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Teoria e Desenvolvimento Curricular

Introdução e Síntese

Maria Helena Damião da Silva


Última actualização em Setembro de 2018
Aviso

O presente documento – a explorar ao longo do


semestre – constitui um elemento rudimentar de estudo
pelo que, em circunstância alguma, substitui a leitura da
bibliografia indicada.

Os estudantes
podem descarregá-lo para o ambiente de trabalho dos
seus computadores e imprimi-lo mas
não podem divulga-lo, seja de que modo for,
nomeadamente, em redes sociais ou sítios da internet.

Universidade de Coimbra: Maria Helena Damião


“O que deve ser pedido hoje aos educadores?
Não o que diz o discurso e a prática predominantes,
mas o que nos compete (…)?
Que eduquemos.”
João Boavida, 2009.
Sumário

Introdução
1. Antes de mais, clarifiquemos…
2. Origem do currículo escolar
3. O que significa (de facto) currículo escolar?
4. A decisão como exigência do currículo escolar
5. Concepções de educação, concepções de currículo
6. Papel do educador no campo curricular
Síntese
Introdução (tese)

O currículo escolar consubstancia


a função educativa que é imputada à escola.
Essa função NÃO PODE SER desprovida de sentido.
Denotará o sentido atribuído à existência individual
e ao mundo (nas suas mais diversas acepções).
[a consciência da finitude e da brevidade da vida
mas também o ideal de conhecimento do mundo e
de perfectibilidade no e para o mundo]
“Enquanto era preparada a cicuta, Sócrates aprendia uma
ária com a flauta”. “Para que lhe servirá?”, perguntaram-lhe.
“Para aprender esta ária antes de morrer”, disse o filósofo.
I. Calvino (baseado em Cioran). Porquê ler os clássicos?
de Jacques-Louis David, 1787.
La Mort de Socrate

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Ideia de amor mundi
(retomada de Santo Agostinho – 354-430)

Apreço pelo mundo [físico, histórico, humano…], impele-


nos a conhecê-lo, a preservá-lo, a melhorá-lo.
A sua destruição seria a destruição da humanidade.

“A educação é assim o ponto em que decidimos se


amamos suficientemente o mundo para assumir a
responsabilidade por ele (…) [e]
se amamos suficientemente as nossas crianças para não
as expulsar do nosso mundo, deixando-as entregues a si
próprias, para não lhes retirar a possibilidade de realizar
qualquer coisa de novo.” Arendt, 1957/2006, 206.
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1. Antes de mais, clarifiquemos…

- (Ir)relevância da educação

- Educação, instrução e formação


(Ir)relevância da educação
ou as (in)capacidades humanas

Poderemos ser humanos sem educação?

Consideremos duas respostas (entre outras).

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Uma resposta: a pessoa em estado selvagem (sem acesso
à civilização, edificada pela humanidade) não educada por
outrem é (naturalmente) boa ou, então, má.

São as teorias
Inatistas/
maturacionistas
(as primeiras
- optimistas -
falsamente
humanistas)
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É antigo o culto do
“bom selvagem”…

“O selvagem com o
seu credo simples,
é saudável, sereno
e altamente moral,
um ser mais mere-
cedor do que o ho-
mem civilizado que se vê obrigado a ludibriar e a urdir
intrigas para prosperar. Nos finais do século XVIII assiste-
se ao regresso desta esperança utópica.”
Jaques Barzun, 2003, 18
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Implicações para a A partir de interesses e necessida-
educação escolar des próprias, o aluno, independen-
temente da idade, é capaz de iden-
tificar, expressar e construir, de mo-
do autónomo (só e/ou com os pa-
res, por auto-descoberta os seus
próprios saberes
e valores…

Desenhos: Tonucci, 1990


Qualquer intervenção educativa
(externa) redunda em
impossibilidade de aprender de
modo activo e significativo…
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Outra resposta pode ser encontrada nos relatos e es-
tudos sobre os efeitos do abandono e do isolamento.
Existem, desde a Antiguidade, relatos de crianças que
sobreviveram longe do ambiente humano.
Tornaram-se humanas?

