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Rev. Bras. Cartogr, vol. x, n. x, aaaa DOI: http://dx.doi.org/10.

14393/rbcvxxnx-xxxx

Revista Brasileira de Cartografia


ISSN 1808-0936 | https://doi.org/10.14393/revbrascartogr
Sociedade Brasileira de Cartografia, Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto

Análise Estatística do Posicionamento Por Ponto Preciso – PPP de Estações da Rede


de Monitoramento Preciso – RBMC para diferentes intervalos de tempo de rastreios
GNSS
Statistical Analysis of Positioning by Precise Point – PPP of Stations of the Precise
Monitoring Network – RBMC for different time intervals of GNSS tracking
Samuel Tarso da Silva 1

1 Universidade
Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Agricultura de Precisão e Informações Geoespaciais, Monte
Carmelo-MG, Brasil. samueltarso@ufu.br

Recebido: mm.aaaa | Aceito: mm.aaaa

Resumo: O presente trabalho analisou e comparou os resultados obtidos dos processamentos de dados GNSS das
estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL. Foram utilizados os serviços online IBGE-PPP (Posicionamento por Ponto
Preciso) e do NRCan (Geodetic Survey Division of Natural Resources of Canada) para diferentes intervalos de tempo
(5min, 15min, 30min, 2h e 24h) para a mesma época de observações das estações BRAZ, CRAT, CUIB, POAL da
Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) vinculada ao Sistema Geodésico Brasileiro (SBG). Para fins de
comparações foram analisados os dados das coordenadas oficiais de pontos pertencentes a uma rede geodésica,
publicadas por órgãos competentes, de forma que se tenha um parâmetro ideal de comparação com as coordenadas
fornecidas pelos relatórios do IGBE-PPP. Os valores obtidos para intervalos de tempos superiores a 30 min,
mostraram-se satisfatórios na casa dos poucos centímetros. Em relação às edições de 2h de rastreios, apresentaram
resultados na casa dos poucos centímetros/milímetros com aplicabilidade para trabalhos que requeiram precisões
geodésicas. Neste sentido, o PPP demostra-se ser uma solução viável e confiável para processamentos geodésicos que
necessitam rapidez com precisão e acurácia.
.
Palavras-chave: IBGE, PPP, RBMC.

Abstract: The present work analyzed and compared the results obtained from the processing of GNSS data from
BRAZ, CRAT, CUIB and POAL stations. The online services IBGE-PPP (Accurate Point Positioning) and NRCan
(Geodetic Survey Division of Natural Resources of Canada) were used for different time intervals (5min, 15min,
30min, 2h and 24h) for the same period of observation of the BRAZ, CRAT, CUIB, POAL stations of the Brazilian
Continuous Monitoring Network (RBMC) linked to the Brazilian Geodetic System (SBG). For comparison purposes,
data from official coordinates of points belonging to a geodetic network, published by competent bodies, were
analyzed, in order to have an ideal parameter for comparison with the coordinates provided by the IGBE-PPP reports.
The values obtained for time intervals greater than 30 min, proved to be satisfactory in the few centimeters range.
Regarding the 2h editions of surveys, they presented results in the range of a few centimeters/millimeters with
applicability for works that require geodetic precision. In this sense, PPP proves to be a viable and reliable solution
for geodetic processing that needs speed with precision and accuracy.
Keywords: IBGE, PPP, RBMC.

