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07/03/24, 15:41 Semanário | Arrendar casa para a vida?

Lei existe, contratos é que não

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SEMANÁRIO#2638 - 19/5/23

IMOBILIÁRIO

Arrendar casa para a vida? Lei existe, contratos é que não


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Governo não atualiza dados sobre o programa de rendas vitalícias. Em 2020 havia 56 contratos

ELISABETE MIRANDA

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hama-se Direito Real à Habitação Duradoura (DRHD) e são contratos que conferem aos moradores o direito
de residirem numa casa arrendada durante a vida inteira, mas, tal como as SIGI (ver texto à esquerda),
foram criados durante o primeiro Governo de António Costa mas não ganharam tração. Os últimos números
oficiais são de 2020 — o Ministério da Habitação não avança dados mais recentes — e dão conta da existência de
apenas 56 contratos com esta natureza.

A meio caminho entre a figura do tradicional arrendamento e o contrato de compra e venda de casa, o DRHD
pretendia conferir segurança a inquilinos e a senhorios. Aos inquilinos confere-lhes a possibilidade de arrendar uma
habitação durante toda a vida, permitindo-lhes, contudo, sair antes. Aos senhorios, possibilitar-lhes segurança no
rendimento, uma vez que, além das rendas, recebem de antemão uma caução entre 10% e 20% do preço de mercado
do imóvel.

A expectativa era que o instrumento suscitasse interesse junto de institucio­nais, como fundos de investimento
imobiliário, sociedades imobiliárias ou até as SIGI, que têm grandes carteiras de imóveis e conseguem aplicar as
cauções e com isso gerar rendibilidades financeiras. Helena Roseta, deputada independente pelo PS entre 2015 e
2019 e coordenadora do Grupo de Trabalho da Habitação, Reabilitação Urbana e Políticas de Cidade, que sempre
mostrou ceticismo em relação à utilidade das SIGI (ver texto à esquerda) mas vê com bons olhos o DRHD, aponta-
lhe ainda outra vantagem: permitir aos mais velhos venderem as suas casas e arrendarem-nas até ao fim da vida. “A
ideia é boa. Daria liquidez às pessoas mais velhas, sem as afastar da sua habitação.” Contudo, os números não
parecem descolar.

O Ministério da Habitação, liderado por Marina Gonçalves, diz ao Expresso que é preciso esperar pela entrega do IRS
de 2022 para se conhecerem os números mais recentes de contratos, mas, apesar dos pedidos, não adianta quantos
existiam em 2021. Em 2020 tinham sido assinados apenas 56 contratos, segundo dados oficiais.

Durante o longo período de discussão do diploma, Luís Meneses Leitão, presidente da Associação Lisbonense de
Proprietários, sentenciou que o programa estaria condenado ao insucesso: “O seu destino só poderá ser o ‘museu das
curiosidades jurídicas’ deste Governo”, disse na altura, porque “não tem o menor interesse para os proprietários
portugueses”.

Helena Roseta aponta-lhe também os efeitos culturais. Os números não podem ser dissociados do “forte apego que
os portugueses têm em relação ao imobiliário e ao facto de quererem deixar património aos filhos e netos”. Mais
eficaz, espera, será o pacote Mais Habitação, que esta semana vai ao Parlamento.

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