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Modalidade do trabalho: Ensaio teórico

Evento: XXII Seminário de Iniciação Científica

CUIDADO DE ENFERMAGEM NA TERAPIA INTRAVENOSA COMO UM


INDICADOR DE QUALIDADE1

Tamires Nowaczyk Wielens2, Alexandra Schmidt3, Luciane Zambarda Todendi De Bragas4,


Cledir Tania França Garcia5, Rúbia Olinhg Spengler Trevisan6.
1
Pesquisa institucional
2
Acadêmica de enfermagem da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI-RS).
E-mail: tamywielens@gmail.com
3
Pós Graduada em Terapia Intensiva pela Universidade Regional do Noroeste do estado do Rio Grande do Sul
(UNIJUi-RS). Enfermeira da auditora interna; e-mail: afuhr@hci.org.br
4
Pós Graduada em Auditoria em Saúde pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FASCISA-SC). Coordenadora
do setor de auditoria interna; e-mail: ltodendi@hci.org.br
5
Enfermeira Supervisora da Educação continuada do Hospital de Caridade de Ijui(HCI). Mestre em docência
universitária pela UTN/Argentina. Especialista em enfermagem obstétrica pela UPF. Pós graduanda em gestão de
pessoas pela UNIJUI; e-mail: ctfranca@hci.org.br
6
Pós Graduada em Auditoria em Saúde pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (FASCISA-SC). Enfermeira da
auditoria interna; e-mail: rtrevisan@hci.org.br

Introdução
A auditoria refere-se a uma apreciação das atividades realizadas pela equipe de enfermagem, por
meio do prontuário em geral, especialmente nas anotações, tendo por marco a qualidade da
assistência prestada ao paciente. “A condição de diminuir custos, conciliando a qualidade do
cuidado prestado com a sustentabilidade financeira da instituição de saúde” (LUZ, 2007 p. 346).
A prática da auditoria diz que aquilo que está registrado é o que foi realizado no paciente, sendo
assim, todos os itens que não constam registros devem ser considerados como não realizados
(FARACO, ALBUQUERQUE, 2004).
Uma das formas de realizar a auditoria em saúde é a utilização dos registros encontrados no
prontuário do paciente para realização da avaliação.
A atuação do enfermeiro em auditoria passou da análise e revisão de registros clínicos, como
instrumento administrativo, para a avaliação do cuidado, por comparação entre a assistência
prestada e as normas institucionais. A mesma permite identificar os pontos fracos dos serviços,
garantindo ao paciente o direito de receber cuidado digno, além de não perder a visão econômica
dos serviços prestados (SOUZA, 2005).
Para que a auditoria da qualidade possa gerar resultados que fundamentem ações corretivas de
inconformidade, é preciso implantar um instrumento de monitoramento com forma previamente
definida de aplicação, os dados coletados de aplicação, classificação dos resultados obtidos e forma
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de apresentação dos resultados para possíveis sugestões de aperfeiçoamento das inadequações


observadas.
Com o progresso no desenvolvimento de tratamentos e drogas, a terapia intravenosa vem se
tornando cada vez mais complexa, aumentando os riscos de complicações para os pacientes. Assim,
conhecê-las, buscar elementos sobre práticas seguras, estar atento a seus sinais e sintomas para
preveni-las e tratá-las, deve ser uma prioridade da enfermagem que prima pelo domínio de
conhecimentos provenientes da anatomia, fisiologia, microbiologia, farmacologia, psicologia, além
da natureza manual (MODES et al, 2011).
A terapia intravenosa é um dos procedimentos mais rotineiramente desempenhados em pacientes
hospitalizados, podendo torná-los suscetíveis a episódio adversos infecciosos e não infecciosos
(MODES et al, 2011). O objetivo deste trabalho é avaliar a importância do cuidado de enfermagem
em relação a terapia intravenosa.

