Você está na página 1de 47

4 CÁLCULO DE ESFORÇOS INTERNOS EM ESTRUTURAS

ISOSTÁTICAS

Referiu-se no capítulo anterior que um dos principais objectivos da análise estrutural é o da


determinação das reacções nos aparelhos de apoio e dos esforços internos. A determinação
dos esforços internos em estruturas isostáticas, objectivodeste capítulo, é feita obrigando o
sistema de forças que actua em qualquer porção da estrutura em estudo a satisfazer as
condições de equilíbrio. Para ser ver como as forças internas se desenvolvem nas estruturas,
imagine-se um corpo qualquer, sob a acção de um sistema de forças que satisfaça as
condições de equilíbrio, seccionado por uma superfície plana (Figura 4-1).

𝐹 𝐹 𝐹 M 𝐹
R

A B 𝐹 A B 𝐹
𝐹 R
𝐹 𝐹
M 𝐹

Figura 4-1

A acção exercida pela parte B sobre A manifesta-se através da força resultante R, que passa
por um ponto arbitrário de referência, S, e do momento resultante, M, que equilibram,
evidentemente, a acção das forças 𝐹 e 𝐹 . Da mesma maneira, as forças 𝐹 , 𝐹 e
𝐹 equilibram R e M, a acção exercida pela parte A sobre B. Pode-se, portanto, determinar a
força interna resultante R e o momento interno resultante M, quer a partir do equilíbrio de
forças actuantes na parte esquerda, quer pelo equilíbrio da parte direita, invertendo-se apenas
os sentidos ao mudar o lado da secção considerada. Para facilitar o estudo posterior é mais
cómodo escolher como ponto de referência 𝑆 o centro de gravidade da secção transversal.

4.1 Convenção de sinais dos esforços internos

Para possibilitar o estudo dos efeitos dos esforços é necessário decompor a força resultante 𝐑
e o momento 𝐌 em componentes segundo direcções distintas, que são as direcções dos eixos
das coordenadas usadas.

1
Decompondo a resultante 𝐑 e o momento 𝐌 (Figura 4-1) em componentes segundo os eixos
das coordenadas 𝑥, 𝑦 e 𝑧 obtêm-se os seguintes esforços seccionais: 𝑁, 𝑇 , 𝑇 , 𝑀 (𝑀 ), 𝑀
e 𝑀 (Figura 4-2 e Figura 4-3). Os esforços internos serão considerados positivos se os seus
vectores tiverem os sentidos positivos dos respectivos eixos coordenados quando a normal
exterior da secção transversal também tem sentido positivo, ou quando os ditos vectores têm
sentidos opostos aos dos eixos em causa se a normal exterior da secção tiver sentido negativo.

z
y
T
𝑅

𝑇
𝐹 𝐹
𝑇
𝑥 𝑁 𝑆 𝐹
A B
S 𝑁
𝐹
𝑇
𝐹
𝑇

𝑅
𝑇

Figura 4-2

z 𝑀′ M y

𝐹 𝐹
𝑀
𝑥 𝑀 𝐹
A B
𝐹 𝑀
𝑀
𝐹

𝑀
𝑀′

Figura 4-3

2
4.2 Esforços internos em estruturas reticuladas planas

Em vigas ou pórticos planos com carregamentos no próprio plano da estrutura, os esforços


são em geral constituídos por três componentes. Se, por exemplo, a estrutura estiver contida
no plano 𝑧𝑥, estes componentes serão o esforço normal 𝑁, o esforço transverso 𝑇 e o
momento flector 𝑀 .

As distribuições de N, T e M ao longo da barra são representadas graficamente pelos


diagramas de esforço normal, do esforço transverso e do momento flector, respectivamente,
como se indica naFigura 4-7. N e T são traçados em cima quando são positivos. M é traçado
junto a face inferior quando é positivo. O sinais do momento flector só tem significado
quando se indica a direcção em que a barra é vista (definindo-se, deste modo, a face que é
considerada inferior). Uma convenção para indicar a face considerada inferior consiste em
marcar com uma linha a tracejada junto a face que se considera inferior, tal como foi feito
para o pórtico triarticulado daFigura 4-4. Outra convenção para a apresentação do diagrama
de momentos flectores diz que o traçado é feito junto ao lado da face traccionada. Com esta
convenção não é necessário mostrar o sinal no momento flector.

D
a/2 B C

a
R_2 = 2qa/3 R_4 = 2qa/3
A E

R_1 = 3qa/2 R_3 = 3qa/2


2a a

Figura 4-4

3
q q

T M M
N D
a/2 C
B
N
T
x
a 2a - y
y
R_4 = 2qa/3
A R_2 = 2qa/3 E

R_1 = 3qa/2 R_3 = 3qa/2


a

Figura 4-5

q q

T
N N
D
a/2 C T
B M M
x a-x
a
R_2 = 2qa/3 R_4 = 2qa/3
A E

R_1 = 3qa/2 R_3 = 3qa/2


2a

Figura 4-6

Exemplo 4-1. Seja dado o pórtico ilustrado naFigura 4-6. Determine as equações dos esforços
internos nos troços BC e CD e trace os respectivos diagramas.

Os sentidos positivos dos esforços internos actuantes numa secção arbitrária S dos troços BC
e CD estão ilustrados nasFigura 4-5 e Figura 4-6. No troço BC os esforços são determinados

4
a partir da condição de o sistema de forças actuantes quer na porção ABS assim como na
porção SCDE estar em equilíbrio.

Do equilíbrio das forças actuantes na porção ABS, por exemplo, na direcção do eixo da barra,
obtém-se

𝑁 + 𝑅 sin 𝜃 + 𝑅 cos 𝜃 − 𝑞𝑦 sin 𝜃 = 0.

Somando as projecções das forças que actuam na porção ABS, na direcção transversal ao
eixo da barra, obtém-se

−𝑇 + 𝑅 cos 𝜃 − 𝑅 sin 𝜃 − 𝑞𝑦 cos 𝜃 = 0.

A condição do equilíbrio dos momentos das forças que actuam na porção ABS em relação ao
ponto S conduz à expressão

𝑞𝑦
−𝑀 + 𝑅 𝑦 − 𝑅 (𝑎 + 𝑥 sin 𝜃) − = 0.
2

Nas equações acima𝑅 = 3𝑞𝑎/2, 𝑅 = 2𝑞𝑎/3, sin 𝜃 = 0.2425, cos 𝜃 = 0.9701, 𝑦 =


𝑥 cos 𝜃 (Figura 4-4).Substituindo estes valores obtém-se

𝑁 = −1.01 + .2425(𝑦/𝑎) 𝑞𝑎
𝑇 = 1.29 − 0.9701(𝑦/𝑎) 𝑞𝑎
𝑀 = (−0.5(𝑦/𝑎) + 4(𝑦/𝑎)/3 − 2/3)𝑞𝑎

ou, usando a variável x,

𝑁 = −1.01 + 0.2353(𝑥/𝑎) 𝑞𝑎
𝑇 = 1.29 − 0.9412(𝑥/𝑎) 𝑞𝑎 . (4-1)
𝑀 = (−0.4706(𝑥/𝑎) + 1.29(𝑥/𝑎) − 0.667)𝑞𝑎

Substituindo 𝑦 = 0 (ou 𝑥 = 0) nas expressões acima obtém-se os valores dos esforços


actuantes na extremidade B do troço BC:

𝑁 = −1.01𝑞𝑎 𝑇 = 1.29𝑞𝑎 𝑀 = −0.667𝑞𝑎 .

