esquecem.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
diâmetro, com dez círculos concêntricos, sendo que o mais externo vale um ponto,
e o central, dez pontos. Isso significa que quanto mais preciso o atleta for ao atirar
a flecha com o arco na região central, maior será sua pontuação.
O atleta, de 30 anos, já tem muito conhecimento da modalidade, porém alguns
0
ajustes são necessários. Imagine que ele tivesse três meses para atingir o seu
seõçatona reV
objetivo, treinando cerca de duas horas por dia e quatro vezes na semana.
Agora, conhecendo um pouco mais sobre a modalidade e tendo acesso a alguns
dados do atleta, como o técnico poderia contribuir com o objetivo de Mário?
RESOLUÇÃO
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O professor, durante o processo, pode fornecer o feedback por meio de
seõçatona reV
orientação e filmagem, indicando uma postura mais coerente, uma força maior
a ser empregada, uma preparação física, um relaxamento, enfim, tudo o que
for condizente com a modalidade e que seja possível de ser realizado dentro
das condições apresentadas.
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INTRODUÇÃO À PSICOMOTRICIDADE
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Claudia Garcia
seõçatona reV
CONVITE AO ESTUDO
Ao longo da vida, os seres humanos desenvolvem-se e aprendem, isso se deve ao
processo maturacional, que, portanto, acontece automaticamente. Por outro lado,
nós, humanos, também aprendemos com a influência do meio onde vivemos.
Nesse processo, podem existir períodos em que o aprendizado não ocorre, devido
a fatores como falta de estímulos adequados, nutrição inadequada, diferenças
individuais, entre outros fatores.
Desta forma, após a compreensão da organização morfo-funcional do sistema
nervoso e dos aspectos básicos da aprendizagem motora, estudaremos os
aspectos da psicomotricidade, abordando conceitos teóricos, exemplificando com
situações-problema e levando você, caro aluno, a um entendimento sobre o tema
exposto, podendo, assim, aplicar esse conhecimento em sua vida profissional.
Nesse sentido, é necessário que você conheça as principais características da
psicomotricidade e suas teorias, sendo capaz de acompanhar o desenvolvimento
psicomotor por meio dos elementos psicomotores de seus alunos.
Para que você possa compreender o tema de forma teórica e prática, esta unidade
está dividida em três seções: Introdução à psicomotricidade; Teorias da
psicomotricidade e o desenvolvimento psicomotor; e Elementos psicomotores.
Para aprofundar mais seus conhecimentos, essas seções trazem aspectos como o
significado e a evolução histórica da psicomotricidade, suas abordagens em
relação a outras intervenções, outras áreas de atuação, conceitos,
desenvolvimento segundo teóricos e teorias psicogenéticas, fundamentos, fases do
desenvolvimento e como o corpo se comporta perante os elementos
psicomotores.
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seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, acreditamos que você já tenha percebido que somos capazes de nos
controlar, nos desenvolver e aprender ao longo da vida; isso se deve ao nosso
comportamento motor. Vários estudos apontam diferentes estágios a serem
alcançados para que possamos identificar ou, pelo menos, classificar em que
momento do processo evolutivo os seres humanos se encontram, para, a partir
daí, poder adaptar e ressignificar o ensino de determinadas tarefas.
Desta forma, o papel do professor que atua com o movimento é identificar em
qual estágio seu aluno se encontra e, caso verifique alguma incompatibilidade, sem
diagnósticos médicos ou outros fatores, aplicar tarefas motoras bem orientadas
para diminuir o distanciamento entre a situação atual e os padrões de
desenvolvimento, encaminhando a questão para as áreas específicas de atuação,
sempre com fundamentação teórica.
Nessa seção, você compreenderá o papel da psicomotricidade no mundo e no
Brasil, verificando como ela pode auxiliar no comportamento motor, além dos seus
espaços de aplicação e de seus conceitos.
Para que você compreenda os conceitos na prática, levando em conta os
diferentes campos de atuação do profissional de Educação Física, vamos imaginar
que você, há cerca de seis meses, está ministrando aulas para um grupo de 10
alunos de natação, entre 5 e 6 anos de idade, na academia “Peixinho Dourado”,
com a frequência de duas vezes na semana.
Nessa faixa etária, de acordo com Gallahue e Ozmun (2005), as crianças estão no
estágio maduro de desenvolvimento motor, porém, para atividades especializadas,
como no caso da natação, é necessário realizar a transição dos movimentos
adquiridos ao longo da vida, seja pela maturação ou pelo ambiente, para
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flutuadores, brinquedos, pranchas, músicas de solicitação, de modo a levar sempre
seõçatona reV
em conta o aspecto lúdico para essa faixa etária. Após dois meses de aula, você
percebeu que, apesar de várias aulas empregando diferentes estratégias, Francisco
não fazia a imersão do rosto na água e chorava muito quando era solicitado a fazê-
lo, não realizando os movimentos conforme as solicitações das músicas, o que
dificulta todo o processo de ensino, principalmente a flutuação.
Será que Francisco possui algum atraso motor? Pensando em uma modalidade
especializada como a natação e em um meio que não é natural ao ser humano,
será que fica mais difícil o processo de aprendizagem? Quais fatores podem
influenciar esse processo de aprendizagem? Você deve procurar orientação
multidisciplinar para auxiliar Francisco? Quais outras estratégias podem ser
aplicadas com esse aluno?
CONCEITO-CHAVE
O currículo de um profissional que trabalha com corpo e movimento abrange
diferentes áreas do conhecimento e, dentre essas áreas, está a educação
psicomotora, na qual você pode atuar de forma efetiva com alunos cujos padrões
ou estágios estão equilibrados. Porém, de acordo com os estudos já abordados
neste livro, você pode também trabalhar com alunos que ainda não alcançaram
esses padrões ou estágios, possuindo algum diagnóstico ou fator que interfira
nesse processo. Conforme Le Bouch (2001), educar a partir da psicomotricidade é
um fator indispensável. Para tanto, é importante compreender a área de atuação
que aborda essa educação psicomotora. Sendo assim, vamos verificar a
epistemologia e a evolução histórica, no mundo e no Brasil, da psicomotricidade.
INTRODUÇÃO À PSICOMOTRICIDADE
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pelo ser humano.
seõçatona reV
REFLITA
Estas questões foram muito estudas por vários pesquisadores de diferentes áreas,
como a medicina, a psicologia, a neurologia e a psiquiatria, pois, no início, a
psicomotricidade era mais associada a pessoas com deficiência, com transtornos
psicológicos ou com condutas problemáticas.
Nesse caminho, e para desvendar essas questões, o termo “psicomotricidade”
origina-se com o intuito de compreender e nomear as zonas do córtex cerebral
que se localizam nas extremidades das regiões motoras; esse feito aconteceu no
campo médico, mais precisamente na área de neurologia, a partir do início do
século XIX.
Ainda, a partir da neurofisiologia, foi possível identificar alterações significantes,
porém, sem que houvesse lesões cerebrais ou até mesmo algo que poderia ser
identificado de acordo com o estado apresentado. Desta forma, a explicação para
esses fatos ficou sem respostas, por isso houve a necessidade de explicar esses
fenômenos, surgindo, então, em 1870, a psicomotricidade.
Le Boulch (2001, p. 20) cita que, entre 1909 e 1913, Dupré utilizou pela primeira vez
o termo “debilidade motriz”, mostrando que significa desequilíbrio motor, isto é,
sem habilidades. Essa debilidade geralmente está associada a algum problema
intelectual.
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Alguns anos depois, Henry Wallon também iniciou seus estudos sobre a
psicomotricidade e revelou a importância do movimento humano como aspecto
fundamental para compreender os seus diferentes comportamentos, também
construídos pelo afeto, pela emoção, pelo meio onde o ser humano vive e por
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hábitos adquiridos ao longo da vida.
seõçatona reV
A psicomotricidade apareceu, inicialmente, na neuropsiquiatria de crianças, na
forma de reeducação psicomotora. Isso significa a descoberta de que a
aprendizagem está relacionada ao movimento e também à parte afetiva, cognitiva
e ambiental.
Desta forma, muitos testes começaram a surgir para compreender, detectar e
analisar os problemas psicomotores; de acordo com a Associação Brasileira de
Psicomotricidade (ABP), em 1953, o neurologista Edouard Guimain desenvolveu
um teste para aplicar e procurar compreender quais eram os possíveis
transtornos. Assim, ao longo dos anos, outros estudos foram realizados para
entender sobre psicomotricidade e sobre como ela pode contribuir para a
aprendizagem motora e o desenvolvimento psicomotor. Nesse caminho, em 1947,
Ajuriaguerra redefiniu a debilidade motora como uma síndrome que possui sua
individualidade, deixando muito mais claro que existe uma oscilação entre a parte
neurológica e a parte psíquica. Assim, a psicomotricidade passou a ter maior
especificidade e autonomia, colaborando para tratamentos, reabilitação,
prevenção e diagnósticos.
EXEMPLIFICANDO
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acompanhamentos multidisciplinares, como psicólogos, fonoaudiólogos,
seõçatona reV
neurologistas e psicomotricistas, ajudaria muito informá-los aos
profissionais para auxiliar no processo. Se a criança apresentar o
acometimento atlanto-axial, a ginástica não é a melhor atividade física a ser
praticada.
Para que você compreenda ainda mais a questão histórica, por volta de 1970, a
psicomotricidade passou a ser reconhecida com características de movimento na
ênfase das relações afetivas e emocionais, significando que o seu contato vem a
partir das suas interações individuais e com o mundo externo.
Ao longo dos anos, estudos foram realizados na área da psicomotricidade no
mundo todo, porém, o Brasil teve grande influência francesa, pois profissionais
procuraram especialização na França, na área de clínica infantil, e, posteriormente,
em psicomotricidade; desta forma, teve início a psicomotricidade no Brasil.
Posteriormente, em 1969, foi incluída a disciplina de psicomotricidade no curso de
Psicologia e, a partir daí, outras influências e programas foram incluídos, porém, o
curso de graduação em Psicologia foi extinto em 1974.
A influência francesa sempre esteve presente devido aos estudos realizados por
profissionais da área na França, que traziam seus conhecimentos para o Brasil.
Nesse sentido, tivemos contribuições de Simone Ramain, Françoise Desobeau e
André Lapierre, vindas de várias escolas.
A partir desse interesse em apoiar e orientar profissionais capazes de trabalhar
com a psicomotricidade, surgiu a Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora
(SBTP), em 19 de abril de 1980. Com o intuito de capacitar profissionais da área,
ocorreu, em 1982, o 1º Encontro Brasileiro de Psicomotricidade, organizado pela
SBTP (ABP, 1980/2019).
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encontros, seminários, entre outros. Procura, também, divulgar pesquisas
seõçatona reV
científicas e estudo de currículos da área (ABP, 1980/2019).
ASSIMILE
ASSIMILE
ASSIMILE
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Verificando ao longo da história da psicomotricidade, é possível entender que ela é
seõçatona reV
considerada uma área da ciência que ganhou grande espaço, transitando por
outras áreas, como já vimos nos estudos anteriores. Hoje em dia, com a
regulamentação da profissão do psicomotricista, outras profissões ainda podem
colaborar com a melhora da aprendizagem ou com a reeducação motora, no
entanto, a terapia deve ser realizada pelo profissional de psicomotricidade e
outros, de forma multidisciplinar, dependendo de cada caso.
