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DESENVOLVIMËNTO E APRENDIZAGEIJI
- TEXTO 1
È
CUNHA,U.V,PsicologiadaEducâção'Riode
Janeiro: DP& A, 2000' I
Crrptrulo I
I
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parte de sua vida em Viena, na Áustria, e morÍeu, em londres,
capítal da Inglaterra, em 1939, para onde refugÍotr.se das
perseguições do nazismo.
Formado em medicina, inleressou,se por estudar manifestações
de desequilÍbrio psicológico, e foi no contato com seus pacientes
que elaborou sua teoria, Esse é um aspecto importante do
paradigma porque revela o ambiente em que a Psicanálise surgiu
I
e o destino original de suas íormulações: a cura de pessoas qüe
1
A teoria da personalidade
Com base no relato de pacientes a respeito de suas fantasias,
sintomas ,r.uróìicos, lembranças e sonhos, Freud desenvolveu
uma teoria sobre a estrutura da personalidade humana e a
dínâmica de seu funcionamento. Segundo ele, nossa personalidade
é formada por três instâncias: id, ego e superego.
O id é a instância que contém os impulsos inatos, as
inclinações mais elemenüarcs do indivíduo. O id é composto
por energias - -
que Freud chamava pulsões determinadas
biologicamente e determinantes de desejos e necessidades que I
não reconhecem qualquer norma socialmenüe estabelecida.
g Psrcoloct,r oa EoucrçÃo Fntuo - PsrcerÁusr E EDUcAçÃo
I
g 4 O id não é socializado, não respeita convençóes' e as energias
Essa região é chamada inconsciente. Está no inconsciente
g organismo.
reprimido com base nas concepções morais inremalizadas pelo
indivíduo.
& Enquanto o id é inato, as duas outrâs partes da ftersonalidade
desenvolvem-se no decorrer da vida da pessoa' O ego, que
Observe-se que esse modelo maduz uma concepção de ser
& significa literalmente eu, é o seror da personalidâde especializado
humano. Segundo a Psícanálise, somos seres possuidores de um
universo de desejos e necessidades que não conhecemos. Tüdo
{ em mânter contato com o ambiente que cerca o indivíduo'
I O ego é a porçáo visível de cada um de nós, convive segundo o que pensamos e queremos é apenas uma parte do que
realmente somos. Grande parte de nós encontra-se oculta em
I regras socialmente aceitas, sofre as pressões'imediatas do meio
e executa ações destinadas a equilibrar o convívio da pessoa
nosso inconsciente, reprimida por nosso superego.
I com os que a cercam. Tiata-ôe de uma versão da personalidade hümana que rompe
{ O superego, por suâ vez, ê um depositário das normâs e com o racionalismo e mostra não sermos donos da verdade que
fi princípios morais do grupo social a que o indivíd,ro t. vincula' julgamos conhecer a respeiro de nossas motivações, nossos gostos,
Ali concenr,ram-se as regras e as ordenações da sociedade e da amores e ódios. Isto porque nossâs escolhas conscientes sáo
{
cultura, representadas inicialmente pela família e posteriormente profundamente influenciadas pelas energias inconscientes
{
u intemalizadas pela pessoa.
Podemos visualizâr a dinâÍÍúeã entïe essâs três instâncias da
reprimidas.
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Psrcorocre oe EoucaÇÂo Fnruo - PsrcerÁrrsr E €DUc^çÃo 17
A falta de clareza do sonho é exigência feita pelo superego, objetivo de Freud. Para isso ele cBiou uma técnica terapêutica,
que libera as eneigias do id desde que estas renham sua forma uma psicoterapia, como veremos logo.
