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Desenvolvimento Sustentável

“Desenvolvimento Sustentável” foi pela primeira vez definido no Relatório Brundtland


em 1987. O modelo usual para Desenvolvimento Sustentável é composto por três
elementos diferentes, conectados entre si, Ambiente Sociedade e Economia, com a
implicação de que cada setor, é pelo menos em parte, independente dos restantes. Esta
relação entre estes três conceitos é habitualmente graficamente representada de acordo
com o diagrama de Venn presente na Figura 1.

Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)


Em setembro de 2015, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova
Iorque, realizou-se a cimeira que se tornou histórica pela envolvência de mais de 150
líderes mundiais na adoção formal da nova agenda de desenvolvimento sustentável,
composta pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Assim, até 2030,
prevê-se que todos os países desenvolvam políticas medidas e ações, com vista ao
cumprimento de 169 metas, distribuídas entre 17 ODS (Figura 2).

Fig.2- Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)


Cada uma das 169 metas dispersas nos 17 ODS é inteiramente descrita no site
https://ods.pt/ . Em baixo encontra-se uma breve descrição das metas presentes em cada
um dos objetivos selecionados para este estudo mais aprofundado, e um sumário dos
principais progressos alcançados até 2017, bem como sugestões e orientações para o
futuro, segundo a informação disponibilizada em https://ods.pt/ (consultada em março
de 2023).
ODS 3- Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para
todos, em todas as idades.
Desde 2000, foram alcançados avanços impressionantes na saúde. Porém, para atingir as
metas desta área nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, o progresso
deve ser acelerado, particularmente para as regiões com elevados índices de prevalência
de doenças.

ODS 9- Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva


e sustentável e fomentar a inovação
Apesar das constantes melhorias na produção industrial e no emprego, será necessário
efetuar uma renovação no investimento nos países menos desenvolvidos, e garantir a
duplicação da participação da indústria no PIB desses países, até 2030.

ODS 13- Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus
impactos
O aquecimento global prevaleceu em 2016, atingindo um novo recorde de cerca 1,1º C
acima do período pré-industrial, segundo a Organização Meteorológica Mundial
(OMM) sobre o Estado do Clima em 2016. As condições de seca predominaram em
grande parte do globo, agravadas pelo fenómeno El Niño. No comunicado, a OMM
também observa que a extensão do gelo marinho global caiu para um mínimo de 4,14
milhões de km2 em 2016, a segunda menor extensão registada. Os níveis atmosféricos
de dióxido de carbono também atingiram um recorde de 400 ppm. A mitigação das
mudanças climáticas e dos seus impactos exigirá uma alavancagem impulsionada pelo
Acordo de Paris, que entrou em vigor a 4 de novembro de 2016. Devem-se intensificar
os esforços para aumentar a resiliência, e limitar os riscos relacionados com o clima e
com desastres naturais.

Objetivos
Objetivos
Este livro tem como objetivo estudar os três objetivos de desenvolvimento sustentável
acima referidos, investigando as suas particularidades específicas, nomeadamente nas
suas dimensões histórica, contemporânea e prospetiva. Bem como incluir o papel do
design no desenvolvimento dos mesmos, caracterizando a interseção dos 3 objetivos.
Fundamentação da Escolha
A escolha dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3, 9 e 13 para efetuar
este estudo em detrimento dos restantes reflete uma abordagem abrangente para
enfrentar desafios urgentes e interconectados em escala global.

O ODS 3, "Saúde e Bem-Estar", é prioritário diante das pandemias, doenças crônicas e


desafios de saúde pública. Investir na promoção de uma vida saudável e no acesso
universal a serviços de saúde não só beneficia comunidades locais, mas também
contribui para sociedades mais resilientes e produtivas.

A inclusão do ODS 9, "Indústria, Inovação e Infraestrutura", destaca a importância de


impulsionar o crescimento económico sustentável. Infraestruturas resilientes, inovação
tecnológica e industrialização responsável são fundamentais para o desenvolvimento
sustentável, impulsionando a produtividade, criando empregos e promovendo a inclusão
económica.

