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Intenções de redução do consumo de carne vermelha e seus determinantes

em estudantes da Universidade do Porto

Intentions to reduce red meat consumption and its determinants in students of

University of Porto

Ana Rita Tavares Sousa

Orientado por: Prof. Doutor António Pedro Soares Ricardo Graça

Coorientado por: Prof.ª Doutora Maria João Batista Gregório

Investigação

Ciclo de estudos: 1.º Ciclo em Ciências da Nutrição

Instituição académica: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da

Universidade do Porto

Porto, 2019
ii

.
i

Resumo

Introdução: É importante reduzir o consumo excessivo de carne vermelha.

Conhecer as perceções dos consumidores sobre a carne vermelha e o que

determina o seu consumo, pode ser importante para a ação das instituições de

ensino superior. Objetivo: Avaliar as intenções de redução de consumo de carne

vermelha e seus determinantes em estudantes da UP. Métodos: Foi aplicado um

questionário de administração direta a uma amostra de conveniência composta por

200 estudantes, durante o mês de junho de 2019, pertencentes a 8 Unidades

Orgânicas existentes na UP. Resultados: A maioria dos estudantes consome

carne vermelha (91%), embora dos quais 51% tente reduzir o seu consumo – não

existindo diferenças estatisticamente significativas entre sexos e entre áreas de

estudos dos estudantes (p>0,05 em ambos). As principais motivações subjacentes

à tentativa de redução de consumo foram: “a preocupação com questões de saúde”

e a “preocupação com a sustentabilidade ambiental”. A estratégia referida como

sendo a mais utlizada na redução de consumo de carne vermelha foi a substituição

da mesma por carne branca. A maioria considera importante reduzir o consumo de

carne vermelha (87%), mas apenas 59% destes tentam reduzir. As principais

razões pelas quais acham importante reduzir o consumo de carne vermelha são: “a

melhoria do estado de saúde” e a “diminuição do impacto na sustentabilidade

ambiental”. Dos estudantes utilizadores das unidades de alimentação da UP, 42%

acha que há excesso de oferta de carne. Conclusão: Parece existir vontade de

reduzir o consumo de carne vermelha por parte da população inquirida. Contudo,

são necessários mais trabalhos para sustentar esta afirmação e identificar

soluções. Palavras-chave: estudantes universitários, carne vermelha, atitudes


ii

Abstract

Introduction: It is important to reduce the excessive consumption of red meat. To

know the perceptions of the consumers about red meat and what determinates its

consumption might be important for the action of the university institutions.

Objective: Evaluate the intentions of the reduction of red meat consumption and its

determinants by students of the University of Porto. Methodology: It was applied a

direct administration questionnaire in a convenience sample composed by 200

students, during the month of June 2019, of 8 different Organic Units that are part

of the University of Porto. Results: Most students consume red meat (91%), despite

51% of those try to reduce its consumption - didn’t have statistically significant

differences between gender and between the field of studies of the students (p >

0.05 in both cases). The main motivations subjacent to this attempt were: “concern

with health issues”; “concern with environmental sustainability”. The strategy

referred as being the most used in reducing red meat consumption was the

substitution of this type of meat with white meat. Despite most students thinking that

it was important to reduce the consumption of red meat, only 59% of these try to do

it. The main reasons that they think that it is important to reduce red meat

consumptions are: “improvement of health condition” and “decrease in

environmental sustainability impact”. From the students that are users of the food

units of University of Porto, 42% think that there is excess of meat supply.

Conclusion: There seems to exist the willingness to reduce the consumption of red

meat from the population inquired. However, more studies are needed to sustain

this argument and try to identify solutions. Keywords: university students, red meat,

attitudes.
iii

Sumário

Resumo ............................................................................................................... i

Abstract ............................................................................................................... ii

Introdução .......................................................................................................... 1

Objetivos ............................................................................................................ 4

Metodologia ........................................................................................................ 4

Resultados ......................................................................................................... 7

Discussão ......................................................................................................... 12

Conclusões....................................................................................................... 15

Agradecimentos ............................................................................................... 16

ANEXOS .......................................................................................................... 20

Índice de Anexos ............................................................................................ 21

ANEXO I: Parecer da Comissão de Ética da Universidade do Porto ............... 22

ANEXO II: Consetimento Informado ................................................................. 24

ANEXO III: Inquérito ......................................................................................... 26


1

Introdução

Desde a Antiguidade que a alimentação tem vindo a ser objeto de atenção –

e quanto mais se investiga e se conhece, mais se compreende a sua importância.


