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POOLTAR1A #1,5:

VOCÊ DÁ A MÃO, JÁ QUEREM O BRAÇO

Me fodem. Me fodem sem parar. Com seus caninos, com o globo


ocular. Nem só de pau é feito o caminhar. Às vezes é gostoso. Às vezes não
é. Essa até que foi. Eu queria era ir pra casa. Mas no meio do caminho.
Uma pica no meio do caminho. Pétrea afoita pedra. Seu dono, ei já
vai?,querendo dizer fica mais um pouquinho. A voz melada. Despeja
desígnios no meu medo molenga. Ele só sugere e enrijecemos emcerteza. A
única que temos. Dou. Toca meu braço. Não é afago, não é afeto.Fere com
ferro ferido. Completamente sim: não há não que caiba na palma da sua
mão. Então tá bom. Seus amigos pra lá, minhas amigas pra cá, nós sós,
sejamos, pois. Me deixo arrastar. Pra onde, não sabemos. Seu encalço é
solitário. Ele se solidariza. Engrossa a voz e papeia. É simpático, de
Osasco, veio com o primo, torce pro Santos. O assunto se esgota, ele é
sombra maciça, encastelada no escuro. De supetão ele para, me encara,
afasta as pernas, aperta as bolas. Abro seu zíper. Na rua mesmo. Sigo o
protocolo. Um vapor denso exala da cueca. Me fisga. Caio de boca, mas ele
tem outros planos. Me ergue, nos vira, me empurra contra a parede e
levanta minha saia. Esbraveja no meu ouvido, sou tarado por cu, e quando
acho que vai meter, ele mete a língua. Meu deus. Canta ali uma canção de
revolver mundo e desfazer chão. Afasta as nádegas, lambuza o âmago,
deglute meu amargo com fome de onça pintuda. Pernas? Já nem tenho, ele
me suga como quem reza, é quase sagrado, sua boca me empala. Ele se
infiltra. Só um dedo, ciente dos buracos e seus usos, dos corpos e seus
abusos, mas um dedo é pouco, então dois, bom, três, mais que bom, até que
quatro, aí começa a ser demais. Olho pra trás, ensaio um limite: peralá não
curto fisting. Ele um sonso, faz que desentende. Abocanha e apazigua.
Perdoo fácil. Meu edi tão besuntado, quero ver o que não entra. Reinicia o
dedilhar. Um, dois, dois, dois, gemo, três, entra, sai, cavuca, gemo, entra,
sai, três, quatro, cinco dedos, abre, fecha, punho, pulso, um parto ao
contrário. Dor? Dói, repito,fisting não, ele, shhhh, sua outra mão caça
minha neca e me punheta, me conduz ao esquecer. Meu corpo, suas regras.
Mas não dou braço a torcer. Fisting não! Fisting não! Vou gritar! Ele então,
grita, puta!,eu abro a boca, ele avança com o antebraço, me arranca a
autoridade, prolapsa meu ego, e quando vejo, tô gozando. Ele tira o braço,
tudo de uma vez. Um peido rasga a noite. Me dá sua mão e manda: limpa.
Eu lambo as unhas, metacarpo, frente e verso e cotovelo, meio assim a
contragosto, enquanto o cínico fala: não falei? gozou gostoso. O odeio.
Tem razão. De repente ele: caralho! Eu: que foi? Esqueci algo aí dentro... A
aliança. Vira aí pr’eu procurar. Ah pronto. Só faltava. Ergo a saia, exponho
o cu, ele ilumina aquele abismo com a lanterna do celular. Acontece que
assim, depois de gozar, apesar da languidez, a mínima espiadinha já é
incômoda. Pra mim não vai rolar. Ele encontra a solução: vai ter que cagar.
Aqui?!, Tem que ser, Aqui não cago. Ele lamenta, a patroa vai me matar,
implora de se ajoelhar. Marmanjo mandão, o tenho na palma da mão. Eu
cago, mas com uma condição: pague um motel. Lá vamos nós. Uma hora
na suíte mais barata. Exijo mimos, incentivos: um café e um cigarro. Fecho
a porta, sento no vaso, lá fora ele ansioso, não esquece de não dar
descarga!, eu digo cala a boca, se não eu travo. Silêncio sepulcral. Força,
foco e fé, forço até não poder mais, peido ardido, mas nada de expelir.
Finda a uma hora, ele paga por mais uma. Mas eis que nos primeiros dez
minutos cago um mundo. Carniça mole, podridão desesperada. Me sinto
aliviada. Ele vem correndo e se debruça na privada. Revira a merda com as
mãos. Ergue enfim o anelzinho, envolto em triunfante imundície. Passa
água, sabonete, põe no bolso e vai embora. Poxa, nem um obrigado?
Percebo que não sei seu nome. Depois disso nunca mais pratiquei fisting.

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