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Victor Kaspar
de Hauser
Aveyron (1828)
(1799)

Amala e
Kamala de
Midnapore
(1921)

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Genie
(Mindshock)
(1970 e 1989)

Múltiplos
casos do Leste
da Europa
(anos de
1990)

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“os jovens humanos … se fossem aban-
donados a si próprios (…) poderiam nem
adquirir as competências rudimentares
necessárias à própria existência física…
À medida que aumenta o grau de civili-
zação aumenta o desfasamento entre as
capacidades iniciais dos elementos ima-
J. Dewey
turos e os padrões dos mais velhos (…)
A educação, e apenas a educação, pode resolver o problema.
A necessidade de ensinar e aprender para assegurar a con-
tínua existência de uma sociedade é, de facto, tão óbvia que
pode até parecer que andamos às voltas com uma frase feita.
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“… a existência da sociedade é devida a um processo de
transmissão. É através da comunicação de hábitos de fazer,
construir e sentir, por parte dos mais velhos para os mais
novos que esta transmissão se processa.
Se não acontecer esta comunicação dos ideais, esperanças,
expectativas, padrões e opiniões daqueles que mais depressa
irão desaparecer do grupo dos vivos para aqueles que come-
çam a fazer parte deste, então a vida social não sobrevive (…).
A menos que sejam tomadas medidas de forma a verificar que
se processa uma transmissão genuína e completa, qualquer
grupo, por mais civilizado que seja, regressa à barbárie e se-
guidamente ao estado selvagem…
John Dewey, 1916,
(Democracy and Education. Cap. 1. A educação como uma necessidade da vida).
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“… a educação é uma das actividades
mais elementares e mais necessárias
da sociedade humana a qual não per-
manece nunca tal como é mas antes
se renova sem cessar (…) pela chega-
da de novos seres humanos. Acresce
que [eles] (…) estão ainda em devir.
Assim, a criança (…) apresenta-se ao
educador sob um duplo aspecto: é
um novo ser humano e está a cami-
nho de devir um ser humano (…) é nova em relação a um
mundo que já existia antes dela, que continuará depois da
sua morte e no qual ela deve passar a sua vida (…).”
Hannah Arendt, Entre o passado e o futuro, 1957/2006, 195.
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Em suma, a condição humana (condição de se ser/sermos
humanos que vivem num mundo) decorre da educação
(construção da humanidade que permite construir cada
ser humano no mundo e para o mundo).

Daí o dever de se educar para educar e


o direito de ser educado e de educar (Maia, 2011)

Eis que surge outra pergunta, mais profunda:


Que sentido tem tal dever e tal direito?
Como justificar o esforço se a vida de cada ser é finita?
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Mas não assim:
“Dêem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem constitui-
das e o mundo de que preciso para as educar, e eu garanto
que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei
para se tornar no que eu seleccione: um médico, um comer-
ciante, um advogado e até um pedinte ou ladrão, indepen-
dentemente dos seus ta-
talentos, inclinações, ten-
dências, aptidões, assim
como da profissão e raça
dos seus ancestrais”.
J. Watson (1878-1958)
(Manifesto behaviorista)
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A educação para ser, de facto, educação

concorre em benefício de quem: da pessoa?


da sociedade?
da humanidade?

e concorre em benefício do quê: na pessoa?


na sociedade?
na humanidade?

Diz Arendt: Quem educa é duplamente responsável,


pelos seres que chegam ao mundo e pelo mundo
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Há um longo caminho a percorrer para que
aqueles que estão há menos tempo no mundo,
orientandos por aqueles que estão há mais tempo nele,
cheguem à ideia de Santo Agostinho/Arendt
(e, por certo, nem todos lá cheguem).

“Esta instituição [a
Michel Eyquem de Montaigne

educação] deve
ser conduzida
1533-1592

com uma severa


doçura.”
In Essais, I, p. 239
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EDUCAÇÃO e instrução e formação
A educação foi sendo repartida por várias instituições
que emergiram nas sociedades (família, pares, escola…)

O NOSSO ESTUDO incide apenas e só


na educação que deve ser atribuída à escola
apoiada no CURRÍCULO:
INSTRUÇÃO e FORMAÇÃO
Não esgotam, nem podem esgotar,
o vastíssimo campo da educação
a responsabilidade de educar tem de ser repartida
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A instrução e a formação