alterada e não cheguem ao plano consciente tal qual elas
realmente são. O superego garante assim o cumprimento de sua Uma concepção de educação í
função repressora; ao mesmo tempo que.alivia, de certo modo, a Mais ou mehos neuróticos todos somos, ensina a teòria I
pressão oriunda do id. psicarralítica, uma vez que temos desejos reprimidos a todo l
' Algo semelhante ocorre com os atos falhos - lapsos momento interferindo em nossa vida consciente e, muitas vezes, I
lingüísticos ou de escrita. O caso mais banal é aquele em que provocando desconforto. Jbdas as nossas relações pessoais são t
um palestrante inicia seu iliscurso dizendo: l'Bem, vamos
encerrar esta sessão..." O. lapso, neste caso, seria a uadução do
permeadas por'emanações de energias psíquicas desconhecidirs,
oriundas de um território obscuro e inatingível. Desse modo,
I
grande parte de nossos desejos e motivos conscientes, que
(
desejo incoruciente de encerraç e não iniciar a palestra. O desejo
reprimido obteve satisfação por uma fresta nas defesas do julgamos conhecer e dominal não passam de simulacros daquilo t
superego. que habita no nosso inconsciente t
O mecanismo chamado sublimação também expressa o Se é assim, como ver então o relacionamento entre professor t
lqsul-tado das tensões entre o id e o superego. Energias repr-irnidas e al,uno, situação aparerrtemente tão simples-em que um está
ali para transmitir certos conteúdos escolares e o outro para
I
transformam-se e são canalizadas para um único objetivo, {
possibilitando ao ego exercer uma atividade socialmente aceita. aprendê.los? À primeira visÈa, a relação pedagógica resume-se
O indivíduo destaca-se num determinado sgtor da vida social, na escolha de um bom método de ensino, um planejamento c
seja ele artístico, esporfivo ou intelectual, dada a concenüação adequado do seqüenciamento das matérias e um certo t
de energia psíquica que ali se forma. conhecimefito das competências intelectuais dos aprendizes. I
A neurose, por fim, foi explicada por Freud de acordo com Mas a educação escolar é assim apenas na aparência, mostra I
esse mesmo esquema de produção. A exemplo do sonho e das - método, planejamento,
a Psicanálise, pois as questóes objetiúas I
demais maniíestações acima mencionadas, o sintoma neurótico - conteúdos das matérias etc. - são o que menos importa no ato
de educar. Os ensinamentos psicanalíticos dirigem nossa atenção
I
um desequilíbrio que se maniíesta na vida consciente da pessoa
é o resultado visível de desejos que, reprimidos pelo superego,
-
para o vasto e complexo mundo subjetivo oculto no interior de I
tornam-se inconscientes e procuraú uma "válvula de escape" professor e aluno, cada qual sofrendo constantemente a.pressão (l
para ascenderem ao. plano consciente. de seus respecËivoó desejos, muitos dos quais atingidos pela C
_ A pessoa neurótica percebe que há algo errado com ela - repressão. ., c
uma angústia indefinida, um pensamento ou um ato recolTeÍÌte - O professor psicanaliticamente orientado deve observar
atitudes conscientes de seus alunos, como também as suas,
as c
mas não sabe a causa dos sintomas que a afligem, pois esta
procurando desvelar os desejos escondidos por trás delas.
a
encontra-se no'inconsciente, regiáo inacessível ao ego. Ao
contrário de um sonho, uma neurose é algo que sempre causa O professor que aceita o paradigma psicanalítico está sempre a
sofrimento. Curar ou, ao menos, minimizar tal sofrimento era o interessado em ir além de ministrar uma boa aula - no sentido o
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Psrcolocta o,r EouceçÃo Fnrub
18 - PstceNÂLtst E EDUcAçÀo
técnico da expressão. Seu olhar volta-se consÈanremente parâ os ensinamentos de Freüd na escola sígnifica abrir caminho para a
morivos desconhecidos que o levam a estar ali, as possíveis razões irracionalidãde, para práticas não-científicas' para o abandono
que o motivam a relacioÍrâr-sê com seus alunos desta ou daquela dos conteúdos esiolares. Segundo essa visão, os ensinàmentos
freudianos contribuiriam para psicologizar a escola' isto é'
maneira. Ele é um profissional que tende a valorizar menos'â para
manutenção do bom comportamento de seus educandos e mais relegar a plano secundário o papel polírico e social do educador'
a iiwe expressão das crianças e jovens que estão sob os seus Logo que a Psicanálise começou a ser difundida no Brasi!'
cuidados.