(1) De todos os alimentos existentes, a carne desempenha um papel central na

evolução da dieta humana, sendo crucial para o desenvolvimento da espécie. (2)

O consumo de carne teve origem, provavelmente, há cerca de 2,8 milhões

de anos, quando uma alteração no clima fez com que alimentos base da dieta dos

nossos ancestrais, como frutas e plantas, se tornassem cada vez menos

disponíveis, obrigando-os a encontrar “um novo recurso alimentar” (3). Desde aí,

que a carne tem tido um papel central na alimentação. Para além da sua densidade

nutricional, sendo esta fonte de proteína, aminoácidos essenciais, minerais,

vitaminas e outros micronutrientes importantes para o normal funcionamento do

corpo humano (4-7), a carne também desempenha uma posição marcante no

desenvolvimento de relações humanas. (8)

A tendência global de consumo de carne aumentou cinco vezes na segunda

metade século XX , e de acordo com as estimativas, espera-se que duplique até

2050, tendo em conta ao aumento da população mundial.(9) Para a produção de

carne são necessários uma elevada quantidade de terrenos agrícolas e recursos

hídricos, colocando em risco a estabilidade climática e a resiliência dos

ecossistemas (10-14). A carne de cordeiro e a carne bovina são as carnes com o

maior impacto na sustentabilidade ambiental, gerando cerca de 40kg e 27kg,

respetivamente, de dióxido de carbono por cada grama consumido – o dobro das

emissões de carne de porco, quatro vezes a do frango e 13 vezes a das proteínas

vegetais.(15) De acordo com um estudo recente da revista Lancet(16), divulgado em

janeiro de 2019 e realizado por uma comissão de 37 especialistas internacionais


2

de 16 países, é urgente e prioritário encontrar estratégias que possibilitem uma

redução significativa do consumo de produtos de origem animal. Como conclusão

desse estudo, para que seja possível alcançar um sistema alimentar sustentável

que possa oferecer dietas saudáveis para uma população em crescimento, são

necessárias mudanças significativas nos padrões alimentares – isto inclui, entre

várias recomendações, a diminuição em mais de 50% do consumo atual de carne

vermelha, ou seja, cada pessoa deveria consumir no máximo cerca de 28 gramas

por dia e idealmente, uma média de apenas 14 gramas diários. (16)

A carne vermelha - carne bovina, vitela, porco, cordeiro, carneiro, cavalo e

cabra - e o seu consumo, têm sido extremamente discutidos.(17) Esta discussão dá-

se, não só pelo seu impacto no ambiente tal como foi anteriormente referido, mas

também pelas consequências negativas que pode representar na saúde humana e

todo o sofrimento animal a ele associado. (12)

A carne vermelha está classificada como “provavelmente carcinogénica”

para os seres humanos, entrando para a lista do grupo 2A da IARC(18), por estar

associada a vários tipos de cancro, como o cancro colorretal, pancreático e da

próstata. Contudo a dose acima da qual existe risco comprovado, ainda não está

totalmente definida. 16-18) Essa associação está relacionada com os compostos

naturalmente presentes na carne – ferro, nitratos e nitritos – e outros compostos

formados a altas temperaturas ou durante o processamento - compostos N-

nitrosos, policíclicos hidrocarbonetos aromáticos (PAH’s) e aminas aromáticas

heterocíclicas (HAA’s). (19) Para além do cancro, o consumo de carne vermelha

parece estar relacionado com um aumento do risco de acidente vascular cerebral

(AVC)(4) , aumento de risco de diabetes mellitus tipo 2 (20, 21) e aumento de risco de

doenças cardiovasculares. (22-25) No que diz respeito ao sofrimento animal, este


3

tema também tem sido alvo de discussão visto que grande parte dos animais,

principalmente o gado bovino, são submetidos a condições precárias nas indústrias

alimentares.

