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SOCIAL PARA
PESSOAS MIGRANTES
GUIA DE
PARTICIPAÇÃO
SOCIAL PARA
PESSOAS
MIGRANTES
As opiniões expressas nesta publicação são dos autores e não refletem necessariamente a opinião da Organização
Internacional para as Migrações (OIM). As denominações utilizadas no presente material e a maneira como
são apresentados os dados não implicam, por parte da OIM, qualquer opinião sobre a condição jurídica dos
países, territórios, cidades ou áreas, ou mesmo de suas autoridades, tampouco sobre a delimitação de suas
fronteiras ou limites.
A OIM está comprometida com o princípio de que a migração ordenada e humana beneficia os migrantes e a
sociedade. Por seu caráter de organização intergovernamental, a OIM atua com seus parceiros governamentais,
intergovernamentais e não governamentais para: ajudar a enfrentar os crescentes desafios da gestão da migração;
fomentar a compreensão das questões migratórias; promover o desenvolvimento social e econômico por meio
da migração; e garantir o respeito pela dignidade humana e bem-estar dos migrantes.
Esta publicação foi possível graças ao apoio do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM) do
Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. As opiniões expressas aqui são dos autores e não
refletem necessariamente a opinião do PRM.
Publicado por:
Organização Internacional para as Migrações (OIM)
SAUS Quadra 5 - Bloco N - Ed. OAB - 4º andar - Asa Sul
CEP: 70070-913 - Brasília-DF - Brasil
E-mail: iombrazil@iom.int
Website: brazil.iom.int
Organização Internacional para as Migrações (OIM), 2023. Guia de Par ticipação Social para Pessoas
Migrantes. OIM Brasil.
Publicado por:
© OIM 2023
Esta publicação não deve ser usada, publicada ou redistribuída para fins principalmente destinados ou direcionados
para vantagem comercial ou compensação monetária, com exceção de fins educacionais, por exemplo, para
inclusão em livros didáticos.
Expediente
MDHC - Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania
Silvio Luiz de Almeida, Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania
Bruno Renato Nascimento Teixeira, Secretário Nacional de Promoção e Defesa dos
Direitos Humanos
Clarissa Teixeira Araujo do Carmo, Coordenadora-Geral de Promoção dos Direitos das Pessoas
Migrantes, Refugiadas e Apátridas
Ana Maria Gomes Raietparvar, Analista Técnica
Conteúdistas
Instituto Veredas - www.veredas.org
Carolina Scherer Beidacki
Laura dos Santos Boeira
Victória Paulo Menin
Índice
1. Participação social no Brasil 10
Por que atuar de forma organizada no Brasil? 10
É possível participar socialmente sendo uma pessoa migrante? 17
Garantia de diversidade e representatividade na participação social 21
Como posso contribuir em um órgão colegiado? 24
Como podemos fortalecer as lideranças migrantes? 43
3. Formalização da participação
social no Brasil 56
Como formalizar e gerir uma associação? 56
4. Marco regulatório das organizações da
sociedade civil (MROSC) 66
O que é o MROSC? 66
Parcerias: como funcionam as parcerias entre
o Estado e as Organizações Sociais 68
Procedimento de Manifestação de Interesse Social 69
Como elaborar um projeto/plano de trabalho
para concorrer a editais públicos? 70
Execução de parceria e monitoramento 71
Mobilização de recursos 77
Emendas parlamentares 81
Prontos para começar? 85
5. Referências 88
Bem-vindos ao “Guia de Participação
Social para Pessoas Migrantes”!
Esta é uma iniciativa dedicada a apoiar, capacitar e conectar pessoas
migrantes, ajudando-as a compreender e se envolver ativamente nos
processos sociais e políticos do Brasil. A migração é um fenômeno
global que enriquece nossas sociedades, trazendo diversidade
cultural, conhecimento e experiência. No entanto, muitas vezes, as
pessoas que migram enfrentam desafios significativos na integração
e na participação social, especialmente nos espaços institucionais.
10
GUIA DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA PESSOAS MIGRANTES
11
mas contribuem significativamente para a construção de uma
sociedade mais justa, inclusiva e acolhedora para todos e todas.