r.céb.,, a adesão dos educadoreq especialmente'daqueles que
O professor que conhece a Psicanálise sabe que o conhecimento estâvam empenhados em renoüar o ensino' Por volta dos anos
está sempre permeado pelo desejo. Se os fenômenos que dizem de 1930, o, escolanovistas não deixavam de fazer
respeito ao ensino e à aprendizâgem possuem, por urn, lado, "uror.r,
referência aos ensinamentos psicanalíticos e às contribuiçóes
componentes inscritos no campo intelecrual, possuem dmbém que deles poderiam advir para modemizar as práticas escolares'
toda uma carga emocional, em grande parte inconsciente. lourenço Filho, por exemplo, em seu lwro Introduçãa ao Estudo
E isso tem a ver t-anto com o universo psíquico do professoç da Escola Nooa, um clássico do pensamento renovador dessa
detentor e transmissor dos saberes formalizados, quanto com o que integrou
época, menciona a Psicanálise como uma das teorias
do aluno, para quem esses saberes são destinados. o -novo ideário..educacional-
Essas indicações seráo melhor compreendidas quando Outros, €ntretanto' mesÍIo compartilhando dessa matriz de
analisarmos a psicoterapia psicanalítica, criada por Freud para pepsámento, a Escola Nova, viam a Psicanálise como'doutrina
curar as neuroses de seus pacientes. Por.ora, observemos que a que viria desvirtuar os objetivos socializadores da nova educação'
que
visão psicanalírica traz alguns problémas - e algumas soluções - Para fi.a, no niesmo moinento histórico, vale mencionar
para o campo educacional essa crítica foi formulada por Renato Jardim, em
liwb publicado
na década de 1930- Para o autor' a educaçáo é um assunto
Para que serve a Psicanátise? eminentemente social, um emPreendimento que diz respeito
à
pelas
Ao mostrar que os fenômenos da sala de aula'são muito mais estruturação da sociedade e aos valores a serem assimilados
humanos do que técnicos, o paradigma psicanalítico abre um novas gerações.
caminho diferente e frutífero para os professores, o caminho da uma crítica social'
'Jardim admitia que à Psicanálise contém
vivência humanizadora, da compreensão do'outro, da busca de .r*" ,r", que faz referêricia à moral vigente na cultura, moral
boas relações do indivíduo consigo mesmo e com os que o cercam. esta què, irrt"*alir"da pelo superego' produz as neuroses'
Mas'
Menos ênfase no método, mais preocupação com a pessoa. segundo ele, o paradigma freudiano não apresenta qualquer
De outro lado, considerando que o inconsciente é um proposição voltada à mudança social, o que seria importante
território inatingível, desconhecido, impossível de ser visualizado p"r i-pl"*.ntâr novâs abordagens educacionais' O máxiino
objetivamente, a visão psicanq!írica sugere que o professor baseie àu. fr.ud ousou fazer foi criar uma psicoterapia individual'
suas ações em algo que não conhece. Os crícicos da transposição um üâtamento capaz de aliviar a angústia das pessoas sem tocâr
da Psicanálise pam a educaç{o escolar sugerem que adotar os nos conceitos morais vigentes.
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20 pstcoLoct oa
PsrcoLocra D^ EoucrçÃo
EDUc^çÃo Fneuo - Psrcer.tÁlrsr E EDUcAçÃo ü
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Ainda segundo Renato Jardim, enquanro a psicanálise não desobstrução das barreiras morai$ que impedem o livre acesso ü
diz nada quanto aos fins soci4is da educação, nada apresenta das energias reprimidas à vida consciente. Esse é o firndamento È
tambémquanto aos meios, isro é, os métodos pedagógicop.Jardim da psicoterapia psicarr-alítica. ?
considera que uma das grandes conrribuições de Freud foi ter
sistematizado o conceito de sublimação, a que já nos referimos;
O trabalho psicoterápico consiste em solicitar ao paciente
que relaie livremente qualquer aspecto de sua vida, desde suas
?
quando as pulsões. inconscientes, canalizadas e concentradas, Õ
lembranças mais rerrigtas até os fatos mais recenres, suas
são dirigidas para cerras atividades socialmente desejáveis. Mas angústias, seus medos, seus sonhos etc. O inlportante é que.o
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a teoria psicanalítica não explica aquilo que seria realmente paciente não fique preocupado em organizar racionalmente sua t
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útil ao trabalho escglar: como controlar esse processo em proveito fala, como normalmente o íaz, e que não busque censurar os
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do aprendizado do aluno. conteúdos de seus pensamentos. Esta idéia de Freud visa criar
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O leitor poderá refletir, ao longo deste capítulo, sobre essas um ambiente de comuqicação que torne menos rigorosas as tI
questões. Por ora, vale observar que o crítico Rena;to
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Jardim foi barreiras impostas pelo superego ,I!
escolhido, aqui, por representar uma certa inclinação do C
Qterapeutar"-p*ol*s_ll1-_v.e.zr_c_ollJloI[9*-r-t9eq.-n{9f azgr :Ë
pensaniento pedagógico que consiste em analisar a teoria julgamentos de valoç não censura4, não interpor obstáculos ao
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freudiana com os olhos da aplicabilidade, conio se ela pudesse
- livre curso dos pensamgntos do paciente. Não faz parte de sua ÌlÌ
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e devesse - tornar-se uma ferramenta a serviço do ensino. função apresentar soluções ou conselhos, diferentemente do que
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Mas será que as conrribuições do paradigma psièanalítico podem
ser julgadas pelo crivo das técnicas psicológicas? Não esraria
se passa em outros tipos de psicoterapia. O trabalho do terapeuta
psicanalítico é simplesmente interpretar. Este termo técnico
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a Psicanálise mais à vontade se fosse vista segundo os referenciais
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significa estabelecer vínculos entre os conteúdos da fala do !$
de uma filosofia da educaçáol paciente, isto é, os conteúdos rnanifestos, conscientes, e os i&
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Esse é um tema que permeia os três capítulos deste livro e conteúdos supostamente presentes em seu inconsciente.