O ODS 13, "Ação Climática", reflete a urgência em enfrentar as mudanças climáticas. A


ação climática é crucial para preservar ecossistemas, reduzir emissões de gases de efeito
estufa e promover práticas sustentáveis, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.

Esta combinação específica abrange saúde humana, desenvolvimento económico


sustentável e preservação ambiental. A interconectividade entre estes objetivos permite
que o progresso de um beneficie outros.

Interseção entre os objetivos selecionados

Os ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), 13 (Ação contra a Mudança Global do


Clima) e 3 (Saúde e Bem-Estar) são intrinsecamente ligados, e a abordagem conjunta
desses objetivos é crucial para alcançar um desenvolvimento sustentável holístico.

O ODS 9 procura promover a construção de infraestruturas resilientes, a promoção da


industrialização inclusiva e sustentável, além de fomentar a inovação. Ao integrar esse
objetivo com os ODS 13 e 3, surge uma oportunidade única para desenvolver soluções
inovadoras que enfrentem os desafios da mudança climática e promovam a saúde
global.

A infraestrutura resiliente desempenha um papel vital na adaptação às mudanças


climáticas (ODS 13), pois permite que as comunidades enfrentem eventos climáticos
extremos e reduzam a sua vulnerabilidade. Projetos de infraestrutura sustentável podem
incorporar tecnologias limpas e eficientes, reduzindo as emissões de gases de efeito
estufa e, assim, contribuindo para minimizar os impactos da mudança climática.

No contexto do ODS 3, a saúde e o bem-estar, a infraestrutura e a inovação também


desempenham um papel crucial. A construção de instalações médicas acessíveis e a
implementação de tecnologias de saúde inovadoras podem fortalecer os sistemas de
saúde, garantindo serviços eficazes e abrangentes para todas as comunidades.

Além disso, a inovação (ODS 9) desempenha um papel vital na procura por soluções
sustentáveis para os desafios de saúde e mudança climática. A pesquisa e o
desenvolvimento de tecnologias médicas avançadas, combinada com práticas industriais
sustentáveis, podem impulsionar a criação de produtos e serviços que beneficiam a
saúde humana e o meio ambiente.
Promover o acesso à infraestrutura resiliente, fomentar a inovação sustentável na
indústria e abordar a mudança climática são, portanto, elementos interdependentes de
um plano abrangente para alcançar um futuro sustentável. A abordagem integrada desses
ODS não apenas maximiza o impacto de cada iniciativa, mas também cria sinergias
poderosas que impulsionam o progresso em direção a um mundo mais equitativo,
saudável e resiliente.

Enquadramento histórico
1. Saúde de Qualidade (ODS 3)
O 3º objetivo de desenvolvimento sustentável tem o propósito de assegurar uma vida
saudável e promover o bem estar para todos, em todas as idades. Dentre as metas deste
objetivo da agenda 2030 existem várias propostas quanto à redução da mortalidade
neonatal e da obesidade, erradicação de enfermidades como o HIV, tuberculose e
malária, projetos quanto à conscientização do uso de álcool e drogas, e uma importância
maior relacionada a saúde mental e bem estar psicológico.

Foram dados grandes passos para reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde
materna, combater a SIDA, a malária entre outras doenças. Desde 1990, houve uma
redução de 50 por cento na morte de crianças devido a iniciativas de prevenção globais.
A maternidade materna também caiu 45 por cento em todo o planeta. As novas infeções
de SIDA caíram mais de 30 por cento entre 2000 e 2013, e mais de 6,2 milhões de
pessoas deixaram de ser infetadas por malária.

Apesar do progresso incrível, mais de seis milhões de crianças continuam a morrer


anualmente antes de completarem o quinto aniversário. 16 mil crianças morrem todos os
anos de doenças que podem ser prevenidas como a tuberculose e o sarampo. Todos os
dias centenas de mulheres morrem ao longo da gravidez ou de complicações do parto.
Em muitas áreas rurais, apenas 56 por cento dos nascimentos são feitos por profissionais
qualificados. A SIDA é a principal causa de morte entre adolescentes da África
Subsariana, uma região que continua seriamente a ser devastada por esta epidemia.

