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FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE VILHENA –

UNESC/UNINASSAU
DEPARTAMENTO DE MEDICINA

BEATRIZ CAMPOS VIERIA


EMANUELE VITÓRIA GARCIA KLEIN
GUSTAVO HENRIQUE TEODORO GOLÇAVES RICCI
IAGOR WINGENBAH GUADAGNIN
ISABELLE MOTTA CHAVES
MARCOS DONADON
MARINA DOBLER QUIJADA
MURILO AUDREY VEDANA
NICOLY HELOISA ROCHA ALVES
SABRINI BERNADI
VASTÍ OLIVEIRA DONADON
VITOR ANTONIO ANIEL GUIMARAES NOGUEIRA
VICTORIA VIECILI SOUZA FABIANO

Entendendo Ensaio Clínico Randomizado (ECR)

VILHENA – RO
2022
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE VILHENA –
UNESC/UNINASSAU
DEPARTAMENTO DE MEDICINA

BEATRIZ CAMPOS VIERIA


EMANUELE VITÓRIA GARCIA KLEIN
GUSTAVO HENRIQUE TEODORO GOLÇAVES RICCI
IAGOR WINGENBAH GUADAGNIN
ISABELLE MOTTA CHAVES
MARCOS DONADON
MARINA DOBLER QUIJADA
MURILO AUDREY VEDANA
NICOLY HELOISA ROCHA ALVES
SABRINI BERNARDI
VASTÍ OLIVEIRA DONADON
VITOR ANTONIO ANIEL GUIMARAES NOGUEIRA
VICTORIA VIECILI SOUZA FABIANO

Entendendo Ensaio Clínico Randomizado (ECR)

Trabalho apresentado à disciplina de


Medicina Baseada em Evidências no
curso de Bacharel em Medicina, na
Faculdade de Educação e Cultura de
Vilhena – UNESC/UNINASSAU
como método avaliativo e atividade de
sala para composição de nota e
conhecimento correspondente ao 2º
Bimestre do 4º Período.
Professora: Dra. Cariel Benedita da
Silva Denti.

VILHENA – RO
2022
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 4
2. ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO (ECR) .................................................................... 6
2.1 O que é um Ensaio Clínico Randomizado? .................................................................... 6
2.2 Qual a relevância do ECR? ............................................................................................. 6
2.3 Características gerais do ECR......................................................................................... 7
2.4. Valores preditivos ............................................................................................................ 9
2.5 Intervalo de confiança no ECR ..................................................................................... 10
3. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 11
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO

Os ensaios clínicos constituem-se numa poderosa ferramenta para a avaliação de


intervenções para a saúde, sejam elas medicamentosas ou não1 . O primeiro ensaio
clínico, nos moldes que hoje conhecemos, foi publicado no final da década de 402,
quando o estatístico Sir Austin Bradford Hill alocou aleatoriamente pacientes com
tuberculose pulmonar em dois grupos: os que receberiam estreptomicina e os que não
receberiam o medicamento. Desta forma, ele pode avaliar, de maneira não viesada, a
eficácia deste medicamento. Em que pese a publicação crescente de ensaios clínicos
controlados, alguns aspectos do desenho e da análise ainda são mal compreendidos e
interpretados de forma equivocada (PORTNEY, 2020).

Os ensaios clínicos são estudos onde um grupo de interesse em que se faz uso de
uma terapia ou exposição é acompanhado comparando-se com um grupo controle.
Diferente dos estudos observacionais em que o pesquisador não interfere na exposição,
nesse estudo o pesquisador planeja e intervém ativamente nos fatores que influenciam a
amostra, minimizando assim a influência dos fatores de confundimento. A alocação dos
sujeitos de pesquisa pode ser de forma aleatória (randomizada) ou não aleatória
(OLIVERIA, 2010).

Em investigação, a relação causa-e-efeito entre um conjunto de variáveis


independentes e dependentes são demonstradas por modelos experimentais1,2. Projetos
experimentais são divididos em vários tipos com base nas características do projeto. A
principal diferença entre eles é o grau de controle experimental. Os participantes do
estudo ou os pacientes são divididos aleatoriamente em, pelo menos, dois grupos de
comparação, para ser considerado como verdadeiro desenho experimental clínico. O
padrão ouro do verdadeiro desenho experimental é um ensaio clínico randomizado
(OLIVERIA, 2015).

