EDGESCIENCE #22 • JUNE 2015 / 1
❛ THE OBSERVATORY ❜
Edward F. Kelly
Rumo a Reconciliação entre Ciência e Espiritualidade:
Uma Breve História do Projeto “Sursem”
Foto do Instituto Esalen por Daniel Bianchetta
A emergência da ciência moderna, juntamente
com seus admiráveis triunfos tecnológicos, acabou
por naturalizar a aceitação de uma visão de mundo,
amplamente disseminada entre as elites intelectuais,
que se coloca em gritante conflito, tanto em relação à
experiência humana mais cotidiana, quanto em
relação às grandes tradições espirituais do mundo.
A maioria dos psicólogos cognitivos,
neurocientistas e, em especial, filósofos da mente
contemporâneos aderiram, explicitamente ou
implicitamente, a alguma versão de “fisicalismo”, o
descendente filosófico moderno do “materialismo”
dos séculos anteriores. Nessa visão, todos os fatos são
determinados por, e somente por, fatos físicos.
Portanto, nós, criaturas humanas, somos, meramente,
nada mais e nada menos do que máquinas biológicas
extremamente complicadas e, além disso, tudo o que
nós somos, ao fim e ao cabo, poderia ser explicado,
pelo menos a princípio, em termos de nossa biologia,
química e princípios físicos fundamentais
tradução e adaptação para o português: Gustavo R. Rocha
(elementares), ou seja, em termos de interações locais
entre pedaços de matéria, sendo essas as únicas coisas
realmente existentes, se movendo em acordo com leis
matemáticas sob a influência de campos de forças
mediando essas interações. As nossas próprias
capacidades cognitivas, ou seja, como nós conhecemos
o mundo ao nosso redor, foram construídas,
geneticamente, como o resultado de uma complexa
evolução biológica. Assim, tudo o mais, a nossa
compreensão, nossos sentidos, nosso entendimento,
nos chega, por meio de trocas energéticas cujos
mecanismos já são completamente compreendidos
pela ciência, através da superfície de nossos órgãos
sensoriais interagindo com todos os tipos de
ambientes ao nosso redor. Portanto, todos os aspectos
da mente e da consciência humana são gerados pelos
processos neurofisiológicos que ocorrem no cérebro
(desse modo, a consciência é, de certa forma, idêntica
a esses processos, ou seja, a consciência é um
epifenômeno superveniente a esses processos
neurofisiológicos). Logo, nós somos, como o cientista
cognitivo Marvin Minsky colocou de maneira aterradora,
tão somente “computadores feitos de carne”, ou, como na
paródia de Dilbert, do cartunista Scott Adams, nós somos
apenas “robôs muito húmidos”. Por conseguinte, a
suposta causação mental atribuída ao livre-arbítrio, e o
nosso próprio senso de “eu” (de “self”), de identidade,
são meras ilusões, ou seja, apenas o subproduto do
funcionamento do nosso maquinário neurológico.
Finalmente, é claro que, uma vez que nossa
personalidade e nossa mente são inteiramente, e tão
somente, o subproduto do nosso maquinário corpóreo, a
nossa mente, consciência, identidade e personalidade são
totalmente, finalmente, e para todo sempre, extintas com
a morte e dissolução final do nosso corpo.
É essa visão de mundo sombria e sem vida
que, sem a menor dúvida, continua a dominar a
corrente principal e mais amplamente aceita do

pensamento científico contemporâneo, o que tem
contribuído para o “desencantamento” do mundo
moderno e, por conseguinte, suas multifacetadas
enfermidades. É a visão também que tem levado à
corrosão, contínua e crescente, das formas de crenças
das tradições religiosas. De fato, nos últimos anos,
tem-se visto furiosos ataques públicos à religião por
defensores, aparentemente bem-intencionados, como
Richard Dawkins e Daniel Dennett, do racionalismo
do estilo do iluminismo (como supõem defender), e
que consideram a si mesmos e a ciência moderna
convencional dominante como uma composição
protetora das únicas virtudes intelectuais confiáveis
da razão e da objetividade marchando contra as
forças reacionárias da autoridade irracional e da
superstição. Para esses intelectuais, a verdade do
fisicalismo já foi demonstrada acima de quaisquer
dúvidas razoáveis, e pensar qualquer coisa diferente
seria o mesmo que abandonar séculos de progresso
científico, dando vazão ao lodo subterrâneo do
ocultismo, nos reconduzindo às crenças primitivas
supernaturais dos tempos das trevas.
