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UNIDADEII

LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS
UNIDADEI
CAPÍTULO
UNIDADEI2
Tipos de levantamentos GNSS e a RBMC
Levantamento estático, estático rápido, pseudocinemático
e cinemático
Nos posicionamentos estáticos, os levantamentos geodésicos de controle são utilizados dois ou mais receptores
GNSS, sendo um deles o aparelho base e os outros os receptores móveis, aqueles que se deslocam no terreno. A
partir da base, com a estação de controle existente, ou seja, com as coordenadas conhecidas, são feitas aferições
ocupando as outras estações com coordenadas desconhecidas.

Segundo Ghilani et al (2013), as acurácias relacionadas com esse método de levantamento geodésico (estático)
são de cerca de 3 a 5 mm, sendo que a duração da sessão de observação com equipamentos de simples
frequência tem duração típica de 30 min + 3min/km, e a duração da sessão de observação com equipamentos de
dupla frequência tem duração típica de 20 mim + 2 min/km.

As taxas de coleta dos receptores são definidas de forma a captarem os sinais transmitidos pelos satélites com um
devido intervalo de tempo, pois esses sinais são contínuos e, não sendo assim, os volumes de dados não seriam
suportados pelo armazenamento dos equipamentos.
Os receptores devem ser preparados para amostragem de coletas em certo intervalo de tempo, evitando
sobrecarga de dados adquiridos.

Para a primeira sessão de observação, observações simultâneas são feitas a partir de todas as estações para
quatro ou mais satélites por um período de tempo de uma hora ou mais, dependendo da distância da linha de
base. (Linhas de base maiores exigem maiores tempos de observação.) Exceto por um, todos os receptores
podem ser movimentados ao completar a primeira sessão. O receptor restante agora serve como estação
base para a próxima sessão de observação. Ele pode ser relacionado a partir de qualquer um dos receptores
usados na primeira sessão de observação. Ao terminar a segunda sessão, o processo é repetido até que todas as
estações estejam ocupadas, a as linhas de base observadas formem figuras geometricamente fechadas. O valor
para a taxa de coleta em um levantamento estático deverá ser o mesmo para todos os receptores durante o
levantamento. Normalmente, essa taxa é definida como 15 segundos para minimizar o número de
observações e, dessa forma, minimizar os requisitos de armazenamento de dados.
A maioria dos receptores terá capacidade de memória interna ou estará conectada a controladores que têm
memórias internas para armazenar os dados observados. Após a conclusão de todas as observações, os
dados são transferidos para um computador para pós-processamento. (GHILANI, WOLF, 2013:308).

Figura 12. Sessão de observação GNSS.

Fonte: <http://www.inde.gov.br/images/inde/recom_gps_internet.pdf>.
Os levantamentos utilizando o posicionamento estático rápido se assemelham com os anteriores,
porém um dos receptores ficará sempre na mesma posição enquanto os demais são
movimentados progressivamente de pontos desconhecidos para outros pontos desconhecidos.
Nesse tipo de levantamento a duração da sessão, segundo Ghilani et al (2013), é de 20 min +
2min/km para equipamentos de simples frequência e, de 10 min + 1min/km para equipamentos
de dupla frequência.