A educação pelo movimento faz com que o aluno tenha consciência corporal,
descubra seu corpo, suas partes, seus seguimentos, o espaço, o tempo e consiga,
por meio da interação consigo, com o outro e com o ambiente, aprender e se
desenvolver. Porém, podem existir atrasos ou problemas já observados na infância
por um profissional do movimento, que saiba sobre os fundamentos do
desenvolvimento motor, sobre os estágios de aprendizagem, entre outros fatores;
esses conhecimentos auxiliam na intervenção como área de conhecimento, porém
não como uma nova técnica ou especialidade da Educação Física.
A escola é um dos locais onde o indivíduo passa por diferentes experiências, sejam
motoras, intelectuais, emocionais e cognitivas; por isso, o profissional de educação
deve estar sempre atento a possíveis alterações nesses aspectos, sendo o primeiro
a identificar alguma alteração e, a partir dos melhores meios, conversar com os
responsáveis.
Desta maneira, Xisto e Benetti (2012) destacam o conhecimento sobre
psicomotricidade como uma estratégia para contribuir com a aprendizagem na
escola, colocando a Educação Física como uma disciplina de muita importância
nesse caminho, levando à multidisciplinariedade.
Pensando em todos os aspectos, fica difícil apenas um único profissional
acompanhar um indivíduo que tenha alguma alteração, seja no campo físico,
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acompanhamento com diferentes profissionais, que possuem áreas especificas de
seõçatona reV
tratamento, como fonoaudiólogos, psicólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas,
psicopedagogos, entre outros.
Desta forma, é possível fazer um acompanhamento sistemático e eficaz,
minimizando e melhorando as alterações causadas pelo diagnóstico.
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
A educação psicomotora é baseada na melhora da aprendizagem do movimento,
proporcionando ao indivíduo consciência do seu corpo, controle da coordenação
fina e grossa, orientação temporal e espacial, equilíbrio, capacidade de adaptação
e percepção do mundo externo.
REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
O movimento é utilizado para auxiliar na correção de alterações verificadas no
desenvolvimento motor, sendo usado também como terapia.
TERAPIA PSICOMOTORA
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Neste caso, o movimento serve como terapia e é utilizado como uma forma de
tratamento de transtornos.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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atuação já mencionadas, pode ser definida como a forma pela qual é possível
educar, reeducar e tratar com o movimento.
Podemos considerar a psicomotricidade como sendo o controle mental da ação
motora, que organiza, de maneira sistemática, o desenvolvimento corporal, isto é,
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auxilia a melhorar ou modificar um comportamento nas áreas mentais, fisiológicas,
seõçatona reV
neurológicas e afetivas.
Para que aconteça o desenvolvimento infantil, Xisto e Benetti (2012) afirmam que é
necessária a relação entre a motricidade, a afetividade e a inteligência. No entanto,
Fonseca (1988) relata a psicomotricidade como sendo uma interação entre o
indivíduo e o ambiente onde vive, tornando uma área mais elevada da motricidade
humana, na qual a consciência é materializada. Já para Oliveira (1997), a direção da
psicomotricidade leva à vontade de fazer, de querer, de saber e de poder.
Psicomotricidade significa a integração das funções e do movimento realizado de
forma organizada, de acordo com as experiências e as individualidades (PINHEIRO,
2021).
A psicomotricidade é considerada uma ciência cujo objetivo é estudar os seres
humanos, relacionando o seu mundo interno e externo, a partir de seus
movimentos. Essa ciência, ainda, compreende o modo como nós percebemos,
atuamos e agimos conosco, com o outro e com objetos. É também considerada
uma ciência que preconiza o desenvolvimento das diferentes habilidades, tanto
emocionais quanto cognitivas e motoras, ao longo da vida (ABP, 1980/2019).
“A psicomotricidade pode também ser definida como o campo transdisciplinar que
estuda e investiga as relações e as influências entre o psiquismo e a motricidade.”
(ABP, 1980/2019, [s. p.])
Desta maneira, o conhecimento sobre essa área de atuação enriquece muito o
currículo do profissional de Educação Física, pois é a partir dela que o profissional
saberá observar, identificar, relacionar e auxiliar, da melhor maneira possível, seus
alunos, aplicando tarefas para melhorar o desenvolvimento e a aprendizagem
motora. Além disso, com respaldo teórico e prático, o educador físico pode
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REFERÊNCIAS
seõçatona reV
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Brasileira de Psicomotricidade, 1980/2019. Homepage. Disponível em:
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Livraria Acadêmica, 2000.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
BRASIL. Lei nº 13.794, de 3 de janeiro de 2019. Dispõe sobre a regulamentação
da atividade profissional de psicomotricista e autoriza a criação dos
Conselhos Federal e Regionais de Psicomotricidade. Disponível em:
https://bit.ly/3m2FQWP. Acesso em: 22 nov. 2021.
FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade da educação infantil à gerontologia: teoria
e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2020. E-book.
FLORÊNCIO, V. R. C.; PONTES, N. C.; FREIRE, V. C. C. Psicomotricidade como
agente estimulador precoce em crianças com microcefalia. Ensino em
Perspectivas, Fortaleza, v. 2, n. 3, p. 1-12, 2021. Disponível
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FONSECA, V. Psicomotricidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
FONSECA, V. Psicomotricidade e neuropsicologia: uma abordagem evolucionista.
Rio de Janeiro: WAK, 2010. E-book.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor:
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
HAYWOOD, K. M.; GETCHELL, N. Desenvolvimento motor ao longo da vida. 5. ed.
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Edgar Blücher, 2000.
seõçatona reV
MARTINS, H. M. et al. Educação física escolar no desenvolvimento da
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OLIVEIRA, G. C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque
psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 1997.
RODRIGUES, K. D. Práticas educativas, memórias e oralidades. Revista
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SCHMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma
abordagem da aprendizagem baseada no problema. 4. ed. Porto Alegre: Artmed,
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SILVA, F. P.; SANTOS, N. F.; CARDOSO, M. A. M. Psicomotricidade nos anos iniciais
do ensino fundamental. Educação in Loco, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 86-101, jan.-jun.
2020. Disponível em: https://bit.ly/3oTnvxu. Acesso em: 19 ago. 2021.
XISTO, P. B.; BENETTI, L. B. A psicomotricidade: uma ferramenta de ajuda para
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Maria, v. 8, n. 8, p. 1824- 1836, ago. 2012. Disponível em: https://bit.ly/3oVKxUj.
Acesso em: 18 nov. 2021.
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seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
Conforme a situação-problema apresentada sobre as aulas de natação e o
comportamento do aluno Francisco, vamos agora procurar estratégias para
solucionar essa questão.
No relato, foi mencionada a dificuldade do aluno de imergir seu rosto na água e de
atender às solicitações de movimentos, trazendo como consequência a demora no
aprendizado da flutuação. As questões apresentadas foram: será que Francisco
possui algum atraso motor? Pensando em uma modalidade especializada como a
natação e em um meio que não é natural ao ser humano, será que fica mais difícil
o processo de aprendizagem? Quais fatores podem influenciar esse processo de
aprendizagem? Você deve procurar orientação multidisciplinar para auxiliar
Francisco? Quais outras estratégias podem ser aplicadas com esse aluno?
Analisando a faixa etária dos alunos, entre 6 e 8 anos, podemos dizer que já estão
no padrão ou próximos do padrão maduro de desenvolvimento, de modo que
devem realizar tarefas motoras simples e conjuntas, conseguindo compreender os
gestos e falas. No entanto, pensando na modalidade e levando em conta que os
indivíduos não estão acostumados com o meio líquido, é sempre necessário um
processo de adaptação ao iniciar a prática da natação; talvez, Francisco precise de
maior tempo para se acostumar ou então ele teve algum trauma anterior no meio
aquático ou, ainda, algo o incomoda, mas sim, pode haver algum problema de
atraso, porém, dificilmente será possível verificar no meio aquático, onde ele não
realiza os movimentos. Neste caso, é importante conversar com a família e verificar
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possível compreender exatamente o quadro e, a partir daí, elaborar estratégias
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que auxiliem o aprendizado de Francisco no meio líquido. Por isso, é necessário
saber das vivências anteriores de seus alunos, entendendo o que os levou àquela
prática, quais são seus objetivos, para, assim, elaborar as aulas em grupo, de
forma personalizada.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
e a gira para os demais pularem, sendo que, no momento que erram, trocam de
lugar.
Na atividade em que auxiliava, a professora notou a dificuldade de vários alunos
em pular corda, ora com os dois pés, ora com os pés alternados; alguns não
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conseguiam acompanhar o ritmo e outros nem conseguiam pular, por conta de
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medo. Nessa situação, como a professora deverá auxiliar seus alunos para que
consigam cumprir o objetivo da aula? Será que algum deles possui problemas
psicomotores?
RESOLUÇÃO
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, nesta seção, você estudará o desenvolvimento da psicomotricidade
segundo as teorias psicogenéticas e terá aportes de alguns teóricos, conhecendo
as fases do desenvolvimento motor para poder atuar com os fundamentos do
desenvolvimento psicomotor.
Na seção anterior, foi possível conhecer as dificuldades de aprendizado do aluno
Francisco nas aulas de natação e, como resolução da situação, sugerimos maior
observação, aplicando um tempo de prática mais longo, além de uma conversa
com a família para compreender melhor a situação.
No entanto, enquanto não tinha esses recursos, o professor, para compreender
melhor a situação de Francisco e o porquê o aluno não estava conseguindo fazer a
imersão do rosto na água, procurou algumas teorias para se respaldar. A partir
dessa situação, começou a verificar as fases de desenvolvimento de seus alunos
em todas as suas aulas, desde a turma de bebês até os adolescentes, e começou a
verificar que, em uma mesma turma com faixas etárias próximas, havia
comportamentos cognitivos, motores e emocionais diferentes, sendo que algumas
questões o professor tentou solucionar.
Quais são as características motoras das crianças entre 0 e 2 anos, 2 a 4 anos e 4 a
6 anos de idade? Essas características interferem nos comportamentos cognitivos e
emocionais? Existem diferenças nos fatores cognitivos, emocionais e motores de
meninos e meninas até seis anos de idade?
CONCEITO-CHAVE
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teoria psicogenética
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DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE SEGUNDO AS TEORIAS
PSICOGENÉTICAS
A teoria psicogenética procura esclarecer o que existe entre a mente e a evolução
humana, portanto, pode-se dizer que se trata de uma teoria de aprendizagem.
Desta maneira, Jean Piaget destacou, em seus estudos, a relação da mente do
homem e de quando começou sua evolução, assim, procurou em suas pesquisas
desvendar como acontece a construção do conhecimento. De acordo com Piaget, a
idade cronológica interfere no desenvolvimento humano, tanto nos aspectos
psicológicos quanto nos aspectos cognitivos e motores. Para Vygotsky, o
desenvolvimento está ligado à cognição e ao afeto, devido aos fatores biológicos.
Wallon, por sua vez, tinha como grande objetivo compreender as fases de
desenvolvimento e a interação com os fatores psicológicos (SILVA, 2020). Ele
acreditava que, por meio do estudo psicológico das crianças, era possível entender
a evolução psicológica do homem (BRÊTAS, 2020).
Desta forma, para que haja um desenvolvimento de acordo com os pressupostos
das teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon, são necessários uma maturidade
adequada e um equilíbrio entre a parte emocional e psicológica, de modo que o
meio ambiente é um fator importante para que aconteça a aprendizagem.
REFLITA
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desenvolvimento aconteça com algum atraso ou adiantamento de semanas, mas,
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ainda assim, acontece. O indivíduo somente não vai andar, por exemplo, se ele for
não estimulado pelo ambiente, pela família ou, ainda, se tiver algum
acometimento, tanto motor quanto psicológico.
