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PARTICULAR
paIavra
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Trabalhos sobre s-Ugestão
Trabalhºs sugestão hipnótica, Iniciados.
iniciados no:.
no
PARTICULAR
E
século XVIII, prenunciam
prenúncíam a psicanálise ao mostrar
O L
que sintomas mentais e sonhos são feitos de
qíue de,
C
reminiscências e passíveis de ser simbolizados
'eria
cria a psicanálise
psicanálise nascido pºr milagre,— irrompendo do cérebro de
por milagre,
' gênio
gênio da humanidade, como se nada nem ninguém
ninguém o precedeSSe?
precedesse?
al[ maneira de idealizar Freud, figura
figura central da
da ciência do século
século
XX, sem inscrevê—lo em umauma continuidade e em uma comunidade
comunidade
científica,
científica, não
não permite
permite compreender
compreender como
como e por que
que ele é único.
único.
A diffiensão
dimensão humana da histeria e.
e da louema,
loucura, consideradas doenças,
doenças
incuráveis
incuráveis na Idade Média, porque
porque desejadas
desejadas por Deus,'veio
Deus, veio com a ciên—
cia do século
século, XVIH.
XVIII. A destituição do divino, porém, começara
Começam no século—
século
(1571—1630) e Isaac Newton
anterior, quando os físicos Johannes Kepler (1571—1650)
(1642—1727) enunciamm
(1642-1727) anunciaram as leis da gravitação universal, pelas quais o
mundo e o
o homem deixam
deixam de Ser
ser reflexos de Deus.
Deus.
Será preciso tempo para que o homem Ocidental
ocidental apreenda todas
todas
as consequêndàs
conseqíiências dessa nova liberdade e se apropriej
aproprie das causalidades—
causalidade-s
Li....
de si e do mundo. Com Freud,
Freud, por intermédio de A «interpretação
intevpretação dos
das
(1900), oo que
sonhos (1900),
sonhos que era um problema de
era um um Deus
em um
de crença em
de fé, de
revelador da verdade
verdade por meio dos sonhos, tomou-se
tornou-se análise rigorosa
das palavras
das palavras pronunciadas
pronunciadas pelo
pelo sujeito,
sujeito, de snas
suas associações de idéias,,
idéias,
de seus pensamentos ouou sentimentos.
sentimentos. Os obstáculos,,
obstáculos, porém,,
porém, foram
numerosos. Diante do tribunal da ciência, Sigmund
Sigmund Freud foi acusado
de “herético” pelos seus mestres, por ter ousado interrogar um saber
além das leis da Natureza.
Natureza.
"If“é
136
lpnos pºr
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“1893 . .
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d
. A EXTRAÇÃO da pedra da Antes dele, as psicoterapias faziam uso ....sua “cuba terapêutica”l Os doentes são unidos
ªlou'c'ura, como representada da sugestão, em geral verbal: uma pessoa por uma Gerda e liga os. a ela por meio de
nesta tela de Pieter Brueghel “sugestionável” sofre passivamente a influên— uma barra deªmet'al em contato cºm o órgão
(c. 1515-1569), não passa de cia das idéias do psicoterapeuta, aceitando-as ou a parte doente do corpo; 'a outra extremi-
uma parábola: a partir do sem discernimento. Paracelso (1493-1541), dade da hana mergulha no líquido da cuba
séculoXVllI, 'a cura passou a célebre médico alquimista do Renascimento, onde se mesclam pedaços de vidro, areia,
ser obra de Sugestão já escrevera em sua obra Liber Pammirum: limalha de ferro e bastões de enxofre moí-
“A sugestão confere ao homem um poder dos.l Grandes espelhos revestem o cômodo e
I sobre seu semelhante comparável àquele de refle:em a imagem do grupo, enquanto uma
& um ímã sobre o ferro”. música hannônica envolve os pacientes.