12
No Brasil, a participação social ocupa um
13
As instâncias de controle das políticas
públicas estão organizadas em 4 âmbitos
1. Controle interno
No âmbito interno do governo, órgãos como a Controladoria-
Geral da União (CGU) e as Controladorias Estaduais e Municipais
monitoram as ações dos órgãos públicos, avaliando a legalidade
e a eficácia das políticas implementadas.
2. Controle externo
O controle externo é realizado pelo Tribunal de Contas da
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
3. Participação Social
A sociedade civil desempenha um papel vital no controle das
políticas públicas. Por meio de mecanismos como audiências
públicas, consultas populares e conselhos participativos, as
pessoas podem influenciar as decisões políticas, garantindo que
as políticas públicas reflitam as reais necessidades da população.
4. Ministério Público
O Ministério Público, tanto em nível federal quanto estadual,
tem o papel de zelar pelo cumprimento da ordem jurídica e dos
interesses sociais. Ele pode atuar na defesa dos direitos individuais
e coletivos, incluindo a fiscalização das políticas públicas para
garantir que estejam em conformidade com a legislação.
14
A participação social ocorre nos três níveis de governo:
municipal, estadual e federal, por meio de diferentes
mecanismos e instâncias. Essa diversidade de formas de
participação permite que os cidadãos exerçam influência real
sobre o curso das políticas governamentais. Em todos os níveis,
a participação social é essencial para promover a transparência,
a responsabilidade dos governantes e a construção de políticas
públicas mais representativas e inclusivas.
15
• Legislativo: A população exerce seu poder por meio do voto
direto, elegendo representantes que agirão em seu nome. No
Brasil, vivenciamos uma democracia representativa, onde o voto
é a principal maneira de expressar a vontade popular. Além
disso, as pessoas podem propor e acompanhar a criação das
leis e votações importantes para o Brasil, dialogar com seus
representantes e também participar de audiências públicas.
16
LEITURA SUGERIDA
Confira em:
https://bit.ly/3Nb4QsO
LEI DE MIGRAÇÃO
A Lei da Migração no Brasil, oficialmente conhecida
como Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, foi um marco
significativo na legislação brasileira. Essa lei substituiu o
antigo Estatuto do Estrangeiro, de 1980, e teve como objetivo
principal modernizar as políticas migratórias do país, tornando-as
mais inclusivas, humanitárias e alinhadas com os direitos humanos.
17
O que mudou com a Lei de Migração:
18
vidas. Essa lei está relacionada ao direito à participação política
de pessoas migrantes das seguintes formas:
19
• Diversidade e democracia: Ao permitir que pessoas
migrantes participem ativamente na formulação de leis, o
Brasil reforça os princípios democráticos de diversidade e
inclusão, mostrando que a democracia é um direito universal,
independentemente de origem ou nacionalidade.
20
A relação entre a LAI e a participação social se fortalece
quando a população utiliza as informações obtidas
para se engajar em processos participativos, como
audiências públicas, consultas populares e debates sobre
políticas públicas. Com acesso a dados precisos e relevantes, as
pessoas estarão mais bem equipadas e informadas para contribuir
significativamente para discussões, capazes de apresentar propostas
construtivas e monitorar a implementação de políticas públicas.
Garantia de diversidade e
representatividade na participação social
A participação social é uma ferramenta essencial
para a construção e manutenção de uma sociedade
democrática, e a garantia da presença da população em
espaços de formulação, monitoramento e avaliação de
políticas públicas é necessária para que sejam levadas
em consideração as suas preocupações, necessidades
e desejos. É justamente por este mesmo motivo que quanto
mais diversas as vozes escutadas, melhores serão os resultados das
políticas públicas, porque estarão mais alinhadas às necessidades
reais de todas as pessoas.
21
Políticas públicas devem ser criadas e
executadas sem esquecer de ninguém,
sem deixar ninguém para trás.