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que iremos retomar em nossas conclusões: qual é o sentido dos
Partindo do princípio de que a neurose é causada por um fi Õ
paradigmas. da Psicologia para o professor? Será que a psicologia
deve ser vista pelo educador como uma tecnologia, uma caixa
desejo reprirrrido, se este desejo for tornado consciente estará ,I
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desfeita - ao menos teoricamente - a razão de ser da neurose. F'
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de ferramentas portadoras de soluções, ou estaria melhor Um desejo reconhecido pelo ego não é capaz de produzir uma
posicionada se fosse vista como um conjunto de idéias, sugestões,
neurose, como também não produz um sonho. Ao solicitar que o
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algumas acertadas, outras nem tanto, cuja servenria é auxiliar- paciente fale livremente sobre sua vida, o psicoterapeuta t ü
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nos a pensar sobre o que desejamos para o ser humanol psicanalítico espera trazer à tona elementos inconscientes que I Ü
A psicoterapia psicanalítica
possam ser interpretados como possíveis causas da neurose de $ J
seu paciente. i!
3
Com base em sua teoria sobre as neuroses, produzidas pela
ação repressora do.superego, Freud que o rraramenro
Em princípio, tÍazeÍ um desejo à luz da consciência significa
retirá-lo dos domínios do inconsciente, cuja linguagem é
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::.".]"iy t ü
{ Psrcorocre oe EoucaçÃo Frruo - Psrc,rNÁttse E Éouc^çÃo
I
â logo mais abordaremos o processo de formaçâo desses afetol,
t humana. Entretanto,'esse processo não é tão simples quanto
oc.orrido ao longo do desenvolvimento individual- Por ora,
s possa parecer. Há que se considerar a complexidade do
inconsciente e o fato de que a situação de psic'oterapia envolve vejamos que quando essas represencações eclodem na situação
dirigidos ao psicorerapeura.
e
O psicoterapeutá e o professor
a Nao é raro haver pacientes que se apaixbnam por seus
'Ao tratar aqui da técnica clínica criada por Freud,
estamos sugerindo que o professor deva tomar-se
não
psicoterapeuta
D psicoterapeutas ou que, em certos câsos, passâm a odiá-los.
de seus alunos. Ao aceitar.a existência do inconsciente, beu e
a A Psicanálise vê esses fatos como .resultantes de vínculos
de seus alunos, e ao ter sua atenção dirigida para os desejos que
s originários das relações do indivíduo co'm seüs pais.'A bem
da verdade, o fenômeno transferencial advém de afetos
se ocultam nas ações conscientes dos integrantes da sala de
J elabcirados com base nas representaçóes das figuras de pai e
aula, o que deve fazer o professor?
) . ",. i
mãe intemalizadas pela criançâ - representações estas que Vale lembrar que, por mais que conheça a Psicanálise e a
o :
não necessariamente coincidem com, o que seus pfogenitores àceite como paiadigma válido para a educação, o professor não
é um profissional formado para psicanalizar pessoas. Ele não está
)t de fato eram e faziam. É doruniverso fantasioso da iáfância
na escola pafa.lsso, não é contratado e pago para tal função,
3 que brotam os vínculos afetívos depois rransferidos parâ a pessoa
do psicanalista. ou seja, náo tem competência técnica.ê
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nem autorização formal
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Fnruo - PsrcANÁr.rsE E EDUc^çÂo
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PsrcoLocre oe EoucaçÃo
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fórmulas, cartilhas de procedimentqp que possibilitem ao professor
para tornar-se, num passe de mágica, psicoterapeuta de crianças ü
e jovens. ensinar de modo mais eficiente e produtivo.
O que as idéias freudianas realmente sugerem
c
Tomemos o caso dos afetos que são dirigidos ao professor.