Com essas teorias, foi possível entender melhor o processo de desenvolvimento,
principalmente na idade escolar, pois a maturação, juntamente com o ambiente,
determina o desenvolvimento da inteligência e do caminho da aprendizagem.
ASSIMILE
AJURIAGUERRA
O psiquiatra Julian de Ajuriaguerra foi quem redefiniu o significado de debilidade
motora; ele afirmou que a psicomotricidade vai além do plano motor, pois
considerou todas as experiências vividas.
Foi ele quem estabeleceu limites para compreender os transtornos psicomotores
que transitam entre o neurológico e o psiquiátrico, com a contribuição de técnicas
reeducativas. Ajuriaguerra afirmou que a função tônica não fica apenas atrás da
ação corporal, porém, é uma forma de relação com o outro, fazendo, ainda, uma
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movimento e à cognição, mas engloba também o afeto, o que organizará, de modo
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geral, a sua personalidade.
BERGÈS
A relaxação, para Jean Bergès, foi vista como uma forma de comunicação com o
corpo, pois é um tipo de técnica utilizada com crianças para relacionar o corpo com
o ambiente, ou as emoções com as respostas motoras, isto é, uma forma de
relaxar e obter um lugar.
GESELL
Para compreender os distúrbios do desenvolvimento infantil, Arnold Gesell utilizou
filmagens como recurso. Sua intenção era descobrir o processo de
desenvolvimento entre a infância e a adolescência.
Depois de anos de pesquisas observacionais, Gesell, juntamente com
colaboradores, verificou e padronizou comportamentos que acontecem na
infância. Desta forma, foi possível observar, em sua teoria de maturação, que os
meninos e meninas possuem os mesmos estágios de desenvolvimento, pois cada
criança avança conforme sua necessidade. O autor verificou, também, que o
desenvolvimento acontece sequencialmente, de acordo com a formação física,
desde a fase embrionária até a infância, e esse desenvolvimento ocorre da cabeça
aos pés (céfalo-caudal).
Como os demais estudiosos, Gesell também verificou a influência de fatores como
ambiente, relações familiares, alimentação, fatores sociais e financeiros, entre
outros, no desenvolvimento das crianças; porém, a teoria demonstra que a criança
exposta a esses fatores no tempo correto poderá ter sua maturação otimizada,
completando, assim, o desenvolvimento do seu sistema nervoso, de modo a
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formação da personalidade e da inteligência da criança.
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LE BOULCH
De acordo com o francês Jean Joseph Le Boulch, as possíveis falhas no
desenvolvimento motor acarretam falhas na linguagem verbal e escrita. Para ele,
as crianças possuem uma estrutura genética indiscutível, porém, as suas
potencialidades somente aumentam quando estão em ambiente favorável.
A partir do momento em que a relação das crianças com o ambiente externo
torna-se intencional, elas também se desenvolvem durante suas relações afetivas e
temperamentais.
Além disso, Le Boulch traz o termo “psicocinética”, que é conhecida uma ciência
que permite demonstrar que a aprendizagem pode ser realizada pelo movimento,
ressaltando a atenção à aptidão física e partindo do princípio de que o movimento
é fundamental para a educação. Ele dedicou-se também a desenvolver trabalhos
para futuros profissionais de educação física, além de aprofundar seus
conhecimentos em diferentes áreas, como a psicologia, a biologia e a fisiologia.
LEFÉVRE
No Brasil, influenciado pela sua formação em Paris, Antonio Branco Lefévre
elaborou a primeira escala neuromotora para avaliar crianças brasileiras, tendo
estudado os trabalhos de Ajuriaguerra e Ozeretski (ABP, 1980/2019).
Um exame que faz parte desses testes é o Exame Neurológico Evolutivo (ENE), que
foi organizado na década de 1970 para verificar o desenvolvimento das crianças
quanto aos aspectos de equilíbrio estático e dinâmico, coordenação, sensibilidade,
coordenação, tônus muscular, fixação motora e sincinesias. O exame é aplicado de
forma individualizada, colocando a criança em situações do seu dia a dia.
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PIAGET
Você, possivelmente, já escutou algo sobre Jean Piaget e suas contribuições,
principalmente para a educação e a aprendizagem; porém, seus estudos seguiram
nos campos da psicomotricidade, da filosofia, entre outros.
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Para ele, a criança é exposta a novas experiências e, no momento em que ocorre a
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assimilação, ela se une a outras experiências já vividas, de modo que o repertório
da criança começa a aumentar gradualmente. Desta forma, podemos dizer que,
para Piaget, a criança aprende a partir da sua interação com o meio externo, com
objetos e com pessoas. Segundo ele, essa construção e adaptação acontecem de
maneira diferente, dependendo da faixa etária e dos estímulos recebidos.
Conforme muda a faixa etária, o processo cognitivo também muda, a fim de
compreender e organizar o comportamento de acordo com o meio externo. Esse
processo é o que se entende por assimilação e acomodação, sendo que, no
primeiro, a criança capta as vivências adquiridas e tira suas conclusões sobre uma
nova situação. No entanto, o segundo, a acomodação, refere-se às organizações
cognitivas que interferem no comportamento, alinhando-se e organizando-se
conforme cada situação. O que regula essas ações é a equilibração, que significa a
maneira pela qual a criança se regula, individualmente, para conseguir dar
significado a toda essa movimentação.
WALLON
Outro francês de destaque para a compreensão da psicomotricidade é Henri Paul
Hyacinthe Wallon, que considera a motricidade como uma forma de comunicação,
pois, por meio do corpo, a criança é capaz de expressar seus sentimentos e
vontades.
Profissional da saúde, Wallon preocupou-se em entender o que acontece com os
movimentos que realizamos, no sentido de verificar a relação entre mente, tônus e
relaxamento.
Para Wallon, o movimento é uma maneira de expressar, emocionalmente, o
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FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR: ASPECTOS MOTORES,
RELACIONAIS E COGNITIVOS
seõçatona reV
A psicomotricidade é fundamentada no desenvolvimento psicomotor, e seus
aspectos norteadores são os motores, os relacionais e os cognitivos.
Para Gallahue e Ozmun (2005, p. 201), “O desenvolvimento, no período da infância,
é marcado por alterações estáveis e progressivas das áreas cognitiva, afetiva e
motora”.
ASPECTOS MOTORES
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), as diferenças entre os gêneros são
pequenas no começo da infância; a seguir, destacaremos alguns aspectos motores
relevantes das crianças no início da infância, os quais foram catalogados pelos
autores:
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Precisam melhorar o controle refinado.
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Os olhos ainda não estão aptos para atividades longas, pois muitos adquirem a
hipermetropia.
ASPECTOS RELACIONAIS
Nesse período, as crianças são egocêntricas e dificilmente compartilham
objetos e brinquedos.
ASPECTOS COGNITIVOS
Momento de expressar verbalmente ideias e pensamentos.
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FASE DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR: DO NASCIMENTO AOS 6 ANOS
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Como já mencionado, o período do nascimento aos 6 anos de idade está vinculado
ao desenvolvimento físico, psíquico, emocional e cognitivo do indivíduo.
Durante essa fase, a criança adquire conhecimentos, como diferentes tipos de
habilidades, além dos mais variados hábitos, aprimorando capacidades físicas e
construindo, ainda, valores e qualidades, mesmo bem pequenos. Os profissionais
de Educação Física precisam entender o seu real papel nessas construções e
aquisições. Para tanto, alguns estudos de diferentes autores norteiam fases e
estágios do desenvolvimento nessa faixa etária, para que você, caro aluno, tenha
um embasamento que lhe permita elaborar suas aulas com o intuito de minimizar
os possíveis erros no processo de ensino, respeitando essas fases. Para isso, é
necessário conhecer o que uma criança em determinada faixa etária é capaz de
realizar e compreender.
O desenvolvimento motor acontece devido a mudanças no comportamento motor.
O ser humano é capaz de aprender a todo instante, em diferentes situações, e
essas aprendizagens, por sua vez, são provocadas por fatores do próprio indivíduo,
do ambiente e das tarefas. Esse processo pode ser observado em três tipos de
movimentos: os estabilizadores, os locomotores e os manipulativos, podendo ser
combinados entre si. Para deixar mais claro, movimentos estabilizadores são
aqueles que envolvem qualquer habilidade que necessite manter um equilíbrio
referente à força da gravidade. Já os movimentos locomotores são aqueles que
envolvem a mudança de um local para outro, enquanto os movimentos
manipulativos são aqueles que envolvem o contato com algum material, seja de
forma rudimentar, aplicando determinada força, como em tarefas de chutar,
arremessar, rebater, entre outras, seja de forma refinada, utilizando músculos da
mão e do punho, principalmente para tarefas como colocar uma linha na agulha e
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Fase motora reflexa – refere-se às primeiras movimentações realizadas pelo
feto, conhecidas como reflexos.
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ASSIMILE
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são as fases que estão relacionadas às faixas etárias de interesse desta seção.
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como corpo vivido. Existe a interação sensorial, a qual, por sua vez, inicia-se até
mesmo antes de o movimento voluntário estar presente. A criança é capaz de
seõçatona reV
identificar sua fralda seca ou molhada, de verificar se o apoio é confortável ou
não, de perceber as sensações de calor e frio, e identifica, ainda, as sensações
de dor. O sistema cinestésico e vestibular contribuem para os diferentes
movimentos, sejam reflexos ou voluntários.
Fase pré-operacional – é uma fase cujo marco está evidenciado pela fala,
período dos dois aos sete anos de idade. Trata-se de um momento em que o
egocentrismo está muito presente, assim, as crianças somente conseguem se
relacionar à medida que há o avanço da idade, pois o individualismo está bem
presente. É um período de confusão entre o real e a fantasia. As crianças são
capazes de tornar um objeto qualquer em algo real.
EXEMPLIFICANDO
Piaget denomina esse momento de animismo, isto é, fazer com que o objeto tenha
alma ou sentimentos.
Wallon também determina algumas fases, dentre elas estão a fase impulsiva,
tônica-emocional, sensório-motora projetiva e personalística.
Fase impulsiva – é uma fase que começa logo após o nascimento e é marcada
pelos movimentos reflexos.
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e devido a influências de diferentes fatores, é possível que haja maior
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desenvolvimento.
Fase sensório-motora projetiva – fase que vai do primeiro ano aos três e é
marcada pela aquisição e desenvolvimento da marcha. A criança nessa fase
percebe o mundo à sua volta a partir dos movimentos e expressa sentimentos
e emoções. Ela descobre o espaço ao seu redor, sendo que a linguagem e o
simbolismo começam a ser desenvolvidos.
Fase personalítica – essa fase vai dos três aos seis anos, é uma etapa em que
a criança começa a fortalecer sua identidade pessoal. Período de busca da
independência, o “eu” está presente. A criança, por muitas vezes, apresenta
sentimento de posse, reivindica, recusa, defende, entre outras ações.
REFLITA
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Figura 3.2 | Sentidos céfalo-caudal e próximo distal
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Fonte: elaborada pela autora.
ASSIMILE
De acordo com Freud, as crianças de até seis anos possuem três fases:
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que você consiga elaborar aulas eficazes, capazes de melhorar o desenvolvimento
seõçatona reV
motor dos seus alunos, auxiliando-o, ainda, a identificar algumas alterações no
decorrer do processo.
REFERÊNCIAS
ABP. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Site da Associação
Brasileira de Psicomotricidade, 1980/2019. Homepage. Disponível
em: https://bit.ly/33m9j7K. Acesso em: 19 ago. 2021.