Uma política de trabalho ou de educação que não considera
como garantir que mães de bebês e crianças pequenas
tenham com quem deixá-las durante os horários de aula e/
ou de trabalho perde o propósito, porque uma parcela da
população será negligenciada. Uma política de saúde que não
está preparada para atender, com todas as especificidades e
sensibilidade, a população LGBTQIAP+ não está cumprindo seu
papel integralmente, certo? E será que uma política de meio
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
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É por isso que a participação social de pessoas que vivem diferentes
realidades é essencial, são olhares sensíveis para as especificidades
das políticas que permitem o debate, a criação de soluções e o
planejamento de ações para uma transformação social efetiva e
representativa. A diversidade de perspectivas enriquece nossas
políticas públicas e torna nossa sociedade mais justa e inclusiva.
23
• Participe dos espaços de participação social do
seu bairro: Envolvam-se em reuniões comunitárias,
assembleias municipais e outras instâncias locais de
participação. Compartilhem suas experiências e
perspectivas para enriquecer o diálogo;
COMITÊS E CONSELHOS
Comitês e conselhos são órgãos formados por agentes públicos,
especialistas e representantes da sociedade civil para lidar com
questões de grande impacto social ou ambiental e podem estar
vinculados a políticas específicas, instituídos por lei. Eles existem
para assegurar que a população tenha voz e possa acompanhar
políticas públicas importantes. Os comitês e conselhos podem
24
ter papel consultivo e/ou deliberativo na resolução de problemas,
execução de projetos e aconselhamento de outras instituições em
assuntos específicos. Os conselhos e comitês podem ter diferentes
objetivos e métodos, definidos no ato normativo que os instituiu.
25
São espaços abertos ao público, projetados para permitir
que as preocupações e necessidades da sociedade façam
parte da agenda governamental. São órgãos que participam
da formulação, do monitoramento e da avaliação das políticas
voltadas à temática sobre a qual foram instituídos. Podem propor
e fiscalizar, controlar contas, mobilizar a população para discussões,
deliberar e emitir opiniões sobre ações públicas (OIM, 2022).
26
a saúde, a educação, a cultura, a assistência social, a migração, os
direitos das pessoas com deficiência, e muitos outros.
27
CONSELHOS E COMITÊS SOBRE
MIGRAÇÃO E REFÚGIO
NÍVEL NACIONAL
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
28
NÍVEL ESTADUAL
Acre
Ceará
29
Distrito Federal
Goiás
30
Minas Gerais
Paraíba
31
Pernambuco
Rio de Janeiro
32
Rio Grande do Norte
São Paulo
33
Roraima
NÍVEL MUNICIPAL
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
34
Os conselhos, dependendo do seu caráter, têm como uma de
suas principais atividades a emissão de atos administrativos, como
recomendações ou deliberações.
ATOS ADMINISTRATIVOS
Atos administrativos são decisões tomadas por
autoridades da Administração Pública, como o Plenário
do Conselho e as Conferências. Eles representam a forma
como o governo expressa sua vontade de executar ações específicas,
35
relacionados à regularização migratória e a trâmites vinculados ao
sistema de refúgio.
36
de comissões de especialistas internas ao conselho, auxiliando na
avaliação de propostas ou questões complexas.
37
produziu recomendações estratégicas sobre o tema de migrações,
refúgio e apatridía nas políticas públicas brasileiras. Esse contexto
social e político culminou na publicação da Lei n° 13.445/2017 -
Lei de Migração, um marco na conquista de direitos para esses
grupos no Brasil.
AUDIÊNCIA PÚBLICA
As audiências públicas são instrumentos de participação
social e proporcionam um espaço para o debate de
temas que podem impactar a sociedade. Essas audiências,
38
coordenadas pelo órgão ou junto às entidades da sociedade civil
que as solicitaram, são momentos em que as pessoas diretamente
afetadas são convocadas e priorizadas para se manifestarem.
39
Passo a passo para mobilizar
uma audiência pública
40
5. Organize um dossiê com dados locais
Forneça dados da área em questão, obtidos pela internet,
prefeituras, governos ou câmaras municipais. Inclua depoimentos
da população envolvida. Um dossiê bem preparado fortalece a
argumentação dos participantes.
6. Divulgue amplamente
Organize um grupo para cuidar da divulgação, incluindo
contatos com jornais, sites e programas que possam cobrir o
41
AÇÃO POPULAR
A Constituição Federal descreve a ação popular como
um instrumento destinado à anulação de atos lesivos
ao patrimônio público, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Em outras palavras, a sociedade civil pode propor uma ação
popular sempre que considerar que uma ação do poder público
foi prejudicial a algum desses itens.