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1 INTRODUÇÃO

Com a advento de novas tecnologias de posicionamento baseadas em satélites artificiais GNSS (Global
Navigation Satellite System) o conhecimento de fenômenos e eventos geodinâmicos passaram a ser realizados
de forma mais rápida, precisa e econômica.
À medida que as técnicas de posicionamento evoluem, diversas aplicações em tempo real como o Real
Time Kinect (RTK) e receptores GNSS pós-processados tem surgido, consequentemente, o volume da
produção de dados geodésicos a serem processados exige a dinâmica de um tempo menor para a resposta, isto
é, acurácia e precisão, tornando destaque os serviços PPP on line e gratuitos, pois apresentam a praticidade e
resultados na ordem dos milímetros.
Dentre os serviços disponíveis destacam-se o CSRS-PPP oferecido pelo NRCan (Natural Resources
Canada), o serviço australiano AUPOS (Online GPS Processing Service) e do IBGE-PPP.
Nas aplicações geodésicas por meio de receptores GNSS está implícita a utilização do método relativo,
ou seja, ao menos uma estação de coordenadas conhecidas é também ocupada simultaneamente à ocupação
dos pontos desejados.
Desta forma, a RBMC (Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo Sistema) é uma rede geodésica
de referência ativa e pertencente ao SGB (Sistema Geodésico Brasileiro), permitindo-se aos usuários a
ocupação somente de um único ponto de interesse para rastreios GNSS.
Para tanto, será utilizado o software open source TEQC (Translate, Edit, Quality Check) desenvolvido
pela UNAVCO (University NAVSTAR Consortium) que permite manipular tanto os dados GPS (Global
Position Satellite), GLONAS (Global NAvigational Satellite System) ou TRANSIT (NNSS – Navy Navigation
Satellite System).
Neste contexto, tem-se por objetivo avaliar as discrepâncias obtidas a partir de diferentes tempos de
rastreios utilizando o serviço IBGE-PPP on-line, com base em quatro Estações RBMC e os valores obtidos
para a ondulação geoidal e anomalia de altura.

1.1 Objetivo

Tem-se por objetivo avaliar as discrepâncias e análise estatísticas obtidas em diferentes intervalos de
tempo (5 min, 15 min, 30 min, 2 h e 24 h) das estações RBMC BRAZ, CRAT, CUIB e POAL, também será
analisado os valores da anomalia de altura e ondulação geoidal.

2 REDE BRASILEIRA DE MONITORAMENTO CONTÍNUO

A implementação da RBMC foi inicializada em dezembro de 1996, desde a sua materialização tem
exercido papel fundamental para a manutenção e atualização da rede geodésica, além disso foi a primeira rede
ativa a ser estabelecida no continente sul-americano (COSTA et al.; 2008). Além disso, a RBMC como
estrutura geodésica é considerada a mais precisa do nosso território e fornece tanto informações para as
comunidades científica e prática, desta forma, permitiu-se aos usuários a conexão ao Sistema Geodésico
Brasileiro (SGB), consequentemente, vinculação às estruturas geodésicas internacionais americana (COSTA
et al.; 2008).

2.1 Posicionamento por Ponto Preciso

O Posicionamento por Ponto Preciso se tornou uma ferramenta válida para aplicações geodésicas e
geodinâmicas de forma prática em projetos de engenharia e geociências no âmbito de monitorar fenômenos
geofísicos e posicional de controle geodésico que necessitam acurácia ao nível centimétrico ou milimétrico. O
método PPP é classificado por posicionamento absoluto, pois requer o uso somente de um receptor GNSS,
diferentemente do posicionamento relativo que necessita de outro receptor e fica limitado a distâncias entre
rover e base, tornando-se atrativo e prático na execução de levantamentos geodésicos (ALVES, et al.; 2011).
Para tanto, o método PPP exige o uso de efemérides (memorial diário das informações dos dados),

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órbitas (posição) precisas e correções para os erros do relógio (tempo) existente nos satélites, por este motivo
uma fonte independente deve ter a função de disponibilizar estes parâmetros aos usuários, e atualmente quem
realiza esta função, por exemplo a IGS (International GNSS Service) (IGS, 2020).
De acordo com o manual do usuário, o método IBGE-PPP utiliza os arquivos disponibilizados pelo
sistema canadense NRCan, ambos sistemas possuem órbitas caracterizadas como precisas e estão classificadas
em três categorias, como descritas no Quadro 1(IBGE, 2020):
Quadro 1 – Disponibilidade dos Produtos NRCan.
Produto NRCan
Órbitas/Intervalo Relógios/Intervalo Constelação Quando o IBGE-PPP irá utilizar? Precisão da órbita
GPS (1h) e a partir de 1h30m-2h30m após o fim do
Ultra-Rápida (EMU) EMU
GPS+ rastreio até a disponibilidade das órbitas ± 15 cm
15 minutos 30 segundos
GLONASS (3h) EMR
Rápida (EMU) EMR GPS e a partir de 12-36 horas após o fim do rastreio
± 5 cm
15 minutos 30 segundos GLONASS até a disponibilidade das órbitas EMF
Final (EMU) EMF GPS e
a partir de 11-17 dias após o fim do rastreio ± 2 cm
15 minutos 30 segundos GLONASS
Fonte: IBGE (2020).