Metodologia
A presente pesquisa se caracteriza como uma revisão bibliográfica de caráter expositivo, o qual
expõe um tema a partir da análise e síntese de várias pesquisas. Revisar significa olhar novamente,
retomar as alocuções de outros pesquisadores, mas não no sentido de visualizar somente, mas de
analisar.
A revisão bibliográfica se define, segundo GIL, 2008 como um estudos que avalia a produção
bibliográfica em determinada área, sobre um acurado assunto, demonstrando assim novas ideias,
métodos. A revisão de literatura é um tipo de texto que une e analisa informações produzidas na
área de escolha, a revisão literária é como uma tomada de contas sobre o que foi publicado acerca
de um determinado assunto.
Onde visa verificar a necessidade/importância dos cuidados com a terapia intravenosa, assim como
seus cuidados em casos de complicação.

Resultados e Discussão
Na atualidade, apesar de o desenvolvimento científico e tecnológico em todas as áreas do
conhecimento, em especial na área da saúde, ter ocorrido em larga escala, os incidentes e eventos
adversos se apresentam como grandes riscos à segurança do paciente e à qualidade do cuidado
(MURASSAKI et al , 2013)
A punção venosa periférica é um procedimento que consiste no acesso à corrente sanguínea através
de dispositivos adequados, adjuntos de uma seleção crite¬riosa do local da punção e de uma
eficiente técnica de pe¬netração da veia. A cateterização periférica é a primeira escolha em uma
situação de emergência, pela facilidade técnica, variedade de calibres e rapidez da punção (MODES
et al, 2011).
Considerando que a equipe de enfermagem é responsável pela inserção e manutenção do acesso
venoso periférico, é premente que os cuidados técnicos recomendados sejam realizados a fim de se
prevenir e/ou reduzir as iatrogenias relacionadas à instalação do dispositivo. Dentre os cuidados de
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enfermagem preconizados, destaca-se a troca do cateter em pacientes adultos no período de 72 a 96