42
Como podemos fortalecer as
lideranças migrantes?
Agora que você conhece algumas formas de participar
socialmente, é hora de pensar sobre as questões que
são importantes para você e buscar se aproximar de
grupos e espaço que tratem destes assuntos. Existem
diversos movimentos sociais, coletivos e conselhos que trabalham
especificamente com a temática da migração, por exemplo, e a
presença de pessoas migrantes nesses espaços é muito importante.
43
Fala-se muito em lideranças comunitárias porque quando
uma pessoa tem esse perfil de inspirar e guiar outras à sua volta,
associado a um profundo conhecimento das necessidades,
preocupações e sonhos das pessoas que vivem naquele local,
ela tem uma força especial de representar tudo que vem dali
em diferentes espaços. Elas podem organizar ações e eventos na
própria comunidade, mas podem também se envolver em espaços
de participação social. Inclusive, muitos dos assuntos debatidos
em conselhos e conferências dos mais diferentes temas surgem
do nível local, porque as lideranças conversam e identificam o que
precisa ser levado para esses espaços e colocam em discussão. As
PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
44
2
FORMAS DE
PARTICIPAÇÃO
SOCIAL NO BRASIL
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
46
GUIA DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA PESSOAS MIGRANTES
47
• Entidades de classe relacionadas a categorias profissionais
são grupos de pessoas que desempenham o mesmo tipo de
trabalho, como médicos ou professores, com o objetivo de proteger
seus interesses e lutar por melhores condições para suas profissões.
Elas auxiliam na elaboração de regras e diretrizes, oferecem
treinamento e apoiam os trabalhadores em questões relacionadas
ao seu campo de atuação. Além disso, essas entidades dialogam
com o governo e outras autoridades para garantir que os
profissionais tenham boas condições de trabalho e benefícios
justos. Quando essas entidades são criadas para representar os
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
48
As associações são organizações formadas por pessoas que
compartilham objetivos comuns e trabalham juntas para
alcançá-los. Elas não buscam o lucro financeiro e são mantidas
por meio das contribuições dos membros, serviços prestados e
acordos, sem remuneração para seus líderes ou distribuição de
lucros. O foco é mesmo ajudar a comunidade e apoiar causas
importantes. Além de criar uma associação, você também pode
encontrar uma associação já existente que atue em defesa de
uma causa que o interesse ou com a qual você se identifique. A
49
• Os partidos políticos são associações de pessoas que buscam
influenciar e participar do governo. Eles desempenham um papel
fundamental na democracia, já que representam diferentes ideias
e interesses na política. No Brasil, são regulamentados pela
Constituição e têm liberdade para se organizar e atuar, embora
haja regras a seguir. Cada partido possui seu estatuto, que contém
suas regras internas. Os partidos desempenham um papel crucial
nas eleições, apresentando candidatos e programas para que
os eleitores escolham. Além disso, recebem recursos públicos e
têm tempo na mídia para campanhas. Se você é uma pessoa
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
50
frequentemente contribuindo para a captação de recursos junto
a empresas, fundos e fundações para a realização de ações e
campanhas conjuntas. Cada coalizão, rede ou fórum costuma
ter seus próprios procedimentos de adesão ou filiação, mas você
pode se aproximar dessas organizações participando de eventos e
reuniões abertas ao público e, então, questionar sobre a melhor
maneira de formalizar sua participação nestes espaços.
51
• Movimentos sociais: São grupos de pessoas que se unem
em busca demudanças sociais, políticas ou culturais em uma
sociedade. Eles desempenham um papel vital ao dar voz a questões
que podem ser negligenciadas pelas instituições tradicionais,
promovendo debates e pressionando por transformações.
Ao questionar e destacar preocupações, os movimentos sociais
contribuem para a evolução da sociedade, aumentando a
conscientização pública e, em muitos casos, desempenhando
um papel fundamental na promoção da justiça social e na defesa
dos direitos humanos. Mesmo que não sejam sempre massivos,
FORMAS DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
52
institucionalidade. Nesse caso, seu espaço de atuação passa por
instituições estatais e, provavelmente, procedimentos burocráticos.