2.2 Serviços de PPP on-line

O IBGE-PPP (Posicionamento por Ponto Preciso ou Posicionamento Absoluto Preciso) é um serviço


gratuito on-line para o pós-processamento de dados GNSS (Global Navigation Satellite System). No entanto,
existem outras plataformas de processamento PPP on-line disponibilizados por diversas instituições no mundo
como é o caso do serviço denominado CSRS-PPP (GPS Precise Point Positioning) do NRCan (Natural
Resources of Canada) e da plataforma australiana de processamento AUPOS (Online GPS Processing Service)
O serviço IBGE-PPP faz uso do software GPSPACE desenvolvido pelo CGS (Canadian Geodetic
Survey) do NRCan permitindo aos usuários de GNNS obterem coordenadas precisas no Sistema de Referência
Geocêntrico para as Américas (SIRGAS2000) e no International Terrestrial Reference Frame (ITRF) (IBGE,
2020). O IBGE-PPP processa dados de receptores mono (L1) ou dupla frequência (L2/L5) por meio de rastreio
cinemático ou estático e seus relatórios são aceitos em processos de certificações de imóveis rurais juntamente
ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) (INCRA, 2013).
O usuário insere no próprio site do IBGE os arquivos de observação no formato RINEX (Receiver
Independent Exchange Format) ou HATANAKA, o método de levantamento estático ou cinemático, modelo
de receptor, a altura da antena do receptor e um e-mail válido para receber os dados processados. De posso das
informações e arquivos inseridos e informados pelo o usuário, o servidor processa os dados brutos por meio
do sistema CSRS-PPP, responsável por selecionar quais atributos serão necessários em cada processamento,
tais como: as órbitas precisas, mapas de ionosfera, relógio dos satélites, orientação terrestre, conforme
demonstrado na Figura 1.

Figura 1– Diagrama das etapas de processamento dos arquivos inseridos na plataforma on-line IBGE-PPP.

Fonte: Adaptado do IBGE (2020).


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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Para o presente trabalho, foram utilizados os processamentos de dados GNSS de quatro estações da
RBMC que compõem o SIRGAS (SIRGAS, 2010), localizadas em diferentes latitudes (φ) e longitudes (λ),
como apresentados na Figura 3.
Figura 2 – Estações da Rede de Monitoramento Contínuo GNSS - RBMC utilizadas.

Fonte: O autor (2021).


O período de observação foram todos do mesmo dia 27/07/2019, processados com modo estático,
mascará de elevação de 10º, taxa de gravação de 15 segundos, frequência processada L3 e com órbitas dos
satélites FINAL. A Tabela 3 resume as informações dos nomes de cada estação RBMC, identificação da
estação (IE), código SAT, modelo de receptor GNSS e frequência, modelo da Antena, DOY (Day Of Year) e
semana GPS.

Tabela 2 – Estações da RBMC, Identificação da Estação, Código SAT, DOY (Dia do ano) e Semana GPS.
Nome da Estação Identificação da Estação - IE Código SAT GPS L3 Modelo da Antena DOY Semana GPS
BRASÍLIA BRAZ 91200 TRIMBLE TRM57971.00 NONE 208 2063
CRATO CRAT 92300 TRIMBLE TRM55971.00 NONE 208 2063
CUIABÁ CUIB 92583 TRIMBLE TRM59800.00 NONE 208 2063
PORTO ALEGRE POAL 91850 TRIMBLE TRM115000.00 NONE 208 2063
Fonte: O autor (2021)

3.2 Metodologia

Foram utilizados os serviços online IBGE-PPP (Posicionamento por Ponto Preciso) e do NRCan
(Geodetic Survey Division of Natural Resources of Canada) para diferentes intervalos de tempo (5min, 15min,
30min, 2h e 24h) para a mesma época de observações das estações BRAZ, CRAT, CUIB, POAL da Rede
Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) vinculada ao Sistema Geodésico Brasileiro (SBG).