De acordo com o autor supracitado, o posicionamento relativo estático rápido pode gerar dados
com acurácia na ordem de 3 a 5 mm em condições favoráveis, sendo o método mais indicado
para levantamentos de controle de pequenas extensões. “O procedimento estático rápido é
adequado para observar linhas de base de até 20 km de extensão sob boas condições de
observações.” (GHILANI, et al, 2013:309). Os levantamentos pseudocinemáticos também
necessitam de no mínimo dois receptores GNSS, podem ser definidos como levantamentos
intermitentes ou de recuperação.
Já os cinemáticos são aqueles em que um dos receptores pode estar em constante movimento
(receptor itinerante). Esse método é considerado o mais produtivo, porém o de menor acurácia,
com precisão em torno de 1 a 2 cm. Sendo suficiente para muitos tipos de levantamentos, como
exemplo, a maioria dos topográficos. “Os métodos cinemáticos se aplicam a qualquer tipo de
levantamento que exija a localização de muitos pontos, o que os torna bastante apropriados para a
maioria dos levantamentos topográficos e de obras.” (GHILANI, et al, 2013:310).
No levantamento pseudocinemático, o receptor da base sempre permanece em uma estação de
controle, enquanto o itinerante vai para cada ponto de posição desconhecida. Duas sessões de
observação relativamente curtas (com duração em torno de 5 minutos cada) são realizadas com o
itinerante em cada estação. O lapso de tempo entre a primeira sessão em uma estação e a sessão de
repetição deverá ser de aproximadamente uma hora. Isso produz a rigidez geométrica das observações
devido à mudança na geometria do satélite, que ocorre durante esse período de tempo.
[...] Uma desvantagem desse método, em comparação a outros métodos estáticos, é a
necessidade de retornar às estações. Esse procedimento requer um planejamento de pré-
levantamento cuidadoso para garantir que haja tempo suficiente disponível para o retorno ao
local, e para conseguir o roteiro mais eficiente. Os levantamentos pseudocinemáticos são
usados de modo mais apropriado onde os pontos a serem levantados estão ao longo de uma
estrada, e o movimento rápido de um local para outro pode ser feito prontamente. (GHILANI,
WOLF, 2013:309).
Levantamentos de controle

De acordo com Ghilani et al (2013), levantamentos de pequeno porte não são tão exigentes em
aspectos de planejamento de projeto, porém para aqueles levantamentos que necessitam de maior
acurácia, ou mesmo projetos de grande porte, o controle passa a ser elemento crítico para a
obtenção de resultados aceitáveis. Projetos relacionados com técnicas de posicionamento global
devem possuir relação com pontos de controle existentes em sua proximidade. A obtenção de
informações quanto a esses pontos de controle é fundamental para o sucesso de qualquer
operação, assim como, o conhecimento prévio de campo, terreno, vegetação, dentre outros fatores
físicos e climáticos que devem compor o planejamento. As restrições de cobertura é um fator que
pode bloquear os sinais de satélite prejudicando sobremaneira a obtenção dos dados fornecidos
pelo sistema. Caso seja necessário, uma limpeza ao redor das estações pode ser suficiente para
atender o critério de visibilidade em um planejamento de controle.
Cada método oferece um conjunto exclusivo de requisitos de procedimento para o pessoal de
campo. Em levantamentos de alta acurácia, que envolvem linhas de base longas, o método de
levantamento estático com receptores GNSS é a melhor solução. Entretanto, em levantamentos
típicos, limitados à pequenas áreas, um receptor de frequência única que use os métodos de
levantamento estático rápido, pseudocinemático ou cinemático podem ser suficientes. Devido à
variabilidade nos requisitos e restrições dos levantamentos, a seleção do método de levantamento
apropriado depende de (1) nível desejado de acurácia nas coordenadas finais, (2) intenção de uso
do levantamento, (3) tipo de equipamento disponível para o levantamento, (4) tamanho do
levantamento, (5) cobertura e outras condições locais para o levantamento e (6) software
disponível para pós-processamento dos dados. Raramente há apenas um método para realizar o
trabalho.
Receptores de GNSS reduzirão o tempo necessário em cada estação de um levantamento
estático devido ao maior número de satélites visíveis e a geometria de satélite melhorada.
(GHILANI, WOLF, 2013: 313).
Outro aspecto importante a ser observado nos levantamentos de controle diz respeito às janelas de
observação, que é a determinação dos satélites que estarão visíveis (vide:
www.trimble.com/GNSSPlanningOnline) no período de captação de informações do levantamento. Essas
janelas de observações de satélites podem ser determinadas usando-se almanaques dos sistemas GNSS.

Figura 13. Janela de observação GNSS.