Dependendo do país, a ingestão média de carne vermelha , é de cerca de

50 a 100 gramas por pessoa/dia. (9) Em Portugal, o seu consumo é, em média, por

cada adulto entre os 18 e os 65 anos, 97,3 gramas de carne vermelha por dia. (26)

Ao compararmos esse valor aos tais 14 gramas diários aconselhados pela Revista

Lancet, os portugueses consomem cerca de 7 vezes mais carne vermelha acima

do valor aconselhado.

Tendo em conta todas as razões que têm sido alvo de discussão aquando

do consumo de carne vermelha – questões de saúde, éticas e ambientais – será

que os portugueses tentam reduzir o seu consumo por estas mesmas razões? Será

que têm perceção das consequências do seu consumo? Em Portugal, ainda não

há nenhuma estratégia definida para que haja uma redução gradual do consumo

de carne vermelha, existe apenas o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 –

cujo objetivo principal prende-se na redução das suas emissões de gases com

efeito de estufa por forma a que o balanço entre as emissões e as remoções da

atmosfera seja nulo em 2050. A este objetivo deu-se o nome de “neutralidade

carbónica” - este plano inclui o objetivo específico de uma redução de 20% a 30%

do número de vacas existentes em território português. (27)

De toda a população portuguesa, os jovens universitários são uma amostra

bastante pertinente de ser estudada, uma vez que atravessam um período

complexo de maior responsabilidade em relação a escolhas alimentares que

tendem a prologar-se para a vida adulta.(28-30). Vários estudos demonstram que os

estudantes consideram que os seus hábitos alimentares não saudáveis se devem


4

ao ambiente envolvente, como a falta de medidas incentivadoras das Universidades

ou a pouca oferta saudável.(31, 32) Neste sentido, quanto ao consumo de carne

vermelha, é importante que se conheçam os seus consumos e seus determinantes,

assim como as suas perceções sobre o mesmo, de modo a que os serviços

responsáveis pela oferta alimentar possam adotar as melhores estratégias. (33)

Objetivos

Objetivo Geral

Avaliar as intenções de redução de consumo de carne vermelha dos

estudantes da Universidade do Porto.

Objetivos específicos

• Quantificar a percentagem de estudantes consumidores de carne que

tentam reduzir o consumo de carne vermelha e estratégias associadas.

• Relacionar a tentativa de redução de consumo de carne vermelha com o

sexo e com o facto de serem estudantes da área da saúde.

• Identificar quais as motivações que levam a uma redução de consumo de

carne vermelha.

• Quantificar os estudantes que tentam reduzir o consumo de carne vermelha,

de entre aqueles que percecionam a sua importância.

• Identificar a opinião dos estudantes sobre a oferta de carne vermelha nas

cantinas ou snack-bares da UP.

Metodologia

Participantes

O estudo incluiu um total de 200 estudantes de 8 Unidades Orgânicas da

Universidade do Porto. A amostra utilizada foi de conveniência.


5

O recrutamento da amostra foi feito através de um painel voluntário, não

aleatório, em que os entrevistados foram recrutados em função da sua

disponibilidade e desejo de colaboração. A cada participante foi aplicado um

questionário de administração direta na presença do investigador para na

eventualidade de surgirem duvidas, poder esclarecê-las durante o seu

preenchimento. Os questionários foram aplicados a um total de 200 estudantes,

durante o mês de junho de 2019, em cada Unidade Orgânica. As Faculdades

escolhidas foram as seguintes: Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação

(FCNAUP), Faculdade de Direito (FDUP), Faculdade de Economia (FEP),

Faculdade de Engenharia (FEUP), Faculdade de Farmácia (FFUP)/ Instituto de

Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Faculdade de Letras (FLUP),

Faculdade de Medicina (FMUP) e Faculdade de Medicina Dentária (FMDUP). De

um total de 200 inquéritos respondidos, 9 foram excluídos por se encontrarem

contraditórios e/ou incompletos - impossibilitando uma correta análise dos mesmos

- perfazendo uma amostra final de 191 questionários.

De modo a testar o questionário a ser aplicado, realizou-se previamente um

questionário piloto a 5 estudantes da FEUP e a 4 da FMUP. Posteriormente,

procederam-se a ajustes necessários ao aperfeiçoamento do inquérito. Os dados

recolhidos durante o teste-piloto foram excluídos da amostra final.