Substituindo 𝑦 = 2𝑎 nas mesmas expressões encontram-se os esforços na extremidade C:

5
𝑁 = −0.525𝑎 𝑇 = −0.626𝑞𝑎 𝑀 = 0.

Substituindo 𝑦 = 𝑎 na expressão do momento flector obtém-se o momento a meio vão:

1
𝑀 (𝑦 = 𝑎) = 𝑞𝑎 .
6

No troço CD as expressões são mais simples. Pode-se calcular os esforços quer por equilíbrio
das forças actuantes na porção ABCS, quer por equilíbrio das forças actuantes na porção
SDE. Do equilíbrio de forças actuantes na porção SDE, na direcção axial da barra, obtém-se

2
𝑁 = − 𝑞𝑎.
3

Do equilíbrio de forças, na direcção transversal à barra, obtém-se

3
𝑇 = − 𝑞𝑎.
2

Finalmente, obtém-se do equilíbrio de momentos das forças em relação à secção S a seguinte


expressão:

3 2 3 𝑞 (𝑎 − 𝑥 )
𝑀= 𝑞𝑎 × (𝑎 + 𝑥 ) − 𝑞𝑎 × − = −0.5𝑞𝑥 − .5𝑞𝑎.
2 3 2 2

Substituindo 𝑥 = 0, 𝑥 = 𝑎/2 e 𝑥 = 𝑎 nesta última expressão obtém-se os seguintes valores:

𝑀 (0) = 0 𝑀 (𝑎/2) = −0.375𝑞𝑎 𝑀 (𝑎) = −𝑞𝑎 .

Usa-se o mesmo procedimento para determinar os esforços nas outras barras. Os diagramas
dos esforços internos estão representados naFigura 4-7.

6
0.525 2/3
1.01

dN[qa]

1.5 1.5

1.29 0.5

0.646
0.667 dT[qa]
0.667

1
1/6
0.667
dM[qa^2]

Figura 4-7

4.3 Esforços internos em estruturas articuladas planas

As barras de treliçacaracterizam-se por estarem sujeitas apenas a esforços axiais. As forças


actuantes em qualquer um dos nós formam sistemas de forças concorrentes no plano. O
equilíbrio deste tipo de sistemas é regido, conforme estudado no capítulo anterior, pela
seguinte condição:

𝐹 =0
. (4-2)
𝐹 =0

Exemplo 4-2. Determine os esforços axiais actuantes nas barras da treliça daFigura 4-8.

7
f_2

f_1
C

3L

A
B

3L L

Figura 4-8

f_2

f_1 f_2
C
f_2
N_2
3L N_2 N_3

R_1 A N_1 N_1


B
R_2 R_3
3L L

Figura 4-9

As forças actuantes em cada um dos nós constituem sistemas de forças concorrentes no


plano. No nó C este sistema é constituído pelos esforços normais 𝑁 e 𝑁 e pelas forças 𝑓 e
𝑓 . No nó A o sistema é constituído pelas reacções 𝑅 e 𝑅 e pelos esforços normais 𝑁 e 𝑁 .
O nó B é solicitado pelos esforços normais 𝑁 e 𝑁 e pela reacção de apoio 𝑅 .

Do equilíbrio dos nós A, B e C resultam 6 equações com igual número de incógnitas, que são
as reacções de apoio 𝑅 , 𝑅 , 𝑅 e os esforços normais 𝑁 , 𝑁 e 𝑁 . Pode-se,
naturalmente, escrever as 6 referidas equações de equilíbrio e calcular em simultâneo as 6
referidas incógnitas. A vantagem deste procedimento é a sistematização dos cálculos, que é o
que normalmente se prefere no cálculo automático. No cálculo manual prefere-se a

8
minimização do volume dos cálculos, que é geralmente conseguida determinando-se, numa
primeira fase, as reacções nos aparelhos de apoio. Depois de determinar as reacções de apoio,
as condições de equilíbrio são depois impostas aos nós da estrutura, originando-se em mais
equações do que as incógnitas disponíveis. Este facto permite que as equações sejam
escolhidas de tal forma que se minimize ainda mais o volume dos cálculos. As restantes
equações de equilíbrio podem depois ser utilizadas para a verificação dos resultados.

As reacções nos aparelhos de apoio desta estrutura foram calculadas no capítulo anterior,
tendo-se obtido

𝑅 = (−1)𝑓 − (0)𝑓
√3
𝑅 = − 𝑓 − (1/4)𝑓
4 .
√3
𝑅 = − 𝑓 − (3/4)𝑓
4

As condições de equilíbrio de forças no nó A são

⎧ √3
𝐹 =𝑅 +𝑁 + 𝑁 =0
2 .
⎨ 1
⎩ 𝐹 =𝑅 + 𝑁 =0
2

O esforço normal 𝑁 é determinado a partir segunda equação destas condições de equilíbrio:

𝑁 = −2R = √3/2 𝑓 + (−1/2)𝑓 .

A partir da primeira equação das duas condições de equilíbrio, ∑ 𝐹 = 0, determina-se 𝑁 :

√3
𝑁 = −R − 𝑁 = (1/4)𝑓 + √3/4 𝑓 .
2

As condições de equilíbrio de forças actuantes no nó B são as seguintes:

1
⎧ 𝐹 = −𝑁 − 𝑁 = 0
2
.
⎨ √3
⎩ 𝐹 =𝑅 + 𝑁 =0
2

9
Da equação∑ 𝐹 = 0 do sistema acima determina-se𝑁 :

𝑁 = −2N = (−1/2)𝑓 + −√3/2 𝑓 .

A equação ∑ 𝐹 = 0 é utilizada para a verificação dos resultados:

1 1
𝐹 = −𝑁 − 𝑁 = − (1/4)𝑓 + √3/4 𝑓 − (−1/2)𝑓 + −√3/2 𝑓 = 0.
2 2

Impondo a condição(4-2) no nó C obtém-se as seguintes duas equações:

⎧ √3 1
⎪ 𝐹 =𝑓 − 𝑁 + 𝑁 =0
2 2 .
⎨ 1 √3
⎪ 𝐹 = −𝑓 − 𝑁 − 𝑁 =0
⎩ 2 2

Como os esforços 𝑁 e 𝑁 são conhecidos, estas duas equações são utilizadas para verificar
os resultados. É fácil de ver que estas duas condições são satisfeitas.