Assim como não é raro haver pacientes que, na situaçáo clínica,
uma ética,
que nem mesmo pode ser apresentada na forma de um catálogo
é.
c
desenvolvem amor e ódio pelo psicanálista; também na'sala de de instruções. A Psicanálise encaminha o educador na direçáo ì
aula há alunos que aÍnam e odeiam seus mestres. Podem esses do reconhecimento das limitações do processo pedagógico, ì
vínculos ser considerados transferenciais? Sem dúvida; segundo tomando-o uma pessoa menos obcecada pela imposição de seus ì
pontos de visËa, suas verdades, seub valores morais, seu desejo
a Psicanálise, pois todo afeto, positivo ou negativo., decorre de ü
vivências passadas que se encontram reprimidas no incoruciente. de ordem e disciplina.
Nessa perspectiva, anula-se o mestr'e, ao menos na acepção
c
Mas há um fator que impede uma caracterização assim tão
tradicional que esta palavra conÌporta, sinônimo de autoridade ü
simplista. Diferentemente do psicanalista, o professor lida com '
fatos objetivos do dia-a-dia de seus alunob, ele se posiciona quanto suprema, saber incontestável e dispooitivos d.isciplinares rigorosos. C
aos conteúdos que ensina, emite juízos de valor, avalia por meio Sua relação com os alunos será pautada na compreensão de C
de notas, enfim, ele não bcupa aquela posição de neutralidade que os conteúdos escolares são assimilados por causa de o
disposições ineonse.ientes-favoráveis e gue o-fraeasso, do aluno
típica do psicoterápeütâ; confoime'viihos'há poudo.. Sefá-pos5ível' C
distinguir com clareza qüando o t'rnculo afetivo de um aluno é ou do professor, deve-se muito mais a fenômenos interpessoais -
transferenciais, por.exemplo - do que às peculiaridades do
C
transferencial ou quando está fundamentado em'arirudes
concretas do professor? E o que dizer das emoções que tomam método de ensino ou do material didático. ü
conta do professor? Seriam elas também transferênciais? c
O que a Psicanálise possibilita, então, é a estruturação de um
O conceito,üe libido a
campo de reíerências mediante o qual o mestrê pode elaborar Parà compreender melhor o que Freud dizia sobre o conflito e
hipóteses a respeito de si mesmo e de seus educandos. Isto, aliás, entre id e superego e suas conseqüências para o ego, vejamos 1|:
uma de suas mais desafiadoras afirmações. Segundo Freud, dentre
é o que faz o psicoterapeuta com seus pacientes..A'connibuição
da teoria psicanalítica paia o trabalho docente não diz tespeito a as pulsões que compõem o id destacam-se as energias de
I
tomar o professor um curador de neuroses, mas sim uma pessoa naturezâ sexual. É aor,u" elas que se erguem as barreiras morais a
atenta,para entender que o processo de ensino e aprendizagem que, intemalizadas pelo indivíduo, formam o supetego. e
náo se resume a aspectos técnico-metodológicos. À épo." em que Freud elaborou sua teoria, entre fins do a
A psicanalista Maria Cristina Kupfea nossa contemporânea, século XIX e início do século XX, essa afirmaçáo causou a
repulsa e indignação, qm? vez que significava dizer que as
compartilha dessa tese. Para ela a Psicanálise não rraz, de fato,
pessoas já nasciam com desejos sexuais. O problema era que
a
nenhuma contribuição ao campo dos métodos pedagógicos, se
se imaginava a sexualidade como algo que surge bem mais
a
tomarmos o conceito de método no sentido estrito, como
conjunto de ações que visa regularidade, ob;etividade, preyisão adiante, na adolescência, e que os bebês e as crianças'pequenas a
e mensuração de resultados. A Psicanálise não oferece certezas, eram toralmente imunes a sentimentos desse tipo. C
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1
I
76 Psrcorocre o^ EDUc^çÃo Fnruo - PsrcrrÁrrse € EDUc,\çÃo
Freud jamais negou isso, mas âcrescentou que â boca, uma vez
Freud trouxe uma concepção diferente de infância e por
ocupada pela libido, torna-se um órgão que viabilizâ prazer-
isso foi mal aceito durante décadas, especialmente em certos
meios intelectuais. O que ele pretendia dizer era que um bebê,
Em outras palavras, a boca torrla-se um órgão que dá vazão à
atò s,.rgat o seio da mãe, por exemplo, ativava uma energia que
energia sexual.