Fonte: <http://freegeographytools.com/2007/determining-local-gps-satellite-geometry-effects-on-position-accuracy>.
Estações de referência

A Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos sistemas GNSS - RBMC é necessária para se
alcançar a mais alta ordem de precisão no posicionamento dos levantamentos por satélites. Com isso,
os trabalhos topográficos e geodésicos possuem maior acurácia, agilidade e economicidade.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (ibge.gov.br), para as aplicações em


trabalhos geodésicos e topográficos está implícito o método relativo de levantamento, ou seja, ao
menos uma estação de coordenadas conhecidas é ocupada de forma simultânea com os pontos
aferidos. Dessa maneira, as estações que compõem a RBMC fazem o papel do ponto de coordenada
conhecido pertencentes ao Sistema Geodésico Brasileiro – SGB. Com isso, não é necessária a
imobilização de um receptor GNSS, pois as estações da rede brasileira de monitoramento contínuo
dos sistemas GNSS são de altíssimo desempenho, proporcionando observações de grande acurácia e
confiabilidade.
As estações da RBMC são materializadas através de pinos de centragem forçada, especialmente projetados,
e cravados em pilares estáveis. A maioria dos receptores da rede possui a capacidade de rastrear satélites
GPS e GLONASS, enquanto alguns rastreiam apenas GPS. Esses receptores coletam e armazenam
continuamente as observações do código e da fase das ondas portadoras transmitidos pelos satélites das
constelações GPS ou GLONASS. Cada estação possui um receptor e antena geodésica, conexão de Internet e
fornecimento constante de energia elétrica que possibilita a operação contínua da estação. As coordenadas
das estações da RBMC são outro componente importante na composição dos resultados finais dos
levantamentos a ela referenciados. Nesse aspecto, a grande vantagem da RBMC é que todas as suas estações
fazem parte da Rede de Referência SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas), cujas
coordenadas finais têm precisão da ordem de ± 5 mm, configurando-se como uma das redes mais precisas do
mundo.
Outro papel importante da RBMC é que suas observações vêm contribuindo, desde 1997, para a densificação
regional da rede do IGS (International GPS Service for Geodynamics), garantindo uma melhor precisão dos
produtos do IGS – tais como órbitas precisas – sobre o território brasileiro. (IBGE.GOV.BR)
Figura 14. RBMC – Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo.

Fonte: <ibge.gov.br>.
O marco geodésico é a materialização física para os trabalhos geodésicos, permitindo a perenidade das
informações, subsidiando os profissionais nos levantamentos posteriores. Segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, uma das suas ações desenvolvidas é o estabelecimento de um conjunto homogêneo
de marcos geodésico com altitudes de alta precisão para todo o território nacional, formalmente
conhecido como Rede Altimétrica de Alta Precisão (RAAP) do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB).

De acordo com o IBGE, a maior parte das altitudes da Rede Altimétrica de Alta Precisão – RAAP refere-se ao
Datum de Imbituba (ao nível médio do mar no Porto de Imbituba em SC) entre os anos de 1949 e1957.

Arede Maregráfica Permanente para Geodésica – RMPG tem a finalidade de determinação e


acompanhamento da evolução temporal e espacial dos dados altimétricos do Sistema Geodésico
Brasileiro. Em operação (Quadro 3), com observações convencionais e digitais, uma sexta estação
maregráfica será instalada no porto de Belém, região Norte do Brasil, permitindo que o nível médio do mar
seja determinado em toda a costa brasileira.
Figura 15. RMPG – Rede Maregráfica Permanente para Geodésia.

Quadro 3. Estações Estabelecidas –


RMPG.
ESTAÇÃO CÓDIGO
SANTANA – AMAPÁ EMSAN
FORTALEZA – CEARÁ EMFOR
SALVADOR – BAHIA EMSAL
MACAÉ – RIO DE JANEIRO EMMAC
IMBITUBA – SANTA CATARINA EMIMB

Fonte: Adaptado de: <ibge.gov.br>.

Fonte: <ibge.gov.br>.
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