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Teoria do fato consumado no direito

Segundo essa teoria, as situações jurídicas consolidadas pelo decurso do tempo, amparadas
por decisão judicial, não devem ser desconstituídas, em razão do princípio da segurança
jurídica e da estabilidade das relações sociais (STJ REsp 709.934/RJ).
A Teoria do Fato Consumado é admitida pela jurisprudência?
Trata-se de tema polêmico, que é resolvido de acordo com o caso concreto. No entanto, o STJ
e o STF têm sido cada vez mais restritivos em aceitá-la.

A Teoria do Fato consumado incide apenas em casos excepcionalíssimos, nas quais a inércia
da Administração ou a morosidade do Judiciário deram ensejo a que situações precárias se
consolidassem pelo decurso do tempo.
(STJ AgRg no RMS 34.189/GO, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, julgado em
26/06/2012).

Tal teoria tem valia em hipóteses extremas, de modo a não eternizar liminares indevidas e a
não gerar expectativas de definitividade em juízos proferidos em cognição não exauriente,
apenas em razão da demora do Judiciário.
(STJ EDcl na MC 19.817/SP).

TEORIA DO FATO CONSUMADO NO DIREITO URBANÍSTICO

A teoria do fato consumado no direito urbanístico refere-se à situação na qual uma determinada
obra ou atividade é realizada em desacordo com as normas urbanísticas vigentes, mas, após
certo tempo, não é mais passível de ser revertida ou removida devido à sua consolidação no
ambiente urbano.
Essa teoria reconhece que, em certos casos, as autoridades públicas podem tolerar ou legitimar
situações que inicialmente foram ilegais, devido ao longo período em que essas situações
existem e à dificuldade prática de sua reversão. Ela considera aspectos como a segurança
jurídica, a proteção da confiança legítima dos cidadãos e a preservação do interesse público ao
buscar um equilíbrio entre a legalidade estrita e as realidades urbanas.
No entanto, a aplicação dessa teoria pode variar de acordo com a legislação específica de cada
país ou região, bem como com a jurisprudência dos tribunais. Em alguns casos, pode haver
requisitos específicos que devem ser atendidos para que uma situação seja considerada como
"fato consumado" e, portanto, possa ser regularizada ou tolerada pelas autoridades
competentes.

Jurisprudências
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1983214 SP 2022/0025221-4
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1510485 MS 2015/0005981-2
TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO: AI 483184320228190000 202200266451
STJ - AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL: AgInt no REsp 1885347 RN 2020/0180010-5
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1547246 CE 2015/0194736-6
STJ - AÇÃO RESCISÓRIA: AR 6983 DF 2021/0109068-2
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1389613 MS 2013/0188421-7
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1245516 MS 2011/0038386-9
TJ-SP - : 10009200220158260302 SP 1000920-02.2015.8.26.0302
STJ - AÇÃO RESCISÓRIA: AR 6983 DF 2021/0109068-2

TEORIA DO FATO CONSUMADO NO DIREITO TRIBUTÁRIO

A teoria do fato consumado no direito tributário é um princípio que estabelece que, em certas
circunstâncias, o pagamento indevido ou a ausência de pagamento de tributos por um longo
período pode resultar na prescrição do direito do Estado de exigir o pagamento.
Em outras palavras, se uma pessoa ou empresa pratica uma conduta tributária contrária à lei,
mas essa situação persiste por um período significativo sem que a autoridade fiscal tome
medidas para corrigi-la, o Estado pode perder o direito de cobrar os tributos devidos. Isso pode
ocorrer devido à segurança jurídica, à preservação da estabilidade das relações tributárias e à
impossibilidade prática de revisar retroativamente todas as transações tributárias realizadas no
passado.
Entretanto, a aplicação dessa teoria varia de acordo com a legislação tributária de cada país e
está sujeita a limitações e requisitos específicos, como prazos de prescrição estabelecidos em
lei e a demonstração de boa-fé por parte do contribuinte. Além disso, a jurisprudência dos
tribunais pode influenciar a interpretação e aplicação desse princípio em casos concretos.

Jurisprudências
STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1596978 RJ 2016/0096711-8
TRF-4 - Apelação/Remessa Necessária: APL 50386782620194047100 RS 5038678-
26.2019.4.04.7100
TJ-BA - Apelação: APL 95785220108050250
TJ-GO - APELACAO: APL 3053144820158090082
TJ-BA - Reexame Necessário: REEX 1637560320058050001
TRF-3 - REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL: REOMS 27546120124036114 SP 0002754-
61.2012.4.03.6114
TRF-1 - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CIVEL: EDAC
121413220044013400
TJ-ES - Apelação / Remessa Necessária: APL 14052020118080024
TJ-PR - Apelação / Reexame Necessário: REEX 13664496 PR 1366449-6 (Acórdão)

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