era da mesma natureza que um adulto ativagq{ndo mantinha Caracteriza-se assim a fase de desenvolvimento. oral' quando
uma relação sexual genital. Deu o nome deQ.b$ta essa energia a sexualidade é vivenciada na relação que a criança estSbelece,
e considerou-a como a energra que move.o ser humano na direçáo por intermédio da boca, com o mundo que a cerca. Dependendo
do'prazer, seja ele uma criança pequena, seja um hornem feito- do rirodo como essas vivências ocorrem, constituem-se certos
'A Ìibido, portânto, é uma energia de natureza sexual, traços de personalidade, especialmente aqueles que dizenr
respeito à imagem que o indivíduo guarda de si.
componente do id, presente no ser hurnâno desde o nascimento,
e é ela que impulsionâ â pessoa em busca de satisfação. E o Impossibilirada de distinguir entre o mundo exteríor -'a
prâzer, para Freud, é a motivação maior de todos nós, poisb que rnãe e os cuidados que esta lhe dispensa - e o seu próprio eu'
dita a vida humana é o "princípio do prazer". Mas esse princípio, ainda em formação, a criança atribui a si mesma as ações que
como já vimos, é interditado pelo superego' norteado por ourro são a ela dirigidas. Assim, dependendo das vivências da
referencial, o "princípio da realidade", originário das ordenaçóes criança, por i4termédio da boca, com os que cuidam dela,
culturais e sociais. Voltaremos a esse temâ, pois ele diz respeito desenvolve-se â. auto-imagem do indivíduo' que poderá ser
às concepções sociais e políticas de Freud. mais ou-menos negati-va ou positiva.
O que interessa no conceito de libido, no moúento, é que .Mais tarde, a atividade excretória do ânus assume relevância
ele permite entender a personalidade como profundamente na. vida da, críança, especialmente quando do treinamento feito
rr;i
pelos pais para que ela aprenda a defecar em lugar certo e horários
marcada por forças de natureza sexual. As énergias envolvidas
i"'íol$' apropriados. A
libi.do,'então, desloca-se para eisa'região, dando
I
no conflito Que gera o ego - seus rraços característicos e seus
distúrbios - são energias libidinais, isto é, sexuais. Assim, o margem-i fase de desenvolvimento anal. As vivências dessa fase
desenvolvimento da libido, energia que assume diversas formas, associam-se a noções de disciplina, gerando maior ou menot
fundamenta a teoria de desenvolvimento elaborada por Freud. senso de organização e método.
No corpo dessa teoria veremos como são constituídos os afetos É preciso ter em mente alguns aspectos importantes da teoria
primordiais que formam a personalidade da Pessoa. freudiana do desenvolvimento. Em primeiro lugar, Freud não
esteve preocupado em estabelecer as idades em que essas fases '
A teoria do deienvolvimento psicossexual se dáo. Cada pessoa é únióa e as suas vivênçias.também são
únicas, o que impede uma demarcação cronológica genérica
A libido é'uma energia e' como tal, necessita localizar-se
aplicável ao desenvolvimento de todas as pessoas.
:
,' próprio obtém prazer - seu pênis. Façamos uma pausa, aqui, uma criança, cujo superego a.inda não se encontra desenvolvido,
,
) atividade, sim, energizando atividades que vinculam o corpo e e, na situação escolar, poderá idendficar-se com o professo4, o
) â mente da criança ao ambienre que â cerca. É quando os jogos, que será útil ao bom relacionamenro, de ambos.
) as brincadeiras, os esportes e as atividades escolares passam a A partir do início da puberdade, porém, todo esse quadro
deqempenhar papel mais relevante na vida infantil. sofre profunda alteração. Devido às alterações biológicas que
)
A Psicanálise considera que o mecanir*o a.rS-.g1]-ç - começam a ocorrer nesse momento, a libido tein sua força
) deslocamento de libido para fins socialmente aceitáveii-- atua intensificada na direçáo do corpo da criánça, particulârmente
) fortemente nessa fase. Vale lembrar que grande quantidade parâ as zonas genitais. A força pulsional agiganta-se e faz
) dessa energia foi reprimida ao término da fase masturbatória, aumentar a pressão pâra que retornem os desejos infantis
) está contida no inconsciente e buscâ manifestar-se ao nível do reprimidos ao término da fase fálica.
) ego. A libido é enrão canalüada na direção de uma ou mais Inicia-se assim a fasé genital de desenvolvimenÈo da libido,
esíeras de atuação do indivíduo. A criança sente-se atraída gerando fenômenos que conhecemos como cúe da adolescência.