Por fim, a amostra foi dividida em dois subgrupos: um em que estão inseridos

os estudantes da área da saúde (FCNAUP, FMUP, FFUP/ICBAS e FMDUP) e outro

subgrupo com os restantes estudantes da amostra.

Este estudo foi autorizado pela comissão de ética da UP (anexo I). Antes da

aplicação do questionário, os participantes foram convidados a ler e a assinar o

consentimento informado a participar no estudo (anexo II).


6

Variáveis

Para a realização deste estudo foi construído um instrumento de

investigação que fosse capaz de dar resposta aos objetivos do estudo – um

questionário de aplicação direta (anexo III).

Neste inquérito prevaleceram as características da metodologia

quantitativa, uma vez que o questionário é constituído, na sua maioria, por questões

de resposta fechada com o intuito futuro de simplificar a codificação, facilitando a

análise dos dados. Para compreensão mais profunda das atitudes e convicções dos

estudantes optou-se, também, por produzir questões de resposta aberta,

acrescentando uma metodologia qualitativa.

As questões presentes no questionário foram elaboradas de forma a

compreender o padrão de consumo de carne em geral e de carne vermelha em

específico, possíveis estratégias de redução de consumo de carne vermelha e

suas razões subjacentes. Por fim, acrescentou-se um conjunto de questões sobre

a utilização das cantinas ou snack-bares da UP: opinião sobre a oferta de carne

vermelha nos mesmos e possíveis formas de incentivo à sua redução a

implementar nestes espaços. Foram também recolhidos dados sociodemográficos.

O questionário aplicado foi acompanhado por um breve texto informativo que

clarificava o objetivo geral do estudo, garantindo a confidencialidade do mesmo.

Análise de dados

O tratamento estatístico dos dados recolhidos foi efetuado com recurso ao

programa IBM Statistical Package for the Social Sciences, versão 25, para Windows

e ao programa Microsoft Office Excel. Para a caracterização da amostra, a análise

descritiva foi realizada de acordo com as variáveis. Foram calculadas medidas de

tendência central - média, mediana e desvio padrão (dp) – para a variável cardinal
7

idade e frequências relativas (n) e frequências absolutas (%) para todas as

variáveis nominais.

A distribuição da variável cardinal idade foi avaliada de modo a testar a sua

normalidade. Esta avaliação foi feita segundo o critério dos coeficientes de

assimetria e de achatamento (n > 100). O resultado do teste indicou que a variável

apresenta uma distribuição normal. Para avaliar as diferenças entre variáveis

normais utilizou-se o teste do qui-quadrado. Foram também calculadas as

frequências absoluta e relativa de variáveis nominais. A hipótese nula foi rejeitada

sempre que o nível de significância crítico (p) foi inferior a 0,05.

Resultados

Fizeram parte da amostra 191 participantes, dos quais 103 (54%) eram do

sexo feminino e 88 (46%) eram do sexo masculino. As idades variaram entre os 18

e 32 anos, apresentando uma média de 21,3 e uma mediana de 21,0 com um

desvio-padrão de 2,0.

Tabela 1 - Caracterização da amostra quanto à área de estudos dos estudantes.


Faculdades n %

Faculdade de Letras 25 13,1

Faculdade de Medicina Dentária 24 12,6

Faculdade de Direito 21 11,0

Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação 25 13,1

Faculdade de Economia 25 13,1

Faculdade de Farmácia/ICBAS 22 11,5

Faculdade de Medicina 25 13,1

Faculdade de Engenharia 27 14,1

Área de SAÚDE 96 50,3

Área NÃO SAÚDE 95 49,7


8

Relativamente ao consumo de carne, a maioria dos estudantes referiu ser

consumidor de carne (96%) e consumidor de carne vermelha (91%). Dos

consumidores de carne vermelha, 54% responderam que tentam reduzir o seu

consumo, 43% não tentam e apenas 3% que já tentaram, mas desistiram.

No que toca à relação entre a tentativa de redução de consumo de carne

vermelha com o sexo e com o facto de serem estudantes de saúde, após aplicação

do teste do qui-quadrado, não foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas que suportassem a hipótese alternativa de que a tentativa de redução

do consumo de carne vermelha seria diferente entre sexos e entre áreas de estudo

(p= 0,194 e p=0,876, respetivamente).