- têm por fim último a perfectibilidade humana, por isso são


conduzidas em função de “valores que valem” (o Bem, o
Bom, o Certo, a Justiça, a Verdade…)
- são necessariamente altruístas (não doutrinais);
- assentam no legado civilizacional, actualizado no presente
tendo em vista o futuro;
- são fundamentadas em conhecimento confiável;
- permitem aprendizagens específicas, com a extensão e a
profundidade que só a escola pode facultar;
- requerem a acção de profissionais pois os alunos não che-
gam sozinhos, nem com os pares, nem por “imersão”
(mesmo dispondo de recursos) a essas aprendizagens;
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- têm um carácter formal, estruturado, de modo que os jo-
vens possam aceder ao (à herança) “mundo” (e superá-la);
- por isso são da “esfera pública” não da “esfera privada” e
muito menos da “esfera íntima”;
- logo não se sobrepõem à educação facultada noutros
contextos, sob a responsabilidade de outros educadores;
- não decorrem, espontaneamente, de processos de
maturação ou de interesses particulares dos alunos;
- requerem um trabalho apurado, numa relação (pedagógica)
caracterizada pelo pensamento e acção conjunta;
- Implicam uma relação (duplamente) assimétrica: aluno (cri-
ança, jovem, adulto a educar) e professor (adulto educado);
- visam sempre a autonomia, a emancipação (do educado
em relação ao educador)…
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Em síntese:
Quem tem acesso às novas gerações tem acesso ao futuro,
pode dominar o mundo… Bom, talvez, não seja bem assim…

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2. Origem do currículo escolar

Sabemos, ao certo, quando surgiu e como evoluiu?


O que sabemos?

Sabemos, ao certo, o que significa?


O que sabemos?
Curriculum (latim) significa
pista de corrida, trajectória, viagem, percurso…

Recebe-se o “testemunho” de uns…


e passa-se a outros... para que cheguem mais longe
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Sem esse “testemunho” não seríamos as pessoas que somos.
O currículo (escolar) contribui para Sermos Pessoas…

A Criação de Adão. Fresco de Michelangelo (1511) no tecto da Capela Sistina

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O currículo é uma invenção (extraordinária)
que determinou o início, o
desenvolvimento e a projecção
da Civilização.

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Contudo, é uma invenção simples,
assenta na ideia de transmissão…
(e ampliação) do “testemunho”…
"Se vi mais longe foi por estar de
pé sobre ombros de gigantes.”
Sir Isaac Newton
Carta para Robert Hooke, 15 de Fevereiro de 1676

“Somos como anões aos ombros de gigantes,


pois podemos ver mais coisas do que eles e
mais distantes, não devido à acuidade da nos-
sa vista ou à altura do nosso corpo, mas por-
que somos mantidos e elevados pela estatura
de gigantes.” Bernardo de Chartres, referido
por João de Salisbúria, Metalogicon III, 4 (ed.
Webb, Oxford 1929, p. 136, ls. 23-27).
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É uma invenção que não pode terminar nem ter
interrupções, implicando consciência e persistência
“Ensinar implica (…) o clássico
suplício de Sísifo, na interminá-
vel repetição das matérias, o
regresso ao início depois de
terminado o curso (…). Propo-
nho-lhe este ‘jogo’. Você esco-
lhe a sua música favorita e eu
condeno-o a ouvi-la centenas
de vezes seguidas… Com a di-
ferença de que não é bem uma
bela música a que eu tenho de
ouvir ou de ouvir-me.”
Representação do Mito de Sísifo Vergílio Ferreira, 1991.
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… implicando, igualmente, ousadia, coragem, alegria…

“Mas deixe-me dizer-lhe que tive


prazer em algumas aulas, em
alguns momentos. Em Évora, por
exemplo, dei literatura todos os
anos, e escolhia sempre uma
aula por semana para aquilo a
que chamava paleio, conversa.
Nessa aula, eu falava-lhes de
literatura contemporânea, arte,
levava-lhes álbuns com quadros
de Picasso, Matisse, e era
estupendo...”
Heinrich Friedrich Füger, 1817 Vergílio Ferreira, 2011.
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A expressão dos mitos de Sísifo e Prometeu
na actualidade: o caso do Afeganistão

Ministro da Educação,
Mirwais Balkhi (aqui)

Escola da professora Latifa (aqui)

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Invenção que não pode ser destituída do essencial:

“Um aluno, um professor, um livro e uma caneta


podem mudar o mundo."
Malala Yousafzai, Discurso na ONU, 2013

Vídeo aqui: https://www.youtube.com/watch?v=Fmr9juqRMbA


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Escola de Atenas (representação da Academia de Platão), fresco de Rafael (1509 e 1510)
Ao centro Platão (o Timeu numa mão; aponta com a outra para cima,
para o mundo ideal inteligível) e Aristóteles (a Ética numa mão aponta
com a outra na horizontal, para mundo sensível, terreste).
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Relevo de escola romana.
In: https://cpantiguidade.wordpress.com/2011/04/05/educacao-romana/

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Iluminura do século XIII (Bibliothèque Sainte-Geneviève, Paris, MS 2200, folio 58)

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Quénia: Escola para jovens refugiados Brasil: Escola itinerante do
do sul do Sudão, 1993 Movimento dos Sem Terra

Fotografias de Sebastião Salgado


Publicadas no livro O berço da desigualdade, Unesco, 2005.

