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Lairson Costa
Jair Melo
1 INTRODUÇÃO
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Interessam-me neste trabalho os topoi que, segundo Ducrot (apud Moura, 1998, p. 4), “são fontes de
discurso, e não como o terceiro termo, como a garantia que assegura e valida a passagem de uma ideia à
outra ideia, de um argumento a uma conclusão. [...], pois no início da teoria dos topoi havia a tendência
(uma tendência equivocada) de apresentar o topos como um princípio inferencial [...]”.
desta contribuição, entre outros, é o trabalho de Elenice Maris Larroza Andersen, que
mostra como a polifonia de Ducrot pode, como afirma Barbisan ( ), ajudar alunos a
identificarem “a presença do tu no discurso do eu e, pelo trabalho de reescritura em
sala de aula, ensine-os a produzir textos”.
Como nosso trabalho se enquadra principalmente como revisão bibliográfica,
utilizamos como metodologia a leitura de obras que consideramos mais importantes
para explicar os conceitos-chave para este artigo, bem como selecionamos como corpus
os excertos do artigo de opinião de autoria de Marina Andrade: O viés da burrice ou
uma questão de deboche, publicado no jornal Ultrajano a fim de, por meio dos
conceitos escolhidos, fazermos breve análise. Ainda como estratégia metodológica,
apresentamos o percurso feito por Ducrot e colaboradores para construir essa teoria que
orienta o desenvolvimento das pesquisas em Semântica Argumentativa, com ênfase
naqueles que dizem respeito ao recorte feito neste trabalho: polifonia, argumentação,
encadeamento argumentativo, topoi e TBS. Por isto, não obedeceremos linearmente à
sequência cronológica destes percursos. Consideraremos na análise do artigo “O viés...”
o enunciado e seus constituintes: locutor os enunciadores – a argumentação pelo viés da
polifonia do enunciado –, os encadeamentos argumentativos, bem como os operadores
argumentativos que marcam a polifonia, uma vez que o objetivo deste artigo é
apresentar como se dá o processo de construção de sentidos na língua instaurados no
discurso por meio da polifonia e da argumentação.
Dada a proposta deste trabalho, o de servir apenas como avaliação de
conclusão de disciplina, limitar-nos-emos a tecer breves comentários sobre os percursos
teóricos que permitiram a Ducrot e parceiros chegarem à formulação de seu construto
teórico.
SEÇÕES A APRESENTAR
ARGUMENTAÇÃO EM DUCROT
B: Vamos passear
No exemplo (a), o argumento “Faz calor” pode ser interpretado como algo bom
como algo positivo que lhe permite passear, mas no exemplo (b) o argumento “Faz
calor” é entendido como algo desagradável que não me permite passear. Se pensarmos
não em termos semânticos, mas em termos pragmáticos, o segmento “Faz calor, vamos
passear” numa região fria, faz todo sentido, mas o mesmo segmento dito no contexto da
realidade de regiões muito quentes já não faz tanto sentido. Para Ducrot, fazer essa
relação do fato com a conclusão é extremamente complexo porque as palavras não têm
sentido isoladamente sem a relação dela com outras palavras.
A língua, nesse caso, está restrita a fornecer conectores como logo, então etc.
Ex.: Faz calor, logo vamos passear. Ex.: faz calor, mas não vamos passear. Então o
papel da língua seria fornecer os elementos conectores que fazem a relação entre o fato
e a conclusão. Nessa perspectiva, a língua desempenha um papel muito reduzido na
argumentação, porque, em sua essência, a argumentação estaria fora da língua
Ducrot faz uma crítica à concepção retórica de argumentação, para o autor, a
Retórica ocupa-se dos fatos, dos valores, dos Topoi, das crenças, em suma, de todos os
elementos que levam à argumentação, portanto à determinada conclusão, e não à língua
em si. Para o autor, a conclusão não se explica por intermédio do fato, mas também pela
própria forma linguística. Ducrot começa a analisar determinados enunciados que se
referem ao mesmo fato, mas que levam a conclusões contrárias, diferentes, no mesmo
contexto.
Exemplo:
O sentido é essa significação e essa direção, por isso não podemos separar
sentido de argumentação. O sentido tem a ver com direção nessa perspectiva, logo a
argumentação está ligada ao sentido estrito do enunciado, mas também à direção que
esse enunciado dá em um determinado discurso. Para teoria da argumentação na língua,
frase e anunciado não são a mesma coisa, sentido e significação também não são a
mesma coisa.
Conceitos Básicos.
Enunciados são manifestações na frase, eles são observáveis, porque são fruto
de uma interação ou de uma enunciação. É uma das muitas realizações de uma frase da
língua. Exemplos como Neomízio trabalhou pouco e Neomízio trabalhou um pouco são
enunciados, porque são produzidos por sujeitos em um determinado contexto de uso de
língua.
Ducrot faz uma distinção entre segmento e enunciado. Para o autor, segmento é
a parte de um enunciado. No exemplo: “Faz calor lá for, vamos passear”, temos um
único enunciado composto por dois segmentos, porque a noção de calor está relacionada
com a noção de passeio, e a noção e passeio está relacionada com a noção de calor,
portanto eles não são enunciados diferentes. Como toda descrição é dada pela relação
entre os elementos linguísticos, se há um bloco de elementos linguísticos que tem um
sentido único então esse bloco vai ser um enunciado.
Texto é um discurso que pode ser objeto de uma única escolha, e cujo fim, por
exemplo, já é previsto pelo autor no momento em que redige o seu começo.
Para concluir..
TBS
ANÁLISE DO TEXTO O “VIÉS DA BURRICE...”
Bibliografia consultada