O ECR é o melhor desenho de estudo para permitir que os pesquisadores possam


coletar informações precisas para responder a uma hipótese lógica de pesquisa clínica. O
ECR pode fornecer evidências fortes para uma questão de pesquisa específica para
determinar se a intervenção clínica funciona ou não. Os ECR são prospectivos e
experimentais, o que significa que a variável dependente e as variáveis independentes são
coletadas sob condições controladas10. A utilidade dos testes depende da extensão em
que uma relação causal pode ser inferida e geralmente é estabelecida em diferentes fases
de testes (SHARMA, 2020).

Logo, o presente trabalho apresenta pontos à título de informações sobre as


características, a relevância e a utilidade do Ensaio Clínico Randomizado e que podem
ser utilizados e aplicados na gestão, na tomada de decisões frente a novas condutas e
intervenções de saúde.
2. ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO (ECR)

2.1 O que é um Ensaio Clínico Randomizado?

O ensaio clínico randomizado é um tipo de estudo experimental, fazendo uso dos


participantes de forma aleatoriamente nos grupos de controle e intervenção. Diferente dos
estudos observacionais em que o pesquisador não interfere na exposição, nesse estudo o
pesquisador planeja e intervém ativamente nos fatores que influenciam os indivíduos da
amostra. Ele é considerado o padrão ouro para o desenvolvimento de pesquisas com seres
humanos, pois é capaz de produzir evidências cientificas diretas e com menor chance de
erros para argumentar uma relação causa-efeito entre dois eventos.

Apesar de ser um padrão de excelência, esse tipo de estudo é muito propenso a


vieses, seja pela criteriosidade dos investigadores na seleção da amostra e aferição das
análises, seja na dificuldade do controle de outros fatores que possam interferir no
desfecho e resultado do estudo. Os erros sistemáticos podem ser definidos como qualquer
parcialidade na coleta, interpretação, análise, publicação ou revisão dos dados, que
induzem sistematicamente a conclusão a distanciar-se da verdade.

2.2 Qual a relevância do ECR?

Bons ECR’s são capazes de minimizar a influência de fatores de confusão sobre


relações de causa-efeito, quando comparados aos demais estudos, daí sua grande
relevância como fonte de evidências. No caso específico do ECR, diferencia-se dos
demais tipos de estudos clínicos experimentais pelo fato de que os participantes recebem
uma dentre as intervenções propostas de forma aleatória. No contexto da classificação
dos estudos científicos em saúde, pode-se dizer que os ECR’s são os de maior relevância
para a clínica.

Tem como importância na área da saúde, a referência para tomadas de decisões


por médicos e outros profissionais. Por ser considerado padrão ouro, concentra-se em
quatro partes de estudo para melhor assertividade do resultado O ensaio clínico
randomizado se enquadra quase no topo da pirâmide dos tipos de estudos epidemiológicos
de acordo com grau de relevância para utilização na Medicina Baseada em Evidências
(Imagem 1).
Imagem 1. Pirâmide dos tipos de estudos epidemiológicos.
Fonte: Do relato de caso à meta-análise: a pirâmide da evidência - CardioPapers

A realização de um ensaio clínico randomizado busca um estudo suficientemente


grande para que um efeito clínico relevante seja estatisticamente significativo, entretanto
não tão grande para que desfechos pequenos sejam irrelevantes. Em termos de confiança
e potencial de generalização são de extrema relevância para a sociedade.

2.3 Características gerais do ECR

Em ECR’s, um tratamento ou procedimento pode ser comparado a nenhum


tratamento, a uma terapêutica semelhante (mesma classe de drogas), com um placebo ou
a uma norma preexistente de acompanhamento. Esses estudos são realizados sob
condições controladas para garantir que a hipótese do estudo é testada de uma forma
reprodutível. É importante saber que existem protocolos de ensaios clínicos
randomizados, que fazem muitas vezes que eles não podem ser repetidos na prática
clínica. Além disso, caso a amostra do estudo seja muito selecionada (alto critério de
seleção), pode não representar a população geral, nesse caso, a generalização e
aplicabilidade do estudo pode ficar comprometida.