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Fotografia de Julian Germain
Escola Primária Al Ishraq, em Akamat Al Me’gab, no distrito de Manakha, Iêmen, 2007
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Fotografia de Sebastião Salgado
Escola no Líbano para crianças palestinas, 1998.
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Fotografia de Natasha Romanzoti Escola do projecto Vittra, Suécia, 2014.
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3. O que significa (de facto) currículo escolar?

Reconhecido como “centro”, “cerne”…

“… centro da acção educativa” (Beyer & Liston, 1996, 15)

De modo mais concreto:

“… cerne de qualquer sistema educativo, na sua qualidade


de proposta de ensino e de aprendizagem para a geração
que percorre esse sistema” (Carrilho Ribeiro, 1992, 89).
Uma definição (inicial) de currículo escolar

Guião
(mais ou menos consciente e explícito)
que acompanha um determinado percurso,
(mais longo ou mais restrito)
de educação escolar.

Esse guião pode assumir múltiplas especificidades

às quais são dadas diferentes denominações…

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Denominações actuais que cabem nessa definição:
.

Currículo
Programa Estas
Metas /Standards denominações
Perfil do aluno esclarecem
Aprendizagens essenciais completamente
Plano, Planificação o conceito de
Projecto currículo?
Directrizes curriculares
Orientações curriculares VEJAMOS
Referenciais
Guiões …
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Uma classificação: Currículo…
- que se determina e que se pratica
- (que se pratica) que se ensina e que se aprende
- expresso, oculto, propositivo
- formal, não formal, informal

Perspectivada quanto a:
Vertente enfatizada Orientação
Enquadramento Momento
Abrangência Suporte
Componente central …
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Diferentes graus de formalização

Currículo que se pratica


Currículo que Currículo que Currículo que
se determina se ensina se aprende

Currículo expresso, oculto, propositivo…

Vertente Orientação
Enquadramento Momento
Abrangência Suporte
Componente central …

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(Currículo que se determina
Currículo expresso - Orientações curriculares
- Directrizes curriculares)
Currículo propositivo

Currículo oculto

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Exemplo: Standards de Matemática

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Exemplo: Documentos curriculares de
educação para a cidadania

ARS NORTE, I.P. | Departamento de


Saúde Pública | PRESSE: Caderno de
Actividades para Alunos 1º Ciclo
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Exemplo: Documento curricular de educação para a cidadania

“Promover comportamentos responsáveis e moderados no


consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens é o objectivo do
Projecto Falar Claro, desenvolvido pela Associação
Portuguesa dos Produtores de Cerveja”.

“… os conteúdos foram elaborados pelo médico psiquiatra e


pedopsiquiatra… validados e certificados pela Direção-
Geral de Educação…

O manual pretende ser uma base de conversas entre pais e


filhos, professores e alunos… alerta para os perigos do
consumo excessivo de álcool intercalando com dicas e
sugestões para abordar o problema de forma mais fácil.
https://www.publico.pt/2016/04/14/sociedade/noticia/produtores-cerveja-apelam-ao-consumo-
responsavel-de-alcool-1728956 https://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=110783

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Vertente(s) valorizada(s) no currículo: evolução
O (amor ao) Saber
A formação do Carácter
O procura de Deus
O aperfeiçoamento da Humanidade
A aquisição de conhecimentos universais
A identidade pátria/nacional/nacionalista
A manifestação de comportamentos funcionais
A preparação para viver na/numa certa sociedade
A descoberta e expressão da pessoa que o aluno é
A competividade a bem da economia/finança global
As competências que se traduzem em “capital humano”…
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Vertente(s) valorizada(s) no currículo no presente
Currículo “centrado”/”baseado”

No conhecimento?
.