) para um certo brinquedo, uma matéria escolar, uma atividade As pulsões orais e-anais querem sâtisfação, ocorrendo o mesmo
) ftsica, podendo inclusive destacar-se num desses campos, dada com o desejo incestuoso e o sentimento de ódio ao pâi, o que
) â concentração de energia que ali se forma. pode gerai sensíveis distúrbios do ego. Sentimentos e desejos
) O fenômeno da aprendizagem, porranto, segundo a Psicanálise, vivenciados na fase fálica e nas fases anteriores entram agora
) depende do modo òôriro sê-dã o aprovãitãmã"io aá fËiao.-fr." em ïntèãiô confliio com as bámeüas do superego, já bastante
proposição não diz respeito apenas à fase de latência, pois todos fortalecidas
)
os envolvirnentos do indiúduo com o conhecimento - interesse, Impossibilitadas pelo superego de manifescar-se em sua
)
desejo de saber, recusa em aprender etc. - são influenciados verdadeira forma, essas energias surgem no plano consciente
) ',I'ri pelo inconsciente.
,, sob outra aparência. Podem eclodir sintomas neuródcos, fato
)
Se imaginarmos uma linha genérica e normal de comum nessa idade. A aversão às autoridades é outra ocorrência
) desenvolvimento, o que exclui manifestações particulares e que chama a atenção nessa etapa da vida e que diz respeito à
) desviantes, podemos dizer que os primeiros anos da escolarização relação do adolescente com a esco'la. O professor, simulacro da
I
podem ser altamente proveitosos para a criança. Ao rrabalhar figura patema, passa a ser o alvo de representações transferenciais,.
os conteúdos escolares, o professor pode ter a sublimação a seu usualmente' negativas-
favor e, é claro, a favor do crescimento intelectual e social do Já que estamos tratando de uma linha de desenvolvimento
aluno. O professor lida com energias sexuais reprimidas que, típico, podemos dizer que o término desses conflitos.dá-se com
extravasadas para a região consciente,.poclem ser empregadas a a possibilidade de satisfação plena da libido, concenÈrada nos
serviço da equilibração do ego. órgãos'genitais. No plano afetivo, isto significa a ligação âinorosa
Outro aliado do nabalho pedagógico é a identificação, do indivíduo com outra pessoa. Mas é bom lembrar que, de
mecanismo que a criançs d",genvolveu como forma de superação acordo com a teoria psicanalítica, é duvidoso falar em término
do conÍlito edipiano. Se o seu emprego foi bem-sucedido naquele de conflitos, assim como é falacioso pensâr em cura de neuroses,
momento, o indivíduo continUaná lançando mão desse mecanismo como já mencionamos anteriormente. O que se pode afirmar é
I
I
Psrcor.ocre or EouceçÃo Fneuo - Psrc,rxÁlrse E EDUc^çÃo
i' I
que o indivíduo encontra um ponto de equilíbrio entre seus para ficar em extremos - são exem$os de casos que muitas vezes I
desejos inconscientes e as exigências da realidade que agem obtêm a confirmação de suas tendências nas atitudes do
i
sobre seu ego. ; professor. Ao invés de amenizar certas inclinações já constituídas,
I
o professoç por descuido ou excesso de zelo, acaba fazendo
Limites e possibitidades da Psicanálise na educação recrudescer traços de personalidade que trazem sofrimento ao (
- que uma das tarefas da educação escolar é contribuir para a O psicanalista francês Georges Mauco escreveu que uma I
formação da personalidade da pessoa. Sob o prisma da Psicanálise, das contribuições da Psicanálise à educação consiste em elucidar I
essa pretensáo deve ser relativizada, pois os alicerces do caráter a importância do mestre como modelo e possibilitador de diálogo.
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do indivíduo já se encontram firmados quando ele vai pela Como modelo, porque a teoria psicanalítica não deve ser
primeira vez à escola confundida com ausência de autoridade e liberdade total para
a realização de desejos reprimidos. Mauco ressalta a integridade
Quando o professor entra em cena na vida da criança, tem
diante de si um indivíduo cujos traços fundamentais do ego já psicológica do mesrre como recurso para a boa equilibração da
ergio_ ççdgngsrgqdo- gp vivê11ciap gmto: ?F3f: Ig?:!uJpg!gg?s, personalidade dos alunos. Ao fomecer-lhes um ego ideal com
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todo o conflito edipiano que sustenta o superego, enfim, qúe posSâm'identifiéàf-se, o professor trabalha para que as
traços fundamentais do ego e de suas relaçóes cgm o id já se energias irracionais do inconsciente possam ser convertidas
encontram deftnidos nesse momenÈo. Recalcamentos, repressões, em forças socialmente úteis.