Esse é um caminho possível para as pessoas e organizações participem
nas decisões de governo, porque todos e todas podem trazer suas
preocupações e propostas com o objetivo de transformar a realidade
que vivem todos os dias, ou que usufruam de oportunidades de
apoio e fomento que o governo disponibiliza para a sociedade. Três
tipos comuns dessa aproximação com a institucionalidade são os
colegiados, os editais e os chamamentos.
53
• Chamamentos similar aos editais, os chamamentos são
convites feitos pelo governo, mas nesse caso, o governo já tem
um projeto em mente e busca parcerias com uma ou mais
organizações para executá-lo em conjunto.
54
4. Seja persistente e não desista! Defender uma ideia (ou
várias) em espaços institucionais pode ser um processo longo e
competitivo, afinal muitas pessoas estão ali para defender o que
acreditam também. Por isso é importante persistir e, é claro,
estar bem informado, acompanhado e embasado, como vimos
nas dicas anteriores!
MATERIAIS ÚTEIS
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3
FORMALIZAÇÃO
DA PARTICIPAÇÃO
SOCIAL NO BRASIL
56
GUIA DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA PESSOAS MIGRANTES
57
Formalizar e gerir uma associação pode parecer
complicado, mas com os passos certos, você estará
no caminho para estabelecer uma organização sólida
e eficaz. A seguir, vamos apresentar quatro etapas
fundamentais para alcançar esse objetivo. Lembre-se que
essas etapas podem ser flexíveis, e você pode adaptá-las de acordo
com suas necessidades específicas.
1ª ETAPA: SENSIBILIZAÇÃO
FORMALIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
58
UMA DICA!
59
2. Diretoria: também chamada de Diretoria Executiva, é
responsável pela administração da associação. Pode ter diversos
membros, como presidente, tesoureiro, etc., dependendo do
tamanho da associação. O número de membros é definido
pelo estatuto, que também estipula mandatos e possibilidade
de reeleição;
60
Constituindo uma Pessoa Jurídica1
1
“Pessoa jurídica” é uma entidade (empresa, sociedade, organização, entre outros) formada
por uma ou mais Pessoas Físicas, com propósitos e finalidades específicos, e direitos e deveres
próprios e característicos.
2
Modelos de Estatuto Social criados pelo Registro Público de Piracicaba:
https://www.2registropira.com.br/wp-content/uploads/2017/01/pessoas_ juridicas_
modelo_para_estatuto_de_constituicao_de_associacoes.pdf
Ministério Público da Bahia:
https://www.mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/modelo_estatuto_associacao_0.pdf
61
• Composição de membros de uma associação:
uma associação é feita por pessoas organizadas por
uma causa comum. Você precisa de uma equipe para
ajudar a tomar decisões importantes.
• Forme a diretoria: eleja a diretoria e conselho
fiscal da associação. Recomenda-se uma diretoria
com presidente, vice-presidente e tesoureiro,
para melhor dividir as funções de administração
e representação da associação, mas você pode
FORMALIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
62
3ª ETAPA: PRÉ-OPERACIONAL
Esta fase envolve a estruturação da associação, incluindo a aquisição
de móveis e equipamentos, contratação de trabalhadores e
trabalhadoras e/ou contadores(as), abertura de conta bancária,
obtenção de licenças e alvarás, entre outras atividades preparatórias.
3
Confira um modelo de Ata de Fundação disponibilizado pelo Cartório São José:
https://www.cartoriosaojose.com.br/modelopjatafund.htm
63
4ª ETAPA: OPERACIONAL
Nesta etapa, a associação inicia suas atividades reais. Como qualquer
organização, para alcançar o sucesso, é preciso uma gestão eficiente
e comprometida com os objetivos da instituição. Os desafios reais
começam aqui, e uma liderança dedicada é essencial para superá-los
e garantir o progresso contínuo da associação.
Regulamentação contábil
FORMALIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL NO BRASIL
64
As organizações sem fins lucrativos ocupam um
espaço importante, preenchendo lacunas em áreas
como educação e saúde. Para elas, o lucro não é o objetivo,
mas sim o meio para garantir operações contínuas. Demonstrando
transparência na gestão financeira, o orçamento torna-se uma
ferramenta vital para a sustentabilidade e o cumprimento do
propósito das organizações do terceiro setor. Algumas dicas são:
4
Capital de giro é o dinheiro disponível para uma empresa cobrir despesas diárias e manter
suas operações.