AJURIAGUERRA, J. Manual da psiquiatria infantil. Tradução de Paulo César
Geraldes e Sônia Regina Pacheco Alves. 2. ed. Rio de Janeiro: Masson do Brasil
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BARRETO, S. J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2. ed. Blumenau:
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BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade da educação infantil à gerontologia: teoria e
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FLORÊNCIO, V. R. C.; PONTES, N. C.; FREIRE, V. C. C. Psiomotricidade como
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Perspectivas, Fortaleza, v. 2, n. 3, p. 1-12, 2021. Disponível
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seõçatona reV
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seõçatona reV
Claudia Garcia
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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determinado ponto, saltitar dentro e fora de arcos plásticos, saltar por cima de
cones, rolar livremente por cima de colchonetes, rastejar por baixo de uma corda e
andar por cima de um banco. Para tornar a aula mais atrativa, contou uma história
sobre o lobo mau que vivia na floresta, escondido, e colocou uma criança para
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fazer esse papel, sendo que as demais crianças deveriam passear por esse
seõçatona reV
caminho montado pelo professor. Quando o professor apitava, a criança que
estava designada a ser o lobo saía correndo para pegar outro possível lobo, porém,
a aluna Maria não queria ser pega pelo lobo e, no momento em que isso
aconteceu, deu uma mordida no colega que a pegou. Essa situação já tinha
ocorrido em outros momentos, tanto em sala de aula quanto na Educação Física.
Em qual fase Maria se encontra e como o professor deve resolver essa situação?
RESOLUÇÃO
Uma estratégia que pode funcionar é orientar os alunos que, caso forem
pegos, podem escolher outro amigo para se tornar lobo no lugar deles, porém,
já com a situação ocorrida, o professor deve conversar com os alunos, fazer
com que eles façam as pazes. Talvez, outra solução seja o lobo ser o professor,
até eles compreenderem melhor a atividade.
Verificando somente o ocorrido, sem saber o que pode estar acontecendo com
Maria, podemos dizer que ela se encontra em atraso na fase motora
emocional, estando na fase oral, demonstrada por Freud.
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ELEMENTOS PSICOMOTORES
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Caro aluno, nas seções desta unidade, foi possível compreender que a
psicomotricidade exerce um papel importante para o desenvolvimento físico,
psicológico, emocional e motor dos indivíduos. As teorias sobre a psicomotricidade
revelaram o quanto os fatores maturacionais, relacionais, cognitivos, além dos
aspectos motores, influenciam o desenvolvimento da criança. Sabendo-se dessas
informações e das fases do desenvolvimento psicomotor de crianças entre 0 e 6
anos, vamos, agora, estudar os elementos psicomotores e como eles podem
auxiliar os profissionais de Educação Física a atuar com seus alunos, para que
ocorra uma melhor aprendizagem.
Existem diferentes elementos psicomotores que servem como padrões a serem
analisados de acordo com a faixa etária. Desta maneira, é possível verificar, por
meio desses padrões, se a criança está se desenvolvendo de acordo com sua faixa
etária ou não, pois desde o nascimento a criança utiliza-se de uma linguagem
corporal para entrar em contato com seus pais e com o meio em sua volta, bem
como para conhecer a si mesma, assim, caso esses padrões não sejam executados
em alguma fase da vida ou sejam bloqueados, é necessário realizar exames ou
testes para diagnosticar o problema ou as causas do problema, buscando,
posteriormente, a intervenção de profissionais capacitados e habilitados para
auxiliar em defasagens de aprendizagens em diferentes situações, como o
conhecimento do esquema corporal e da imagem corporal, o equilíbrio, a
lateralidade, o ritmo, a organização espaço-temporal, o tônus e a motricidade,
tanto fina quanto ampla.
Com essas informações, é possível atuar em diferentes situações.
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dificuldade de compreensão ou execução de algum elemento psicomotor?
seõçatona reV
A fim de pensar em uma situação prática, vamos analisar uma situação-problema
comum nas atividades esportivas. Durante as aulas de futebol, o professor Gabriel
notou que Pedro, o aluno novo da turma, com 9 anos de idade, apresenta
distração durante os jogos e não compreende suas explicações. O professor
demonstra os exercícios, fala ao lado do aluno quais movimentos devem ser
executados, porém Pedro, após as explicações, sempre pergunta novamente o que
é para fazer e, no momento da execução dos movimentos, faz de modo contrário,
exemplo: quando o exercício é para ser executado com o pé direito, o menino o faz
com o esquerdo. Além disso, Pedro, muitas vezes, não sabe se localizar no espaço
e tem dificuldades quando o professor fala para ele ficar mais perto ou longe dos
seus adversários.
Será que Pedro possui algum atraso nos elementos psicomotores? Quais são as
dificuldades de Pedro? Como o professor de Educação Física, sabendo das
dificuldades desse aluno, pode atuar para que haja uma melhora ou um menor
distanciamento entre a situação atual e os padrões psicomotores para a idade de
Pedro?
A partir de agora, vamos procurar compreender quais são os elementos
psicomotores, com vistas a resolver essas questões sobre o aluno Pedro.
CONCEITO-CHAVE
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p. 220), “embora relacionada à idade, a
aquisição de habilidades motoras fundamentais maduras não é dependente dela,
devido a numerosos fatores inerentes à tarefa em si, ao indivíduo e ao ambiente”.
REFLITA
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Quem nunca escutou a frase “o nosso corpo fala”? Essa frase é muito
comum quando pensamos nos processos maturacionais, de
desenvolvimento, de aprendizagem, de sentimentos, de ações, entre
outros.
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Existem diferenças físicas entre os meninos e meninas? À medida que a
seõçatona reV
criança cresce, ela começa a compreender melhor o tempo e o espaço?
Quando a criança nasce, ela já sabe denominar suas partes corporais?
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Desse modo, apresentamos a você os elementos psicomotores que devem ser
seõçatona reV
experimentados e vivenciados pelas crianças durante o processo de
desenvolvimento.
EXEMPLIFICANDO
ASSIMILE
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subjetivos e psicológicos (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
seõçatona reV
ASSIMILE
EQUILÍBRIO
Dependendo da posição corporal em que o indivíduo se encontra no espaço, ele
necessita de determinada força para manter-se em equilíbrio; esta força é
conhecida como gravidade. Todos os corpos e objetos possuem um centro de
gravidade que muda de acordo com o movimento ou a posição.
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EXEMPLIFICANDO
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com o apoio dos dois pés ou de apenas um pé, por exemplo, podemos
dizer que se encontra em equilíbrio estático.
seõçatona reV
Além do centro de gravidade, para que você compreenda como é possível verificar
o quanto o corpo ou o objeto está estável, basta traçar uma linha imaginária na
posição vertical do centro de gravidade até a base de apoio.
ASSIMILE
LATERALIDADE
Lateralidade refere-se ao entendimento interno sobre os lados direito e esquerdo
do corpo, que não são iguais. Durante a maturação, podemos verificar essa
diferença com mais clareza, pois à medida que a criança cresce, ela tende a ter um
lado dominante, o qual acaba utilizando com maior frequência. Muitas vezes,
realizamos tarefas com o lado dominante, enquanto o outro serve de apoio para a
realização da tarefa, porém, apesar dessa dominância, é possível que o indivíduo,
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de acordo com a prática, consiga realizar movimentos com os dois lados do corpo
perfeitamente. Para compreender melhor o assunto, vamos estudar sobre a
lateralidade homogênea, cruzada e ambidestra.
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REFLITA
Você já escutou alguém dizer que consegue chutar uma bola perfeitamente
seõçatona reV
com os dois pés? Da mesma forma, já ouviu alguém dizer que não consegue
fazer nada com o lado esquerdo do corpo, ou até dizer que escova os
dentes com a mão esquerda, porém é destro, e chuta bola com o pé
direito?
Lateralidade cruzada – quando um indivíduo não utiliza todo o seu corpo para
determinado lado. Um exemplo é quando a criança começa a fazer a
“estrelinha” colocando o pé direito à frente, porém apoiando as duas mãos
para o lado esquerdo, ou em uma situação em que o corpo está voltado para a
tarefa do lado esquerdo, porém fixa o olhar para o lado direito.
RITMO
Podemos encontrar o ritmo em diferentes situações do dia a dia: no nosso corpo,
em objetos, na natureza... Podemos dizer, ainda, que ritmo significa uma sucessão
de acontecimentos. O ritmo musical, por exemplo, possui uma sucessão de
batidas, já o ritmo das marés indica uma sucessão de movimentos da água, o ritmo
do relógio, por sua vez, é uma sucessão de marcações numéricas.
Autores descrevem o ritmo como sendo uma qualidade física, que envolve a
aptidão de compreender os sons em um determinado intervalo de tempo, com
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continuando em outras faixas etárias, com maiores exigências corporais, como
seõçatona reV
acompanhar uma música e executar uma série de ginástica artística no solo.
ORGANIZAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
“Aos 3 anos, a criança já tem uma vivência espacial. A exploração do espaço
começa desde o momento em que a criança fixa o olhar em um objeto, depois
tenta agarrá-lo.” (LE BOULCH, 2001, p. 199)
O espaço e o tempo não ficam dissociados e relacionam-se com a visão, a audição
e a maneira como compreendemos o que está à nossa volta ou internamente.
Desta forma, se a percepção do indivíduo está bem trabalhada, ele é capaz de
saber qual espaço seu corpo ocupa e em que local ele está em determinado
espaço.
Diferentes práticas motoras podem auxiliar no reconhecimento do espaço e da
localização, como distinguir a distância que há entre você e determinada pessoa,
ou determinado local/ objeto; ou, ainda, a distância percorrida, por meio dos
sentidos.
Para compreender a organização temporal, é necessário levar em conta a
velocidade, a duração e a sucessão dos acontecimentos, estando vinculada aos
sistemas musculares e sensoriais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
O tempo está relacionado ao ponto de partida e ao final de uma atividade,
acontecendo periodicamente; atividades que desenvolvam essa organização são
importantes para o desenvolvimento.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Pular corda é uma atividade que desenvolve diferentes habilidades, como controle
corporal, ritmo, organização espaço-temporal, coordenação viso-motora, dentre
outras.
TÔNUS
Tônus refere-se à capacidade primitiva de manter o músculo em contração. O
tônus auxilia durante as atividades tanto motoras como posturais. Ele colabora
para que o movimento ocorra prontamente (LE BOULCH, 2001).
De acordo com Gomes e Souza (2020), o tônus garante que a musculatura fique
preparada para grande parte das ações e movimentos corporais. Para as autoras,
o tônus demonstra sinais de atenção para obter um desenvolvimento mental,
refletindo, muitas vezes, o estado emocional do indivíduo.
Existem dois tipos de alterações que podem ocorrer em relação ao tônus
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MOTRICIDADE
seõçatona reV
A motricidade exerce um papel importante, pois, juntamente com a percepção
visual, sensorial, equilíbrio, lateralidade, tônus, entre outras, controla
voluntariamente as ações motoras. A motricidade bem desenvolvida na educação
infantil colabora para as possíveis aprendizagens.
Desta forma, podemos dizer que motricidade é o resultado de um conjunto de
capacidades e habilidades de um indivíduo. Pode ser considerada, ainda, como a
capacidade de adaptar os movimentos corporais de acordo com o meio interno e
externo, variando de acordo com a individualidade e os estímulos ambientais.
A motricidade é divida em duas categorias: motricidade fina e ampla. Neste
momento, verificaremos as características dessas categorias.