No que diz respeito às motivações subjacentes à tentativa de redução do

consumo da carne vermelha, as mais selecionadas foram: preocupação com

questões de saúde (59%); preocupação com a sustentabilidade ambiental (19%);

não gostar do sabor da carne vermelha (16%); preocupação com o sofrimento

animal (4%) – gráfico 1.


80

70

60

50

40

30

20

10

0
Preocupações com Preocupação com a Não gostar do sabor Preocupação o Outras razões
questões de saúde sustentabilidade da carne vermelha sofrimento animal
ambiental

Total Sexo Feminino Sexo Masculino Área da Saúde Área NÃO saúde

Gráfico 1 - Motivações subjacentes à tentativa de redução do consumo de carne vermelha


9

No gráfico 1, podemos observar que, das motivações apresentadas

subjacentes à tentativa de redução do consumo de carne vermelha, a principal

prende-se à preocupação com a saúde (59%) – com prevalência significativamente

superior nos estudantes da área de saúde comparativamente aos estudantes da

área de NÃO saúde (32,5% VS 26,9%, p = 0,021) e sem diferenças significativas

entre o sexo feminino e o sexo masculino (p = 0,206).

Em relação às estratégias utilizadas na redução do consumo de carne

vermelha, a estratégia mais utilizada pelos estudantes passa por substituir a carne

vermelha por outros alimentos: por carne branca (35%); por peixe (26%); por ovos

ou leite (15%); por opções vegetarianas (15%). Todavia, uma outra estratégia

também foi observada – a redução da quantidade de carne vermelha no prato (9%)

– gráfico 2.
120

100

80

60

40

20

0
Substituindo a carne Substituindo a carne Substituindo a carne Substituição da Reduzindo a
vermelha por carne vermelha por peixe vermelha por ovos carne vermelha por quantidade de carne
branca ou leite opções vegetarianas vermelha no prato

Total Sexo Feminino Sexo Masculino Área da Saúde Área NÃO saúde

Gráfico 2 - Estratégias utilizadas pelos estudantes na redução de consumo de carne vermelha

Quanto à frequência de redução de consumo de carne vermelha durante a

semana, daqueles que afirmam que tentam reduzir, 22% afirmaram reduzir 1 a 2
10

vezes por semana, 33% afirmaram reduzir 3 vezes por semana e 45% afirmaram

reduzir 4 vezes ou mais por semana.

Os resultados quanto à perceção da importância em reduzir o consumo de

carne vermelha mostraram que a maior parte dos estudantes (87%) acha

importante reduzir o seu consumo. Das razões apresentadas destacam-se: a

melhoria do estado de saúde (60%) – nesta categoria, alguns especificaram a

diminuição de risco cardiovascular (8%) e a diminuição de risco oncológico (7%),

enquanto que os restantes mencionaram a melhoria do estado de saúde no geral

(45%); a diminuição do impacto na sustentabilidade ambiental (34%); eliminação

do sofrimento animal (6%) – gráfico 3.

120

100

80

60

40

20

0
Diminuição do Melhoria do Estado Diminuição do Risco Eliminação do Diminuição do Risco
Impacto na de Saúde no Geral Oncológico Sofrimento Animal Cardiovascular
Sustabilidade
Ambiental

Total Sexo Feminino Sexo Masculino Área da Saúde Área NÃO saúde

Gráfico 3 - Razões pelas quais os estudantes acham importante reduzir o consumo de carne

vermelha

Por fim, os resultados também demostraram que, dos estudantes que acham

importante reduzir o consumo de carne vermelha, apenas 59% o tentam fazer.

Em relação à opinião dos estudantes sobre a oferta de carne vermelha nas

cantinas ou snack-bares da UP, 42% dos estudantes utilizadores destes espaços

acham que há excesso de oferta da mesma – a maior parte destes (91%) afirma
11

ainda que o excesso de oferta se deve à demasiada frequência semanal de pratos

de carne vermelha – gráfico 4.

55

45

35

25

15

-5 Demasiada frequência semanal de pratos de carne Demasiada quantidade de carne vermelha nos pratos
vermelha

Total FFUP/ICBAS FCNAUP FMUP FEP FEUP FLUP FDUP FMDUP

Gráfico 4 - Opinião dos estudantes sobre a oferta de carne vermelha nas cantinas ou snack-bares

da UP

Na opinião dos estudantes, no que diz respeito às formas de incentivo à

redução desse consumo, destacam-se o aumento do número de refeições de carne

branca e a melhoria do sabor das refeições vegetarianas - gráfico 5.


