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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ORTOPÉDICO:

IMPORTÂNCIA DO PROTOCOLO 4 DE SEGURANÇA DO PACIENTE.

Descritores: enfermagem Ortopédica AND assistência de enfermagem;


enfermagem cirúrgica AND segurança do paciente;
INTRODUÇÃO
A assistência de enfermagem ao paciente ortopédico se mostra ser uma
especialidade importante na concessão de cuidados às vítimas de traumas,
malformação congênita, doenças degenerativas e outros comprometimentos do
sistema musculoesquelético, tanto nas fases cirúrgicas quanto nas de
reabilitação e prevenção. Contudo, é minimamente explorada na literatura,
sendo necessário trabalhar a complexidade do tema (MARTINS et al., 2020).
A segurança do paciente, assunto que vem sendo discutido
massivamente nos últimos anos, se refere à redução, ao nível mínimo
aceitável, de causar dano desnecessário associado ao cuidado em saúde,
sendo o evento adverso aquele incidente que resulta em dano ao paciente. O
protocolo 4, deste plano, estabelece que as cirurgias sejam feitas em local
certo, da maneira certa, a fim de não causar dano aos pacientes que utilizam
os serviços de saúde (SOUZA et al., 2020).
Baseado nisso, foi levantada o seguinte problema: Quais evidências
científicas existem acerca da assistência de enfermagem voltada a segurança
do paciente ortopédico durante o procedimento cirúrgico?
É importante destacar, que o aumento da longevidade nacional e
mundial induz o aparecimento de doenças agudas e/ou crônicas como artrites
e desgastes ósseos, que acarreta na necessidade de tratamentos cirúrgicos,
especialmente os relacionados à ortopedia, o que pode influenciar diretamente
na ocorrência das infecções de sítio cirúrgico (ISC). Estas, por sua vez, são
caracterizadas como uma das mais importantes dentre as Infecções
Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS), sendo classificada como as
complicações mais comuns decorrentes do ato cirúrgico, mostrando um nível
de ocorrência entre 3% a 20% no pós-operatório acarretando num tempo maior
de permanência hospitalar, custos com tratamentos diagnósticos e
terapêuticos, uso prolongado de antibióticos e a reabordagem cirúrgica, além
de potencializar os riscos de morbimortalidade (GARCIA; OLIVEIRA, 2020).
Diante do exposto para melhor entendimento dessa questão, formulou-
se o seguinte objetivo geral: Analisar as evidências científicas acerca da
assistência de enfermagem ao paciente ortopédico com ênfase no protocolo 4
da segurança do paciente através de um estudo bibliográfico e como objetivos
específicos: Identificar a percepção do enfermeiro ao paciente ortopédico e
Avaliar a qualidade da assistência em relação a cirurgia ortopédica.
Este estudo justifica-se pela necessidade de aprofundamento sobre a
temática abordada, já que existe uma preocupação na área da assistência em
relação aos pilares da segurança do paciente, dando foco ao pilar 4. Diante
disso, torna-se relevante estudar a qualidade da assistência ofertada pela
equipe de enfermagem, a fim de melhorar a qualidade prestada, tornando-o
assim, uma assistência segura.
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, segundo Marconi e
Lakatos (1992), a pesquisa de revisão bibliográfica é o análise de toda a
bibliografia já publicada disponível, em forma de livros, revistas, publicações
avulsas e imprensa escrita. O seu designo é fazer com que o pesquisador entre
em contato direto com todo o material escrito sobre um determinado assunto,
auxiliando o cientista na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas
informações. Para realizar as buscas na literatura e seleção criteriosa das
pesquisas foram definidos os critérios: artigos de origem primária, listados nas
bases de dados eletrônicas, Education Resources Information Center (ERIC),
Scientific Electronic Library Online (SciElo) e PubMed/MEDLINE. Foram
utilizados os seguintes descritores: enfermagem ortopédica, assistência de
enfermagem, enfermagem cirúrgica, segurança do paciente. Foram critérios de
inclusão: artigos publicados entre 2016 e 2020, disponíveis na íntegra e que
respondessem a questão norteadora, foram selecionados artigos e revisões;
critérios de exclusão: estudos publicados fora do recorte temporal estabelecido
e que apresentassem duplicidade na base de dados, sendo excluídos
proceedings papers, editorial material e outros, pois estes não seguem os
mesmos critérios de avaliação e disposição de artigos científicos