Os esforços axiais da treliça são, portanto,

𝑁 = (1/4)𝑓 + √3/4 𝑓
𝑁 = √3/2 𝑓 + (−1/2)𝑓 . (4-3)
𝑁 = (−1/2)𝑓 + −√3/2 𝑓

4.4 Esforços internos em estruturas articuladas espaciais

Os nós das treliças espaciais quando isolados da estrutura ficam solicitados por sistemas de
forças concorrentes no espaço, em equilíbrio. As condições que regem o equilíbrio deste tipo
de sistemas é, conforme estudado nos capítulos passados, dada pela equação vectorial

𝐅 = 0, (4-4)

equivalente ao seguinte sistema de equações escalares:

10
⎧ 𝐹 =0

𝐹 = 0.

⎪ 𝐹 =0

Exemplo 4-3. NaFigura 4-10 ilustra-se o esquema de cálculo dos esforças axiais de uma
treliça espacial.

f_1

N_AD
N_AC
L
N_AB -N_AD D_y
D_x D -N_AC

N_DC f_3 L
-N_AB -N_BD
D_z -N_DC f_2
N_BD
-N_BC C
N_BC L
B_x
B
B_z
L

Figura 4-10

O problema é resolvido aplicando sistematicamente (4-4)em cada um destes nós da treliça.


Disto resulta um total de 12 equações (três em cada nó) e igual o número de incógnitas (os
esforços normais 𝑁 , 𝑁 , 𝑁 , 𝑁 , 𝑁 , 𝑁 e as reacções de apoio 𝐵 , 𝐵 , 𝐶 , 𝐷 , 𝐷 e
𝐷 ). Estas equações são depois resolvidas em simultâneo, determinando-se as mencionadas
incógnitas. Este procedimento é mais adequado no cálculo automático, onde a sistematização
é normalmente mais importante que o volume dos cálculos. No cálculo manual minimiza-se o
volume dos cálculos, começando-se por determinar as reacções nos aparelhos de apoios. Para
a estrutura em estudo as reacções nos aparelhos dos apoios do problema foram determinadas
no capítulo anterior, tendo-se obtido os seguintes resultados:
11
−𝑓 − 𝑓
𝐵 =
2
𝑓
𝐵 =
2
𝐶 =0
.
𝑓 −𝑓
𝐷 =
2
𝐷 = −𝑓
𝑓
𝐷 =
2

As incógnitas reduzem-se para os 6 esforços axiais. Das 12 equações de equilíbrio dos nós
não necessárias apenas 6. As outras 6 podem ser usadas para a verificação da solução. A
equação vectorial de equilíbrio do nó A é

−𝑓 𝑘⃗ + 𝑁⃗ + 𝑁⃗ + 𝑁⃗ = 𝟎⃗. (4-5)

Na equação cima 𝑁⃗ , 𝑁⃗ e 𝑁⃗ podem ser escritos em termos dos seus componentes, isto é,

𝐴𝐵⃗ 0𝚤⃗ − 𝐿𝚥⃗ − 𝐿𝑘⃗ 𝚥⃗ 𝑘⃗


𝑁⃗ =𝑁 =𝑁 =𝑁 0𝚤⃗ − − ,
𝐴𝐵⃗ √𝐿 + 𝐿 √2 √2

𝐴𝐷⃗ 0𝚤⃗ − 𝐿𝚥⃗ + 𝐿𝑘⃗ 𝚥⃗ 𝑘⃗


𝑁⃗ =𝑁 =𝑁 =𝑁 0𝚤⃗ − + ,
𝐴𝐷⃗ √𝐿 + 𝐿 √2 √2

𝐴𝐶⃗ 𝐿𝚤⃗ + 0𝚥⃗ − 𝐿𝑘⃗ 𝚤⃗ 𝑘⃗


𝑁⃗ =𝑁 =𝑁 =𝑁 + 0𝚥⃗ − .
𝐴𝐶⃗ √𝐿 + 𝐿 √2 √2

Substituindo as equações acima na equação (4-5) obtemos a equação vectorial de equilíbrio


em termos dos esforços 𝑁 , 𝑁 e𝑁 :

𝚥⃗ 𝑘⃗ 𝚥⃗ 𝑘⃗ 𝚤⃗ 𝑘⃗
−𝑓 𝑘⃗ + 𝑁 0𝚤⃗ − − +𝑁 0𝚤⃗ − + +𝑁 + 0𝚥⃗ − = 𝟎,
√2 √2 √2 √2 √2 √2

Este resultado pode ser escrito em termos de equações escalares:

12
1
𝑁 =0
√2
1 1
− 𝑁 − 𝑁 =0 ,
√2 √2
1 1 1
− 𝑁 − 𝑁 − 𝑁 −𝑓 =0
√2 √2 √2

A solução deste sistema de equações é

1
𝑁 = − √2𝑓
2
1 ,
𝑁 = − √2𝑓
2
𝑁 =0

As condições de equilíbrio do nó C são expressas através da seguinte equação vectorial:

−𝑁⃗ − 𝑁⃗ − 𝑁⃗ + 𝑓 𝚤⃗ + 𝑓 𝚥⃗ + 𝐶 𝑘⃗ = 𝟎 (4-6)

ou

𝚤⃗ 𝑘⃗ 𝚤⃗ 𝚥⃗ 𝚤⃗ 𝚥⃗
𝑁 − −𝑁 − −𝑁 + = − 𝑓 𝚤⃗ + 𝑓 𝚥⃗ + 𝐶 𝑘⃗ .
√2 √2 √2 √2 √2 √2

𝑁 e𝑁 são obtidos das condições de equilíbrio segundo as direcções 𝚤⃗ e 𝚥⃗:

𝑁 𝑁 ⎧ √2(𝑓 − 𝑓 )
⎧ − = −𝑓 ⎪𝑁 =
√2 √2 ⇒ 2 .
⎨𝑁 𝑁 ⎨ √2(𝑓 − 𝑓 )
− = −𝑓 ⎪𝑁 =
⎩ √2 √2 ⎩ 2

Como 𝑁 e 𝐶 são conhecidos, a condição de equilíbrio segundo a direcção 𝑘⃗ ,

𝑁
=𝐶 ,
√2

pode ser usada para verificar os resultados.

A equação vectorial de equilíbrio do nó B é

13
−𝑁⃗ + 𝑁⃗ + 𝑁⃗ + 𝐵 𝚤⃗ + 𝐵 𝑘⃗ = 𝟎 (4-7)

ou

𝚥⃗ 𝑘⃗ 𝚤⃗ 𝚥⃗
−𝑁 0𝚤⃗ − − +N 𝚥⃗ + 𝑁 + + 𝐵 𝚤⃗ + 𝐵 𝑘⃗ = 𝟎.
√2 √2 √2 √2

Da condição de equilíbrio de forças na direcção 𝚥⃗ obtém-se 𝑁

𝑓 −𝑓 −f
𝑁 = .
2

As condições de equilíbrio de forças nas direcções 𝚤⃗ e 𝑘⃗ podem ser usadas para verificar os
resultados.