Em competências?
Na sociedade/comunidade?
No mercado de trabalho?
No ensino/professor?
No método/actividade? Prestar especial atenção
Na aprendizagem/aluno(s)?

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Enquadramento do currículo

Disciplinar Significado das expressões?

Interdisciplinar
Que enquadramento(s) é(são):
Transdisciplinar
- Mais valorizado(s)
Pluridisciplinar
- Mais desvalorizado(s)
Multidisciplinar

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Abrangência do currículo

Macro Internacional
Nacional

Meso Regional Coerência?


Local
Agrupamento/Escola

Micro Turmas
Grupos
Sujeitos individuais

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Orientação do currículo

Educativa

Profissional

Formativa Qual a tendência?

Vocacional

Deseducativa

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Componente central do currículo
Consoante a orientação teórica
Conteúdos – Tradicional

Objectivos – Behaviorista

Competências – Behaviorista/Construtivista

Actividades (depende do sentido) – Construtivista

Conteúdos e objectivos – Cognitivista


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Momentos curriculares

Pré-acção Antes da acção

Inter-acção Durante a acção Coerência?

Pós-acção Depois da acção

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Suporte do currículo

Escrito

Coerência?
e/ou

Mental

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4. A decisão como exigência do currículo

A neutralidade curricular é uma impossibilidade.


A decisão é uma exigência intrínseca ao currículo

“O currículo é sempre o resultado de uma selecção


(…) Afinal, um currículo busca precisamente modi-
ficar as pessoas que vão seguir aquele currículo.”
Tomaz Tadeu da Silva, 2000, 13-14.
Decisões curriculares LEGITIMIDADE,
por princípio,
O que “o outro” deve passar
(apenas e só)
a pensar, a sentir, a fazer.
as que dizem
respeito à escola
(a sua acção
RESPONSABILIDADE - pessoa não deve
- sociedade sobrepor-se à
- humanidade acção de outras
instituições
(Pelo passado, presente, e futuro)
educativas.
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Porquê? CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Fundamentos Pressupostos/
Princípios/
(Teoria curricular)
Concepções/
Ideias/
Razões

PEDAGOGIA
Como?
Práticas
Técnicas
(Desenvolvimento curricular) (Quintana Cabanas)

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Concepções de educação, concepções de currículo

O que significa “concepção”


Que concepção(ões) de educa-
ção se destaca(m) na história?
Quem a(s) veicula?
Apresenta(m)-se estável(eis)
ou vai(vão)-se alterando?
Como se traduzem na acção?
(Algumas) dificuldades no estudo das concepções que,
na actualidade, fundamentam os currículos

São variadíssimas, não é possível dizer quantas…


Não estão perfeitamente delimitadas: interligam-se/
misturam-se/confundem-se…
Não se apresentam, em geral, de modo claro, lógico,
inequívoco, informado
Organizam-se em antinomias/formas antagónicas que
convivem no tempo e no espaço
Provocaram discussões e impasses…

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Exercício de aplicação. Atentemos em dois textos:

- Qual a data de publicação de ambos?


- Veiculam a(s) mesma(s) concepção(ões) de educação?
- Isto o que significa?
- Que concepção ou concepções de educação veicula o
primeiro texto? E o segundo?
- Como será um currículo construído com base nas
concepções de educação veiculadas no primeiro texto?
E no segundo texto?
O QUE PODEMOS CONCLUIR?
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“Com vista a construírem progressivamente os seus conhecimentos,
as crianças deverão ter oportunidade de manipular, explorar, iniciar e
escolher (…). O papel do professor é, muitas vezes, o de uma fonte de
recurso que dá uma ajuda e não tanto um orientador. Não queremos
dizer com isto que a orientação do professor nunca é oportuna; quere-
mos apenas salientar o papel crucial que a auto determinação desem-
penha no crescimento e na aprendizagem…”
Williams, Rockwell e Sherwood, 2003, 31.
“… o conhecimento deve ser transmitido (responsabilidade das gera-
ções adultas) e tem que ser assimilado (responsabilidade das novas ge-
rações): eis aqui o papel da escola. Os jovens têm de estudar, têm de
cumprir os ritos e com a disciplina do trabalho conceptual. Fraco favor
lhes fazemos quando supomos que o saber se constrói a partir da inter-
acção com o meio, como se o saber brotasse por mágica, ludicamente,
sem o esforço de aprender e de apreender o que outros que nos prece-
deram foram construindo, implantando, descartando, interrogando…”
Núñez, 2003, 27.
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Do confronto:
- A aprendizagem escolar (acção dos alunos) é ou não
mais relevante do que o ensino (acção dos professores)?
- O aluno é ou não autónomo, possui capacidade de
autodeterminação? É ou não capaz de descobrir/
construir o seu próprio conhecimento?
- O professor deve ensinar, instruir ou conduzir, orientar,
guiar os alunos/cada aluno?
- A aprendizagem escolar deve ou não ser lúdica?
- Etc, etc, etc.