Todavia, não são todos acadêmicos, cientistas
e intelectuais que compartilham desses sentimentos e
impressões. Eu próprio sou um contra exemplo,
represento um esforço científico-intelectual de uma
comunidade acadêmica, inicialmente organizada em
1998 por Michael Murphy, fundador do Instituto
Esalen e diretor de seu Centro de Teoria e Pesquisas,
cujos membros participantes compartilham de uma
visão drasticamente diferente: nós somos da opinião
de que é necessária uma arrogância estapafúrdia para
dispensar em massa toda a sabedoria e experiência
coletiva acumulada da maior parte de nossos
antepassados, incluindo personalidades amplamente
reconhecidas como pilares de toda a civilização
humana, e pensamos que a maior das tarefas
intelectuais confrontando a modernidade é,
justamente, a tarefa de reconciliar, de maneira
aceitável, inteligível, significativa e reconhecível,
ciência e religião.
Eu ainda me adianto ao afirmar que qualquer
tentativa de realizar uma tal “reconciliação” envolve
muito mais do que simplesmente segregar ciência e
religião em alguma versão de “magistérios não
interferentes”, hermeticamente fechados e separados,
em uma coexistência mutualmente excludente, como
originalmente proposto por Descartes e recentemente
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defendida por Stephen Jay Gold. Ao contrário, nós
defendemos que os desenvolvimentos que estão
correntemente emergindo dentro da própria ciência
estão nos levando, de maneira inexorável, a uma
concepção ampliada de natureza; concepção essa
apta a acomodar realidades, de certo modo,
“espirituais”, ao mesmo tempo em que rejeita, como
racionalmente indefensáveis, certas crenças
religiosas, da mesma maneira como o fazem os
críticos (como aqueles) das principais religiões do
mundo institucionalizadas. Nós, portanto, não
defendemos nenhuma crença religiosa específica, e
aspiramos a nos manter ancorados na ciência, embora
ampliando os seus horizontes. Nós buscamos, desse
modo, encontrar um caminho do meio entre dois
tipos de fundamentalismos – religioso e científico –
que têm dominado e polarizado o discurso público
recente. Ambos, ciência e religião, assim pensamos,
precisariam se desenvolver.
Foto por Daniel Bianchetta de um dos patrocinadores, o
comediante britânico (a esquerda), John Cleese, e do fundador
(a direita), o visionário Michael Murphy, da iniciativa do
Grupo “Sursem”.
Por mais de 15 anos, período de duração do
projeto, o nosso trabalho envolveu, no total, mais do
que 50 participantes, dos quais algo em torno de 20
participaram ao longo de todo o período. O núcleo
principal de participantes associados permaneceu,
em grande medida, constante ao longo dos vários
anos, mas, devido a várias razões, e a fim de
enfrentarmos novos problemas, empíricos e
teoréticos, específicos, a depender das questões sobre
as quais estávamos nos dedicando, nós recrutávamos
outros pesquisadores. A cada ano, nós, os membros
ativos em cada época, organizávamos um evento
para nos encontrarmos pessoalmente, em simpósios

de cinco dias na atmosfera formidável do Instituto
Esalen, no Big Sur, Califórnia, EUA, simpósios ou
seminários esses suplementados por encontros
ocasionais em São Francisco, ou em outras partes do
mundo, e interações mais intensivas, quando assim
necessário, entre membros participantes.
