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Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro

Os profetas Jeremias, Ezequiel e Daniel


Estudo 4 - A visão do futuro
Jeremias 31 a 40
Elaborado por Gerson Berzins
(gerson@pibrj.org.br)

A quarta parte desta série sobre o livro do poderiam ser entendidos não como
profeta Jeremias engloba os capítulos 31 fortuitos, mas determinados por Deus.
a 40. No meio do turbilhão daqueles anos
confusos e difíceis, quando a nação de A segunda vertente tem nestes capítulos
Judá viveu sob a sombra ameaçadora do 30-33 sua apresentação mais longa e
poderio da Babilônia, estes capítulos se mais contundente ao revelar a palavra de
resumem a dois temas: a mensagem de Deus a respeito de um futuro renovado
esperança do profeta e relatos das para a nação. Três dimensões estão
agruras que Jeremias sofreu nas mãos presentes nestas palavras de esperança.
daqueles que se negavam a lhe dar A primeira é a histórica. Jerusalém não
crédito. seria riscada do mapa devido a invasão
babilônica; alguns moradores ficaram. Os
Quão interessante é a biografia de exilados, do outro lado, tinham a
Jeremias. Quanto a nação estava oportunidade de desenvolver uma
empolgada com paz e prosperidade, ele conscientização da comunidade do Israel
anunciava a destruição. Conforme a verdadeiro, que viria a ser fundamental na
nação foi se desesperando com o peso do reconstrução da religião e da sociedade,
inimigo poderoso, o profeta mais e mais findo o exílio. De fato, o destruir e o
proclamava a esperançosa mensagem de arrancar não eram tudo; havia também o
restauração. O triste é que o profeta edificar e o plantar.
nunca deixou de apanhar, o que quer que
estivesse proclamando. A segunda dimensão era a de consolo e
encorajamento. As predições positivas
Os capítulos 30 a 33 são a respeito da deviam apaziguar, energizar e motivar o
restauração de Israel, conhecido com o povo a seguir em frente pois havia um
‘Livro do Consolo’ de Jeremias. futuro. A terceira dimensão é a teológica
na intenção dessas mensagens
Muitas das considerações desenvolvidas mostrarem mais de Deus, seu propósito,
nestes estudos são inspiradas por Walter sua soberania e seu domínio sobre a
Brueggemann em seu excepcional história e seus agentes. É nessas três
Comentário sobre Jeremias. Mais uma dimensões que devemos ler o texto, com
vez as suas reflexões nortearão a visão o devido realce para a teológica.
geral que podemos ter deste trecho.
Os capítulos 30-31 são mensagens em
Como estabelecido por Deus (1.10), a forma poética que transcendem a
missão de Jeremias tinha duas vertentes: reconstrução histórica da nação e nos
a primeira era arrancar, despedaçar, incluem na promessa: “... Porei minha lei
arruinar e destruir; a segunda, edificar e no íntimo deles e a escreverei nos seus
plantar. O objetivo primário do registro corações. Serei o Deus deles, e eles
escrito da proclamação do profeta era o serão o meu povo. Ninguém mais
de falar para Israel no exílio, o que se ensinará o seu próximo nem ao seu irmão
evidencia desde o início do livro (1.3) até dizendo: Conheça o Senhor, porque todos
o seu relato final (52.12-30). Assim, ao eles me conhecerão, desde o menor até o
registrar em letras a mensagem e maior, diz o Senhor” (31.33-34).
experiências do profeta, os
acontecimentos da destruição e exílio O capítulo 32 apresenta o que talvez seja
o mais significativo dos sermões práticos

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de Jeremias. Embora preso por Zedequias particularizado a um grupo ou a uma
pelas razões que sabemos, o profeta foi pessoa isoladamente.
instruído por Deus para comprar um lote
de terra. Parece ironia adquirir O primeiro dos relatos é sobre judeus
propriedades enquanto a invasão e escravizados por judeus (34.8-22). Na
deportação eram anunciadas, mas essa reincidência dessa atitude abominável,
era uma forma impactante de espalhar a Deus prometeu que em vez de libertar os
esperança: “Porque assim diz o Senhor escravos, agora ele libertaria os
dos Exércitos, Deus de Israel: ‘Casas, escravizadores, só que por meio da
campos e vinhas tornarão a ser espada, da peste e da fome. No segundo
comprados nesta terra.” (v.15) episódio a minoria étnica dos recabitas foi
colocada como exemplo para todo Israel,
A partir do cap.36 temos uma sequencia pela fidelidade deles (cap35). A promessa
de relatos dos sofrimentos do profeta. a eles foi poderosa: “Jamais faltará a
Jonadabe, filho de Recabe, um
No capítulo 36, ainda no reinado de descendente que me sirva” (35.19).
Jeoiaquim, o rei mandou queimar o
registro escrito das palavras do profeta, A terceira particularização é a mais
que precisou ser redigido pela segunda expressiva e a encontramos em 39.15-18.
vez. Já no relato da compra do lote de Refere-se a um estrangeiro, o etíope
terra conhecemos Baruque, filho de Ebede-Meleque, oficial da guarda de
Nerias, que atuou como um assistente Zedequias. Pela sua fidelidade e proteção
direto de Jeremias e seu redator (36.27). propiciada a Jeremias, Deus prometeu
mantê-lo a salvo dos invasores babilônios.
No capítulo 37, ao tempo de Zedequias,
Jeremias foi espancado e encarcerado e Quão bom é sabermos que nas
em seguida metido num poço. estrelinhas da grande história há sempre
espaço na agenda de Deus para ele se
O cap. 38 fala de outro confinamento do lembrar de e cuidar dos oprimidos, das
profeta em cisterna, mas o que se destaca minorias, dos estrangeiros e dos que
nesse relato é a posição vacilante e fraca permanecem fiéis a ele.
do rei Zedequias. No v. 5, frente àqueles
que pediam a morte de Jeremias o rei Terminamos com Jeremias posto em
declarou: “Ele está em suas mãos, o rei liberdade pelo comandante da guarda
não pode opor-se a vocês”. Logo em imperial babilônia. Ele ganhou um salvo
seguida, o rei mandou seus homens de conduto para decidir seu destino: ir a
confiança retirar o profeta do poço e trazê- Babilônia ou ficar em Jerusalém ou seguir
lo a sua presença, mas não queria que para qualquer outro lugar. Jeremias
nada do que foi conversado entre eles decidiu ficar na terra destruída. Esse pode
fosse divulgado por Jeremias, parecer o final feliz para uma carreira de
ameaçando-o de morte se o fizesse. sofrimento, mas não foi o caso e mais
Jeremias permaneceu no palácio, entre a ainda estava por vir.
guarda até ser libertado pelos babilônios,
o que é relatado no capítulo 40.
O capítulo 39 é o relato da queda de
Jerusalém e do ocorreu ao profeta durante
o evento.

Convém destacar destes capítulos finais


da porção hoje considerada três episódios
que a princípio podem passar
despercebidos como detalhes
insignificantes à margem dos grandes
acontecimentos. No entanto, eles revelam
não apenas a dimensão absoluta da
soberania divina, como o cuidado de Deus

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