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Os arquivos RINEX foram editados no software TEQC, e para cada estação RBMC foram gerados 5
arquivos com 5 min, 15 min, 30 min, 2h e 24h, totalizando 20 arquivos RINEX, com início às 00:00 UTC
(Universal Coordinated Time).
Após a edição dos arquivos de observáveis em diferentes seções de tempo: 5min, 15min, 30min, 2h e
24h, efetuou-se o processamento, separadamente, de cada intervalo de tempo no serviço online do IBGE-PPP.
Desta forma, a partir da etapa anterior supracitada, calculou-se a discrepância entre as coordenadas
UTM oficiais presentes nos relatórios de cada Estação RBMC e as obtidas por meio do serviço on line IBGE-
PPP, conforme as formulações algébricas e denominadas por Equação (1), Equação (2) e Equação (3):

Ei = EPPP ,i − EIBGE ,i (1)

N i = N PPP ,i − N IBGE ,i (2)

hi = hPPP ,i − hIBGE ,i (3)

em que: Ei, Ni, hi: componente posicional de cada estação pertencente à RBMC do IBGE para cada dia
do ano; ER, NR, hR: são coordenadas de referência do relatório da estação RBMC; ΔEi, ΔNi, Δhi: discrepâncias
das componentes posicionais (E, N, h).
Com os valores obtidos pelas expressões Equação (1) e Equação (2), efetuou-se o cálculo do Erro
Planimétrico (EP), segundo a FGDC (1998) o Erro Planimétrico (EP) para uma estação RBMC é obtido pela
Equação (4):
EP = ( E −E ) 2 + (N −N )2 (4)
PPP ,i IGBE ,i PPP ,i IGBE ,i

onde temos: EPPP,i , NPPP,i: são coordenadas da estação RBMC e processados por meio de PPP; EIBGE,i,
NIBGE,i: são coordenadas de referência do relatório da estação RBMC; i: é um número inteiro que varia de 1 a
n.
Após as etapas mencionadas anteriormente, a partir das coordenadas de referências das estações
RBMC BRAZ, CRAT, CUIB e POAL verificou-se a acurácia planimétrica por meio do Erro Quadrático Médio
das componentes E (EQME) e N (EQMN), expressa matematicamente por Equação (5) e Equação (6):

( EPPP ,i − EIGBE ,i )2 (5)


EQM E =  n

(N PPP ,i − N IGBE ,i ) 2 (6)


EQM N =  n
em que: EPPP,i , NPPP,i: são coordenadas da estação RBMC e processados por meio de PPP; EIBGE,i,
NIBGE,i: são coordenadas de referência do relatório da estação RBMC; n: é o número de coordenadas
verificadas; i: é um número inteiro que varia de 1 a n.

Em um segundo momento, efetuou-se o valor da acurácia planimétrica (EQMP), é dada pela Equação
(7) por (FGDC, 1998):
[(E PPP ,i − EIGBE ,i )2 + (N PPP ,i − N IGBE ,i ) 2 ] (7)
EQM P = 
n

Nesta última etapa, calculou-se o Erro Altimétrico (EA) da estação RBMC em um determinado tempo
de rastreio, por meio da Equação (8) (FGDC, 1998):
hi = hPPP ,i − hIBGE ,i (8)
sendo: Δhi: é a variação da altitude geométrica (da estação RBMC h) de um determinado ponto i em
um certo tempo de rastreio e processado por meio de PPP e o valor presente no relatório da altitude geométrica
no relatório da estação RBMC; hPPP,i: é a altitude geométrica (h) da estação RBMC em intervalos de tempos
distintos e processados por meio de PPP; hIBGE,i: é a altitude geométrica (h) de referência do relatório da
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estação RBMC.
A Acurácia altimétrica da componente vertical (h) é expressa a partir da Equação (9) (FGDC, 1998):
(h −h )2 (9)
EQM h =  PPP ,i IGBE ,i
n
em que:
hPPP,i: é a altitude geométrica (h) da estação RBMC em intervalos de tempos distintos e processados
por meio de PPP; hIBGE,i: é a altitude geométrica (h) de referência do relatório da estação RBMC; n: número de
coordenadas sendo verificadas; i: é um número inteiro que varia de 1 a n.