65
4
MARCO
REGULATÓRIO DAS
ORGANIZAÇÕES DA
SOCIEDADE CIVIL
MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (MROSC)
(MROSC)
O que é o MROSC?
66
GUIA DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA PESSOAS MIGRANTES
67
O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade
Civil (MROSC) é uma iniciativa para melhorar as regras
e relações entre Organizações da Sociedade Civil e o
Estado. Ele se concentra em três áreas principais:
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Procedimento de Manifestação
de Interesse Social
O Procedimento de Manifestação de Interesse
Social (PMIS) é uma forma que pessoas, grupos
e organizações têm de apresentar propostas ao
governo. Cada proposta deve incluir informações sobre quem
está apresentando a ideia, qual é o interesse público envolvido
e uma análise da situação que o projeto pretende transformar,
incluindo custos, benefícios e prazos. Posteriormente, o governo
O PMIS deve ser utilizado quando se identifica que há algo que ainda
não é ofertado pelo poder público ou que não está contemplado
por alguma parceria ou chamamento em andamento.
69
alianças e trabalhar com outras pessoas que compartilhem suas
preocupações. Juntos, vocês podem ser mais fortes.
70
• Escreva sua proposta: o edital provavelmente listará tudo
que é importante constar na proposta, então siga o que está
sendo pedido e coloque suas ideias no papel. Seja claro e direto;
1. PLANEJAMENTO
O primeiro passo é o planejamento. Isso significa que
o governo e as organizações sociais precisam pensar
sobre o que querem fazer juntos. É a parte mais importante
de uma parceria, porque um bom planejamento garante que as
outras etapas vão acontecer de forma mais sólida e organizada.
Algumas informações devem aparecer no plano de trabalho, que
guiará toda essa parceria:
71
• Saber qual é o problema que desejam resolver, descrevendo
desde o impacto mais geral até o mais específico que se deseja
deixar na sociedade;
• Definir indicadores que permitam medir o progresso da
solução proposta;
• Definir metas e prazos para saber onde se quer chegar e em
quanto tempo;
MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (MROSC)
72
Para saber se as ações estão funcionando e o acesso da
população migrante aos atendimentos está aumentando, a UBS
pode, monitorar:
• Número de parcerias estabelecidas com organizações
que trabalham com a temática da migração, visto
que estas podem auxiliar na divulgação sobre os
serviços disponíveis e como acessá-los;
• Taxa de consultas realizadas à população migrante,
para saber se estão sendo realizadas mais consultas.
73
• Quando a organização é escolhida, é hora de celebrar a parceria.
Isso envolve assinar um contrato e colocar tudo no papel.
3. EXECUÇÃO
A fase de execução é quando as coisas acontecem.
As organizações sociais têm liberdade para usar o
dinheiro da parceria da maneira certa para atingir as
MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (MROSC)
74
que não tenham a ver com o projeto e pagamento para servidores
públicos, a menos que a lei permita;
4. MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
Durante a parceria, o governo acompanha o que está
sendo feito para ter certeza de que tudo está indo
bem. Isso inclui visitas aos locais onde o trabalho acontece e, às
vezes, perguntar para as pessoas beneficiadas se estão satisfeitas. O
governo pode pedir ajuda de especialistas e criar relatórios técnicos
para avaliar a parceria. A Comissão de Monitoramento e Avaliação,
composta por funcionários públicos e outros especialistas, também
estará de olho e fará o acompanhamento.
75
• Avaliação: envolve análises mais aprofundadas para
determinar o impacto da parceria.
5. PRESTAÇÃO DE CONTAS
Esse é o momento em que você demonstra pra todo
mundo onde gastou o dinheiro que foi recebido,
garantindo que ele foi usado conforme combinado.