Todos os esforços normais já são conhecidos. Tem-se ainda três condições de equilíbrio
disponíveis (as condições que asseguram o equilíbrio do nó D). Estas condições podem, ser
utilizadas para a verificação da solução. Na forma vectorial estas condições são expressas
através da seguinte equação vectorial:

−𝑁⃗ + 𝑁⃗ − 𝑁⃗ + 𝐷 𝚤⃗ + 𝐷 𝚥⃗ + 𝐷 𝑘⃗ = 𝟎⃗. (4-8)

4.5 Esforços independentes

Na Figura 4-11ilustra-se uma barra 𝑒 de uma estrutura plana carregada no próprio plano.
Destaque-se a barra e da estrutura, por cortes na secção i (extremidade A da barra AB) e na
secção j (extremidade B da barra AB). Para manter o equilíbrio é necessário aplicar nas
secções de corte (extremidades 𝑖 e 𝑗) as forças correspondentes ao conjunto de esforços
libertados.

i j
A B
e

Figura 4-11

14
T_i q T_j
M_i M_j
i j
N_j
N_i e
L_e

Figura 4-12

Para que seja possível calcular qualquer esforço interno no elemento genérico e é necessário
conhecer a priori três esforços de extremidades.Tais esforços designar-se-ão por esforços
independentes. Os esforços independentes podem ser escolhidos dequalquer combinaçãodos
seis esforços de extremidade, em que um é normal (𝑁 ou 𝑁 ) e os outros dois são qualquer
par que não incluam simultaneamente os esforços𝑇 e 𝑇 . Pode-se escolher, por exemplo,
como tais forças de extremidade os momentos flectores nas secções extremas, 𝑀 e 𝑀 , e o
esforço axial na secção 𝑗, 𝑁 . Neste caso, os outros esforços de extremidade, obtidos das três
equações de equilíbrio, são:

𝑁 =𝑁 +𝑄
𝑇 =𝑉 +𝑄
. (4-9)
𝑀 −𝑀 +𝑄
𝑇 =
𝐿

Nestas expressões gerais, as forças generalizadas𝑄 , 𝑄 𝑄 constituem um sistema de forças


estaticamente equivalente às cargas de vão,Figura 4-13.

Q_2

T_i T_j
M_i M_j
Q_3 Q_1 j
N_i i N_j
e
L_e

Figura 4-13

15
Note-se que os momentos flectores M i e M j são positivos quando estes traccionam o lado

da barra de onde nos devemos posicionar para ver a extremidade i à esquerda e a


extremidade j à direita.

É fácil de ver que a viga simplesmente apoiada da Figura 4-14 solicitada pelos esforços
independentes é estaticamente equivalente ao diagrama de corpo livre da Figura 4-12. Pois,
as reacções do apoio 𝑖 são as forças 𝑁 e 𝑇 e a reacção no apoio 𝑗 é a força 𝑇 . As forças de
extremidade dependentes aparecem agora como reacções de apoio.

q
M_i M_j
i j
N_j
e

L_e

Figura 4-14

Conhecidos os esforços independentes, os esforços em qualquer secção podem ser


determinados pela análise da viga simplesmente apoiada ilustrada naFigura 4-14. Segundo o
princípio da sobreposição de efeitos, o sistema da Figura 4-14 pode ser visto como
sobreposição de efeitos dos sistemas das Figura 4-15 eFigura 4-16.

i j
e

L_e

Figura 4-15

M_i M_j
i j
N_j

L_e

Figura 4-16

16
Os sentidos positivos dos esforços internos actuantes numa posição genérica 𝑥da barraestão
representados naFigura 4-17.

q
M_i M_j
M(x) M(x)
i S j
N(x) N_j
S e
T(x) T(x) L_e - x
x

Figura 4-17

Aplicando as condições de equilíbrio no plano obtém-se as seguintes expressões para os


esforços:

𝑥 𝑥
𝑀(𝑥) = 1 − 𝑀 + 𝑀 + 𝑀 (𝑥)
𝐿 𝐿
𝑀 −𝑀 . (4-10)
𝑇(𝑥) = + 𝑇 (𝑥)
𝐿
𝑁(𝑥) = 𝑁 + 𝑁 (𝑥 )

Nestas equações as funções 𝑀(𝑥),T(𝑥) e 𝑁(𝑥)representam as distribuições do momento


flector, esforço transverso e esforço normal, respectivamente. As funções 𝑀 (𝑥), 𝑉 (𝑥) e
𝑁 (𝑥) representam as distribuições de momentos flectores, esforços transversos e esforços
axiais provocados pela solicitação de vão na ausência das forças de extremidade (𝑀 = 𝑀 =
𝑁 = 0).

Exemplo 4-4. Determine as distribuições dos esforços internos que se verificam na barra BC
do pórtico triarticulado da Figura 4-4 a partir dos seus esforços independentes.

O problema resolve-se pela análise da viga simplesmente apoiada ilustrada naFigura 4-14,
onde o carregamento ilustrado é substituído pela carga distribuída dada no problema e os
esforços independentes 𝑀 e 𝑀 e 𝑁 podem ser obtidos dos diagramas ilustrados naFigura
4-7. Assumindo que a barra está orientada de B para C, os esforços independentes são os
seguintes:

𝑀 = −0.667𝑞𝑎 𝑀 =0 𝑁 = −0.525𝑞𝑎.

17
Com estes esforços independentes e o carregamento dado obtém-se o sistema
ilustradonaFigura 4-18, a partir da qual determinam-se os esforços em qualquer secção no
interior da barra, com o auxílio das três equações de equilíbrio no plano.

M_j
N_j
C
M_i
a/2
B

2a

Figura 4-18

Para tal pode-se aplicar as expressões deduzidas (4-10). Nestas expressões as funções 𝑀 (𝑥),
𝑇 (𝑥 ) e 𝑁 (𝑥 ) são dadas por:

𝑀 (𝑥) = (𝑞 𝐿/2)𝑥 + 𝑞 𝑥 /2 𝑇 (𝑥) = 𝑞 𝐿/2 − 𝑞𝑥 𝑁 (𝑥) = −1.01𝑞𝑎 + 𝑞 𝑥.

Substituindo estas funções e os esforços independentes obtidos dos diagramas dos esforços
internos na equação (4-10) obtém-se:

𝑥 𝑥
𝑀 (𝑥 ) = 1 − (−0.667𝑞 𝑎 ) + × 0 + ((𝑞 𝐿/2)𝑥 + 𝑞 𝑥 /2)
𝐿 𝐿
0 − (−0.667𝑞 𝑎 ) , (4-11)
𝑇(𝑥 ) = + 𝑞 𝐿/2 − 𝑞𝑥
𝐿
𝑁(𝑥) = −0.525𝑞𝑎 + (−𝑞 𝐿 + 𝑞 𝑥)

onde

𝑞 = 16𝑞/17 = 0.9412𝑞 𝑞 = 4𝑞/17 = 0.2353𝑞 𝐿 = 0.5√17𝑎 = 2.062𝑎.