50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
Aumentando o Melhorando o Diminuindo as Aumentando as Reduzindo a Aumentando o
número de sabor das opções de pratos opções de pratos quantidade de número de
refeições refeições de carne de peixe carne vermelha refeições de
vegetarianas vegetarianas vermelha em cada prato carne branca
disponíveis

Total FFUP/ICBAS FCNAUP FMUP FEP FEUP FLUP FDUP FMDUP

Gráfico 5 - Formas de incentivo à redução do consumo de carne vermelha reportadas pelos

estudantes nas cantinas ou snack-bares da UP


12

Discussão

O presente estudo descreve atitudes, estratégias e perceções de estudantes

da Universidade do Porto, quanto à redução do consumo de carne vermelha.

No nosso estudo, a maioria dos estudantes são consumidores de carne

vermelha (91%), resultado que vai de encontro ao esperado, tendo em conta o

elevado consumo de carne vermelha encontrado em vários estudos realizados em

estudantes universitários na Europa – Ortiz et al (2012)(34); Platania et al (2016) (35);

Socarrás el all (2015)(36); Alexia et al (2015) (37) – e em Portugal – Rodrigues (2012)


(38) ;Martins (2009) (39). Estes resultados também estão de acordo com a quantidade

média de carne vermelha consumida em Portugal - superior a 100 gramas por dia

(25,5%) - em adultos dos 18-64 anos descrita no último relatório do IAN-AF 2015-

2016. (26)

Devido à escassez de estudos realizados em estudantes universitários sobre

as intenções de redução de consumo de carne vermelha, os resultados do nosso

estudo quanto a este tópico foram comparados apenas com estudos internacionais

com amostras constituídas pela população em geral. Na nossa amostra mais de

metade dos consumidores de carne vermelha afirmam que tentam reduzir o seu

consumo (54%). Este resultado mostrou uma proporção ligeiramente superior a um

estudo recente feito numa amostra representativa dos EUA - Neff et al (2018)(40) –

que afirma que 41% dos consumidores de carne vermelha tentam reduzir o seu

consumo.

Contrariamente ao esperado, relativamente à influência do sexo na redução

do consumo de carne vermelha, tendo em conta que vários estudos mostram que

o sexo masculino refere a carne como símbolo de “masculinidade” (41-43) e que as

jovens universitárias têm normalmente uma maior preocupação com a imagem e


13

com a saúde (44-46), esperava-se que a tentativa de redução de carne vermelha

fosse significativamente inferior no sexo masculino. Todavia, e em concordância

com o estudo Neff et al (2018)(40), na nossa amostra não foram encontradas

diferenças significativas entre sexos. Para além disso, também não foram

encontradas diferenças significativas entre as áreas de estudos dos estudantes.

Esperava-se uma prevalência de redução do consumo de carne vermelha

significativamente superior nos estudantes da área de saúde, tendo em conta que

há vários estudos que mostram que indivíduos com conhecimentos na área da

saúde tendem a ter escolhas alimentares mais conscientes e uma alimentação mais

cuidada – Botchway et al (2015) (47), Spronk et al (2014) (48), Barzegari et al

(2010)(49). Todavia, e conforme os estudos, nos estudantes da área de saúde, a

preocupação com questões de saúde mostrou ser significativamente maior nos

estudantes da área de saúde comparativamente aos estudantes das áreas de NÃO

saúde (32,5% VS 26,9%, p = 0,021).

Em relação às motivações subjacentes à tentativa de redução do consumo

de carne vermelha, as principais são a preocupação com a saúde (59%) e, em

seguida, a preocupação com sustentabilidade ambiental (19%). Estes resultados

estão de acordo com Bogueva et al (2016) (50) e com o estudo Neff et al (2018)(40)

que também referem a saúde como uma das principais motivações para redução

do consumo de carne vermelha (28% e 50%, respetivamente). Contudo, ao

contrário dos nossos resultados, nestes dois estudos as motivações com maior

prevalência foram o sofrimento animal (55%) – em Bogueva et al (2016)(50) - e os

custos monetários associados ao seu consumo (51%) – em Neff et al (2018)(40).