REFERÊNCIAS
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
Nesta seção, foram realizados alguns questionamentos sobre o desenvolvimento
envolvendo os elementos psicomotores, sendo que a primeira pergunta proposta
foi se existe um período específico para trabalhar os elementos psicomotores com
os alunos. A resposta é: sim. O melhor período para isso é na infância, pois é
quando a criança é exposta a diferentes vivências relacionadas a esses aspectos.
Conforme os estudos dessa seção, foi possível verificar que os elementos
psicomotores, quando bem trabalhados na infância, auxiliam bastante no processo
de aprendizagem, servindo de parâmetros para identificar alguma dificuldade no
desenvolvimento ou algum transtorno.
No caso do aluno Pedro, é possível notar que ele possui dificuldade de
entendimento, talvez pela falta de prática ou de estímulos externos; porém, a
dificuldade de distinguir os lados direito e esquerdo podem dar um sinal de alerta
quanto ao comportamento motor de Pedro, pois, com 9 anos, a criança já tem bem
definido o lado dominante, devendo identificar os lados corporais. Aparentemente,
Pedro possui dificuldade em lateralidade, orientação espaço-temporal e, talvez,
uma falta de atenção; todas essas questões que devem ser investigadas por um
psicomotricista.
O professor de futebol de Pedro deve proporcionar práticas que envolvam muito a
percepção espacial e temporal, bem como atividades para distinguir os dois lados
do corpo, mesmo que seja apenas um breve aquecimento.
Existem diferentes jogos que desenvolvem essas percepções, como o pique-
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bandeira, cujo objetivo é ultrapassar a área do adversário sem que seja pego, de
modo a buscar a bandeira e trazê-la para sua área, utilizando diferentes
deslocamentos, mudanças de direção, velocidades e percepções de espaço e
tempo. Outra possibilidade são as atividades de orientação, como uma dinâmica
0
em duplas, em que um aluno fica com venda nos olhos e o outro direciona-o com
seõçatona reV
comandos de localização e direção para que o aluno vendado chegue a um
determinado ponto ou tenha domínio da bola no pé. Os comandos podem ser: em
cima, em baixo, à frente, ao lado, ou podem indicar a quantidade de passos, a
direção (direita, esquerda), entre outros. Como vemos, essas atividades podem
contribuir com a melhora das dificuldades de Pedro, porém, é sempre bom
observar sua evolução para que, caso Pedro ainda tenha dificuldades após um
período de práticas relevantes, haja uma conversa com os familiares, expondo o
que está acontecendo com o menino, a fim de orientá-los para que procurem
outros especialistas da área da saúde e investiguem o caso.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
EU E O OUTRO
Verificamos que o processo de aprendizagem passa por diferentes caminhos
durante a educação infantil e os educadores precisam contribuir com esse
processo, aplicando uma gama de atividades práticas para que a criança consiga
fazer suas conexões e aprender sem ultrapassar nenhuma etapa. Além disso,
também foi possível verificar que a maturação está ligada ao desenvolvimento da
criança e qualquer dificuldade na aquisição dos elementos psicomotores pode
dificultar a aprendizagem.
Mariana, uma aluna do ensino médio de uma escola da rede pública, sempre
demonstrou ser uma calma e centrada; porém, há algumas semanas, não quer
mais fazer aulas de Educação Física, pois a professora Juliana, durante os dias de
calor, pede para os alunos tirarem o blusão devido ao aumento da temperatura.
Mariana, por ser uma aluna muito tímida, não gosta de tirar o blusão e sempre
inventa uma justificativa para não fazê-lo, até que um dia a professora percebeu
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que existia algo além daquilo. Mariana, na verdade, não gosta do seu corpo e
sempre tenta escondê-lo de alguma forma, pois ela se vê fora da imagem que
acredita ser a ideal. Neste caso como deve ser atuação da professora?
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Figura 3.5 | Exemplo de distorção de imagem corporal
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
RESOLUÇÃO
Mariana pode estar com uma distorção de imagem corporal entre ela e as
outras pessoas, algo que talvez não tenha sido bem trabalho na infância,
perdurando ou aparecendo na adolescência. Ao lidar com esse caso, a
professora deve conversar para investigar melhor e deixar a aluna à vontade
para fazer a aula.
Promover pesquisas acerca do aspecto geral do tema, além de debates, pode
auxiliar o entendimento de que todos são indivíduos diferentes uns dos outros,
com suas qualidades, sejam físicas, emocionais ou psíquicas. Essas ações são
importantes para que o problema não evolua para algum quadro de distorção
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ser abordado com adolescentes.
seõçatona reV
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Claudia Garcia
seõçatona reV
CONVITE AO ESTUDO
Foi possível compreender, até o momento, a grande importância do estudo e da
prática da psicomotricidade para a melhora de diferentes aspectos: motores,
emocionais, afetivos, psicológicos e cognitivos. Pudemos notar, também, que o
papel do professor é fundamental para identificar possíveis dificuldades
comportamentais de seus alunos.
Agora, vamos verificar como aplicar a psicomotricidade na Educação Física de
maneira eficaz e coerente. Para tanto, no decorrer das seções desse capítulo,
vamos relacionar o corpo, o brincar e a psicomotricidade, procurando
compreender a estrutura corporal, suas funcionalidades e como diferentes fatores
interferem no desenvolvimento da criança. Conheceremos, ainda, os transtornos
psicomotores e as avaliações que podem identificar os níveis de desenvolvimento
em relação à idade cronológica.
Vamos, então, verificar como os profissionais do movimento podem aplicar, em
suas aulas, atividades para prevenir ou diminuir o distanciamento entre os níveis
de desenvolvimento relacionados à idade cronológica, auxiliando seus alunos,
desse modo, em diferentes aspectos e etapas da vida.
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inexistente a brincadeira.
Esse fato pode acarretar diferentes falhas no processo de aprendizagem e de
desenvolvimento, já que o contato com a ludicidade é muito importante para a
construção do indivíduo como um todo.
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O papel dos profissionais que trabalham com o movimento deve ser valorizado
seõçatona reV
mais do que nunca, pois hoje as crianças não brincam com tanta frequência
quanto em décadas passadas e o brincar será abordado, justamente, nas aulas
desses profissionais, o que permite às crianças vivenciar o lúdico, auxiliando em
diversos aspectos, como a convivência social e a resolução de problemas, e
promovendo, também, um resgate à cultura, de modo a contribuir para a
aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças.
Conforme a criança brinca, é possível observar sua criatividade, seus sentimentos e
seus valores.
Durante as unidades anteriores, pudemos notar que existem fases e estágios no
desenvolvimento, na aprendizagem e no controle dos indivíduos; estes estágios
servem como parâmetros para elaborar objetivos e planos de acordo com cada
aula ou programas de aulas. A forma como as crianças brincam também pode
servir de parâmetro para esse planejamento; além disso, é possível usar as
avaliações psicomotoras para identificar os níveis de desenvolvimento. Outro
aspecto importante é conhecer as características dos possíveis transtornos, o que
pode auxiliar ainda mais a prática profissional.
Agora, vamos relatar uma situação-problema comum atualmente. Renata,
pedagoga da educação infantil, sempre soube da importância do brincar para as
crianças, pois, como já dito anteriormente, essa prática favorece a criatividade e a
resolução de problemas, estimulando a vivência social e resgatando a cultura, além
de outros benefícios; porém, na escola onde Renata trabalha, a necessidade da
aprendizagem da linguagem e escrita tem uma relevância muito maior, de modo
que não priorizam a construção do aprendizado, mas a apresentação de
resultados.
Durante as aulas, para que a sua turma aprenda as letras “A” e “B”, a professora foi
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movimentos corporais. No caso dessa abordagem de Renata para ensinar as letras
seõçatona reV
“A” e “B”, observamos que a pedagoga não levou em conta essas importantes
diretrizes para o ensino.
João, um aluno de Renata que apresenta problemas sociais e afetivos, recusou-se a
fazer a atividade proposta pela professora. Nesse contexto, quais estratégias reais
deveriam ser utilizadas? Quais atividades Renata poderia utilizar para que o aluno
se interessasse em aprender as letras? Outros professores podem contribuir para
que esse processo de aprendizagem ocorra?
Venha compreender a estrutura corporal, suas possibilidades funcionais, o
desenvolvimento da criança, os benefícios do brincar, o perfil psicomotor e como
ensinar e motivar o aluno João a realizar a atividade.
CONCEITO-CHAVE
Já verificamos, no decorrer do livro, que existem diferenças individuais, as quais
atuam diretamente no desempenho dos movimentos; agora, vamos estudar um
pouco mais sobre como a estrutura corporal e as suas possibilidades funcionais
podem contribuir ou influenciar a aprendizagem ou o desempenho de tarefas
motoras.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
ASSIMILE
REFLITA
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com os músculos e tendões, é essencial para o movimento: um conjunto de ossos
seõçatona reV
e articulações equilibrados em uma pilha e encaixados perfeitamente permitem
realizar diferentes tarefas.
O crescimento e o desenvolvimento infantil passam por diferentes transformações.
Desta maneira, existem influências do crescimento físico de um bebê no
desenvolvimento motor, havendo também influência de outros aspectos, como
peso e altura, que sofrem impacto de questões biológicas e ambientais
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
EXEMPLIFICANDO
ASSIMILE
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podendo classificar, a partir desses dados, o biotipo da pessoa.
seõçatona reV
Figura 4.2 | Biotipos corporais: ectomorfo, mesomorfo e endomorfo
Fonte: Shutterstock.
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vivências anteriores e atuais das pessoas, porque apesar de determinados
seõçatona reV
indivíduos possuírem algumas habilidades genéticas, muitas vezes não as utilizam
por falta de prática ou treinamento; por outro lado, outros acabam compensando
pela prática e por essas adequações.
Esse conjunto de influências contribui para o bom desempenho ou não em
determinada tarefa. Isso significa que uma pessoa com uma estrutura pequena e
muito magra, por exemplo, terá dificuldades para o sumô, o levantamento de peso
ou outra atividade que necessite de uma estrutura corporal maior, porém, em
alguns casos, isso pode ser compensado pelo treinamento. Existem esportes ou
atividades que necessitam de determinadas estruturas corporais, no entanto,
como já mencionamos, a questão depende da interação entre vários fatores.
Por fim, podemos dizer que o sucesso em realizar determinar tarefa depende das
experiências e habilidades genéticas.
Acabamos de ver a importância da estrutura corporal e suas possibilidades
funcionais, entendendo como podem influenciar o desempenho; agora, vamos
estudar como acontece o desenvolvimento das crianças nos aspectos somáticos,
afetivos, ambientais e sociais.
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005), o desenvolvimento motor é um processo
que acontece sem pausa nenhuma, durante toda a vida, a partir da interação de
fatores biológicos, ambientais e de diferentes tipos de tarefas.
Muitos estudos foram e estão sendo realizados nessa área para compreender os
reais fatores de influência no comportamento motor e, nesse sentido, vamos
entender alguns aspectos da criança.
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saúde utilizam as medidas de peso e altura da criança.
seõçatona reV
O crescimento, desde a concepção até a infância, é bem acelerado. Os estudos
baseiam-se em médias de crescimento e desenvolvimento, pois pode haver
alterações devido a integrações biológicas e ambientais.
Para Gallahue e Ozmun (2005), o crescimento está dividido em pré-natal e infantil.
Ao longo desse período, ocorrem várias mudanças para a formação da estrutura
corporal, sendo que o movimento só aparece no início do período fetal.
A criança, até os dois anos de idade, cresce de forma rápida e, com o crescimento
físico, é possível verificar o desenvolvimento dos movimentos, porém, a estrutura
física possui grande influência.