As nossas afiliações acadêmicas (e
background) são as mais variadas, incluindo alguns
físicos, biólogos, cientistas sociais e humanistas,
filósofos, especialistas em religiões comparadas,
historiadores das diversas ciências e muitos outros,
contudo, em termos mais gerais, somos
pesquisadores de mentalidade científica com amplos
e variados interesses que pensamos a nós mesmos
como espirituais (ou espiritualizados), mas não
religiosos no sentido convencional. Nós somos céticos
com relação à visão de mundo filosófica-científica
fisicalista, atualmente predominante, mas igualmente
cautelosos com a exaltação acrítica, precipitada e sem
discernimento das principais tradições religiosas do
mundo, cujas crenças são, tão frequentemente,
conflitantes, além de contrárias a tudo quanto
conhecemos em termos históricos, científicos e
filosóficos.
Em um primeiro momento, nós nos focamos
na questão da possibilidade de sobrevivência (em
inglês, “survival”) post mortem (e, por isso, o nome
“Sursem”, abreviado de “Survival Seminar”, ou seja,
seminário sobre a possibilidade de sobrevivência à
morte física (corpórea)). A questão, como Michael
Murphy claramente reconheceu, é, teoricamente, um
divisor de águas no debate, uma vez que a questão da
sobrevivência é tão comumente encontrada nas
crenças religiosas tradicionais, embora, contudo, essa
crença não poderia estar correta se o fisicalismo
estiver correto. Ademais – embora largamente
desconhecidas do público leigo em geral, assim como
igualmente desconhecidas tanto dos crentes, quanto
dos “céticos” (como se chamam esses
desmistificadores profissionais, em contraste com o
ceticismo propriamente filosófico) – já existe um
corpo robusto de evidências empíricas de qualidade
sugerindo que a “sobrevivência”, de fato, pelo menos
em alguns casos específicos, parece ocorrer. De toda
sorte, nós rapidamente percebemos que a nossa tarefa
era, realmente, muito abrangente, e que, portanto,
deveríamos enfrentar o problema a partir de dois
estágios concomitantes: primeiro, deveríamos reunir
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em um único lugar todas as linhas de evidências
empíricas científicas publicadas em periódicos
pautados pelo sistema acadêmico tradicional de
revisão cega por pares sugerindo empiricamente a
inadequação do fisicalismo convencional e, segundo,
o que nos pareceria muito mais desafiador, buscar um
framework conceitual melhor que pudesse substituí-
lo (o fisicalismo convencional).
O primeiro estágio culminou na publicação
em 2007 da obra coletiva Irreducible Mind: Toward a
Psychology for the 21st Century (“A Mente Irredutível:
Rumo a uma Psicologia para o Século 21”). Os
assuntos abordados nessa obra incluem fenômenos
paranormais, manifestações extremas de influência
psicofisiológica, como estigmas, marcas induzidas
por hipnose (como bolhas, afetação, pequenas
vesículas sobre o corpo) , formas prodigiosas de
memória e de cálculo mental, automatismos
psicológicos e centros secundários de consciência,
experiências de quase-morte e experiências fora do
corpo, incluindo experiências que ocorrem sob
condições fisiológicas extremas, como anestesia geral
profunda e/ ou parada cardíaca, casos raríssimos de
genialidade, e experiências místicas diversas, sejam
espontâneas, sejam induzidas quimicamente ou por
práticas transformativas, como disciplinas de
meditação intensa. Os fenômenos extraordinários
apresentados, tomados coletivamente, agravariam
ainda mais as dificuldades explanatórias já colocadas
pelos fenômenos ordinários da vida mental cotidiana
humana (como a construção de significado, a
intencionalidade, o ponto de vista subjetivo, os
aspectos qualitativos da consciência, etc) que têm
sido, em tempos recentes, motivos de intensas
discussões acadêmicas. Em resumo, esse trabalho
acrescentou uma rica dimensão empírica àquilo que
nos parece ser um crescente coro mundialmente
disseminado de insatisfação teórica com o fisicalismo
clássico enquanto uma posição metafísica formal que
deveria ser adotada. Assim, entendemos que
estaríamos em um ponto de inflexão da história
intelectual moderna.