5
Leia mais na Lei 13.019/2014: Artigos 63 a 72
76
• Os documentos devem comprovar que as metas do plano de
trabalho foram alcançadas;
Mobilização de recursos
A mobilização de recursos é um desafio constante para
Organizações da Sociedade Civil (OSCs). A mobilização de
recursos é muito mais do que uma tarefa árdua, é uma atividade
fundamental que pode unir e fortalecer toda a organização. Quando
planejada e executada de forma colaborativa, ela não apenas capta
recursos externos, mas também mobiliza as forças internas da
organização. Essa atividade deve envolver não apenas a equipe de
mobilização, mas também o conselho, a coordenação, os técnicos,
os profissionais administrativos e, se possível, parte do público
77
beneficiado pelos projetos da organização. É crucial que todos
compreendam a importância da mobilização de recursos para
cumprir a missão e os objetivos da organização, isso é essencial para
mobilizar a sociedade, demonstrar a importância da organização
e obter apoio e investimento.
78
GUIA DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL PARA PESSOAS MIGRANTES
Em resumo, a mobilização de recursos não é
apenas uma atividade de captação de dinheiro,
mas uma estratégia que une a organização,
diversifica fontes de recursos e constrói
relacionamentos duradouros com doadores,
criando um impacto significativo e sustentável.
79
A mobilização de recursos pode acontecer através de alguns tipos
de fontes, por exemplo:
80
SAIBA MAIS
81
3. Execução pelo Poder Executivo, e
• Impositiva;
82
Quando a emenda for direcionada a um Ministério ou a uma
Secretaria Estadual, seus recursos serão usados para financiamento
de ações inseridas nos programas vigentes.
83
É importante destacar que o acesso às emendas
parlamentares e algumas outras modalidades de
mobilização de recursos, como editais, não é tarefa
simples, requerem o domínio de linguagem técnica e jurídica
complexas, o que pode dificultar o trabalho de mobilização.
Portanto, é importante a aproximação de pessoas que tenham
maior conhecimento sobre as linguagens utilizadas e/ou experiência
MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (MROSC)
SAIBA MAIS
84
Prontos para começar?
Como vimos, as organizações de pessoas migrantes podem
desempenhar um papel significativo na oferta de serviços públicos
em várias capacidades. Suas contribuições podem ser essenciais
para melhorar a integração, assistência e suporte às pessoas
migrantes, bem como para fortalecer a coesão social e a inclusão.
Aqui estão algumas maneiras pelas quais essas organizações
podem influenciar a oferta de serviços públicos:
85
culturais, grupos de apoio, aulas de idiomas e atividades
que facilitam a interação entre pessoas migrantes e a
população local.
86
entendidos, desafios interculturais ou fornecer um canal para
resolver disputas.
87
6
REFERÊNCIAS
em: https://editora.uemg.br/images/livros-pdf/catalogo-2012/2012_
DICIONARIO_DE_POLITICAS_PUBLICAS_VOL_1.pdf. Acesso
em: 19 out. 2023.
88
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da Sociedade Civil - Seleção e Celebração. Brasília, 2020.
Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/7726/1/
Conte%C3%BAdo%20em%20PDF%20-%20MROSC%20-%20
89
BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Senajus Abre
Etapa Preparatória para a 2ª Edição da Conferência
Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia. Disponível
em: https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/senajus-abre-
etapa-preparatoria-para-a-2a-edicao-da-conferencia-nacional-de-
migracoes-refugio-e-apatridia. Acesso em: 20 out. 2023.
90
NOSSA CAUSA. Estrutura Organizacional de Associações.
2019. Disponível em: https://nossacausa.com/estrutura-
organizacional-de-associacoes/. Acesso em: 30 out. 2023.
91
SAMPAIO, Diogo. Os Conselhos de Políticas Públicas:
Cotidiano de organização e funcionamento do Conselho: papel,
atribuições e requisitos. 2022. Disponível em: https://www.
santos.sp.gov.br/static/files_www/conselhos/curso_de_formacao_
modulo_iii_-_o_papel_do_controle_social_atribuicoes.pdf. Acesso
em: 18 out. 2023.
92
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
SUAS. Orientação acerca dos conselhos e do controle
social da política pública de Assistência Social. Disponível
em: https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_
social/cartilhas/SUAS_Orientacoes_conselhos_controlesocial.pdf.
Acesso em: 18 out. 2023.
93
brazil.iom.int
iombrazil@iom.int
OIMBrasil