Simplificando as expressões (4-11) obtém-se

𝑁(𝑥) = −1.01𝑞𝑎 + 0.2353𝑞𝑎


𝑇(𝑥 ) = 1.29𝑞𝑎 − 0.9412𝑞𝑥 ,
𝑀(𝑥 ) = −0.667𝑞𝑎 − 1.29𝑞𝑎𝑥 − 0.4706𝑥

idêntico ao resultado (4-1), encontrado anteriormente.


18
Exemplo 4-5. Faça o traçado do diagrama dos momentos flectores na barra CD do pórtico
triarticulado do exemplo anterior sem determinar a equação dos momentos flectores.

A análise da viga simplesmente apoiada correspondente ilustra-se naFigura 4-19. Os valores


dos esforços independentes são obtidos da Figura 4-7:

𝑀 = 0 𝑀 = qa 𝑁 = −2/3.

M_i M_j
N_j
C D

Figura 4-19

1
0.5
M_i M_j
N_j
(a) C D dM[qa^2]

(b) C 0.125 D dM[qa^2]


0.25
1

0.375
C 0.25 D
(c) dM[qa^2]

Figura 4-20

19
O diagrama pretendido,Figura 4-20(c), obtém-se sobrepondo os diagramas ilustrados nas
Figura 4-20(a) e Figura 4-20(b). O diagrama na Figura 4-20(a) é rectilíneo, com ordenadas
iguais a 𝑀 na secção i e 𝑀 na secção j. O diagrama na Figura 4-20(b) é uma parábola que,
como se sabe, tem o valor máximo de𝑞𝑎 /8, a meio vão.

4.6 Esforços independentes num elemento de pórtico plano

Conforme referiu-se na secção anterior, dos 6 esforços de extremidade de uma peça linear
pertencente a um pórtico plano, pode-se escolher como independentes os esforços M i , M j e
N j . Os esforços independentes são arrumados num vector, ao qual designar-se-á por vector
de esforços independentes:

Mi 
 
x e  M j  . (4-12)
Nj 
 

Exemplo 4-6. Determine os vectores dos esforços independentes das barras BC e CD do


pórtico da Figura 4-21atendendo a orientação aí ilustrada.

7P/(4b)

1 C 3

b
a_1 a_2
P B2 4
D

1.6b

A E

2.5b 1.5b

Figura 4-21

20
7P/(4b)

T_1
M_1
N_1 C
3
1 N_1 1
B M_1 4
P T_1
2 D

A P E

3.1P
3.9P

Figura 4-22

7P/(4b)

1 C 3
T_2
M_2 N_2 M_2 N_2
B 2 B 2 2 4
P x_1 P
D
N_2 M_2
T_2 T_2
x_2

A P A P E

3.1P 3.1P
3.9P
(b) (a)

Figura 4-23

21
7P/(4b)

T_3
N_3 M_3
C 3
1 3
M_3 N_3
P B T_3 4
2 D

P E
A

3.1P
3.9P

Figura 4-24

7P/(4b)

3.9P
C
T_4
1 3 N_4 M_4
P B 4
2 4 D
M_4 N_4
T_4

A P E

3.1P
3.9P

Figura 4-25

Os esforços independentessão determinados a partir da condição de o equilíbrio ter de se


verificar em qualquer porção da estrutura.

22
Os esforços na secção 1 podem ser determinados quer por equilíbrio da porção AB1, quer por
equilíbrio da porção 1CDE (Figura 4-22). Da condição de somatório nulo do momento das
forças que actuam na porção AB1obtém-se

3.1P  2.5  P  2.6b  P  b  7 P /( 4b )  ( 2.5b) 2 / 2  M 1  0  M 1  3.88125 Pb .

Os esforços na secção 2 podem ser determinados quer por equilíbrio da porção AB2, ou por
equilíbrio da porção 2CDE (Figura 4-23a). Da condição de somatório nulo do momento das
forças que actuam na porção AB2obtém-se

P  1.6b  M 2  0  M 2  1.6 Pb .

O esforço normal N 2 pode ser determinado a partir dos esforços x1 e x 2 , por rotação de
eixos (Figura 4-23b). Da condição de somatório nulo de forças que actuam na direcção
horizontal obtém-se

x1  P  P  0  x1  0 .

Da condição de somatório nulo de forças que actuam na direcção vertical obtém-se

3.1  P  x 2  0  x 2  3.1P .

Rodando os eixos obtém-se

N 2  x 2  sin(arctan (1 / 2.5))  3.1P  sin(arctan (1 / 2.5))  1.1513 P .

Note-se que o esforço normal N 2 também pode ser determinado pela condição de somatório
nulo das projecções das forças que actuam na porção AB2 (também podia ser 2CDE) na
direcção do esforço normal N 2 :

N 2  P cos  1  P cos  1  3.1P sin  1  0  N 2  3.1P sin   1.1513 P .

O vector dos esforços independentes da barra BC é, portanto,

 M 1   3.88125b
x BC   M 2     1.6b  P .
 N 2    1.1513 

23
Um corte no ponto 3 divide a estrutura nas porções ABC3 e 3DE (Figura 4-24). Da condição
de somatório nulo do momento das forças que actuam na porção 3DE obtém-se

 3.9 P  1.5b  7 P /( 4b)  (1.5b ) 2 / 2  M 3  0  M 3  3.88125 Pb .

Um corte no ponto 4 divide a estrutura nas porções ABC4 e 4DE (Figura 4-25). Da condição
de somatório nulo do momento das forças que actuam na porção 4DE obtém-se

M4  0.

Da condição de somatório nulo das forças que actuam na porção 4DE na direcção do esforço
N 4 obtém-se

N 4  3.9 P  sin(arctan (1 / 1.5))  0  N 4  2.1633P .

Destes resultados obtém-se

 M 3  3.88125b
x CD   M 4    0 P .

 N 4    2.1633 

Exercício 4-1.Resolva novamente o Exemplo 4-6 a partir das condições de equilíbrio das
porções 1CDE, 2CDE, ABC3 e ABC4.

4.7 Esforços independentes num elemento de viga

Quando de exclui o esforço normal N j dos esforços independentes (4-12) obtém-se o vector

dos esforços independentes dos elementos de viga:

Mi 
xe   . (4-13)
M j 

24
4.8 Esforços independentes para um elemento de treliça

Conforme se referiu anteriormente, apenas os esforços axiais actuam nos elementos de


treliça. Como independente pode-se escolher o esforço N j , pelo que o vectordos esforços

independentes tomaa forma:

 
xe  N j . (4-14)

4.9 Esforços independentes para um elemento de pórtico tridimensional

Para caracterizar o campo de esforços são agora necessários 6 parâmetros (veja Figura 4-2),
os momentos flectores nas secções extremas e o esforço axial e o momento torçor na secção j.