Vale ressaltar que o ambiente de estudo especializado de um estudo randomizado


pode resultar em conclusões válidas internamente, mas os resultados não podem ser
generalizados para pacientes com a mesma condição fora do estudo

As conclusões retiradas de ECR’s são limitadas a situações em que a exposição


de interesse pode ser modificada em um ambiente de estudo, por exemplo, uso de
medicamentos ou mudanças de estilo de vida. Há inúmeras exposições que são altamente
relevantes para estudo, mas não podem ser facilmente modificadas, como genes,
marcadores séricos e condições socioeconômicas.

Também não podem ser usados em situações nas quais a exposição seja
reconhecidamente danosa e insalubre, por exemplo, fazer com que alguém fume para
compararmos com um grupo que não fume por já sabermos dos malefícios do fumo.

Uma preocupação final com o ECR é a questão do viés de publicação. O viés de


publicação ocorre quando os resultados dos estudos que relatam resultados positivos (com
significância estatística) são mais prováveis de serem publicados do que estudos com
resultados negativos. Os estudos que relatam resultados significativos podem resultar em
um maior número de publicações e poderão ser publicados em jornais de maior impacto.

Um dos cuidados que o pesquisador deve tomar é com o viés de seleção. Ao


escolher determinada população, o profissional pode selecionar determinados grupos de
modo a direcionar os resultados de acordo com a sua hipótese. Para isso, a randomização
surge como um sorteio, assegurando que a probabilidade de uma pessoa ir para o grupo
controle seja a mesma de ir para o grupo teste (Imagem 2).

Imagem 2. Quadro ilustrativo sobre a comparação dos grupos no ECR.

Fonte: Embryo development and OCTAX ICSI Guard spindle image (fertility.com.br)
2.4. Valores preditivos

Além do uso amplamente disseminado do uso de ECR para testar novos fármacos
ou intervenção de uma determinada patologia, esse tipo de estudo também pode ser
agregado aos testes diagnósticos. Hoje a real necessidade clínica é entender a utilidade de
um teste diagnóstico para o rastreamento das populações sadias, para o diagnóstico de
uma determinada doença em pessoas com suspeita ou para avaliar a progressão ou
resposta a um determinado tratamento.

São cinco as principais características de performance dos testes diagnósticos com


resultados numéricos: sensibilidade, especificidade, valor preditivo (positivo e negativo),
acurácia e razão de verossimilhança (positiva e negativa). Todavia, nos ensaios clínicos,
os utilizados são os preditivos positivos e negativos.

E para melhor entendimento, deve-se primeiro ter conhecimento do que são esses
valores preditivos, especificidade e sensibilidade. Os preditivos nos dão de antemão a
veracidade de determinado teste e podem ser positivos ou negativos. Valor preditivo
positivo (VPP), é a proporção de pessoas infectadas realmente testarem positivo no teste;
e valor preditivo negativo (VPN) é a proporção de pessoas não infectadas testarem
negativos nos testes. Sensibilidade: é a probabilidade de resultado positivo nos doentes
(verdadeiro positivo); e especificidade: é a probabilidade de resultado negativo nos não-
doentes (verdadeiro negativo).

Quando a intenção for o diagnóstico de uma doença, como nos casos de exames
de rastreamento, o melhor teste é aquele com alta sensibilidade porque terá mais impacto
no valor preditivo positivo. Ou seja, se o teste der resultado positivo é pouquíssimo
provável que a pessoa não esteja, de fato, doente.

Já quando a intenção for afastar o diagnóstico de uma doença ou condição, como


por exemplo, em paciente suspeito de recidiva ou progressão, considera-se que o melhor
teste deve ter alta especificidade porque terá mais impacto no valor preditivo negativo.
Ou seja, se o teste der resultado negativo é muito pouco provável que a pessoa esteja, de
fato, doente. Em relação aos testes com resultados quantitativos contínuos existem duas
formas de utilização clínica.

Sensibilidade e especificidade descrevem a proporção do resultado positivo ou


negativo em quem, sabidamente está, ou não, doente. Por este motivo é necessário outro
exame, considerado como padrão-ouro, na diferenciação entre doente e não doente. Como
na prática, não sabemos quem realmente está doente antes de realizarmos o teste, estas
características são de pouco valor clínico. São fundamentais, no entanto, para a avaliação
inicial de um novo teste.