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Em esquema: tais concepções (que não é possível
identificar inequivocamente) formam antinomias…
Pólo A OU Pólo B
A educação emerge, A educação é imposta,
de “dentro”, do aprendiz de “fora”, ao aprendiz

LEITURA (MUITO) CRÍTICA


Afirmadas como Afirmadas como
“pedagógicas” “anti-pedagógicas”
Conotação: Conotação
Política: Esquerda Política: Centro-direita/
Social: Politica- Neo-liberal
mente correcta Social: Politica-
mente incorrecta
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E, são diversamente (e, com frequência, erradamente)
designadas…
Pólo A Pólo B
Rousseauneanas Positivistas
Românticas Racionalistas
Progressistas Tradicionais
Libertárias Reducionistas
Humanistas Tecnicistas
Optimistas Pessimistas
Construtivistas Behavioristas
… …
ATITUDE: Adesão incondicional a um (A ou B)
e rejeição inflamada de outro (A ou B)
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Concretizemos (um):
O currículo deve ser estruturado a partir do quotidiano real,
concreto dos alunos, preparando-os para esse quotidiano
OU a partir do conhecimento “poderoso”, que lhes faculta o
acesso a um mundo desconhecido e à abstracção?

http://escolacriacao1.blogspot.pt/2013/12/show-de-talentos_6.html

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Concretizemos (dois):
O currículo deve apostar na compreensão, na criatividade
OU na memorização?

http://escolascriativas.blogspot.pt/p/projetos-integrados.html

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Concretizemos (três):
O currículo deve proporcionar uma aprendizagem lúdica,
“activa e significativa” OU formal “passiva e reprodutiva”?

Imagem disponível aqui Imagem disponível aqui

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Concretizemos (quatro):
O aluno é autónomo, consegue orientar-se e construir o seu
próprio conhecimento OU , com o ensino (do professor), ad-
quirirá conhecimento e tornar-se-á autonomo no seu uso?

Imagem disponível aqui


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Que ponderação é preciso fazer dessas concepções?

Origem?

Pólo A: Pólo B:
Validade?

Implicações?

Que decisões devemos tomar,


com base em conhecimento válido?
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6. Papel do educador/professor no campo
curricular

George Steiner, afinal


carteiro (que, orientado por
um guião/currículo) levava
“cartas” (testemunhos)
a alguém (para que outras
possam ser escritas)…
“Acabam de colocar um retrato meu na Universidade de Lon-
dres, um retrato que, a meu pedido, ficou com o nome de Il
Postino. Conhece o filme acerca de Neruda, Il Postino [O
Carteiro de Pablo Neruda]? Define-me em absoluto. Eu sou o
postino: trago as cartas dos grandes escritores e é preciso
colocá-las nas caixas certas (…). Quando se explica aos no-
vos alunos da Universidade de Londres por que razão existe
um quadro deste senhor, eles acham todos que Il Postino é o
meu nome. Ao que eu digo: «Não expliquem, deixem-nos
pensar assim.» É um grande privilégio, cuja coroação é a
vossa presença aqui. É maravilhoso poder levar cartas!(…) É
isto ser professor. O bom professor abre livros aos outros,
abre momentos aos outros.”
In Ler, Livros & Leitores, páginas 47 e 52 (Tradução do francês de Joana Jacinto).
In O Dia do Encontro. https://www.youtube.com/watch?v=4krgSx7TXxM (minuto 48.45 e seguintes)

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Ao educador/professor cabe, pois, instruir e formar.