EXEMPLIFICANDO
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
REFLITA
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Além dos professores, as famílias possuem um papel importante na construção da
seõçatona reV
afetividade da criança. Uma criança que seja respeitada, compreendida e que
receba carinho de suas famílias pode tornar-se uma criança mais segura.
Quando a criança está na fase sensório-motora (0 a 2 anos) de Piaget, por
exemplo, ela demonstra seus sentimentos, muitas vezes, com o choro. De 2 a 6
anos é a fase em que surgem o egocentrismo e os primeiros sentimentos de
antipatia e simpatia pelas pessoas.
Muitas vezes, afetividade é confundida apenas com abraços e beijos, porém, vai
além disso. O professor pode demonstrar afeto por meio da aplicação de
atividades adequadas à faixa etária, por elogios, por motivações, pela atenção com
os alunos e com a turma... Uma forma de trabalhar a afetividade em aula é
promover atividades de cooperação, empatia e solucionar possíveis conflitos com
muito diálogo.
As crianças, na educação infantil, são muito egocêntricas, querem brinquedos
individualizados e, geralmente, brigam para obter uma bola rosa ou roxa, por
exemplo. O professor deve aplicar estratégias para que essa construção seja
realizada da melhor forma. Uma sugestão para essa fase é não utilizar diferentes
materiais ou cores no mesmo momento, isto é, se for utilizar bolas, que sejam com
as mesmas cores, por exemplo. Uma alternativa eficaz também é conversar antes
para que não haja conflitos, pois as crianças ainda estão aprendendo a distinguir o
que pode e o que não pode, o que é certo e o que é errado. Se, por um lado,
algumas crianças vão brigar pelo material, outras, por serem tímidas nessa fase,
acabam ficando tristes, desanimadas e ansiosas.
Muitos autores relatam que, o ser humano, de modo geral, tem mais satisfação em
praticar atividades que lhes forneçam prazer do que aquelas que os fazem sentir
incompetentes.
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Enfim, o professor é o profissional que precisa prever todas essas situações para
aplicar suas atividades de maneira equilibrada, isto é, conhecer seu aluno, suas
expectativas, suas habilidades motoras e genéticas para que, mediante alguma
situação-problema, consiga solucioná-la com muita sabedoria.
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seõçatona reV
ASPECTOS AMBIENTAIS E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
O ambiente é um conjunto de fatores que interferem em diferentes aspectos da
vida do indivíduo, como os aspectos motores, emocionais, psicológicos, sociais,
morais, culturais, afetivos e cognitivos.
A criança interage o tempo todo, seja com sua família, com outras pessoas, em
diferentes lugares, exercendo atividades diversas e vivenciando novas experiências
e estímulos.
O estímulo está muito ligado à tarefa e a como ela é aplicada, portanto, o ambiente
é um dos fatores que possui muita influência no desenvolvimento da criança.
Crianças expostas a ambientes favoráveis ao aprendizado também se
desenvolvem com maior facilidade. Um exemplo contrário são crianças de pais que
privam seus filhos de participarem esportes coletivos, pois têm medo de que a
criança caia e se machuque, tendo uma atitude superprotetora. Provavelmente,
essas crianças terão o seu desenvolvimento afetado, ainda que aconteça a
maturação, pois existem outros fatores associados a serem trabalhados.
Como já estudamos anteriormente, o tipo de prática, o tempo e a duração da
atividade, experiências anteriores, bagagem cultural, habilidades motoras e
capacidades físicas são fatores que interferem no desempenho das atividades.
REFLITA
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Você já escutou a famosa frase: “De pai pra filho”? Já ouviu alguém dizer que
“Minha filha gosta de natação porque eu também gosto”, ou que “aquele
aluno é bem-educado, igual à família”?
Você já viu algum professor falar que uma determinada turma é agitada?
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seõçatona reV
Desta forma, podemos dizer que somos seres com diferenças, que vivemos em
sociedade, e que, de acordo com interesses do grupo, podemos mudar nosso
modo de pensar, agir e de nos comportar.
A criança, ao longo do seu processo de desenvolvimento, vai adquirindo, com suas
experiências, com seus familiares, com os amigos, com os professores e entre
outros, referências sociais.
As atividades físicas e os esportes possuem grande influência nessa fase, pois
possibilitam o desenvolvimento da criança por meio da resolução de problemáticas
em grupo.
Por isso, nessa faixa etária é muito importante a aplicação de jogos e brincadeiras,
os quais são grandes mecanismos para formar a identidade do indivíduo e dele
com o grupo, exercendo, além disso, implicações no desenvolvimento psicomotor.
ASSIMILE
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socialização, entre outros aspectos. A brincadeira é a ação do brincar, é o que a
seõçatona reV
criança faz, é como enfrenta as situações, cria, reinventa, organiza, seleciona,
interpreta, podendo também resgatar a tradição cultural. Para Gallahue e Ozmun
(2005, p. 204) “As brincadeiras são o modo básico pelo qual elas tomam
consciência de seus corpos e de suas capacidades motoras”.
Podemos dizer que o brincar exerce influências no desenvolvimento psicomotor,
pois proporciona à criança um desenvolvimento integral, sendo um grande auxiliar
para o crescimento tanto cognitivo como afetivo e importante para o
desenvolvimento das habilidades motoras. Sendo esse um ato significativo sob
muitos aspectos, as crianças que não brincam podem ter implicações afetivas,
motoras, psicológicas, cognitivas, entre outras.
PERFIL PSICOMOTOR
Como vimos anteriormente, a psicomotricidade serve para verificar dificuldades,
tratar ou amenizar possíveis diferenças existentes no desempenho das crianças ou
em alguma etapa do seu comportamento.
Fonseca (1995), com a intenção de verificar possíveis dificuldades
comportamentais, elaborou uma Bateria Psicomotora para analisar diferentes
fatores: tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, organização
espaço-temporal, praxia global e fina.
Por meio dessa bateria de testes e observações, é possível traçar o perfil
psicomotor do indivíduo, pois ela relaciona os fatores psicomotores e os fatores
psicológicos, motores e afetivos, sem levar em conta a aptidão motora.
Finalizamos esta seção compreendendo, de modo geral, como o corpo e o brincar
interferem na psicomotricidade.
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seõçatona reV
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XISTO, P. B.; BENETTI, L. B. A psicomotricidade: uma ferramenta de ajuda para
seõçatona reV
professores na aprendizagem escolar. Revista Monografias Ambientais, Santa
Maria, v. 8, n. 8, p. 1824-1836, ago. 2012. Disponível em: https://bit.ly/3ljnlNL.
Acesso em: 18 nov. 2021.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
Você já vivenciou alguma situação em sua época de escola que despertou em você
um sentimento de tristeza ou raiva? Como seus professores souberam cuidar
dessa situação?
Ao longo dos anos, o ensino vem sofrendo transformações e querer compreender
ainda mais como a criança aprende e se desenvolve é um tema que está presente
no ambiente escolar. Porém, com a demanda de atividades ou propósitos, os locais
de ensino e também os professores, muitas vezes por inexperiência ou por falta de
conhecimento, acabam pulando etapas de desenvolvimento ou provocando alguns
traumas nas crianças.
No caso da pedagoga Renata, não foi por falta de conhecimento, mas devido à
demanda de trabalho; nesse caso, um aluno não sentiu prazer na realização da
atividade, pois era, para ele, repetitiva e sem significado. Com problemas sociais e
afetivos, João, provavelmente, viu naquele ato da professora um momento para
demonstrar seus sentimentos.
A melhor estratégia para ensinar as letras, nesse caso, seria utilizar a brincadeira,
atividades de solicitação, desenho, interpretação, sair da sala de aula e vivenciar
possibilidades em outros ambientes, como encontrar objetos pela escola com as
letras, ou o jogo do alerta, com palavras que se iniciam com as letras, ou, ainda,
pintar as letras em uma cartolina ou desenhá-las na parede do pátio com um pote
de água e pincel. Enfim, há diferentes formas que possibilitam sair do convencional
“giz e lousa”.
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e, ao sinal do professor, devem, rapidamente, utilizando a equipe, formar a letra
seõçatona reV
que o professor solicitar? Nessa atividade, ganha ponto a equipe que formar
primeiro a letra solicitada, de maneira clara e correta.
Desta forma, esperamos ter colaborado para o entendimento de como as
diferentes formas de aprendizagem colaboram para o desenvolvimento.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
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Não é nada muito agradável fazer algo de que não gostamos, certo?
Neste caso, a primeira orientação é tentar estimular Jorge à prática,
incentivando, elogiando, tentando solucionar os possíveis conflitos com
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conversas, jogos cooperativos, mostrando a importância de sua participação
para o grupo... Porém, caso essas atitudes não tenham muitos efeitos,
seõçatona reV
conversar com o pai e expor a situação é importante, pois a construção do
conhecimento é realizada nessa fase e muitos pais, às vezes, não sabem nada
sobre isso; mostrar as possíveis dificuldades que podem aparecer futuramente
é importante para o entendimento do pai e da família.
Nessa fase, o brincar ajuda muito no desenvolvimento e é importante, pois vai
fazer com que Jorge demonstre o que gosta de fazer, seus sentimentos, suas
atitudes, resoluções de problemas, entre outras situações.
No caso apresentado, se o pai mantiver sua imposição e o professor não fizer
nada para auxiliar, o desenvolvimento do menino será afetado. Por isso, futuro
professor, é importante compreender seus alunos para poder contribuir para
sua formação e desenvolvimento.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Seja bem-vindo a mais uma seção desta unidade.
Além de utilizar a psicomotricidade como tratamento ou auxílio para a melhora de
determinadas dificuldades motoras, psicológicas, entre outras, é possível utilizá-la
como forma de prevenção de problemas. Nesse sentido, vamos relatar a situação-
problema de William, uma criança de 6 anos de idade que realizou uma avaliação
psicomotora na escola envolvendo habilidades motoras básicas. Seu professor
atribuiu 2 pontos na maioria das características avaliadas. Essa pontuação equivale
à realização da atividade com dificuldade de controle. O que significam, então,
esses resultados? Em que nível de desenvolvimento William se encontra? Como a
Educação Física e a psicomotricidade podem auxiliar William em sua melhora
motora?
CONCEITO-CHAVE
Durante a seção anterior, foi possível compreender que aplicar atividades que
explorem os elementos psicomotores é essencial para que o indivíduo consiga se
desenvolver e melhorar seu desempenho, porém, isso só é possível por meio da
realização do movimento.
O movimento, como já mencionado por Gallahue e Ozmun (2005), está relacionado
ao ato de mexer-se ou alterar a posição corporal.
Além de utilizar o movimento para desenvolver os elementos psicomotores e
melhorar a qualidade, podemos utilizar a exploração do movimento na educação
psicomotora como um meio de prevenção de problemas.
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forma, pode ser entendida, na educação infantil e no ensino fundamental I, como
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uma ação que proporciona a prevenção (MANEIRA; GONÇALVES, 2015). Na
expectativa de suprir necessidades de uma educação integral do corpo, surge a
educação psicomotora (LE BOULCH, 2001).
Sabe-se que as crianças aprendem e se desenvolvem a partir da prática de
habilidades corporais e que, à medida que praticam, melhoram seu desempenho.
As vivências nas quais as crianças podem ter influências de diferentes estímulos
sociais, espaciais, temporais e ambientais são aquelas que colaboram para o
desenvolvimento de forma global, utilizando o mundo imaginário (FERREIRA, 2020).