Como são valores não influenciados pela prevalência da doença, podem ser
utilizados em diferentes populações e, também, para comparar o potencial diagnóstico de
testes diferentes. Valores preditivos positivos e negativos contêm informações sobre o
poder do teste (sensibilidade e especificidade) e da população a ser examinada
(prevalência da doença), sendo uma medida de maior utilidade clínica. Por outro lado,
por serem dependentes da prevalência da doença, não podem ser generalizados para
pacientes com perfil diferente daquele do estudo clínico inicial e não permitem a
comparação entre diferentes testes diagnósticos.

2.5 Intervalo de confiança no ECR

O Intervalo de confiança de 95% (grau de confiança mais utilizado na área da


saúde) é um conjunto de valores, derivados de estatísticas de amostras, que representa um
intervalo numérico do qual, com 95% de confiança, o verdadeiro valor da população não
pode ser afastado.

O intervalo de confiança é importante para indicar a margem de incerteza (ou


imprecisão) frente a um cálculo efetuado. Esse cálculo usa a amostra do estudo para
estimar o tamanho real do resultado na população de origem. O cálculo de um intervalo
de confiança é uma estratégia que considera a amostragem de erro do determinado estudo.
A dimensão do resultado do seu estudo e seu intervalo de confiança caracterizam os
valores presumíveis para a população original.

Quanto mais estreito for o intervalo de confiança, maior é a probabilidade de a


porcentagem da população de estudo representar o número real da população em que
aplicarei o ensaio, dando maior certeza quanto ao resultado do objeto de estudo.

Logo, quando falamos em intervalo de confiança voltado para o ECR, tem-se em


vista que é a partir dele que se pode avaliar a eficiência e confiabilidade de determinada
intervenção estudada quando pensada em colocá-la na pratica em uma determinada
população.
3. CONCLUSÃO

A elaboração e execução do ensaio clinico randomizado é complexa, com alta


demanda de tempo e profissionais, cuidados minuciosos sobre o controle e existência de
vieses para seu pleno desenvolvimento. Existem várias vantagens para a aplicação de
ECR em relação a outros desenhos de estudo experimentais, se as observações das
tendências mencionadas são levadas em conta, o ECR pode ser considerado como
“padrão-ouro” de desenhos de estudo experimentais para tomada de decisão a respeito de
uma nova visão, intervenção ou medicação no que diz respeito ao tratamento de uma
população em geral.
REFERÊNCIAS

PORTNEY, L. G. Experimental Designs. In: Foundaitons of clinical research:


Application to evidence-based practice. ed. 4. Philadelphia - USA, FA Davis Company,
2020.
BHIDE, A.; SHAH, P. S.; ACHARYA, G. A simplified guide to randomized controlled
trials. Acta Obstet Gynecol Scand. v. 97, n. 4, pag. 380-387, 2018. DOI:
http://dx.doi.org/10.1111/aogs.13309.
BROEKHUIZEN, K. et al. Characteristics of Randomized Controlled Trials Designed for
Elderly: A Systematic Review. PLoS One. v. 10, n. 5, 2015. DOI:
http://dx.doi.org/10.1371/journal.pone.0126709.
OLIVEIRA, M. A. P. et al. Ensaios clínicos randomizados: Série Entendendo a Pesquisa
Clínica 2. FEMINA, v. 43, n. 1, pag. 7-11, 2015.
OLIVERIA, M. A. P.; PARENTE, R. C. M. Entendendo Ensaios Clínicos Randomizados.
Bras. J. Video-Sur, v. 3, n. 4, pag. 176-180, 2010. Disponível em: < editorial_portugues
(sobracil.org.br)>. Acesso em 29 out 2022.
SHARMA, N.; SRIVASTAV, A. K.; SAMUEL, A. J. Ensaio clínico randomizado:
padrão ouro de desenhos experimentais - importância, vantagens, desvantagens e
preconceitos. Rev Pesqui Fisioter. v.10, n.3, pag. 512-519, 2020. DOI:
http://dx.doi.org/10.17267/2238-2704rpf.v10i3.3039.
SOUZA, R. F. O que é um estudo clínico randomizado?. Medicina (Ribeirão Preto), v.
42, n. 1, p. 3-8, 2009. DOI: 10.11606/issn.2176-7262.v42i1p3-8. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/199>. Acesso em 29 out. 2022.
ZABOR, E. C.; KAIZER, A. M.; HOBBS B. P. Randomized Controlled Trials. Chest. v.
158, n.1, pag. 79-87, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.chest.2020.03.013.

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