DESENVOLVIMENTO
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FOCADA NO PACIENTE ORTOPÉDICO
CIRÚGICO
Quando a assistência de enfermagem vem a ser realizada de forma
sistematizada aos pacientes permite que o aperfeiçoamento do cuidado seja
contínuo e eficaz, permitindo que os que aqueles que o recebem evoluam
satisfatoriamente após a consolidação das etapas do processo de
enfermagem, o qual se sugere recursos de organização e sistematização do
cuidado subsidiando a prática de enfermagem (ALVES DOS SANTOS; DE
SANTANA; VALENÇA SILVA, 2017).
Atrelado a isso, Martins e outros autores (2020) corroboram que a
equipe enfermagem, na figura do enfermeiro, exerce uma posição relevante na
assistência prestada aos pacientes ortopédicos em seus vários níveis de
cuidado, seja ele, pré ou pós-operatório, a fim de promover melhoria contínua,
reabilitação e redução da morbimortalidade (MARTINS et al., 2020).
Por conquistarem essa posição, os enfermeiros que atuam no bloco
ortopédico agregaram para si diversas atividades, atuando num cuidado direto,
apesar das dificuldades de todo um contexto complexo e específico no que se
refere a qualidade dos cuidados de enfermagem nos blocos que envolve a área
ortopédica (GOMES et al., 2020).
O centro cirúrgico (CC) é um do setores mais metódico do hospital,
constituído protocolos, check list, dinamismo, recurso humano altamente
treinamento e integrado, recursos materiais e tecnológicos de alta
complexidade, destinados a atender o paciente cirúrgico no período
perioperatório.
Santo e outros autores (2020) explanam que o cuidado de enfermagem
no perioperatório é um processo participativo que visa reestabelecer a
integridade do paciente. Esta deve ser feita de forma plena e individualizada,
de maneira direcionada, utilizando a Sistematização da Assistência de
Enfermagem Perioperatória (SAEP) que foi criada com a intenção de ajudar no
processo de segurança cirúrgica do paciente, configurando-se como um
instrumento de informações individuais dos enfermos, apresentando dados de
identificação, anamnese, exame físico, diagnóstico de enfermagem, bem como,
intervenções e análise dos cuidados ofertados.
Através da SAEP, o cuidado de enfermagem é único, direcionado e
individualizando para que possa atender as necessidades de cada paciente.
Esse instrumento possibilita entender as nuances de cada indivíduo, o tratando
da maneira correta e com segurança, favorecendo pra uma recuperação mais
rápida e qualificada.
Sendo evidenciado que a qualidade em saúde é um assunto que vem
alcançando uma notoriedade crescente nos últimos anos, e que vem atrelada
ao investimento de cada profissão, com ênfase aos enfermeiros, estes por sua
vez tem como pilar do seu trabalho as relações construindo no decorrer da
assistência com o paciente e sua família e/ou com a equipe multidisciplinar. A
atuação do enfermeiro no CC como um todo, desde da central de esterilização
até o encaminhamento do paciente para o internamento ou alta do
procedimento cirúrgico, ultrapasse a simples realização de alguns
procedimentos técnico-científicos, pois o estado de satisfação desse
profissional pode mudar conforme as condições de trabalho. (GOUVEIA;
RIBEIRO; CARVALHO, 2020).
Portanto, através dos achados científicos que a assistência de
enfermagem ao paciente cirúrgico ortopédico tem seu pilar estabelecido com o
auxílio da SAEP. Este instrumento deve ser utilizado de maneira concisa por
toda a equipe, fortalecendo todo o processo do cuidar, seja pela equipe de
enfermagem ou pela equipe multidisciplinar. Minimizando os riscos de infecção
e eventos adversos.

SEGURANÇA DO PACIENTE COM ENFÂNSE DA CIRURGIA SEGURA


O foco sobre a temática ganhou uma grande ênfase na década de 1990
com a importante publicação americana ‘To err is human: building a safer
health system’, do Instituto de Medicina (IOM), em que os autores relataram a
morte de 44.000 a 98.000 americanos resultantes de incidentes que eram, em
grande parte, evitáveis (TOFFOLETTO; RUIZ, 2013).
Entende-se por segurança do paciente, segundo A Organização Mundial
da Saúde (OMS), como a redução do risco de danos desnecessários a um
mínimo aceitável, considerado componente constante e intimamente
relacionado com o atendimento ao paciente (WHO, 2009).
Peixoto, Pereira e Silva (2016) corroboram que os protocolos voltados
para a cirurgia segura podem ser executados em qualquer hospital,
independente do seu grau de complexidade, tendo como objetivo instigar as
equipes cirúrgicas a aderir às estratégias preconizadas.
Seguindo essa linha, a OMS criou um checklist que engloba a segurança
do paciente em todo sua passagem pelo bloco cirúrgico, que foca em todo o
processo iniciando pelos procedimentos de identificação, local do procedimento
até a fase pós-operatória.
As etapas podem ser classificadas como recepção/identificação do
paciente, a segunda etapa é constituída por uma pausa cirúrgica, quando se
confirma a presença de todos os profissionais envolvidas no processo cirúrgico,
a terceira e última etapa é a saída do paciente da sala de cirurgia, após o
procedimento (OMS, 2009).
Souza e outros autores (2020), demonstram a importância da mudança
nos paradigmas assistenciais e que esta tem sido discutida dando relevância à
experiência da doença vivida pelo paciente e ao seu envolvimento como uma
prioridade para a segurança no cuidado.
Portanto, a necessidade do envolvimento de enfermeiros na qualidade
da segurança do cuidado tem ganhado enfoque nos últimos anos. Neste
sentido, a triplo finalidade de promover a saúde, reduzir o custo e melhorar a
experiência de cuidado do cliente e do enfermeiro/equipe e,
consequentemente, prestar uma assistência segura, somente poderão ser
contemplados com força de trabalho robusta e vinculada, que encontre
significado na atividade profissional e se empenhe permanentemente em
melhorar a qualidade da assistência de enfermagem (RIBEIRO et al., 2020).
Quando se fala em ações voltadas para a promoção da segurança do
paciente é interessante compreender que a enfermagem perioperatória exerce
um papel importante e complexo. Portanto, uma equipe integrada, que
conversa a mesma oferece uma assistência de qualidade e que oferece menos
risco ao paciente.
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