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Anti-heróis: Protagonistas Desprezíveis 7.090 segui
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Texto original de Erik Bork. Tradução e Introdução: Marcos Flávio Hinke . Acesse o texto original aqui.
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Roteiros
A qualidade da história sendo narrada é definida, em boa parte, por conta de seus personagens. A dimensão Tv
de suas personalidades trás complexidade a narrativa e chama a atenção do espectador para a história que há cerca de
está sendo contada, que é guiada pelo objetivo do protagonista. Bons personagens possuem uma Quem é vivo sem
motivação bem definida e plausível dentro do contexto da história, são ativos, enfrentam conflitos internos e Temos trabalhado
que acaba diminu
externos, são movidos por personalidades marcantes, se transformam através de experiências, mas acima
por aqui. Mas pa
de tudo são relacionáveis. saudade, tem um
desses temas es
Para compartilhar emoções com um personagem fictício (ou até mesmo com pessoas reais) é necessário roteiros: diálogos
sentir empatia por tal personagem; Reconhecer uma certa humanidade, compreender seus sentimentos e
reações, se colocar em seu lugar.
Como espectadores, conseguimos sentir por Simbad, um leão desenhado ou Woody, um cowboy de
brinquedo criado através de códigos binários ou até mesmo se espantar quando um Robô atropela
acidentalmente sua barata de estimação, porque mesmo que suas características físicas não se
TERTULIANARRA
assemelhem com as nossas, nos identificamos com seus problemas, suas lutas e torcemos por ele, além do
A dramaticid
mais, eles são adoráveis.
Vamos falar so
Mas e no caso dos anti-heróis tão presentes na televisão atual? Como conseguimos criar empatia com um
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mafioso que extorque, mata e é infiel a sua esposa? Como sentimos por um sociopata que de dia investiga
assassinatos, mas a noite assume sua persona de serial killer? Bom, porque “empático” não significa
“simpático”; Como seres humanos conseguimos nos identificar com pessoas completamente diferente de
nós, que fazem coisas que nunca faríamos, desde que alguma qualidade daquela pessoa nos desperte
algum sentimento possitivo.
Os detetives Rust Cohle e Marty Hart, protagonistas de True Detective, são dois canalhas. Hart é machista,
beberrão, dominador, adultero e hipócrita, Cohle é um sociopata de carteirinha, niilista e segue uma ética
muito própria. A maioria das pessoas provavelmente não gostaria de recebe-los em suas casas ou sentar
com eles em uma mesa de bar, mas milhões de espectadores acompanharam sua jornada e torceram por
eles. Apesar de todos os pontos negativos de Cohle e Hart, eles também possuem fragilidades e virtudes.
Cohle é um sujeito perturbado pela morte de sua filha e por sua visão pessimista da existência; Hart, apesar
de hipócrita, aparenta realmente se importar com sua família e o vemos sofrer de crises morais
ocasionalmente. Mas talvez o detalhe mais relacionável dos dois é que eles são ótimos no que fazem.
Mesmo que seus métodos sejam imorais, a obstinação dos dois os tornam “agradáveis” de se acompanhar,
queremos que eles alcancem seus objetivos e nos identificamos com eles.
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No texto a seguir, traduzido do blog Flying Wrestler, o roteirista Erik Bork compartilha outras características
e métodos utilizados para se criar empatia com personagens desprezíveis, utilizando como exemplo alguns
dos personagens mais famosos da Tv moderna.Leia abaixo:
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Com a ascensão de alguns protagonistas desprezíveis em dramas televisivos como The Sopranos, Breaking
Bad e True Detective, os anti-heróis estão em todos os lugares. Não precisamos mais nos simpatizar ou
torcer pelo personagem principal em uma história, aparentemente – desde que sejam pessoas fascinantes
em um mundo de altos riscos fascinantes.
Sim e não. Eu creio que uma escrita e personagens realmente excepcionais podem ajudar a envolver o
público onde eles não se envolveriam de outra forma, mas eu também acho que o maior problema de
roteiros que não são bem sucedidos é que é difícil realmente se importar com o protagonista e a história.
O público geralmente tem que se importar de verdade com o que está acontecendo para continuar
assistindo. Na maioria das vezes isso requer que eles se identifiquem com o protagonista de um filme ou até
mesmo que gostem dele. O título do livro Save the cat se refere, na mente do autor Blake Snyder, ao
protagonista fazer algo altruísta nas primeiras dez páginas para que possamos nos prender a ele. Muitos
roteiros são deixados de lado após dez páginas com o leitor pensando: “Por que eu iria querer seguir essa
pessoa por duas horas?”. Mas gostar do protagonista não é absolutamente necessário, desde que você
forneça razões o suficiente para o público ainda se identificar com ele. A maneira mais comum é dando aos
protagonistas problemas bem grandes e/ou bastante relacionáveis.
Minha regra de outro é: Quanto mais desprezível for o protagonista, maior e mais relacionáveis seus
problemas precisam ser.
Na superfície Tony Soprano é desprezivel, ele é um mafioso violento que mente e traí. Mas quando ele é
apresentado no piloto de The Sopranos, ele está tendo uma crise de pânico, se sente assustado e
humilhado por ter que ir a uma terapeuta. Enquanto isso, sua própria mãe pode estar tentando matá-lo e
ele não consegue o respeito e paz que quer de sua esposa, filhos e colegas. Seus problemas são uma
combinação de problemas grandes e relacionáveis. Sim, de vez em quando ele mata um cara, mas a maior
parte do programa é sobre adentrarmos em sua vida cheia de problemas através de uma perspectiva
pessoal e emocional.
Breaking Bad é similar. Walter White começa incrivelmente relacionável. Ele é um professor de química do
ensino médio que se importa com sua família, descobre que está prestes a morrer e quer cuidar deles de
alguma forma. Sim, temporadas depois, ele se torna um personagem bem obscuro, mas o que prende o
público inicialmente é algo completamente simpatizante (aliado a grandes e relacionáveis problemas).
E True Detective prova, mais uma vez, que se os protagonistas de uma série solucionam assassinatos (ou
fazem algo heróico para os outros ou para a sociedade no geral) eles podem se safar por serem
pessoalmente desprezíveis em vários aspectos. Muitos dramas procedurais televisivos tiram vantagem
dessa brecha, especialmente programas de tv a cabo que dependem menos de audiência. Até mesmo em
emissoras abertas que valorizam mais personagens afáveis (como uma ferramente de capturar o maior
público possível) vemos exemplos disso em séries como House, M.D.
Mas ele vai além desses métodos testados e aprovados. Ele também nota que você pode fazer um
personagem aparentar ser agradável ilustrando-o como bem quisto por outros personagens (com um
pequeno círculo de amigos), mesmo que você não o veja agindo sem egoísmo (como na abertura de
Legalmente Loira).E ele observa que se um personagem é engraçado o suficiente e nos faz rir, isso pode as
vezes perdoar características desagradáveis e isso faz com que nós queiramos continuar os assistindo e
nos relacionando com eles. Assim como em Harry e Sally – Feitos Um Para o Outro e também em Melhor é
Impossível, talvez o melhor estudo de protagonista desprezível que não aparenta se aplicar com o critério
tradicional.
Eu concordo com Michael que os roteiristas devem dar ao público (e aos leitores) alguma combinação
desses três elementos: Simpatia, risco e carisma. Eu também adoro a lista adicional que ele nos dá de
elementos que podem ajudar a solidificar mais a identificação do público com um protagonista. E como isso
talvez seja a coisa mais importante que um roteiro tem que alcançar, eu acho que vale a pena considerar
muito isso.
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