A Educação Física passou por várias transformações e seguiu modelos de acordo
com períodos da história. A educação psicomotora, de maneira mais recente, vem
para suprir as necessidades das crianças quanto ao desenvolvimento psíquico e
afetivo e quanto ao sistema maturacional do sistema motor (FERREIRA, 2020).
A Educação Física, segundo Le Boulch (2001), tem como objetivo o domínio
corporal, isto é, a capacidade de desenvolver as funções psicomotoras. Em sua
tese, Le Boulch relatou que, com o trabalho das atividades corporais, o indivíduo
necessita do sistema muscular e do sistema de nutrição, bem como do sistema
nervoso central, que atua nos demais sistemas e colabora com as funções mentais.
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Fonte: Le Boulch (2001, p. 24).
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(2015), se as crianças tiverem a oportunidade de desenvolver suas capacidades
seõçatona reV
mais cedo, consequentemente melhorarão suas habilidades futuramente.
A relação entre o corpo e o movimento é muito antiga, e cabe aos profissionais da
área contribuir para o crescimento e para o desenvolvimento das crianças na
educação infantil e no período pré-escolar (RODRÍGUEZ, 2005). Deste modo,
também Rodríguez (2005, p. 7) relata que: “Um programa de educação física bem
estruturado desde as primeiras idades pode contribuir notadamente para o
desenvolvimento motor sem pretender acelerar o desenvolvimento”.
REFLITA
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emocionais, relacionais, sociais, culturais, entre outros. Desta forma, entende-se
seõçatona reV
que, se não existir essa interação ou se forem encontradas alterações, haverá um
comprometimento no processo de desenvolvimento e aprendizagem dos
indivíduos.
Para Fonseca (2012), a criança dispráxica demonstra dificuldades em realizar
movimentos e, por muitas vezes, possui dificuldades na aprendizagem, o que se
deve à falta de organização entre a parte psicológica e a motora. O autor relata,
ainda, que crianças que apresentam dificuldades para aprender, geralmente
apresentam problemas de atenção, percepção, memória, simbolização, além de
questões emocionais e comportamentais.
ASSIMILE
EXEMPLIFICANDO
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Imagine uma criança com 10 anos de idade, com dificuldades para leitura
na sala de aula e com dificuldades de andar por cima de uma corda
colocada no chão da quadra, não conseguindo também manter-se em
equilíbrio estático com apenas um pé de apoio por dois segundos. Nesse
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caso, podemos ficar atentos a uma possível dispraxia.
seõçatona reV
Outras alterações psicomotoras serão abordadas na Seção 4.3 desta unidade,
como instabilidade, inibição e debilidade psicomotora. Todas essas alterações
afetam diretamente o processo de aprendizagem, pois o corpo demonstra
comportamentos que não condizem com a normalidade, dificultando, assim, a
aprendizagem.
Para saber melhor como identificar essas alterações, é necessário realizar uma
avaliação psicomotora.
AVALIAÇÃO PSICOMOTORA
A avaliação psicomotora é um instrumento que compõe um conjunto de tarefas
utilizadas para verificar as características motoras das crianças, servindo para
auxiliar na sua aprendizagem (FONSECA, 2012).
Avaliar torna-se importante, também, no sentido de prevenção, com a intenção de
trabalhar o aluno de forma integral, contribuindo, assim, para dar subsídios aos
professores e, em especial, aos professores de Educação Física, a fim de que
possam exercer sua profissão e colaborar de forma efetiva e significativa para o
aprendizado e o desenvolvimento de seus alunos.
Para tanto, Fonseca (2012) elaborou uma Bateria Psicomotora (BPM), já citada
anteriormente, já que é muito utilizada em trabalhos acadêmicos para identificar
possíveis problemas em diferentes situações de estudos.
A BPM serve para observar o perfil psicomotor, isto é, objetiva verificar sinais
psicomotores; não se trata, no entanto, de um exame neurológico e nem possui a
intenção de substituir esses exames. A escala da BPM de Fonseca para análise
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Pontuação do perfil psicomotor de Fonseca (2012, p. 97):
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Realização imperfeita, incompleta e descoordenada (fraco) – perfil apráxico.
REFLITA
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IDENTIFICAÇÃO DOS NÍVEIS DE DESENVOLVIMENTO
CORRELACIONADOS À IDADE CRONOLÓGICA
seõçatona reV
Para identificar em qual momento do processo de desenvolvimento encontram-se
os indivíduos, ao longo dos anos, muitos pesquisadores e profissionais da área têm
tentado dividir os movimentos fundamentais em alguns níveis. Sendo assim,
Gallahue e Ozmun (2005) dividiram o desenvolvimento de acordo com a idade
cronológica e de acordo com as tarefas que são realizadas.
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Nível inicial/ Estágio inicial: nesse nível, a criança está descobrindo o mundo
à sua volta, relacionando-se com o espaço, com objetos, entre outros aspectos.
seõçatona reV
Compreende à faixa etária de 2 a 3 anos de idade. É considerado o momento
em fase inicial, no qual ocorrem mais erros do que acertos, e o corpo
demonstra coordenação deficiente. Desta maneira, podemos dizer que,
geralmente, os movimentos tanto locomotores como manipulativos estão em
uma fase inicial.
ASSIMILE
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seõçatona reV
Com base nessas informações, procure proporcionar aos seus alunos vivências
motoras significativas, pois, com os resultados de avaliações realizadas para
identificar a idade maturacional, é possível aplicar tarefas que atinjam os objetivos
traçados de forma preventiva e educativa.
REFERÊNCIAS
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https://bit.ly/3xuY2wW. Acesso em: 19 ago. 2021.
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Geraldes e Sônia Regina Pacheco Alves. 2. ed. Rio de Janeiro: Masson do Brasil
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Livraria Acadêmica, 2000.
BEE, H. L. A criança em desenvolvimento. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade da educação infantil à gerontologia: teoria
e prática. 2. ed. Rio de Janeiro: WAK, 2020. E-book.
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em: 19 ago. 2021.
FONSECA, V. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica
dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artmed, 2012. E-book.
FONSECA, V. Psicomotricidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
FONSECA, V. Psicomotricidade e neuropsicologia: uma abordagem evolucionista.
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seõçatona reV
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LE BOULCH, J. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos. 7.
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seõçatona reV
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Acesso em: 18 nov. 2021.
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Claudia Garcia
seõçatona reV
SEM MEDO DE ERRAR
Mediante a situação-problema de William, é possível verificar que ele deveria estar
no estágio maturo de desenvolvimento, de acordo com Gallahue e Ozmun (2005),
porém, talvez pela falta de prática das habilidades envolvidas no teste aplicado
pelo professor ou por conta da hereditariedade, ele apresenta características do
estágio elementar.
Desta forma, o professor deverá proporcionar práticas de tarefas que melhorem o
desenvolvimento desses fatores psicomotores, contribuindo, assim, para a
prevenção de deficiências motoras futuras.
Conforme Gallahue e Ozmun (2005), mesmo sendo natural as crianças chegarem
nessa idade no estágio maduro, muitas precisam de estímulos práticos, de
encorajamento e de local apropriado para que haja o aprendizado.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
MÃE DA RUA
O professor de Educação Física Leonardo, com o objetivo de trabalhar a agilidade,
ensinou aos seus alunos o jogo tradicionalmente conhecido como “mãe da rua”, no
qual uma criança fica sozinha entre dois espaços e os demais ficam fora deles, de
modo que, no momento que quiserem, tentam passar de um lado para o outro
sem serem pegos. Aquele aluno que for pego passa a ser pegador e a ajudar o
aluno que já estava nessa posição. A travessia de um lado para o outro deverá ser
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realizada com apenas um pé de apoio e vence quem ficar por último e não for
pego.
Depois de 15 minutos de jogo, o professor percebeu que Pedro, um aluno com
sobrepeso, não conseguia saltar com apenas um pé e tentava passar para o outro
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lado correndo. Quando tentava pular a pedido do professor, tinha muita
seõçatona reV
dificuldade, mesmo com 10 anos de idade. Será que alguma etapa de
desenvolvimento foi ultrapassada? Como podemos verificar se Pedro possui
dificuldades apenas nessa tarefa? Será que podemos aplicar a bateria psicomotora
de Fonseca nesse caso?
RESOLUÇÃO
Neste caso, temos de levar em conta o fator genético, pois, devido ao peso,
podemos supor que Pedro tenha mais dificuldades de locomoção. Para
verificar se alguma etapa de desenvolvimento foi ultrapassada, é necessário,
durante um período, aplicar atividades que envolvam os elementos
psicomotores, como equilíbrio, tônus, lateralização, entre outros; após um
período de prática, seria interessante realizar os testes da bateria psicomotora
de Fonseca. Se Pedro apresentar dificuldades em outros elementos além do
equilíbrio dinâmico, é melhor conversar com a família, sugerir um
acompanhamento com nutricionista e com outros profissionais da área para
uma melhor investigação e continuar aplicando as atividades para tentar
prevenir outros acometimentos, aguardando o retorno dos familiares.
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TRANSTORNOS PSICOMOTORES
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Claudia Garcia
seõçatona reV
PRATICAR PARA APRENDER
Seja bem-vindo, aluno!
Sabemos que toda criança tem o direito de brincar e que, a partir da brincadeira, é
possível aprender e se desenvolver em diferentes aspectos, como os emocionais,
cognitivos, psicológicos ou motores. Porém, atualmente, por conta da vida
apressada das famílias, ou até mesmo das escolas, tornou-se cada vez mais
inexistente a brincadeira.
Esse fato pode acarretar diferentes falhas no processo de aprendizagem e
desenvolvimento, já que o contato com a ludicidade é muito importante para a
construção do indivíduo como um todo.
O papel dos profissionais que trabalham com o movimento deve ser valorizado
mais do que nunca, pois hoje as crianças não brincam com tanta frequência
quanto em décadas passadas e o brincar será abordado, justamente, nas aulas
desses profissionais, o que permite às crianças vivenciar o lúdico, auxiliando em
diversos aspectos, como a convivência social e a resolução de problemas, e
promovendo, também, um resgate à cultura, de modo a contribuir para a
aprendizagem e o desenvolvimento dessas crianças.
Conforme a criança brinca, é possível observar sua criatividade, seus sentimentos e
seus valores.
Durante os conteúdos abordados anteriormente, pudemos notar que existem
fases e estágios no desenvolvimento, na aprendizagem e no controle dos
indivíduos; estes estágios servem como parâmetros para elaborar objetivos e
planos de acordo com cada aula ou programas de aulas. A forma como as crianças
brincam também pode servir de parâmetro para esse planejamento; além disso, é
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mas que aos 6, durante as aulas de português na educação infantil, apresentou
seõçatona reV
dificuldades na escrita e na pronúncia de algumas palavras. A escola, juntamente
com a professora, entrou em contato com a família e encaminhou um pedido de
acompanhamento para uma fonoaudióloga, a fim de fazer algumas avaliações. Os
pais levaram Giovana à especialista, e a menina foi diagnosticada, depois de alguns
testes, com déficit do processamento auditivo, o que, de acordo com a
fonoaudióloga, poderia ser revertido com algumas sessões de tratamento. Durante
esse período, Giovana realizou diferentes tarefas para estimular sua dicção,
audição e escrita, e, depois de um período de tratamento, realizou o teste
novamente, o qual constatou que a alteração no processamento auditivo havia
diminuído muito. No entanto, por volta dos 8 anos, Giovana apresentou
novamente algumas dificuldades de aprendizagem e voltou à fonoaudióloga,
realizando diferentes atividades. A profissional, porém, verificou que Giovana não
apresentava mais o problema do processamento auditivo, todavia, havia outras
possíveis causas para o problema, como o desvio de atenção em algumas tarefas e
seu estado agitado, mesmo sendo uma menina tímida. A fonoaudióloga
encaminhou Giovana para uma psicóloga e, depois de avaliações, a menina foi
diagnosticada com um possível TDAH, que está sendo tratado.