De acordo com o médico vienense Franz Mesmer, munido de uma vara de ferro
Anton Mesmer (1734-1815), a atração univer— magnetizado, circula entre os doentes, esti-
sal, pela qual Kepler e Newtºn demonstraram mula com “passes” as tão esperadas crises
o efeito sobre os corpos celestes, pode“ exer- O dispositivo materializa o fluido e seu per-
cer influência semelhante sobre o corpo e a curso, evidenciando a força que age sobre o
alma humanos. Kepler descreveu a gravitação órgão enfermo. Quando a crise advém, os
em termos de imantação; Mesmer chamou pacientes são transportados a alcovas acol—
essa influência de “magnetismo animal”. choadas para mais segurança“, os chamados
“quartos de crises”, onde são isolados junto
EM PARIS, A CUBA DE MESMER com o terapeuta.
'A teoria da “atração universal animal", acres- Em relatório secreto ao rei da“. França,- de
cida de um dispositivo concreto que permite 1784, o astrônomo jean-Sylvain Bailly deplora
a observação dos fatos, é o ponto de partida tal. pronuscuid'ade. entre doente e terapeuta.
da aventura de Mesmer. Para ele, os seres Mesmª, porém, deseja a aprovação deseus
vivos veiCulam um “fluido universal”, susce- pares e a criação de uma comissão científica
tível de ser transmitido de um corpo humano real para fmanciar o desenvolvimento de sua
a-outro por meio de um ímã; essa transmis- prática. Mas os cientistas reunidos para anali—
são, que produz um afluxo de energia, é sar o projeto — entre eles Bailly — vêem nessa
terapêutica e restabelece a “livre circulação” “terapêutica" um atentado aos bons costumes,
do fluido bloqueado no órgão doente — ado- desconfiados de um laço de tipo sexual entre
ecido por essa “fixação" do fluido. os doentes e Mesmer ou o magnetizador.
Em 1778, a censura social, as rivalidades Persuadidos da eficácia terapêutica do
médimseasrabalasforçamMesmeraM método, os magretizaderes modificam o qua—
a obscurantista Viena por Paris, onde instala dro, do apareermento ,da crise, mascarando
O PODER DE PUYSÉGUR
Cura de jovem mostra o poder da transferência
: No dia 12 de agosto de 1784, Joly apresentou-se ao mar
de Puységur e desafiou-o a adormecê-lo. Embora o terape, .
*Itenlia obtido sucesso, ao despertar, o jovem continuava mcredulo, l
dormira, de fato,? A, fim de comprovar o pºder magnéticetde ,,
' Ruységur, Joly deixou-'se amarrar em uma cadeira. 0 marquês *
aderrn'eceu-o e intimou—o a desprender-se. Liberto das artíarras
atestou o fato por escrito.
Uma tarde, sob estado sonambúlico, Joly declarou qtt ,
"na cabeça um abscesso de humor branco” e seria precrso'
"sofrer para expulsá—-”.lo Se descesse pela garganta morreria,
WWMmentecerebrecomb
MESMER aplica seu célebre
tratamento das doenças .
nervosas em sua moradia
parisiense, entre 1778 e 1784.
Reúne vários pacientes em torno
de uma cuba e "magnetiza—os."