mecanismos de defesa do ego e de ocultâmento.de desejos já Possibilitar diálogo significa, para Mauco, respeitar a pessoa
fazem parte da personalidade. O que pode fazer o professor, enrão? e manter a necessária distância entre adulto e criança, para
Vimos que o professor, orientado pelgs conhecimenÈos que esta possa adquirir autonomia e compreensão das regïas
psicanalíticos, dispõe de saberes que lhe permitem conhecer - que consËituem a vida coletiva. Reaffrma-se, assim, o papel do
ou ao menos supor - o que se passa com seu aluno nas diferentes mestre como autoridade capaz de nortear a vida pulsional de
fases de seu desenvolvimento, o modo como sua libido se seus educandos, antes que outras agências sociais o façam,
manifesta, os conflitos que pode estar atravessando e as angústias causando danos para o indivíduo e para a sociedade
de que pode estar sendo vítima. O professor que compreende a O professor pode contribuir muito, a começar, sem dúvida,
Psicanálise está à frente dos demais, pois tem em mãos qm quadro pelo abandono do sentimento de onipotência que atribui a ele-o
de refetências que fornece um panorama, ainda que não poder de moldar a personalidade do aluno. Uma das aflições do
específiço, sobre a vida psíquica da criança e do adolescente. educador,'não só nessa etapa da escolaúação, é a incapacidade
Mas o professor não constrói a personalidade de seu alirno. que sente diante de certas aËitudes das crianças e dos jovens.
Ele pode, sim, agir de modo a não agravar certas tendências do O professor possui objecivos, conceitos e valores que deseja ver
caráter dè seu educando. Uma criança que possua auto-imagem refletidos nas pessoas que educa e sente-se frustrado, muitas
excessivamente negativa, um jovem obcecado pela ordem e pela vezes, por não conseguir fazer valer o seu exemplo de vida. Seus
disciplina, um aluno que agride desmesuradamente as autoridades alunos não são as pessoas que ele gostaria que fossem.
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- 38 Psrcorocre o^ Eouc^çÃo Fnruo
- - Pstc^NÁUs€ E EDUc^çÃo
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Essa frustração instala-se quando o professor,não percebe a
- Seus estudos o levaram a perceber a ausência de explicações
{ dinâmica de seu inconsciente e se deixa levar pór vínculos plausíveis sobre a proibição ao incesto, rabu existenre em
transferenciais. Mais ainda, quando não considera a história de
praticamente todas as cultúras. Unindo os resultados das
- constituição da penonalidade do ourro. A busca do enrendimenro
observaçõés clínicas psicanalíticas às conclusões da antropologia
- desses dois aspectos, presentes em todas as nossâs relações
de suà época, Freud elaborou uma nanativa "histórica" sobre
- interpessoais, não só as que se pâssam na escola, é uma maneira
fatos de um tempo distante. A expressão "histórica" deve ser
de amenizar frustrações.
-
t É preciso reconhecer que seu esfoiço como professor pode
lida com cuidado, uma vez que Freud construiut segundo suas
próprias palavras em Totem e Tabu, "um vislumbre de uma
não obter muiros resukados na formaçáo da personalidade do hipótese que pode parecer fantástica" mâs que vinha ao enconrro
-
t aluno, e isto não implica apatia e aceitação cômodd dos problemas de seus objetivos.
t com que se depara. Esse reconhecimento ocasiona, isto sim,
A narrativa.do criador da Psìcanálise pode ser âssim
t empenho ainda maior na superação de seus próprios conflitos
resumida. No tipo mais primitivo de organizaçáo sociàI, as
a interiores e a percepção dos pequenos ganhos que um simples
gesto pode trazer-
pessoâs viviam em pequenos agrupamentos compostos por um
homem, suas mulheres e seus filhos. O chefe era um pai
- É ..rto que o paradigma pri.""ãtiiiãô ãor'poita
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violento e ciumenro que sê apiôpiiaïã dã-s íêmeas com
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indicações quanto aprocedimenros, técnicas ou modelos exclusividade e expulsava os membros masculinos do grupo,
pedagógica, o que caberia ser desenvolvido por especialistas em assim que estes cresciam. Numa dessas hordas, os filhos expulsos
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metodologia de ensino. Como paradigma, a Psicanálise não passa retomaram, certa vez, e assassinaram o pai.
a Educação.
moral ou jurídica, colocou o grupo em total desordem. Os jovens
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I Um'exemplo real e interessante.vem de Summerhill, a escola
inglesa criada nos anos de L920 - e que existe ainda hoje, aliás -
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