Nota-se que para a análise estatística tratamos as componentes horizontais E, N separadamente da


componente vertical h, isto deve-se ao fato que para a altimetria fatores como ionosfera, atividade solar,
exercem forte correlação entre o erro vertical no comportamento posicional por ponto GNSS (CAROLINA,
et. al.; 2014).
Neste estudo, não se objetivou efetuar nenhuma redução temporal de coordenadas cartesianas
geocêntricas (X, Y, Z) das quatro Estações RBMC referenciadas na Tabela 3 para a época (2000, 4), e tão
pouco a transformação do sistema de unidades angulares em métrico, conforme metodologias apresentadas e
discutidas em (COSTA, 2003) e (KLEIN et. al., 2010).
De forma resumida e ilustrativa, os principais passos da metodologia empregados neste trabalho são
representados pela Figura 3.

Figura 3 – Fluxograma das etapas realizadas para o processamento dos dados no serviço online IBGE-PPP.

Fonte: O autor (2020).

Em julho de 2018, o IBGE implementos a nova fase do REALT, retirando de algumas estações RBMC
a informação do valor da altitude ortométrica descrita em seus relatórios. Consequentemente, a priori, inseriu-
se os valores das coordenadas geodésicas das estações RBMC no software MAPGEO2015, obtendo o valor da
ondulação geoidal. Com o valor obtido da ondulação geoidal por meio do MAPGEO2015 e com o valor da
altitude geométrica da monografia, pode-se relacionar duas quaisquer destas altitudes para determinar a
terceira (NICACIO JR., 2017), no caso, determinou-se a altitude ortométrica (H), conforme a Equação (10):

H  h−N (10)

A criação do modelo de anomalia é análoga ao processo da Equação (10), sendo que a diferença é que
foi utilizada a altitude normal e a altitude geométrica, expresso da seguinte forma:
  h − H0 (11)

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Na Tabela 3 estão apresentados os resultados obtidos no processamento IBGE-PPP, discrepâncias e erro


horizontal para diferentes intervalos de tempos para as 4 estações RBMC, deste presente estudo.

Tabela 3 – Discrepâncias das estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL e erros na componente horizontal para os tempos

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de rastreio processados de 5, 15 e 30 minutos, 2 e 24 horas.


Coordenadas UTM Desvio Padrão PPP Discrepância RBMC Erro
Estação Tempo N(m) E(m) h(m) ΔN(m) ΔE(m) Δh(m) ΔN(m) ΔE(m) Δh(m) Planimétrico
(EP)
5min 8234747,369 191900,782 1105,970 0,306 1,079 0,638 0,029 -0,437 -0,050 0,438
15min 8234747,350 191901,255 1106,000 0,062 0,238 0,160 0,010 0,036 -0,020 0,037
BRAZ 30min 8234747,359 191901,220 1106,030 0,024 0,088 0,071 0,019 0,001 0,010 0,019
2h 8234747,347 191901,226 1106,010 0,005 0,014 0,016 0,007 0,007 -0,010 0,010
24h 8234747,340 191901219 1106,020 0,001 0,001 0,001 0,000 0,000 0,000 0,000
5min 9199917,914 454118,897 436,330 0,431 1,444 0,741 0,022 -0,310 0,279 0,311
15min 9199917,921 454119,167 436,170 0,087 0,282 0,214 0,029 -0,040 0,119 0,049
CRAT 30min 9199917,918 454119,225 436,110 0,034 0,105 0,106 0,026 0,018 0,059 0,032
2h 9199917,915 454119,238 436,010 0,008 0,023 0,018 0,023 0,031 -0,041 0,039
24h 9199917,892 454119,207 436,051 0,001 0,002 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
5min 8280040,899 599737,358 237,410 0,269 0,998 0,648 0,067 0,000 -0,034 0,067
15min 8280040,865 599737,355 237,420 0,058 0,223 0,159 0,033 -0,003 -0,024 0,033
CUIB 30min 8280040,847 599737,369 237,430 0,024 0,086 0,080 0,015 0,011 -0,014 0,019
2h 8280040,840 599737,355 237,430 0,005 0,014 0,016 0,008 -0,003 -0,014 0,009
24h 8280040,832 599737,358 237,444 0,001 0,001 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
5min 6673004,127 488457,459 76,660 0,274 0,938 0,587 0,073 -0,085 -0,085 0,112
15min 6673004,059 488457,502 76,670 0,056 0,197 0,141 0,005 -0,042 -0,075 0,042
POAL 30min 6673004,059 488457,518 76,690 0,022 0,074 0,063 0,005 -0,026 -0,055 0,026
2h 6673004,059 488457,518 76,760 0,004 0,012 0,012 0,005 -0,026 0,015 0,026
24h 6673004,054 488457,544 76,745 0,001 0,001 0,002 0,000 0,000 0,000 0,000
Fonte: O autor (2021)