Estas mortes podem ser evitadas através da prevenção e do tratamento, educação,


campanhas de imunização e cuidados de reprodução sexual. Os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável estabelecem um compromisso ousado para acabar com a
epidemia da SIDA, a tuberculose, a malária e outras doenças transmissíveis até 2030. O
foco é alcançar o acesso universal à saúde, fornecer acesso a medicamentos acessíveis e
de qualidade e vacinas para todas e todos.

2. Indústria, Inovação e Infraestruturas (ODS 9)

O ODS 9 refere-se à necessidade de construir infraestruturas resilientes, promover a


industrialização sustentável e fomentar a inovação. Para tal, o objetivo é que a indústria
aumente sua contribuição em prol do emprego e do PIB, dobrando essa contribuição nos
países menos desenvolvidos, assim como intensificando a pesquisa científica e
modernizando as infraestruturas.
Segundo as Nações Unidas, a indústria inclusiva e sustentável, juntamente com a
inovação e a infraestrutura, são três pilares fundamentais do desenvolvimento
sustentável. São também essenciais para o funcionamento das empresas e,
consequentemente, para o desenvolvimento econômico e social. A ONU especifica, por
exemplo, que cada emprego no setor da indústria manufatureira cria 2,2 empregos em
outros setores da economia.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo o ODS 9, "Indústria,


Inovação e Infraestrutura", foram adotados em setembro de 2015. Antecedendo essa
adoção, o mundo encontrava-se em recuperação da crise financeira global de 2007-
2009, evidenciando a necessidade de um desenvolvimento mais equitativo.

Nesse contexto, a conscientização ambiental ganhava destaque, impulsionando a


preocupação global com as mudanças climáticas e a degradação ambiental. O ODS 9
reflete a urgência de desenvolver infraestruturas e indústrias sustentáveis para conciliar
o crescimento económico com a preservação ambiental.

O início do século XXI testemunhou rápidas mudanças tecnológicas, com avanços


significativos na tecnologia da informação, automação e telecomunicações. Essas
inovações desempenharam papel crucial na economia global, influenciando as
prioridades para o desenvolvimento sustentável.

O ODS 9 emergiu como resultado de um esforço coletivo pós-2015, envolvendo amplo


diálogo entre governos, sociedade civil, setor privado e acadêmicos. Este objetivo
reflete um compromisso renovado de líderes globais em direção a metas mais
ambiciosas, reconhecendo as complexidades e desafios do mundo naquele momento. O
desenvolvimento sustentável, conforme delineado nos ODS, é uma resposta abrangente
e interconectada às aspirações e exigências do século XXI.

3.Ação Climática (ODS 13)

Através do nosso compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das


Nações Unidas (ODS), concentramo-nos também no estudo do ODS 13, de ação
climática, que propõe contribuir de forma ativa e decisiva para um futuro sustentável e
de baixo carbono para combater as mudanças climáticas.

O ODS 13 foca na necessidade de adotar medidas urgentes para acabar com as


mudanças climáticas que afetam todos os países do mundo.
De acordo com a ONU, os cientistas dedicados às questões climáticas já demonstraram
que as pessoas são as responsáveis pelo aquecimento global dos últimos 200 anos.
Apesar de já existirem estudos prévios sobre a temática do Dióxido de Carbono, foi o
químico Sueco, Svante Arrhenius, em 1895 que destacou o impacto do CO2 na
temperatura do planeta. Décadas depois, o engenheiro britânico, Guy Stewart Callendar,
observou um aquecimento significativo nos Estados Unidos e na região do Norte
Atlântico prevendo um aquecimento de 2C caso as emissões de CO2 fossem duplicadas.
Por volta do ano de 1958, é apresentado por Charles Keeling, o gráfico que seria
nomeado como “Keeling Curve”.

O Keeling Curve é um gráfico com uma linha crescente – com uma forma em dentes de
serra - que mostra como os níveis de CO2 estão constantemente a crescer, prevendo
através deste gráfico, as possíveis consequências da subida dos níveis de CO2.