O fisicalismo clássico é, definitivamente,
inadequado, contudo, a questão que continua é: o que
então tomaria o seu lugar? A essa questão, muito
mais difícil, nós dedicamos o segundo estágio do
nosso projeto. A questão essencial sobre a qual temos
nos debatido é entender como nós, seres humanos

individuais, e o “mundo”, enquanto totalidade,
deveríamos ser constituídos de modo que fenômenos
anômalos, como aqueles catalogados em nosso
inventário em Irreducible Mind – e, sistematicamente,
ignorado e zombado pelas ciências fisicalistas
dominantes –, podem ocorrer.
Sob o ponto de vista do lado da questão
referente às ciências da psicologia, alguns de nós
temos explorados modelos alternativos da relação
entre mente e cérebro que se tornaram,
historicamente, conhecidos como modelo(s) do
“filtro” (ou da “transmissão” ou da “seletividade”). O
modelo, como desenvolvido pelos grandes pioneiros
da parapsicologia, como F. W. H. Myers, William
James e Henri Bergson, retrata o cérebro não como
um gerador da mente humana ou da consciência, mas
como um órgão de adaptação (no sentido seletivo
darwinista) às demandas cotidianas da vida em nosso
ambiente, selecionando, focando, filtrando,
canalizando e restringindo as operações da
consciência ao estritamente necessário para a sua
sobrevivência. A consciência, inerentemente, seria
muito mais do que o simples somatório de suas
capacidades objetivas adaptadas às necessidades da
mente ao buscar a reprodução da sua subsistência
concreta em relação ao seu ambiente. O objetivo
principal da primeira fase do nosso projeto partiu de
da ideia de se reavaliar o modelo de personalidade
humana proposto por Myers (a partir de sua enorme
obra em dois volumes de 1903, Human Personality and
its Survival of Bodily Death, que estava então próxima
de completar o seu centenário de publicação) à luz
das pesquisas atualmente disponíveis quase um
século depois. Nós chegamos à conclusão que as
evidências em suporte desse modelo haviam crescido
e se tornado mais forte substancialmente ao longo do
século XX. Myers e James foram, é claro, logo
colocados de lado pelo crescimento do behaviorismo
radical no início do século XX que simulava os
métodos da física clássica, e cuja influência continua
de forma modificada mesmo atualmente no
mainstream das nas neurociências cognitivas. Em
nossa perspectiva, a psicologia moderna tomou um
desvio de 100 anos e somente agora tornou-se capaz
de apreciar as bases teóricas e os fundamentos
metodológicos desenhados incialmente pelos seus
fundadores.
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A região subliminal da mente (expressão de
Myers), normalmente escondida, e que William
James chamava de “O Mais” da mente, é uma fonte
inesgotável de potenciais humanos latentes que,
historicamente, sempre foi o foco principal de
investigação do Instituto Esalen. Porém, são também
precisamente esses aspectos transpessoais –
especialmente os fenômenos paranormais e a
experiência mística com suas profundas
interconexões históricas e psicológicas, as pesquisas
de sobrevivência post mortem e a genialidade em suas
expressões mais altas – que, em conjunto, resistem e
sugerem que o fisicalismo clássico precisaria de ser
substituído por alguma forma mais rica e sofisticada
de metafísica. Eu deveria acrescentar que,
pessoalmente, no meu entendimento, a primeira fase
do nosso projeto avançou bastante na direção da
dissolução daquilo que Gardner Murphy há muito
tempo chamou de a “dificuldade irremediável” na
pesquisa a respeito da possibilidade de sobrevivência
post mortem, a saber, a objeção biológica à
sobrevivência, ou seja, especificamente: se o
fisicalismo é verdadeiro, e a mente e a consciência são
produzidos inteiramente pelos processos
neurofisiológicos ocorrendo no funcionamento do
cérebro, então a sobrevivência à morte corpórea é
impossível (e ponto final). Porém, as evidências que
nós coletamos sugerem claramente, como certamente
acredito termos demonstrado, que as conexões entre
mente e cérebro, sendo, de fato, muito mais soltas e
fluidas do que se pensava, poderiam ser melhor
concebidas e entendidas através de modelos
alternativos, como o modelo do “filtro” ou da
“transmissão”, sem em nada violentar ou modificar
as outras partes do nosso mais avançado arcabouço
científico, em particular as fronteiras das
neurociências e da física. Todavia, as mesmas
evidências nos convidam – ou, na verdade, como
entendo, demandam – uma revisão muito radical do
pressuposto fisicalista da metafísica atualmente
predominante no establishment científico. Note que a
questão não é saber se teremos ou não uma metafísica
– uma vez que nós, inevitavelmente, teremos uma,
seja conscientemente ou não – a questão é sim saber
se teremos uma metafísica bem ou mal estruturada.