Na coluna Discrepâncias RBMC, encontram-se os resultados calculados pelas expressões Equação


(1), Equação (2) e Equação (3). Para a componente N a maior discrepância e menor discrepância ΔN foram na
estação POAL nos valores de +0,007 m para o tempo de 5 min e +0,005 para o intervalo de 15 min,
respectivamente. Para a componente E a maior discrepância encontra-se na estação BRAZ -0,437 m para
intervalo de tempo de 5 min, já para a de menor discrepância ΔE também foi na mesma estação no valor de
+0,001 no intervalo de tempo de 30 min. Na componente altimétrica os valores de maior discrepância foram
na estação CRAT +0,279 m para intervalo de tempo de 5 min e para o menor valor na estação BRAZ +0,010
com intervalo de tempo de 30 min. Para uma melhor visualização do EP das estações RBMC BRAZ, CRAT,
CUIB e POAL, confeccionou-se o gráfico denominado de Figura 4.

Figura 3 – Erro Planimétrico (EP) das Estações RBMC BRAZ, CRAT, CUIB e POAL.

Fonte: O autor (2021).


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A Figura (4) ilustra os erros planimétricos em metros nas componentes este (E) e norte (N) dos
períodos processados 5 min, 15 min, 30 min, 2 h e 24 h para as estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL, obtidas
da Equação (4) para a mesma época de referência (2000,4). Em relação aos valores dos erros apresentados
ficaram na ordem decimétrica/centimétrica, para as estações BRAZ, CRAT e CUIB os quais os erros variam
entre +44cm e +3cm, com exceção da estação CUIB que apresentou erros na magnitude
centimétrica/milimétrica no valor da casa dos +7 cm e valor mínimo de +9 mm para o rastreio de 2 h nas
observações planimétricas. Percebe-se que a amplitude dos erros diminui de acordo se aumenta o tempo de
rastreio, com exceção da estação CRAT que apresentou uma anomalia entre os períodos de 30 min e 2 h e
constatou-se um acréscimo no valor de +7 mm. A Tabela 4 resume as análises dos erros da componente
horizontal das estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL, conforme a Equação (5), (6) e (7) apresentando o
EQMN, EQME, EQMP e erro da componente vertical EQMh.

Tabela 4 – Valores do Erro Quadrático Médio das componentes horizontais N ( EQMN), E (EQME) e sua resultante
EQMP, EQMh da sua competente vertical para as estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL.
Erro Quadrático Médio Erro Quadrático Médio Erro Quadrático Médio Erro Quadrático Médio
Estação
(EQMN) (EQME) (EQMP) (EQMh)
BRAZ 0,016 0,196 0,197 0,025
CRAT 0,022 0,141 0,142 0,139
CUIB 0,034 0,005 0,035 0,021
POAL 0,033 0,045 0,056 0,057
Fonte: O autor (2021)