Em 1989 seria criado o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas – IPCC


– pelas Nações Unidas, para supervisionar a alteração climática e fornecer informações
sobre o seu impacto no planeta. De seguida, em 1997, surge o conhecido Protocolo de
Quioto, que tem como objetivo limitar as emissões de gases com efeitos estufa. Mais
tarde, em 2015, surgiria então o Acordo de Paris, onde os líderes mundiais acordaram
em combater as alterações climáticas coletivamente.

O ODS estabelecido como número 13 – Ação Climática – oferece a todos a


possibilidade de integração deste compromisso através de ações no nosso dia-a-dia.
Usando como analogia uma pirâmide, a Ação Climática, é uma das bases principais que
precisa de ser cuidadosamente e coletivamente atendida às suas necessidades.

Contemporaneidade – as respostas do design


Design já teve muitos papéis desde o seu início, começando como um simples projetar e
fazer mas, ao longo do tempo, tornou-se um meio de diferenciação, melhoria do uso e
redução de preços dos artefactos. Com isso, o Design passou a ser ‘perigoso’, como
afirma Papanek (1995), devido ao seu importante papel na escolha dos materiais e
meios de produção. Com o passar dos anos o Design mostrou-se como uma possível
forma de resolver os problemas sociais e ambientais enfrentados atualmente.
Unindo-se às questões ambientais e sociais, tem-se a gestão da sustentabilidade. Parte
desta gestão envolve o desenvolvimento de produtos sustentáveis, através do Design
para a Sustentabilidade.

Autores de Referência
1. Yves Béhar

Yves Béhar (nascido em 1967) é um designer, empresário e educador americano


nascido na Suíça. Béhar é o fundador do estúdio de design Fuseproject, com sede em
São Francisco. O estúdio é conhecido pela sua abordagem holística ao design,
incorporando preocupações sociais e ambientais nos seus projetos.

Foi premiado com o Brit Insurance Design Award 2008 com o seu projeto One Laptop
per child. One Laptop per Child (OLPC) (traduzido como um laptop por criança) foi uma
iniciativa sem fins lucrativos estabelecida com o objetivo de transformar a educação de
crianças em todo o mundo; esse objetivo deveria ser alcançado criando e distribuindo
dispositivos educacionais para o mundo em desenvolvimento e criando software e
conteúdo para esses dispositivos.

2.

IDEO- equipa de design

A IDEO é uma renomada empresa de design e inovação, conhecida pelo seu trabalho
diversificado em diversas áreas, incluindo produtos de consumo, serviços, saúde,
educação e design estratégico. Ao longo dos anos, a IDEO participou em vários
projetos notáveis, incorporando uma abordagem centrada no ser humano e métodos
de design thinking.

Exemplos de projetos da IDEO:

Projeto de Redesign da Insulina para a Eli Lilly:


 A IDEO colaborou com a empresa farmacêutica Eli Lilly para repensar a
experiência de uso da insulina para pessoas com diabetes. O projeto envolveu não
apenas a melhoria da embalagem, mas também a redefinição da jornada do
usuário e a criação de soluções mais amigáveis e acessíveis.

3.

William McDonough é um arquiteto e designer conhecido pela sua dedicação à


sustentabilidade e sua abordagem cradle-to-cradle (do berço ao berço) ao design. Ele
coescreveu o livro "Cradle to Cradle: Remaking the Way We Make Things" com o
químico Michael Braungart, onde introduziram o conceito de design cradle-to-cradle,
que promove a ideia de que os produtos devem ser projetados de modo a serem
seguros para a saúde humana e para o meio ambiente, além de serem recicláveis ou
biodegradáveis.

Aqui estão alguns exemplos de projetos e iniciativas associados a William McDonough:

Parque Sustentável Ford Rouge:


 McDonough foi envolvido no projeto de transformação do Ford Rouge Center, em
Michigan, em um parque industrial sustentável. O projeto incorpora práticas
ambientais e design cradle-to-cradle.

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