𝑀
⎡𝑀 ⎤
⎢ ⎥
⎢𝑀 ⎥
𝐱 = ⎢𝑀 ⎥. (4-15)
⎢ ⎥
⎢𝑁 ⎥
⎣ 𝑇 ⎦

Para que as restantes forças de extremidade apareçam como reacções da viga simplesmente
apoiada, considera-se que a peça tem na secção i um apoio que impede os deslocamentos nas
três direcções 𝑥, 𝑦 e 𝑧, e a rotação em torno do eixo 𝑥 na secção 𝑗 um apoio móvel segundo a
direcção 𝑥, o qual impede, portanto, os deslocamentos segundo as direcções 𝑦 e 𝑧 mas
permite rotações em qualquer um dos eixos.

4.10 Vector de esforços independentes da estrutura

O vector dos esforços independentes da estrutura é definido a partir dos vectores de esforços
independentes das barras da estrutura. Para tal, é preciso discretizar a estrutura e numerar
sequencialmente e orientar os elementos resultantes. Se 𝐱 for o vector dos esforços
independentes de uma barra típica 𝑒 da estrutura o vector dos esforços independentes da
estrutura toma a forma

25
𝐱
⎡𝐱 ⎤
⎢…⎥
𝐱 = ⎢ 𝐱 ⎥. (4-16)
⎢ ⎥
⎢…⎥
⎣𝐱 ⎦

onde 𝑚 é o número de elementos da estrutura.

Para o pórtico triarticulado da Figura 4-4, o vector dos esforços independentes da estrutura
pode ser obtido dos diagramas naFigura 4-7. Quando se adopta a discretização ilustrada na
Figura 4-26 e esforços independentes das barras na forma (4-12), o vector dos esforços
independentes da estrutura é

 0 
  0.667 a 
 
  1. 5 
 
  0.667 a 
 0 
 
  0.525 
x  qa .
0
 
 a 
  0.667 
 
 a 
 
 0 
  1.5 

3 D
2
a/2 C
B
4
a 1

A E

2a a

Figura 4-26

26
Exemplo 4-7. Determine o vector dos esforços independentes do pórtico rectangular daFigura
4-27.

10 kN / m

C D

2.0
30 kN
E

2.0

A B

6.0m

Figura 4-27

10 kN / m

C D
31 1
2
5
2.0
30 kN
2 3

2.0
4 6
A H_A B

V_A V_B
6.0m

Figura 4-28

Começa-se por discretizar a estrutura e numerar e orientar as barras resultantes da


discretização. O vector dos esforços independentes da barra 1 tem a seguinte forma:

27
 M1 
x1  x AC   M 2  .
 N 2 

Para a barra 2 o vector dos esforços independentes é determinado na forma

M 3 
x 2  x CD   M 4  .
 N 4 

Para a barra 3 o vector dos esforços independentes é determinado na forma

M 5 
x 3  x DB   M 5  .
 N 6 

Para obter o vector dos esforços independentes da estrutura usa-se a equação (4-16):

M1 
M 
 2
 N2 
 
 x1   M 3 
x  x 2    M 4  .
 
 x 3   N 4 
M 
 5
M 6 
N 
 6

O sistema de forças actuantes em qualquer porção da estrutura deve satisfazer a condição

⎧ 𝐹 =0

𝐹 = 0.

⎪ 𝑀 =0

Os esforços na secção 1 podem ser determinados quer por equilíbrio da porção AC1 ou por
equilíbrio da porção 1DB (Figura 4-29a). Empregando a equação ∑ 𝑀 = 0 na porção AC1,
obtém-se
28
 M 1  H A  4  0  M 1  120k Nm

Um corte da estrutura no ponto 2 a divide nas porções AC2 e 2DB (Figura 4-29b).
Empregando a equação M z  0 na porção AC2 obtém-se

H A  4  VA  6  10  6 2 / 2  M 2  0  M 2  60k Nm .

Empregando agora a equação F x  0 na porção AC2, obtém-se

 H A  N 2  0  N 2  30k N .

O vector dos esforços independentes da barra 1 é, portanto,

 M 3  120 m 
x1  x CD  M 4    60 m  k N .
 N 4   30 

Um seccionamento na estrutura no ponto 3 divide a estrutura nas porções A3 e 3CDB (Figura


4-29c). Empregando a equação M z  0 na porção A3, obtém-se

H A  4  M 3  0  M 3   H A  4  120 k Nm .

Seccionando a estrutura no ponto 4 obtém-se as porções A4 e 4CDB (Figura 4-29d).

Empregando a equação M z  0 na porção A4, obtém-se

M4  0.

Empregando a equação F x  0 na porção A4, obtém-se

V A  N 4  0  N 4  20k N .

O vector dos esforços independentes da barra 2 é, portanto,

 M 1   120 m
x 2  x AC   M 2    0  k N .
 N 2    20 
29
Um corte na secção 5 divide a estrutura nas porções ACD5 e 5B (Figura 4-29f). Empregando
a equação M z  0 na porção 5B, obtém-se

 30  2  M 5  0  M 5  60k Nm .

Um corte na secção 6 divide a estrutura nas porções ACD6 e 6B (Figura 4-29e). Empregando
a equação M z  0 na porção 6B, obtém-se

M6  0  M6  0 .

Empregando, agora, a equação F x  0 na porção 6B, obtém-se

N 6  VA  0  N 6  40k N .

O vector dos esforços independentes da barra CB é, portanto,

M 5  60 m
x 3  x DB  M 5    0  k N ,
 N 6    40 

O vector dos esforços independentes da estrutura é, portanto,

 M 1   120 
 M   60 m 
 2  
 N 2   30 
   
 M 3   120 m
x  M 4    0  k N .
   
 N 4    20 
 M   60 m 
 5  
M 6   0 
 N    40 
 6  

30
10 kN / m
M_1 M_1
C N_1
N_1 D
1 1 1 2

T_1 30 kN
2 T_1 3

H_A
A (a) B

V_A V_B
10 kN / m
M_2 M_2
C 2 N_2
N_2 D
1 2

T_2 T_2
30 kN
2 3

H_A
A (b) B

V_A

Figura 4-29

31
10 kN / m

C D C D
3 1 1
T_3
M_3
30 kN 30 kN
N_3 3 2 3

N_3 T_4
4
M_3 B B
M_4
3
T_2 N_4

V_B N_4 V_B


2
M_4
4 T_4
H_A
A (c) A (d)
H_A

V_A V_A

Figura 4-29

10 kN / m 10 kN / m

C D C D
1 5 1 5
T_5 M_5
30 kN
2 3 2
N_5
T_6 N_5
6 H_A
A (e) A (f)
H_A M_6 T_5 M_5
5
N_6
V_A N_6 V_A 3 30 kN
M_6 T_6
6 6
B B

V_B V_B

Figura 4-29

32
T_1
10 kN / m
M_1 M_1
C N_1
T_3 N_1 D T_5
1 1 1 25
3
M_3 M_5
N_3 T_1
N_5
(g) (h)

Figura 4-29

Exercício 4-2. Determine o vector dos esforços independentes do pórtico rectangular da


Figura 4-27por equilíbrio das porções 1DB, 2DB, 3CDB, 4CDB, ACD5, ACD6, 3C1e 1D5,
ilustradas naFigura 4-29.