Na medida em que começamos a abordar
essas questões metafísicas mais amplas, nós
reconhecemos ou identificamos como sendo um

elemento central de nossa estratégia que deveríamos
retomar e superar os frameworks conceituais, tanto
do passado como do presente, que poderiam,
explicitamente, acomodar os fenômenos anômalos de
todos os tipos que acumulamos e catalogamos em
nosso inventário inicial. A fim de se levar a cabo esse
propósito, o filósofo Michael Grosso começou a
pesquisar, sistematicamente, a longa e notável
história intelectual dessas concepções, se focando,
principalmente, mas não exclusivamente, nos
pensadores ocidentais – dos pré-socráticos até Myers,
James e Bergson, além de figuras mais recentes, como
C. D. Broad, Cyril Burt e Aldous Huxley. Nós
também recrutamos um grande número de novos
membros para o nosso grupo que tivessem as
habilidades e os interesses relevantes necessários
para avançar o nosso propósito, incluindo, por
exemplo, um variado número de acadêmicos
especialistas em filosofias religiosas informadas e
constituídas pelo misticismo: Paul Marshall, autor de
vários excelentes livros sobre misticismo, que nos
ajudou a entender de maneira mais abrangente
porque e como a experiência mística, embora
largamente ignorada e depreciada em nossa tradição
científica ocidental, nos oferece peças cruciais
importantes desse quebra-cabeça metafísico; Greg
Shawwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwwww
Foto por Daniel Bianchetta da reunião do Grupo Sursem de maio de 2010: Em cima (da esquerda para a direita): Ed Kelly, Deb
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Frost, Gordon Wheeler, Charles Tart, David Hufford, Adam Crabtree, Mike Murphy, Harald Atmanspacher; Ao meio: Henry Stapp,
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Mike Grosso, Jim Tucker, Bruce Greyson, Sam Yau, David Presti, eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Shaw, Frank Poletti, Loriliai Biernacki, Jeff Kripal, Bob Rosenberg. eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
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wwwwwwwwwwwwwwwwShaw
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Shaw,wum especialista na tradição neoplatônica; Ian
Whicher, especialista na tradição da yoga Patanjali;
Loriliai Biernacki, especialista na filosofia do sábio
indiano, místico e filósofo da Caxemira do século XI,
Abhinavagupta; Jeffrey Kripal, especialista em
religiões comparadas, e G. William Barnard, outro
comparativista e autor de vários livros sobre James e
Bergson. Nós tomamos, é claro, esse material
comparativo não com a expectativa de que qualquer
um desses sistemas antigos contivesse todas as
respostas, mas na intenção de prospectar temas em
comum e pistas úteis que melhor nos guiasse no
sentido de avançar os nossos propósitos teóricos.
Nós também investimos um esforço
considerável em partes relevantes da tradição
metafísica ocidental. Paul Marshall, por exemplo, tem
desenvolvido, continuamente, sua teoria da mônada,
uma versão modificada da teoria original de Leibniz
a fim de aprimorar o seu poder explanatório para se
compreender determinados fenômenos importantes.
Além disso, Adam Crabtree se lançou em uma
investigação aprofundada das contribuições de um
amigo e colega de James, o filósofo Charles Sanders
Pierce, que tomava seriamente tanto a pesquisa sobre
sobrevivência quanto sobre fenômenos paranormais
e acreditava que a sua metafísica poderia explicá-los,
eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
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Eric Weiss, Bernard Carr, Nancyeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Worcester; Embaixo: Greg
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Shaw eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeebbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbe

e Eric Weiss que elaborou ainda mais a sua
“metafísica do processo transfísico”, que combina
uma versão atualizada da filosofia do processo de
Whitehead com insights derivados do sábio indiano
e filósofo tântrico Sri Aurobindo .
