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DA INSTABILIDADE À MORTE DO HOMEM: NIILISMO E MEMÓRIA NA TRILOGIA DO

DESESPERO DE EVANDRO AFFONSO FERREIRA


Juliano Lima Schualtz (bolsista Fundação Araucária), Prof. Dr. Erivan Cassiano Karvat (orientador), Universidade
Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR, Brasil, Núcleo de História Intelectual (DEHIS/PPGH), e – mail:
Eckarvat@gmail.com
Ciências Humanas, História.
Palavras-Chave: História, Literatura Brasileira Contemporânea, Trilogia do Desespero, Sensibilidades.
focando, especificamente, na análise das sensibilidades.
Resumo Compreende-se o estudo das sensibilidades em sua
A presente pesquisa problematizou a chamada “Trilogia desnaturalização, sendo assim, à título de exemplo,
do Desespero”, de Evandro Affonso Ferreira, composta sensibilidades como o medo, a loucura e a morte, não
pelos livros: “Minha mãe se matou sem dizer adeus” são isoladas ou naturais, mas fazem parte da
(2010), “O mendigo que sabia de cor os adágios de experiência histórica, recebendo sentidos e significados
Erasmo de Rotterdam” (2012) e “Os piores dias de em diferentes contextos.
minha vida foram todos” (2014), buscando investigar os
pontos em comum entre os livros em relação as
Resultados e Discussão
experiências de sujeitos marginalizados e as A literatura brasileira contemporânea demonstrou-se um
sensibilidades do tempo presente. Para a realização da campo profícuo para a pesquisa histórica e fundamental
pesquisa, optamos por uma metodologia interdisciplinar para analisar as sensibilidades no Brasil contemporâneo.
a partir da História dialogando com a Literatura
Brasileira Contemporânea, Filosofia e Psicanálise. Conclusões
Sendo assim, a finalidade foi abordar as sensibilidades A pesquisa realizada manifestou a necessidade de mais
do tempo presente, privilegiando a morte e o luto. pesquisas em torno da temática. Sendo assim, essa
pesquisa também é convidativa para futuros trabalhos.
Introdução
As aproximações entre História e Literatura constituem Agradecimentos
um longo percurso. Sendo uma fonte singular para a Ao prof. Dr Erivan Cassiano Karvat, à Fundação
investigação historiográfica das sensibilidades. No Araucária e à UEPG, sem a universidade pública, nada
contexto contemporâneo, a literatura é um território disso seria possível.
contestado (DALCASTAGNÈ, 2012), pressupõe sujeitos ____________________
marginalizados e fraturados. BUTLER, Judith. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto?
Na trilogia, foram analisados personagens como o 1ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.
DALCASTAGNÈ, Regina. Um território contestado: literatura brasileira
decrépito, o mendigo e a enferma. Personagens que contemporânea e as novas vozes sociais. Iberic@l: Revue d'études
possuem um horizonte de expectativa niilista em uma ibériques et ibéro-américaines, v. 2, p. 11-15, 2012.
sociedade neoliberal (TURIN, 2018) que produz vidas DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka: por uma literatura menor.
Belo Horizonte: Autêntica, 2014.
precárias e inscreve de modo assimétrico os corpos em FERREIRA, Evandro Affonso; Minha mãe se matou sem dizer a deus.
circuitos de reconhecimento (BUTLER, 2015). Editora Record, Rio de Janeiro, 2010.
À vista disso, a morte torna-se extremamente subjetiva FERREIRA, Evandro Affonso; O mendigo que sabia de cor os adágios
e indiferente a qualquer forma de alteridade. Por outro de Erasmo de Rotterdam. Editora Record, Rio de Janeiro, 2012.
FERREIRA, Evandro Affonso; Os piores dias da minha vida foram
lado, o luto é desigual, não sendo todos os corpos todos. Editora Record, Rio de Janeiro, 2014.
considerados pranteáveis ou reconhecidos no mundo KOSELLECK, Reinhardt. Futuro passado. Contribuições à semântica
social, fazendo com que alguns sobrevivam abolidos no dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto; Ed. PUC-Rio, 2006
TURIN, Rodrigo. Tempos precários: aceleração, historicidade e
interior de uma paralisia geral da comoção. Mas, de todo semântica neoliberal. Zazie Edições, 2019
modo, esses corpos resistem, por meio do relato, de
memórias, da ambivalência melancólica, na busca pelo
outro.

Material e Métodos
O método operou entre leitura e fichamento das fontes,
entrevistas com o escritor em diversos jornais e análise
de trabalhos acadêmicos.
Para aproximar os campos de saber, pensamos com
Gilles Deleuze e Félix Guattari, abordando o conceito de
literatura menor problematizando o campo literário e
histórico como um território de cruzamentos e
diferenças. Posteriormente, a análise crítica da “Trilogia
do Desespero” averiguou os elementos em comum,

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