horas, o que pressupõe a identificação correta e precisa do acesso venoso periférico (MURASSAKI
et al , 2013).
Faz-se necessário o estabelecimento de condutas preventivas e de manutenção do acesso venoso de
forma a permitir que as infusões tenham continuidade com segurança, garantindo o estabelecimento
e recuperação da saúde do paciente, para minimizar complicações decorrentes desse procedimento
(HOFFMAN, 1992).
Entre os cuidados que toda equipe de enfermagem deve ter na prevenção, destacam-se: utilizar
bombas de infusão para manter a velocidade, verificar conexão e clamps do sistema de infusão,
evitar áreas de flexão para inserção de cateter, verificar rotina de troca de cateter conforme controle
de infecção, realizar a seleção anatômica das veias periféricas, fixação adequada, realizar flushing
de solução salina ou de heparina no cateter de uso intermitente, rapidez na identificação das
complicações associadas ao acesso venoso (HOFFMAN, 1992).
As complicações da terapia intravenosa estão associadas, geralmente a natureza dos fármacos,
duração da terapia infusional, características individuais do paciente, habilidade técnica do
profissional, localização e tipo de dispositivos (HOFFMAN, 1992).
As complicações de origem local da terapia infusional são: infiltração, extravasamento, flebite,
obstrução de cateter e hematoma (MODES, 2011; PHILLIPS, 2001).
A infiltração é o processo, de difusão ou vazamento da infusão IV no tecido, ou seja,
extravasamento de solução ou medicação não vesicante ao redor do tecido. Ocorre pelo
deslocamento do cateter na camada íntima da veia para o espaço intravascular (MODES, 2011).
Para avaliar o grau de infiltração e extravasamento de um acesso venoso é utilizado uma tabela de
classificação:
Grau Sinais clínicos
0 Sem sinais clínicos
1 Pele fria e pálida, edema menor que 2,5cm, com pouca ou sem dor local.
2 Pele fria e pálida, edema de aproximadamente 2,5cm, com pouca ou sem dor local.
3 Pele fria, pálida e translúcida, edema de 2,5 a 15cm, dor no local variando de média a moderada,
possível diminuição da sensibilidade.
4 Pele fria, pálida e translúcida, edema maior que, dor local variando de moderada a severa,
diminuição da sensibilidade, comprometimento circulatório. Ocorre na infiltração de derivados
sanguíneos, substancias irritantes ou vesicantes(extravasamento).
FONTE (CHANES, DIAS, GUITIÉRREZ, 2008)
O extravasamento é a saída do fluído de um vaso sanguíneo ao redor do tecido, ou seja, infiltração
de medicamentos vesicantes, podendo causar bolhas ou necrose. A austeridade da lesão está
diretamente relacionada ao tipo, concentração e volume do fluído infiltrado nos tecidos (MODES,
2011).
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No âmbito hospitalar, a flebite é uma das complicações mais frequentes e considerada uma das
principais falhas da infusão, que implicam na interrupção da terapia intravenosa, sendo uma das
causas preveníveis de morbimortalidade de pacientes (MAGEROTE, 2011).
Flebite é o processo inflamatório da camada íntima das veias causado por irritação mecânica,
química ou infecções bacterianas (MAGEROTE, 2011).
A flebite mecânica pode ser atribuída em resposta a fixações inadequadas que possibilitem
mobilização do cateter dentro da veia; uso de cateter grande em uma veia com lúmen pequeno,
irritando assim a camada interna da veia (PHILLIPS, 2001).
A flebite química decorre de infusões que agridem a parede da veia e está diretamente relacionada à
infusão de soluções ou medicamentos irritantes que possuem extremos de pH; ocasionando, assim,
respostas inflamatórias na camada íntima da veia, que podem levar à infiltração, edema, trombose e
morte celular (PHILLIPS, 2001).
A flebite bacteriana é a inflamação da parede interna da veia associada à infecção por micro-
organismos. Os fatores que contribuem para o seu desenvolvimento incluem técnica asséptica
inadequada durante a inserção ou manutenção do cateter (PHILLIPS, 2001).
Nessas complicações pode ser aplicada a escala de classificação de flebite, assim como, estabelecer
como indicador de qualidade a frequência aceitável de flebite de 5% em qualquer população.
Grau Sinais clínicos;
0 Sem sinais clínicos;
1 Presença de eritema, com ou sem dor local;
2 Presença de dor, com eritema ou edema;
3 Presença de dor, com eritema ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável;
4 Presença de dor, com eritema ou edema, com endurecimento e cordão fibroso palpável maior que
2,5 cm de comprimento, drenagem purulenta.
FONTE: (CQH, 2012)
A obstrução do cateter se caracteriza pela oclusão do lúmen, devido formação de coágulo sanguíneo
ou precipitado de fármacos na extremidade em que se encontra impedindo que a solução seja
infundida. Quando ocorre obstrução do cateter, pode notar que a velocidade da infusão diminui o
acesso não tem boa permeabilidade, a resistência é sentida, ou em caso da utilização de bomba de
infusão o alarme de oclusão é acionado (COSTA, 2011).
O desenvolvimento do hematoma é frequentemente relacionado á técnica utilizada para a punção,
pode também estar associado à fixação da veia durante tentativa de punção sem sucesso; a retirada
do cateter ou agulha sem que seja realizada a pressão sob o local; ou o uso de garrote apertado.
Pode ser observado uma descoloração da pele ao redor da punção e o edema local, além do
desconforto do paciente (ANGERAMI, 1975).
Cuidados de enfermagem referente às complicações da terapia intravenosa são Interromper a
infusão, remover o cateter, aplicar compressas mornas para promover vaso dilatação e reduzir o
edema, usar compressas frias na fase inicial para diminuir dor, verificar a permeabilidade do acesso
venoso.
Modalidade do trabalho: Ensaio teórico
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Conclusão
O enfermeiro deve avaliar de forma criteriosa o local da punção venosa, devendo informar e
proteger seus clientes do risco que pode ter. Assim como informar e orientar toda sua equipe,
quanto a essas complicações e propor cuidados necessários. Por isso se faz necessário que o
enfermeiro alie conhecimentos teóricos e habilidades técnicas, para desenvolver protocolos de
cuidados de enfermagem e monitorar efeitos adversos.
Destaca-se também a importância de despertar a consciência profissional para melhorar a segurança
na assistência à saúde com um comprometimento global de toda a equipe.
Observa-se que a auditoria da qualidade proporciona ao enfermeiro maior visibilidade para que esse
profissional contribua de maneira eficaz nas melhorias do cuidado prestado aos pacientes.
A realização de mais estudos sobre esta temática é necessário, para que assim possamos ampliar os
conhecimentos existentes para a prevenção e cuidados diante das complicações intravenosas.

Palavras-chave: auditoria de enfermagem, registros hospitalares, indicador.

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