Vanessa, a professora de Educação Física, notou que a aluna adora atividades de
corrida e pega-pega, porém possui dificuldades para compreender jogos
esportivos. Como a profissional de Educação Física pode contribuir para o
entendimento da aluna nas suas aulas? O que são transtornos psicomotores? O
que é TDAH? Neste caso, existe alguma avaliação psicomotora para auxiliar?
CONCEITO-CHAVE
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interferir no comportamento motor em relação à aprendizagem, ao
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desenvolvimento e ao controle.
A seguir, estudaremos alguns transtornos, como psicossomáticos e orgânicos, da
memória, da atenção, da linguagem, de instabilidade, de inibição e de debilidade
motora.
ASSIMILE
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TRANSTORNO DE ANSIEDADE
Aparentemente, os transtornos de ansiedade são gerados devido à rotina diária e
ao medo que, muitas vezes, provoca aversão a algo, a alguém ou a um local, tendo
como resposta o estresse (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2001).
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seõçatona reV
REFLITA
ASSIMILE
DEPRESSÃO
A depressão, muitas vezes, é provocada por sentimentos de afeto. Uma pessoa
com sinais de depressão apresenta sentimentos de sofrimento e desapontamento
que acabam não sendo mais controlados pelo indivíduo, causando perda ou
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TRANSTORNO DA MEMÓRIA
seõçatona reV
Os transtornos de memória podem ser causados por diferentes fatores, como
depressão, ansiedade, alimentação, idade, falta de estímulos, atenção, efeito de
medicamentos, entre outros.
EXEMPLIFICANDO
Já reparou que quando você tem pressa para arrumar ou terminar algo
novo, sempre se esquece de alguma coisa? Isso ocorre porque a nossa
memória está ligada diretamente com à atenção. Se fizermos algo muito
rápido, porém não prestarmos atenção ou se não estivermos no estágio
autônomo do aprendizado, acontecerão erros, porque aquela tarefa não
fazia parte da nossa memória.
TRANSTORNO DE ATENÇÃO
A atenção é um processo cognitivo que deve ser trabalhado desde a educação
infantil, juntamente com a memória e outros processos, para que o indivíduo
aprenda por diferentes meios.
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EXEMPLIFICANDO
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Durante o jogo de futsal, você consegue dominar a bola e vai em direção ao
gol, porém, está muito marcado e um companheiro da sua equipe pede a
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bola justamente quando ocorre uma cesta na quadra de basquete, o que
leva a torcida a fazer um enorme barulho. Mesmo bombardeado de sons,
você, de alguma forma, concentra-se e consegue entender para quem deve
fazer o passe naquele momento, ignorando o barulho da torcida.
Essa capacidade de identificar, de alguma forma, um determinado som em
meio a outros é um exemplo de atenção seletiva (MASSALAI; PIRES;
LANDEIRA-FERNANDEZ, 2018).
vida adulta, porém, não se sabe a causa exata, mas algumas evidências levam a
entender que hereditariedade, lesões encefálicas e nascimento prematuro estão
envolvidos (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2001).
Questionários e avaliações psicológicas e comportamentais podem diagnosticar o
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TDAH, e existem testes que avaliam tempo de resposta, desempenho contínuo e
seõçatona reV
atenção seletiva, muitas vezes realizados por neurologistas.
Além de terapias comportamentais, os medicamentos, as atividades que envolvam
atenção e o desenvolvimento emocional e social são importantes para
concentração e controle das características de pessoas com TDAH.
Fonte: Shutterstock.
TRANSTORNOS DE LINGUAGEM
“O uso da linguagem é um comportamento unicamente humano e tem um grande
impacto na sociedade” (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2001). A linguagem é uma
forma de interação com o mundo.
Podemos caracterizar como transtornos de linguagem tudo aquilo que interfere
nos padrões considerados normais para o seu desenvolvimento.
A criança, devido ao processo maturacional, apresenta os sinais de fala em
determinada faixa etária, com influência do meio ambiente ou não.
A aquisição da linguagem ocorre similarmente em todas as culturas, sendo uma
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Existem alguns tipos de transtornos de linguagem, sendo que muitos acabam
seõçatona reV
influenciando o processo de aprendizado. Os transtornos da comunicação
envolvem alterações na linguagem, na fala, na fluência e na comunicação social
(SILVA et al., 2020).
Muitos apresentam, além de atrasos na linguagem, dificuldades na leitura e na
escrita, problemas interpessoais, baixo rendimento escolar e outros transtornos
relacionados, que envolvem emoções e comportamentos.
Afasia – atrasos na fala, perda parcial ou completa da fala causada por uma
lesão cerebral.
Muitas vezes, as escolas não estão preparadas para atender aos transtornos de
linguagem, precisando encaminhar as crianças para profissionais especializados,
que vão avaliar e auxiliar com algumas terapias, respeitando o ritmo de cada
criança.
Cabe ao professor acolher, auxiliar, intermediar e ficar atento a algum tipo de
exclusão social, utilizando expressões, gestos, ou língua de sinais para
compreender e ensinar. Crianças com essas dificuldades podem ficar irritadas,
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conscientizar, promover cursos, palestras e eventos sobre o assunto (ABRAPRAXIA,
seõçatona reV
[s. d.]).
Figura 4.8 | Criança em idade pré-escolar praticando a pronúncia correta com uma fonoaudióloga
Fonte: Shutterstock.
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engloba saber diferenciar os traçados das letras, os sons das letras e as
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correspondências, dependendo também da habilidade de identificar onde as letras
se encontram na palavra, além de compreender que uma letra pode ter vários
sons ou o mesmo os sons podem ser outras letras.
Desta forma, entende-se que escrever não é tão simples. É necessário, para esse
aprendizado, o envolvimento dos processos metacognitivos, que auxiliam a
entender a grafia ou a metagrafia, que constitui as ações da criança até dominar as
regras (DIAS; ÁVILA, 2008). Para tanto, também são necessários alguns esforços,
como a compreensão dos fonemas, grafemas, da linguagem escrita e dos sistemas
que envolvem a audição, a visão, a fala e a propriocepção.
Geralmente, esse transtorno está ligado a outros transtornos, e, assim que
identificado, é importante procurar profissionais capacitados que possam aplicar
atividades que desenvolvam o entendimento da leitura e da escrita, para que a
criança consiga se comunicar melhor e compreender o mundo à sua volta.
INSTABILIDADE PSICOMOTORA
Uma criança com instabilidade psicomotora geralmente apresenta dificuldades
para terminar uma brincadeira ou outra atividade que envolva ações corporais.
A seguir, vemos características de crianças com instabilidade psicomotora, de
acordo com Arraes et al. (2017):
Item 1
Agitadas.
Inquietas.
Ansiosas.
Agressivas.
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Explosivas.
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Algumas apresentam tensão muscular ou hipotonia.
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REFLITA
Você já escutou algum professor falar que determinada criança não tem
limite? Que, geralmente, mesmo explicando ou chamando a sua atenção,
ela volta a ter as mesmas atitudes? Será que essa criança não percebe o
momento de parar?
INIBIÇÃO PSICOMOTORA
Na inibição psicomotora, também existe uma falta de limite, porém, a criança não
usa seu corpo, ela demonstra aspecto de cansaço, fragilidade e debilidade.
REFLITA
DEBILIDADE PSICOMOTORA
Ao longo dos anos, alguns autores evidenciam que pessoas com problemas
mentais foram diagnosticadas com síndromes psicomotoras, de modo que o
tratamento envolvia ações corporais e de movimentos (LE BOULCH, 2001).
Debilidade psicomotora significa que algo não está funcionando como deveria,
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Sincinesia: “Sincinesia é caracterizada pela ação de músculos que não atuam em
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determinado movimento.” (ARRAES et al., 2017, p. 289)
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Claudia Garcia
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SEM MEDO DE ERRAR
Vamos, agora, indicar caminhos para a resolução da situação-problema da aluna
Giovana, que apresentou diagnóstico de TDAH depois de avaliações feitas por uma
psicóloga.
Mesmo sabendo que Giovana está em tratamento específico para o TDAH, outros
profissionais dentro do ambiente escolar podem auxiliar no seu quadro, como o
profissional de Educação Física. Para tanto, recordaremos o que são os transtornos
psicomotores, conforme abordamos na seção.
Transtornos psicomotores são, geralmente, alterações causadas por natureza
neurológica ou orgânica e podem interferir no comportamento motor. Dentre os
transtornos, o TDAH é considerado um transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade, havendo algumas avaliações que podem ser realizadas para
identificar esse transtorno, como atividades que envolvam tempo de reação,
desempenho contínuo e atenção seletiva.
O profissional de Educação Física, sabendo do diagnóstico da aluna Giovana, pode
contribuir promovendo atividades, jogos e brincadeiras que necessitem de maior
atenção. Explicar tarefas de forma gradativa, falar mais próximo da aluna, incluir
cores nas atividades, trabalhar com exemplos, sistematizar algumas tarefas, tirar
objetos próximos ou pessoas que desviem a atenção são medidas que ajudarão a
aluna.
Um exemplo de estratégia é dar um jogo de queimada e delimitar bem claramente
os espaços, colocar coletes nas crianças para determinar as equipes, usar uma
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bola que possua uma cor bem visível, explicar as regras e exemplificar, e, ainda, se
possível, jogar em uma quadra que não tenha outras interferências auditivas e
visuais.
Outra estratégia é aplicar jogos que envolvam ação e reação, para que Giovana
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fique atenta durante a realização do jogo, como o jogo da velha humano, no qual
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ela precisará identificar sua vez, correr rapidamente, além de encontrar o local
correto e as cores para colocar seu material e ajudar ou pontuar.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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a vizinha esteja certa, o que Juliana deve fazer? Quais os primeiros passos para
auxiliar ou conviver com uma criança com TEA? Autismo é uma doença? Tem cura?
É uma deficiência?
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RESOLUÇÃO
seõçatona reV
Para a resolução dessa situação, é necessário que Juliana leve seu filho a um
neurologista, a fim de que sejam feitas as devidas avaliações e, caso seu filho
seja realmente diagnosticado com TEA, ela deve orientar seus familiares e
amigos, bem como a escola que Gustavo vier a frequentar, sobre o assunto.
Geralmente, a mãe e o pai, quando recebem essa notícia, ficam confusos e,
para que a criança seja bem acolhida e auxiliada, os pais devem também ter
um acompanhamento psicológico. No caso de Juliana, ela deve procurar esse
acompanhamento, inclusive em grupos de apoio, pois isso a ajudará a
entender e lidar com a situação.
O auxílio de outros profissionais contribuirá para o desenvolvimento e o
aprendizado de Gustavo, como psicólogos, fonoaudiólogos, psicomotricistas,
neurologistas, psicopedagogos, professores, entre outros. Trabalhar a
paciência, auxiliar na comunicação, mostrar interesse pelo universo da criança,
dar amor e acreditar no seu potencial são estratégias que podem contribuir.
O autismo não é doença, e sim um transtorno no cérebro que afeta a
comunicação e a vida social. Não tem cura e, apesar de não ser uma doença,
de acordo com a medicina, está incluído no Estatuto das Pessoas Com
Deficiência.
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