A substituição da carne vermelha pela carne branca, para além de ser a

estratégia mais usada na redução do consumo de carne vermelha, foi também


14

forma de incentivo à redução do consumo de carne vermelha nas cantinas ou

snack-bares da UP mais escolhida pelos estudantes do nosso estudo. Este

resultado vai de encontro com os dados mais recentes da Balança Alimentar

Portuguesa 2012-2016 (51), que relatam um aumento significativo da disponibilidade

das carnes de animais de capoeira, representando quase um terço das

disponibilidades totais de carne e sendo pela primeira vez a sua oferta maior que à

das restantes carnes.

Relativamente à perceção da importância em reduzir o consumo de carne

vermelha, a maior parte dos estudantes (87%) acha importante reduzir o seu

consumo e as razões principais são: melhoria do estado de saúde (60%);

diminuição do impacto na sustentabilidade ambiental (34%). Todavia, embora a

prevalência de estudantes que considera ser importante reduzir o consumo de

carne vermelha seja muito elevada, apenas 51% destes estudantes realmente o

tenta fazer. Estes resultados mostram que, apesar da preocupação que possa

existir por parte dos estudantes universitários sobre esta temática e todos os

conhecimentos que têm sobre nutrição e alimentação(52, 53), estes parecem ser

insuficientes para que haja uma mudança substancial de hábitos de consumo da

carne vermelha. De acordo com a literatura – Bakker et al (2012)(54), Neff et al

(2018)(40) e Stoll-Kleemann et al (2017)(55) - os obstáculos principais à redução do

consumo de carne vermelha apresentados pela população estão relacionados com:

a baixa prioridade/importância relativamente às consequências do consumo de

carne vermelha; a influência dos pares; o prazer associado ao sabor da carne; a

perceção que a carne vermelha é saudável e altamente nutritiva.

No que diz respeito à opinião dos estudantes sobre a oferta de carne

vermelha nas cantinas ou snack-bares da UP, 42% dos estudantes utilizadores


15

destes espaços afirma que há excesso de oferta da mesma – demasiada frequência

semanal de pratos de carne vermelha. Estes dados vão de acordo ao último estudo

realizado pela Federação Académica do Porto sobre este tema onde os inquiridos

criticaram a qualidade nutricional da oferta, apontando um excessivo recurso a

alimentos fritos e calóricos, ou ainda a inexistência de uma alternativa vegan e uma

deficiente oferta de pratos vegetarianos.(56)

Este estudo apresenta algumas limitações, nomeadamente por ser um

estudo de desenho transversal, o que faz com que este não permita estabelecer

causalidade, apenas associações. Quanto ao processo de amostragem, este

também é uma limitação do estudo, tendo em conta que a mesma, por ser de

conveniência, não é representativa de toda a comunidade estudantil da

Universidade do Porto. Por ser um questionário de aplicação direta, o estudo pode

apresentar também viés de memória ou de desejabilidade social.

Conclusões

Os resultados deste estudo sugerem uma intenção de redução do consumo

de carne vermelha por parte da amostra inquirida, estando esta intenção

relacionada maioritariamente com a proteção da saúde e do meio ambiente. Os

estudantes identificam também diferentes estratégias para atingir este objetivo,

sendo a substituição da carne vermelha por carne branca, a estratégia mais

referida. Será importante que, a confirmarem-se os valores encontrados, a

Universidade do Porto e os seus serviços de alimentação sejam capazes de

adequar a oferta aos desejos dos estudantes, tendo em conta a adequação

nutricional e ambiental.
16

Agradecimentos

Agradecer ao Professor Doutor Pedro Graça, por toda a confiança que depositou

em mim. Sem a sua ajuda, este trabalho não teria sido possível.

“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer”

Aristóteles
17

Referências

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20

ANEXOS
21

Índice de Anexos

ANEXO I: Parecer da Comissão de Ética da Universidade do Porto ......... 22

ANEXO II: Consentimento Informado ........................................................... 24

ANEXO III: Inquérito ....................................................................................... 26


22

ANEXO I: Parecer da Comissão de Ética da Universidade do Porto


23
24

ANEXO II: Consentimento Informado


25
26

ANEXO III: Inquérito


27

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