Nós temos, também, em sintonia com nossa
linha de orientação geral, enfatizado as potenciais
contribuições do lado das ciências empíricas. Eu e o
neurocientista e neurobiólogo David Presti, por
exemplo, temos examinado modelos de “filtro” ou
“transmissão” sob o ponto de vista psicobiológico,
concentrando em fenômenos paranormais,
genialidade e experiências místicas como expressões
primárias dos recursos mais profundos da psique
humana, tentando entender porque e quais tipos de
condições cerebrais permitem, ou ativamente
promovem, o acesso a esses recursos. Nós também
recrutamos vários físicos proeminentes, incluindo
Henry Stapp, que tem apresentado e desenvolvido
seu modelo teórico quântico da conexão mente e
cérebro e começou a explorar as suas possíveis
extensões para explicar fenômenos anômalos,
incluindo fenômenos paranormais e de sobrevivência
de elementos da consciência à morte corpórea.
Harald Atmanspacher, um outro físico e teórico das
interpretações da mecânica quântica, que tem nos
informado a respeito do modelo de Pauli e Jung,
conhecido como monismo de aspecto dual, e nos
mostrado como ele nos permite conduzir,
naturalmente, à taxonomia teórica de experiências
excepcionais que corresponde a fenômenos que, de
fato, ocorrem na prática clínica; e Bernard Carr,
também físico e cosmólogo, presidente emérito da
Sociedade Britânica para Pesquisas Psíquicas, que
tem avançado a sua própria teoria (e exposto a de
outros) de hiperdimensões, enfatizando, novamente,
a compatibilidade entre teorias científicas de ponta
(de fronteira, de vanguarda) (nesse caso, a teoria
quântica de campos e as teorias de super cordas) com
fenômenos paranormais e de sobrevivência, assim
como seu potencial para nos ajudar a explicá-los.
Finalmente, todos esses esforços acima
descritos culminaram em um segundo volumoso
livro, Beyond Physicalism: Toward Reconciliation of
Science and Spirituality (“Além do Fisicalismo: Rumo
a Reconciliação entre Ciência e Espiritualidade”). De
modo a ir direto ao ponto, uma das impressões
geralmente compartilhadas em nosso grupo é que ao
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teorizarmos nos baseando em fundações empíricas
bastante abrangentes, incluindo fenômenos anômalos
– especialmente fenômenos paranormais, de
sobrevivência e experiências místicas –, somos
levados, inexoravelmente, para dentro do território
metafísico tradicionalmente ocupado pelas principais
religiões institucionalizadas da história das
civilizações. Nós temos argumentados,
especialmente, que os desenvolvimentos emergindo
das ciências e dos estudos em religiões comparadas,
visto em relação a séculos de esforços teológicos
filosóficos, nos aponta na direção de alguma forma de
panenteísmo evolucionário como o nosso atual
melhor palpite a respeito da natureza metafísica
última de todas as coisas. Em resumo, o panenteísmo,
em geral, busca se distinguir das diferenças
encontradas entre tanto os teísmos clássicos, quanto
os panteísmos clássicos, concebendo uma consciência
última (ou Deus) como perpassando, ou mesmo
constituindo, o mundo manifesto, como no caso do
panteísmo, mas, também e ao mesmo tempo, com
algo deixado de fora, como no caso do teísmo. A
versão que nós, provisoriamente, concebemos e
assentimos, finalmente, entende o universo, em
algum sentido, como se estivesse lentamente
despertando a si mesmo ao longo da evolução no
passar do tempo. O mais importante é que, a partir de
um primeiro rascunho aproximado dessa
perspectiva, nós poderíamos testar esse modelo
através de pesquisas empíricas posteriores,
especialmente em pesquisas partindo de estudos de
meditação e psicodélicos como caminhos possíveis a
estados mais elevados de consciência. A despeito do
fato de que muito disso, tanto teoricamente quanto
empiricamente, permanece ainda a ser pesquisado e
realizado, ao sabermos às quais classes de fenômenos
de pesquisas viáveis nos restringir, nós nos sentimos
confiantes que estamos nos movendo na direção
correta.