O maior valor de EQMN foi de 0,034 m na estação CUIB e de menor valor foi de 0,016 na estação
BRAZ. Para o EQME o maior valor foi de 0,196 m na estação BRAZ e de menor valor foi de 0,005 na estação
CUIB. E dentre as 4 estações RBMC, a estação que obteve o maior valor de EQM P foi a estação BRAZ de
0,019 m e do menor valor foi 0,035 da estação CUIB. Desta forma, podemos dizer que a estação CUIB obteve
o menor Erro Quadrático Médio, mesmo obtendo o maior valor de EQMN entre as estações RBMC, deste
presente estudo. Em relação a análise do EQMP da componente vertical, o maior erro encontra-se na estação
CRAT no valor de 0,139 m e de menor valor foi de CUIB de 0,021, reafirmando o valor obtido de EQM P que
dentre as 4 estações tanto na componente horizontal quanto sua componente vertical, obteve os menores
valores.
Tabela 5 – Valores das altitudes geométrica (h), altitude ortométrica (H), altitude normal (H 0), anomalia de altura (ζ) e
ondulação geoidal para as estações BRAZ, CRAT, CUIB e POAL.
Estação Coordenadas UTM Diferença
Altitude Altitude Altitude Anomalia entre a
Ondulação
Normal da Altura anomalia
E (m) Geométrica Geométrica Geoidal
N (m) e
(h) (H) (H0) (ζ) (N)
ondulação
Δε
BRAZ 8234747,340 191901,219 1106,020 1118,480 1118,6967 -12,6767 -12,46 0,2167
CRAT 9199917,892 454119,207 436,051 446,091 446,2803 -10,2293 -10,04 0,1893
CUIB 8280040,832 599737,358 237,444 235,224 235,5948 1,8492 2,22 0,3708
POAL 6673004,054 488457,544 76,745 71,735 72,1713 4,5737 5,01 0,4363
Fonte: O autor (2021)

A Tabela 5, apresenta os valores das coordenadas UTM e as altitudes geométrica, ortométrica e normal
empregadas nos cálculos da anomalia de altura e ondulação geoidal. Ambas alturas, tanto anomalia e ondulação
geoidal, possuem como separação o elipsoide de revolução. Porém, nesta parte da análise por estarem em
localidades distintas, ou seja, estão em latitudes e longitudes diferentes, os valores óbitos pelas colunas da
ondulação geoidal (N) e anomalia da altura (ζ), são valores absolutos e calculados pelas Equações (10) e (11),
respectivamente. A estação BRAZ obteve o maior valor absoluto de anomalia de altura de -12,6767 e CUIB
foi o de menor valor 1,8492. Para a ondulação geoidal ambas estações apresentaram mesmo comportamento,
BRAZ obteve o valor de -12,46 e CUIB o menor valor de 2,22. Na última coluna da Tabela 5, encontram-se
os valores obtidos da diferença entre a anomalia de altura e ondulação geoidal, POAL possui a maior variação
entre as estações no valor de 0.4363 e CRAT a de menor valor de 0,1893.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para este presente trabalho procurou-se em avaliar as discrepâncias em diferentes intervalos de tempos
e as soluções apresentadas por meio dos relatórios do serviço IBGE-PPP.
Essa análise vem de encontro com a popularização do sistema GNSS, visto que, para tal método pode-
se executar com apenas um receptor e utilizar os serviços on line e gratuito de várias plataformas para o
processamento geodésico com solução precisa e acurada.
Vale ressaltar que para todos os intervalos de rastreios os resultados apresentarem discrepâncias em
relação as relatório da estação RBMC.
Neste estudo, notou-se que para intervalos de tempo superiores a 30 minutos, a acurácia apresentada
foi na ordem dos poucos centímetros/milímetros.
Desta forma, arquivos com intervalos de tempo superiores a 30 minutos, enquadrariam dentro na
normativa do INCRA na execução e levantamento para georreferenciamento de imóveis rurais, pois
apresentaram erros de posicional inferiores a 50 cm.
Recomenda-se para trabalhos futuros, uma análise da eficiência do serviço IBGE-PPP em relação a
ocupação a intervalos inferiores a 2h, pois apresentaram valores no erro posicional maior em relação ao tempo
de ocupação superior a 2h.

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