em conjunto: da cuba coberta
saem várias barras de ferro que
conduzem o fluido magnético de
Mesmer aos—doentes. Em 1784,
ele delira Paris, a fim de escapar
às críticas de seus detratores
' sonambúlico e () induziu a beber água. Liberado, assim, de seu doenças das quais possuímos o germe, e por esse caminh
"humor branco",Joly recuperou a acuidade acústica. as em seu próprio princípio'. —
Esse tratamento, que evoca as curas xamânicas, assemelha—se a Joly sofreu então uma regressão importante: cata
um psicodrama no qual'e tramado um jogo de submissão-resistência (_letar9ia), crises a cada três horas, vocabulário reduzido 3
_do paciente em relação ao terapeuta e no qual a crise convulsiva, palavras, como "beber", "comer”, "quente”, "frio". Aexplit: ªi
' terpretada como alteração patológica (consequência de um erro para tal estado veio do próprio jovem: na infância quase
, o terapeuta), deve ser evitada. É o paciente quem determina o a língua cortada, e que o deixou mudo durante algorn te
qUe se passa durante as sessões. Esse controle do desenrolar do Repetia então, os traumatismbs vividos nos primeirºs ano
tratamento, no qual o magnetizador não faz mais que devolver—lhe vida. O fim de seu tratamento foi marcado pela "liquidaçao
o proprio saber, anuncia a psicanálise, tal como se apresentará a relação estabelecida com o terapeuta. Era cada vez mai
, Joseph Breuer e a Sigmund Freud por volta de 1880. magnetizá-lo, e, cessando suas crises convulsivas, Joly tem
" Quando Joly avisou que corria risco de morrer, acrescentou por desafiar Puységur para uma corrida. Vencendo—o, o ],QV
que a possível morte' e'vitava-lhe morte certa——que viria a ocºrrer, selou sua cura. ,
* seis-meses mais t a r d e:: ,, contudo, quando seu caso se agravou, "Depois dessa espécie de morte simbólica do ai
”A doença'e agora maior do que quando :: ega,
.
(o neurologista BabinskD
é provavelmente Blanche
3
suas histéricas
.
. .
.
hipnose, Delboeuf expusera uma teoria da que não conhecia, pesquisou a palavra
ul” memória, no mesmo ano, no livrorO sono e e verificou que designava, em botânica,,
'.._.v-ul
r os sonhos, em que explicava que los sonhos uma adorável folhagem “qUe cresce nas
' provenientes dos elementos da vigília, paredes ou rochedos das regiões francesas..“
ainda ativos durante o sono, podem ser Dezesseis anos depois, o; mistério esclareázf “
lembrados ao despertar se encontrarem um ceu—se: Delboeuf encontrou na casa de um
' ponto de ancoragem na realidade. Ora, o amigo um livro-herbário que ofertara dois,
esquecimento d0s sonhos hipnóticos é um anos antes do sonho, depois “de anotar ao
dos dogmas da Salpêtriere! Além das expe- lado de cada planta seu nome latino, sua
riências de sugestão hipnótica, Delboeuf família e classe/ Um nome erudito fora
quer verificar esse tópico fazendo um aprendido e retido sem que passasse aos
sujeito rememorar os sonhos tidos duran- vocabulário da vida desperta, que a memõ- ';
te o sono hipnótico. Sua estada em Paris ria conservam. Só reapareceu no sonho.
cºntinuará sua teoria, o que lhe permitirá Ficou claro para ele 'que nada se perde em ..
distanciar-se do espetáculo das histéricas nossas experiências e nºssos aprendiza— '
parisienses orquestrado por Charcot (ver dos) Esquecer, portanto, não prova que se
quadro na pág. ao lado). apagaram os traços das experiências
O livro de Dellboeuf será lido, anotado esquecimentos eram apenas fenômenos de
e Citado por Freud, que chega a comentar, superfície que podiam ser contornados por
no início de A interpretação dos sonhos, informações oriundas de nossos sonhos.
e “sonho dos lagartos”, em que Delboeuf Em suma, nossa memória seria mais vasta PARA CONHECER MAIS
Vê—se aquecendo em suas mãos dois belos que o campo de nossas reminiscências,
lagartos entorpecidos; ele lhes oferecia e, apesar das aparências, nºssº. passado . Du baquet de Mesmer au
fragmentos de um asplenium mta muralis, jamais é perdido. "baquet" de S. Freud.
espécie de avenca que crescia em uma & Roussillon. PUF, 1992.
O O abade Faria na história
muralha, e constatava que eles se delicia—
do hipnoh'smo. E Moniz. A ª
vam e pareciam reanimadOS. Ao despertar, º AUTºR, BERNARºTHlSªéfBÉiQHÍ'ªlÉâ Í" Lisboa, 19770. ' '
surpreendeu-se com esse nome latino Tradução deAna Montoia.