Exemplo 4-8. Determine os esforços independentes da estrutura daFigura 4-30.

V_C

H_C C
5

L L/2
V_A f_2
f_3
6
H_A A B
D f_1
1 2 3 4
L L

Figura 4-30

Começa-se por identificar os esforços independentes em cada elemento. As barras 1 e 2 são


elementos de pórtico plano. A barra BC é um elemento de treliça. Sendo a barra 1 elemento
de pórtico plano o vector dos esforços independentes é definido na forma (4-12):

M1 
x1   M 2  (4-17)
 N 2 

33
O vector dos esforços independentes da barra 2 é definido na forma (4-12):

M 3 
x 2   M 4  . (4-18)
 N 4 

Tendo sido o elemento 3 considerado elemento de treliça, o vector dos esforços


independentes é definido na forma (4-14), isto é,

x 3  N 6  (4-19)

Particularizando a equação (4-16) para três elementos obtém-se o vector de esforços


independentes para toda a estrutura:

 x1 
x  x 2  . (4-20)
 x 3 

ou

 M1 
M 
 2
 N2 
  (4-21)
x  M 3  .
M 4 
 
 N4 
N 
 6

O vector 𝐱 é calculado analizando o equilíbrio estático deporçõesisoladas da estrutura. Por


exemplo, 𝑀 pode ser calculado quer por equilíbrio da porção A3-BC ou por equilíbrio da
porção 3D (veja aFigura 4-33).

34
H_C C
5

V_C f_3 f_2


M_1 M_1
6 3 4
H_A A1 N_1 1
f_1
2 B D

V_A T_1
T_1

Figura 4-31

H_C C
5

V_C f_3 f_2


M_2
2 6 3
H_A A N_2
f_1
1 2 B 4 D
M_2
V_A T_2
T_2

Figura 4-32

H_C C
5

V_C T_3 f_3 f_2


M_3 M_3
6 3
H_A A N_3
D f_1
1 2 3 4

V_A
T_3

Figura 4-33

35
H_C C
5

V_C
f_3 T_4
M_4 M_4 f_2
A 6 3 4
H_A N_4
D f_1
1 2 B 4

V_A
T_4

Figura 4-34

H_C C
5

V_C

N_2 f_3
f_2

A1 6 3
H_A
f_1
2 B D

V_A

Figura 4-35

Um corte na secção 1 divide a estrutura nas porções A1 e 1BD-BC(veja aFigura 4-31).


Empregando a equação M z  0 na porção A1, obtém-se

M1  0 .

Seccionando a estrutura no ponto 2 a divide nas porções A2 e 2BD-BC (veja aFigura 4-32).
Empregando a equação M z  0 na porção A2, obtém-se

f3
 M 2  V A L  0  M 2  V A L  f1  f 2 L  L.
2

36
Empregando a equação F x  0 na porção A2, obtém-se

 f1 3f
N2  H A  0  N2  H A   2 f2  3 .
L 2

Portanto, o vector dos esforços independentes da barra AB é

 
 M1   0 
 f 
x1  x AB   M 2    f1  f 2 L  3 L 
2 
 N 2    f 3f
 1
 2 f2  3 
 L 2 

Um corte na secção 3 divide a estrutura nas porções AB3-BC e 3D (veja aFigura 4-33).
Empregando a equação M z  0 na porção 3D, obtém-se

L L
 M 3  f1  f 2 L  f 3  0  M 3  f1  f 2 L  f 3 .
2 2

Um corte na secção 4 divide a estrutura nas porções AB4-BC e 4D (veja aFigura 4-34).
Empregando a equação M z  0 na porção4D, obtém-se

 M 4  f 1  0  M 4  f1 .

Empregando a equação F x  0 na porção 4D, obtém-se

N4  0  N4  0 .

Portanto, o vector dos esforços independentes da barra BD é

 L
 M 3   f1  f 2 L  f 3 2 
x 2  x BD   M 4    f1 .
 
 N 4   0 
 

Um corte na secção 6 divide a estrutura nas porções ABD-B6 e C6 (veja aFigura 4-35).
Empregando a equação F x  0 na porção C6, obtém-se

37
2 (  f1  4 f 2  3 f 2 ) 2
N 6  (VC  H C )  0  N6  .
2 2

O vector dos esforços independentes da barra BC é, portanto,

 (  f1  4 f 2  3 f 2 ) 2 
x 3  x BC  N 6    
 2 

O vector dos esforços independentes da estrutura é, portanto,

 0   0 0 0 
 L   L 
 f1  f 2 L  f 3   1 L  
2 2
 f1 3f   1 3 
  2 f2  3   2   f
 L 2   L 2  1 
x f1  f 2 L 
f3L  1 L 
L  f2  . (4-22)
 2   2  
 0   0 0 0   f 3 
   
 0   0 0 0 
  f1  4 f 2  3 f 3  2  2 3 2
   2 2 2
2 
 2 

Exemplo 4-9. Determine o vector dos esforços independentes da estrutura da Figura 4-36.

y
𝑓
x
z 𝑓
B 3 4

2 C

x 𝑓

L y
z

A
𝐿/2

38
Figura 4-36

As duas barras são elementos de pórtico tridimensional. Os esforços a considerar em cada


barra são os definidos pela definição (4-15). Para a barra AB tem-se

𝑀
⎡𝑀 ⎤
⎢ ⎥
𝑀
⎢ ⎥
𝐱 = ⎢𝑀 ⎥.
⎢𝑁 ⎥
⎢𝑇 ⎥
⎣ ⎦

Para a barra BC tem-se

𝑀
⎡𝑀 ⎤
⎢ ⎥
𝑀
⎢ ⎥
𝐱 = ⎢𝑀 ⎥.
⎢𝑁 ⎥
⎢𝑇 ⎥
⎣ ⎦

Para toda a estrutura tem-se, portanto,

𝑀
⎡𝑀 ⎤
⎢ ⎥
𝑀
⎢ ⎥
⎢𝑀 ⎥
⎢𝑁 ⎥
𝐱 ⎢𝑇 ⎥
𝐱= 𝐱 =⎢ ⎥.
𝑀
⎢𝑀 ⎥
⎢𝑀 ⎥
⎢ ⎥
⎢𝑀 ⎥
⎢𝑁 ⎥
⎣𝑇 ⎦

Analisando os equilíbrios das porções 1BC, 2BC, 3C e 4C facilmente obtém-se os esforços


