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ANÁLISE QUIMICA DO SOLO DE VÁRZEA SOB AÇAIZAIS NATIVOS AS

MARGENS DO RIO DA AMAZÔNIA TOCANTINA


Autores: Raynaldo Sérgio Pinheiro Progênio, César Rocha Chaves, Françoa Costa de
Souza, Meirevalda do Socorro Ferreira Redig, Elessandra Laura Nogueira Lopes

Introdução
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira amazônica com estimada
relevância socioeconômica e tem ocorrência natural em áreas baixas, bem como, em
solos de várzea que apresente boa fertilidade natural de nutrientes que são depositados
pelas marés altas (LINDOLFO, 2017). Em virtude da grande área que vem sendo
cultivada com esse produto na região amazônica, o açaízeiro tem sido a mais importante
das frutíferas amazônica, e com isso, sua produção que até então, era obtida somente do
extrativismo, em áreas de várzeas, tem levado os produtores a cultivá-lo em área de
terra firme (CARVALHO et al, 2017).
Diante esse novo cenário de produção, há necessidade de erguer novas bases de
arranjos produtivos que estejam relacionados ao cultivo do açaí no Brasil. No entanto, é
preciso conhecer as condições de cultivo da espécie que até então pertenciam as regiões
tradicionais (áreas de várzea), e para que isso seja possível, é necessário que seja
adaptado as condições de terra firme facilitando o manejo e implementação de novas
tecnologias (CAVALCANTE, 2015).
Isso possibilita que o seu cultivo ocorra em diferentes ambientes, como
alternativas as áreas desmatadas e/ou abandonadas que apresentem disponibilidade de
água, temperaturas favoráveis, e preferencialmente regiões de clima tropical, permitindo
que nesses cultivos sejam avaliados a interferência nas condições do arranjo produtivo
(LINDOLFO, 2017).
E como fator de relevância, para se obter bons resultados, temos o estudo da
fenologia que, se faz sobre o comportamento dos vegetais de uma determinada espécie,
a partir das características de floração e frutificação, considerando e avaliando os
atributos fornecidos e quais as quantidades disponíveis por ela durante todo seu ciclo, a
partir dos fenômenos intrinsecamente relacionados com as ocorrências edafoclimáticas
e sua adaptação ao ambiente de cultivo (ROSÁRIO et al, 2013).
Os diferentes arranjos enfatizam a variabilidade estrutural das plantas de açaí, a
partir dos mais diversos fatores, para identificar as distintas formas de manejo,
estabelecendo uma relação com a identificação de variação da fenologia direta com a
produção, permitindo a compreensão nas formas de manejo de populações de açaí e que
haja vínculo com o manejo sustentável dessa espécie (AGUIAR, 2016).
Outro fator relevante é a qualidade do solo e a sua dependência das interações
com os processos químicos, físicos e biológicos que proporcionam o fluxo e uma
natureza homogênea. Onde a qualidade do solo se apresenta como indicador de
sustentabilidade agrícola nos sistemas produtivos e isso acarreta uma condição positiva
para o desenvolvimento da planta e um bom sistema de manejo e uso da terra
(ARCOVERDE, 2013).
E essa é uma característica desejável e essencial para que haja uma avaliação
assídua dos atributos do solo (matéria orgânica, porosidade e densidades do solo),
objetivando monitorar a eficiência ou não do sistema de manejo a partir da vegetação
presente (ARAUJO et al, 2016).
Desta maneira, o estudo realizado permitiu analisar os solos de diferentes
arranjos produtivos no cultivo de açaizeiros, verificando a interação, genótipo, ambiente
e seu efeito sobre o período sazonal do ciclo vegetativo da espécie Euterpe oleracea
Mart., onde proporcionou indicação sobre a qualidade do solo, arranjo espacial e
interferência dos diferentes ambientes de cultivo. E por meio do rigor de
monitoramento, esses convergiram com os estudos sobre o manejo da espécie, com a
finalidade de não ocasionar interferências nos aspectos fenológicos e produtivos. A
presente obra objetivou-se avaliar a influencia dos solos de várzeas sob populações
naturais de Euterpe oleracea, produtividade na Amazônia Tocantina.