Nós entendemos o panenteísmo
evolucionário, de maneira mais irrestrita, como uma
visão metafísica emergente – uma visão de mundo
ainda escondida – que seguiria a linhagem filosófica
do idealismo alemão, de filósofos como Fitche,
Schelling e Hegel, integrando-a com a retomada das
tradições místicas do mundo e com a expansão ainda
que incipiente da própria ciência, como antecipado
em Irreducible Mind – com efeito, uma visão de mundo

científica expandida capaz de incluir realidades
“empíricas” de natureza espiritual, ao mesmo tempo
que mantendo-se fielmente ancorada nas ciências
empíricas. Finalmente, essa visão sinóptica (ou
grande síntese) nos parece prenha de tremendas
implicações práticas – seu “valor real”, como diria
William James –, uma vez que proporciona à
humanidade, individual e coletivamente, um ethos
fundamentalmente otimista e de afirmação da
dignidade da vida, de qualidades profundamente
ecumênicas, e potencialmente capaz de enfrentar
uma variedade de enfermidades sociais e ambientais
que parecem concordar (tornando-se uníssono),
direta ou indiretamente, com o fisicalismo como visão
de mundo cientifica convencional dominante. O que
em última instancia está em jogo aqui é nada mias
nada menos do que a recuperação, de maneira
intelectualmente consequente, de parte de nossa
herança cultural humana que foi muito
prematuramente descartada a partir da emergência
meteórica da ciência moderna começando cerca de
quatro séculos atrás. Por último, o que é
especialmente significativo nessa encruzilhada, e um
novo fator fundamentalmente distinto que nós
entendemos nos permitirá que essa recuperação seja
finalmente bem-sucedida, depois de inúmeras
derrotas anteriores, é que agora ela está sendo
promovida pelos desenvolvimentos de fronteiras da
própria das ciências empíricas.
Irreducible Mind: Toward a Psychology for the 21st
Century (“A Mente Irredutível: Rumo a uma Psicologia
para o Século 21”).
Beyond Physicalism: Toward Reconciliation of Science
and Spirituality (“Além do Fisicalismo: Rumo a
Reconciliação entre Ciência e Espiritualidade”).
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EDWARD F. KELLY é um Professor Visitante na Divisão de
Estudos da Percepção, uma unida-
de de pesquisa do Departamento
de Psiquiatria e Ciências do Com-
portamento da Universidade de
Virgínia, e Presidente do Instituto
Cedar Creek (cedarcreekinst.org),
um instituto de pesquisa sem fins
lucrativos. Ele se doutorou pela
Universidade de Harvard em1971
em psicolinguística e ciências
cognitivas, e passou os 15 anos
e poucos seguintes trabalhando,
principalmente, em parapsicologia,
inicialmente no Instituto de Parapsicologia de J. R. Rhine, e,
posteriormente, no Departamento de engenharia Elétrica da
Universidade de Duke, e, finalmente, através de um instituto
de pesquisa privado em Chapel Hill. Entre 1988 e 2002, ele
trabalhou em um grande grupo de neurociências da
Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill,
trabalhando, principalmente, em estudos de EEG
(eletroencefalograma) e fMRI (imagem por ressonância
magnética funcional) em adaptação somasensorial cortical
humana a estímulos tácteis naturais. ele retomou suas
pesquisas em parapsicologia em tempo integral em 2002,
trabalhando como o autor líder tanto de Irreducible Mind
quanto de Beyond Physicalism, mas pretende agora retomar
seu interesse de pesquisa de muito anos, a saber, a aplicação
de métodos de neuroimagem funcional a estudos
psicofisiológicos intensivos de parapsicologia e ASCs
(células-tronco adultas) em sujeitos excepcionais.