independentes

39
𝑀
⎡𝑀 ⎤ ⎡𝑓 𝐿/2 − 𝑓 𝐿

⎢ ⎥ ⎢ 𝑓 𝐿/2 ⎥
𝑀 𝑓𝐿
⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢𝑀 ⎥ ⎢ 0 ⎥
⎢𝑁 ⎥ ⎢ 𝑓 ⎥
𝐱 ⎢𝑇 ⎥ ⎢ 𝑓 𝐿/2 ⎥
𝐱= 𝐱 =⎢ ⎥ = ⎢ 𝑓 𝐿/2 ⎥.
𝑀
⎢𝑀 ⎥ ⎢ ⎥
0
⎢𝑀 ⎥ ⎢ ⎥
⎢ ⎥ ⎢ 𝑓 𝐿/2 ⎥
⎢𝑀 ⎥ ⎢ 0 ⎥
⎢𝑁 ⎥ ⎢ −𝑓 ⎥
⎣𝑇 ⎦ ⎣ 0 ⎦

4.11 Matriz de equilíbrio de esforços

Pode-se rescrever(4-3)na forma matricial:

𝑁 1/4
√3/4
𝑓
𝑁 = √3/2 −1/2
𝑓
𝑁 −1/2 −1/2

ou, mais sinteticamente:

𝐱=𝐁 𝐟 (4-23)

se definirmos

𝑁
𝐱= 𝑁 , (4-24)
𝑁

𝑓
𝐟= (4-25)
𝑓

1/4 √3/4
𝐁 = √3/2 −1/2 . (4-26)
−1/2 −1/2

40
À matriz 𝐁 designa-se por matriz de equilíbrio de esforços.

No caso mais geral, a determinação da matriz de equilíbrio dos esforçosfaz-se começando-se


por se discretizar a estrutura e orientar e numerar sequencialmente os elementos que a
compõem. A partir dos vectores dos esforços independentes de cada barra obtém-se o vector
dos esforços independentes da estrutura, x , na forma (4-16). As cargas dadas são numeradas
sequencialmente e organizadas no vector das cargas

𝑓
𝑓
𝐟= . (4-27)

𝑓

Com os vectores 𝐱e 𝐟definidos calculam-se os coeficientes que formam as colunas da matriz


de equilíbrio dos esforços do seguinte modo:

D 4-1. A coluna i da matriz 𝐁 , representa os esforços independentes x que se desenvolvem


na estrutura para equilibrar a força generalizada 𝑓 = 1, quando as restantes forças são nulas
(𝑓 = 0, 𝑗 ≠ 𝑖).

Exemplo 4-10. Determine o vector dos esforços independentes da estrutura da Figura 4-27
recorrendo à definição D 4-1.

f_1=1

C D
3 1 1 2 5

2 3

4 6
A H_A=0 B

V_A=3 V_B=3

41
Figura 4-37

C D
3 1 2 5
1

f_2=1
2 3

4 6
A H_A=1 B

V_A=-1/3 V_B=1/3

Figura 4-38

Assumindo a discretização e numeração e orientação ilustrada na Figura 4-28 o vector dos


esforços independentes da estrutura é determinado na forma

M1 
M 
 2
 N2 
 
 x1   M 3 
x  x 2    M 4  .
 
 x 3   N 4 
M 
 5
M 6 
N 
 6

Começa-se por numerar e organizar o vector das cargas:

 f  10 
f   1    .
 f 2  30

Para determinar a primeira coluna de B 0 solicita-se a estrutura somente com a carga f 1  1


(veja aFigura 4-37). Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na
porção AC1 obtém-se

42
M1  0 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção BD2 obtém-
se

M2  0.

Da imposição de somatório nulo das projecções das forças que actuam na porção BD2 na
direcção do esforço N 2 obtém-se

N2  0 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção 3C1 obtém-
se

M1  M 3  0  M 3  M1  0 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção A4 obtém-
se

M4  0.

Da imposição de somatório nulo da projecção das forças que actuam na porção A4 na


direcção do esforço N 4 obtém-se

N 4  V A  3 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção 2D5 obtém-
se

M2  M5  0  M5  M2  0 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção B6 obtém-
se

M6  0.

43
Da imposição de somatório nulo das projecções das forças que actuam na porção B6 na
direcção do esforço N 6 obtém-se

N 6  3 .

A primeira coluna da matriz B 0 é, então,

0
0
 
0
 
0
 0 .
 
 3
0
 
0
 3
 

A segunda coluna de B 0 determina-se solicitando a estrutura somente com a carga f 2  1


(veja aFigura 4-38). Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na
porção AC1 obtém-se

M 1  1 4  4 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção 2DB obtém-
se

M 2  1 2  2 .

Da imposição de somatório nulo das projecções das forças que actuam na porção 2DB na
direcção do esforço N 2 obtém-se

N 2  1.

44
Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção A3 obtém-
se

M 3  1  4  4 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção A4 obtém-
se

M4  0.

Da imposição de somatório nulo das projecções das forças que actuam na porção A4 na
direcção do esforço N 4 obtém-se

N 4  1/ 3 .

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção 2D5 obtém-
se

 M5  M2  0 M5  M2  2.

Da imposição de somatório nulo dos momentos das forças que actuam na porção 6B obtém-
se

M6  0.

Da imposição de somatório nulo das projecções das forças que actuam na porção 6B na
direcção do esforço N 6 obtém-se

N 6  1 / 3 .

A segunda coluna de B 0 é, então,

45
 4 
 2 
 
 1 
 
 4 
 0 .
 
 1/ 3 
 2 
 
 0 
 1 / 3
 

A matriz de equilíbrio dos esforços B 0 é, por conseguinte,

0 4 
0 2 

0 1 
 
0 4 
B0   0 0 .
 
 3 1 / 3 
0 2 
 
0 0 
 3  1 / 3
 

O vector dos esforços, x , é, na forma (4-23),

0 4   120 m 
0 2    60 m 
  
0 1   30 
   
0 4    120 m 
10 
x  B 0f   0 0     0 k N ,
  30  
 3 1 / 3    20 
0 2   60 m 
   
0 0   0 
 3  1 / 3   40 
   

o mesmo resultado que o obtido no Exemplo 4-7.

Exercício 4-3.Verifique o resultado (4-3) recorrendo à definição D 4-1.

46
Exercício 4-4. Verifique o resultado (4-22) recorrendo àdefiniçãoD 4-1.

4.12 Bibliografia

[1] J. A. T. Freitas, C. Tiago. Análise elástica de estruturas recticuladas. Universidade de


Lisboa. 2015

[2] F. Welzk. Resistência dos Materiais. Ministério do ensino Técnico e Superior da


R.D.A.

[3] A. Ghali, A. M. Neville, T.G. Brown. Structural Analysis. Spon Press. Sixth edition.
2009

47

Você também pode gostar