Materiais e métodos
O estudo foi realizado nas áreas de várzea no município de Cametá, nordeste
paraense durante os meses de agosto de 2021 a maio de 2022, em cultivo de Açaí em
áreas de várzea, com idade de sete anos.
Foram coletadas amostras de solos deformadas e indeformadas, em quatro
pontos e em profundidade 0-20 cm, foram armazenadas em sacolas plásticas e
identificadas. Após as coletas, as amostras foram encaminhadas para análise no
laboratório de Solos da UFRA em Belém-Pará, utilizando a metodologia da EMBRAPA
(CNPS, 1997). Para tanto as amostras foram secas ao ar, destorroadas e passadas nas
peneiras de 2,0 mm de abertura de malha (TFSA) para posteriormente serem realizadas
as análises químicas.
Para a análise granulométrica foi pesado uma pequena porção de TFSA (10g
para solo argiloso, 20g para franco, 40g para franco arenoso e areia franca e 80 g para
arenoso), em seguida foi transferida a amostra para o recipiente do agitador 400 ml de
água destilada e 10 ml de solução de NaOH (dispersante) onde a mesma foi agitada por
16h em um agitador horizontal com 120 rpm. Em seguida foi despejada a suspensão em
uma peneira de 20cm de diâmetro e malha de 0,053, colocada sobre um funil apoiado
em um suporte, em baixo uma proveta de 1000ml ou um cilindro de sedimentação. Em
seguida a peneira foi lavada com água destilada, o sedimento restante colocado em um
Becker de peso conhecido, e inserido em uma estufa à 105°C. Depois de retirada da
estufa foi pesado a fração de areia. Para a determinação da fração argila, foi preparada
uma prova em branco, adicionando 10 ml de solução de NaOH em uma proveta de
1000ml alcançando o volume de 1l com água destilada, deixando o solo e aprova em
branco em suspensão por uma hora, agitando a suspensão com um bastão por 30s,
anotando o tempo de conclusão e a temperatura. Após o término da suspensão foi
transferida para o Becker com peso conhecido, a porção proveniente da lavagem da
pipeta, foram colocadas no Becker em uma estufa à 105°C por 24h, e por fim foi pesada
e identificada a argila e o resíduo da prova em branco.
A densidade do solo (Ds) foi mensurada pelo método do anel volumétrico, que
se baseia no uso de anel de bordas cortantes com volume conhecido, esse método é
considerado como método padrão de amostragem para a avaliação da densidade do solo,
o qual consistiu na amostragem do solo com estrutura indeformada num anel (cilindro
metálico) de volume conhecido (EMBRAPA, 1997).

O solo de dentro do anel foi pesado e seco em estufa a 105ºC. Após 48h, o solo
seco foi retirado e pesado, onde se determinou a Ds (Densidade do Solo) através da
Equação:
𝐷𝑠= 𝑚/𝑉c
Onde:
Ds = Densidade do solo (g cm³); m = massa de solo seco (g); Vc = volume do
anel (cm-3).
Para as análises de fertilidade: pH (H2O), Ca2+, Mg2+, Na+, K+, Al3+, P, N,
relação C/N, acidez potencial em pH 7 (H+ Al), matéria orgânica (MO), carbono
orgânico (C), soma de bases (SB), CTC e saturação de bases (V), de acordo com a
metodologia da Embrapa (1979, 1999).
A determinação de Ca e Mg trocáveis foi feita por volumetria com EDTA; o Al
trocável foi obtido por volumetria de neutralização; o carbono orgânico foi determinado
por volumetria de oxirredução; foi usado o potenciômetro para leitura do pH em água.
Para a determinação de P, Na, K, Fe, Mn, Zn e Cu disponíveis foi utilizado o extrator
Mehlich 1, onde o P foi lido no espectrofotômetro e Na e K no fotômetro de chamas,
Fe, Mn, Zn e Cu analisados por espectrofotometria de absorção atômica.
O N total foi realizado por destilação conforme o método desenvolvido por
Kjeldahl (1883) (Tedesco et al., 1995), que teve sua realização em duas etapas, a
primeira pela digestão com ácido sulfúrico e a segunda etapa que consiste na destilação.
Para análise dos teores totais dos metais Fe, Cu, Mn e Zn foram feitos o preparo
das amostras pelo método Environmental Protection Agency – EPA 3051. Usando 0,5 g
de solo seco e peneirado em malha de 100 mesh.

Resultados e discussão
De acordo com os solos analisados em diferentes áreas

Referências
AGUIAR, Amália Gabriela Rocha. Manejo de população de açaizeiro (Euterpe oleracea
Mart.) em parcelas de produção de frutos em área de várzea / Amália Gabriela Rocha
Aguiar; Orientador, Paulo Fernando da Silva Martins; Coorientador, Aquiles
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