Assim, tem de ser reconhecido e de se reconhecer


como adulto (bem) educado (saber e carácter) isto é

como profissional intelectual,


capacitado (capaz de se capacitar)
para, de modo autónomo,
tomar decisões curriculares legítimas
e para agir em conformidade,
na plena consciência da sua responsabilidade.
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Isso mesmo está estabelecido na Lei
________________________________________________________________________________________________________________________

“… assume-se como um profissional de educação,


com a função específica de ensinar,
pelo que recorre ao saber próprio da profissão,
apoiado na investigação e
na reflexão partilhada da prática educativa e
enquadrado em orientações de política educativa
para cuja definição contribui activamente.”
Decreto-Lei n.º 240/2001 de 30 de Agosto
Perfis Gerais de Desempenho Profissional
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Como profissional intelectual

“O ensino é, por excelência, uma profissão intelectual,


não estou a dizer que todos os professores sejam
intelectuais, estou a dizer que o ensino é uma profissão
intelectual, os professores têm de ter autonomia, não
podem ser permanentemente vigiados, controlados,
terem de justificar cada coisa que fazem.”

Raquel Varela (historiadora)


(programa de televisão O último apaga a luz, 8/6/2018)

Universidade de Coimbra: Maria Helena Damião


Logo, autónomo…
(...) não significa dizer aos professores o que devem fazer (…)
Trata-se de os capacitar, liberando-os de governos, ministros e
funcionários que muitas vezes são muito rápidos a emitir
orientações com base nas suas ideias, que acreditam serem
excelentes. (...) Ninguém do governo deve dizer aos médicos o
que eles devem prescrever, mas esperamos que os médicos
sejam capazes de tomar decisões informadas usando as melho-
res e mais recentes evidências disponíveis sobre a eficácia de
certos tratamentos. Eu acho que os professores podem estar na
mesma posição (...) A crença implícita é que um método novo e
caro é necessariamente melhor (…) métodos são usados para
reduzir o absentísmo, ensinar matemática, reduzir gravidez na
adolescência e um monte de outras coisas mas não há
evidências sólidas para afirmar se são benéficos” (aqui)
Universidade de Coimbra: Maria Helena Damião
… sério, honesto…

“Ensinar com seriedade é lidar no que exis-


te de mais vital num ser humano. É procu-
rar acesso ao âmago da integridade de uma
uma criança ou de um adulto. Um Mestre
invade e pode devastar de modo a purificar
e a reconstruir. O mau ensino (…) esse tipo
de instrução que, conscientemente ou não, é cínico nos seus
objectivos puramente utilitários, é ruinoso (…) é, quase
literalmente, criminoso, e metafóricamente um pecado´(…)
[É o] “antiensino” [e os professores] “amigáveis coveiros”.
George Steiner, As lições dos Mestres 2004, 25.
… responsável

“Quem pretende educar converte-se, de certo modo,


em responsável pelo mundo (…), como muito bem
assinalou Hannah Arendt, se lhe repugna esta
responsabilidade, mais vale que se dedique a outra
coisa e que não estorve.”
Fernando Savater, 1997.
(Múltiplas) ameaças a este conceito de profissional:

Política internacional e nacional

Entidades produtoras de “materiais escolares”

Robotização
Parte da (solução):
Ideologia social

… FORMAÇÃO

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Política internacional e nacional
“Conselho Nacional de Educação recomenda que se ouçam os alu-
nos, que tão esquecidos são, e se escute cuidadosamente o muito
que têm para dizer e sugerir, em liberdade, em ordem à melhoria
dos processos de ensino e de aprendizagem” (CNE, 2016, 18 - aqui)
No âmbito da discussão pública Currículo para o Século XXI, o Minis-
tério da Educação, através da Direcção-Geral da Educação, auscul-
tou as opiniões dos alunos (aqui).
"Nós é que estamos dentro do siste-
ma agora, por isso nós é que sabe-
mos (…) visto que os decisores já não
estão lá há algum tempo, não é?“
"Para a OCDE, os alunos não só têm
razão como estão a apontar a direção
certa aos decisores (aqui).
Universidade de Coimbra: Maria Helena Damião
Entidades produtoras de “materiais escolares”
São cada vez mais entidades [Editoras de manuais escola-
res e de recursos informáticos, outras empresas da mais
variada natureza, associações e fundações diversas, equi-
pas e centros de investigação, Ministério da Educação…] a
"oferecerem" cada vez mais documentos, recursos, mate-
riais… aos educadores/ professores(guiões, manuais, refe-
renciais, planificações, estratégias, actividades, testes...
“O portal RTP Ensina apresenta um conjunto de recursos - para
alunos e professores - que podem contribuir para a educação
para a cidadania (…) Na área de cidadania deste portal recupe-
ramos alguns desses documentos com o objetivo de ajudar a
cumprir as metas dessa disciplina” (aqui)
Robotização
Ao longo da próxima década os professo-
res serão substituídos por robots. O seu
trabalho será de bastidores (ajustar equi-
pamentos, pugnar pela disciplina e dar
apoio pontual a alunos). As máquinas «in-
teligentes», escrupulosamente programa-
das, serão inspiradoras, não cometerão
falhas nos conteúdos, usarão abordagens pedagógicas efica-
zes, desafiarão os alunos, serão pacientes com eles e reforça-
los-ão no momento certo. Também se adaptarão às suas par-
ticulardades, proporcionando-lhes um progresso individua-
lizado. "Estou desesperadamente triste por isso, mas tenho
medo de estar certo.” Sir Anthony Seldon, 2017.
Ideologia social
“A professora é um último recurso já que a ideia é que os estu-
dantes sejam capazes de tirar dúvidas uns aos outros, num traba-
lho colaborativo feito a partir de casa.” Professora, 2017 (aqui)

“… não temos de estar sentados a olhar para uma pessoa a falar


durante 45 minutos. Estamos à procura das coisas e aprendemos
por nós”. Aluno do 8.º ano, 2016 (aqui).
O papel do professor tem de mudar (…) O conhecimento é um
produto, é gratuito está em qualquer dispositivo com acesso à
internet. Não é preciso uma escola ou um professor para adquirir
conhecimento. Economista (aqui)

As escolas do futuro já estão aí. O professor perde protagonismo.


Jornalistas, 2017 (aqui)
A formação inicial é a que confere habilitação profissional
para a docência no respectivo nível de educação ou de ensino
(…) visa dotar os candidatos à profissão das competências e
conhecimentos científicos, técnicos e pedagógicos de base
para o desempenho profissional da prática docente (Estatuto
da Carreira Docente, D-Lei n.º 41/2012, Artigo 13.º)

Componentes dos
- Área de docência
ciclos de estudos Área
que a conferem - Área educacional geral
(Regime Jurídico - Didácticas específicas cultural,
de Habilitação social e
para a Docência,
- Iniciação à prática profissional ética
D-Lei n.º 79/2014.
Artigo 7º) Prática ensino supervisionada
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Síntese

“Há ideias confusas sobre o modo


como se educa actualmente.”
Aristóteles (384 aC -322 aC) in Política VIII

“No nosso tempo há três teorias diver-


gentes sobre a educação, todas elas
com os seus defensores.”
Sir Bertrand Russell, Matemático/Prémio Nobel da
Literatura: 1872-1972) in Educação e Sociedade
“Tratar a maneira de elevar e educar as crianças parece
ser a coisa mais importante e mais difícil de toda a
ciência humana.“
Michel de Montaigne, Ensaios, 1580, Livro 1, Capítulo XXV

"É no problema da educação que


assenta o grande segredo do
aperfeiçoamento da humanidade
(…). Daí que a educação seja o
maior e mais difícil problema que
pode ser confiado ao homem.”
Immanuel Kant, Sobre a pedagogia, 1776.
(1724-1804)
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Para consolidar…

Depois de ter estudado e ponde-


rado devidamente concepções
de currículo escolar, explique o
sentido da ilustração da capa do
livro que é reproduzida ao lado,
para explicitar um significado ra-
zoável. Comente, de seguida, a frase que se segue, des-
tacando a função do educador/professor no currículo.
“ou a natureza foi madrasta para nós (…) ou esta é a condição
de possibilidade de sermos o que somos, fazendo-nos: seres
humanos, tendo de receber e de fazer por cultura o que a
natureza não nos deu. Nascemos com uma abertura ilimitada
de possibilidades, podendo inovar, criar e inventar, e crescer,
de tal modo que, se Platão, por exemplo, cá voltasse, encon-
traria os outros animais como os deixou, mas teria dificuldade
em adaptar-se à nova sociedade que entretanto os humanos
criaram. Cá está: tendo nascido por fazer, a nossa missão é,
fazendo o que fazemos nas mais variadas funções e activida-
des, fazermo-nos a nós próprios, uns com os outros, evidente-
mente (…). Uma vez que somos livres - possuímo-nos a nós
próprios, somos donos de nós e das nossas acções -, é bom,
decisivo, que nos façamos bem, como obra de arte.”
Anselmo Borges, 2016. Deus, Religiões, (In)felicidade, Gradiva, pág. 223.
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