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Lição 8

A QUEDA DE JERUSALÉM
(Jr 30–51)

Nesta Lição, observemos que a ampulheta do tempo, representando a


oportunidade para Judá arrepender-se, finalmente se esgotou. Nos capítulos de
Jeremias que estudaremos, o principal acontecimento, concernente ao cerco de
Jerusalém, é a sua queda e a última deportação de quase todo o restante da nação.
Durante esse cerco, Jeremias incentivou o povo a submeter-se aos babilô-
nios, sendo esta a mensagem de Deus. Por causa deste conselho, o profeta foi
acusado de traidor e, em seguida, lançado na prisão, onde quase perdeu a vida.
Nesse tempo de extrema tensão, Deus deu a Jeremias uma
mensagem de esperança. Deus prometeu que faria uma Nova Aliança
com o Seu povo e restaurá-lo-ia à sua terra. Jeremias creu nestas
promessas, e, como prova de sua fé, comprou um terreno.
Após a queda de Jerusalém, Jeremias permaneceu em Judá com
o remanescente dos judeus, pobres e aflitos. Embora desanimado, este
remanescente continuou a resistir aos conselhos de Jeremias. Por fim,
revoltaram-se e sequestraram o profeta, levando-o para o Egito.
Nesta Lição também faremos algum estudo no Livro de Lamenta-
ções de Jeremias. É um poema bíblico escrito por este profeta, inspirado na
desolação de Jerusalém. O título indica o seu conteúdo. É um livro de tristezas
e lágrimas, por causa do pecado do povo e do seu consequente julgamento.
Mesmo pequeno em volume, Lamentações é classificado como um
dos livros dos profetas maiores por ter sido escrito por Jeremias e consti-
tuir um complemento natural do seu livro maior.

156
Esboço da Lição

1. O Começo do Sítio a Jerusalém e a Promessa de sua Restauração


2. O Adiamento da Execução da Sentença de Judá
3. Mensagens de Esperança na Hora Final
4. A Queda de Jerusalém e o Exílio Final de Judá
5. Lamentações de Jeremias – O Livro das Lágrimas
6. Uma Visão Geral do Livro de Lamentações

Objetivos da Lição

Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:


1. Mostrar o significado da Nova Aliança profetizada por
Jeremias;
2. Descrever a reação dos compatriotas de Jeremias, quando o
cerco da Babilônia foi suspenso temporariamente;
3. Explicar porque Jeremias comprou uma propriedade
enquanto Jerusalém estava sob cerco;
4. Relatar a sorte do remanescente de Judá, após a queda de
Jerusalém;
5. Explicar a forma poética do texto de Lamentações de
Jeremias;
6. Contrastar o ponto de vista dos livros de Jeremias e de
Lamentações de Jeremias.

157
158 TEXTO 1
O COMEÇO DO SÍTIO A JERUSALÉM E A
PROMESSA DE SUA RESTAURAÇÃO (Jr 30,31)
Uma vez seguro de que receberia ajuda do Egito e de outros aliados,
Profetas Maiores

Zedequias rebelou-se contra a Babilônia. Porém, quando esta lançou


seu ataque, os aliados do Egito ainda não tinham chegado, e o exército
judeu foi totalmente derrotado. Zedequias e seu exército retiraram-se
para Jerusalém, onde, juntamente com o restante do povo, ficaram
esperando que o Egito enviasse auxílio.
Durante essa hora de desespero, o Senhor deu a Jeremias uma mensagem
de esperança e consolação. Enquanto Jeremias confirmava que Jerusalém cairia
sob o domínio das forças inimigas, ele também dizia que Deus não abando-
naria o Seu povo para sempre, pois tinha um plano reservado para o seu
futuro. Era a mensagem da Nova Aliança, sobre a qual falaremos a seguir.

Tempo de angústia para Jacó (Jr 30)

Jeremias frequentemente falava de um tempo de sofrimento e provação


severa, através dos quais Deus purificaria o Seu povo de seus pecados, com o
fim de conduzi-lo de volta à sua terra. Deus usa o sofrimento dos tempos de
Jeremias como um exemplo para descrever o que será o período da Grande
Tribulação, também chamado de o “tempo de angústia para Jacó” (veja
Jeremias 30.7; Mateus 24; Marcos 13 e Apocalipse 7). Durante esse período,
uma parte do remanescente judeu buscará a Deus para sua salvação e depois
ingressará no Milênio, sob a soberania de um novo “Davi”.

O perdão e a restauração (Jr 31.1-30)

O capítulo 31 do Livro de Jeremias mostra o lindo quadro da


restauração de Israel durante o Milênio. Israel é comparado a um
rebanho de carneiros espalhados, que são reunidos de novo pelo pastor
e mantidos sob seu cuidado (Jr 31.10).
Os que voltarem, virão confessando seus erros e chorando de alegria
(31.9,13). Sua oração de confissão será: “... converte-me, e converter-
-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus. Na verdade que, depois que
me converti, tive arrependimento; e depois que fui instruído, bati na
minha coxa; fiquei confuso...” (Jr 31.18,19). Deus aceita essa confissão
e promete: “... perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos
seus pecados” (Jr 31.34).
A Nova Aliança (Jr 31.31,32) 159

O perdão de Deus baseia-se na Nova Aliança ou Novo Testamento. No


Antigo Testamento, Deus havia feito uma aliança com Israel, a qual requeria
que este obedecesse a Sua Lei, a fim de receber a bênção divina. Na realidade,

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


nenhum homem conseguia obter a salvação através da Antiga Aliança. Todos
quebravam a lei de Deus e, por isso, estavam condenados à morte espiritual.
O impasse criado pela Antiga Aliança, em virtude da desobediência
humana, só poderia ser superado se a pena da desobediência fosse paga
de uma vez por todas. O único que poderia pagá-la seria alguém que não
tivesse incorrido na mesma pena, ou seja, alguém que pudesse obedecer
toda a Lei. Agora, todos podem ser salvos. Hebreus 8.7-12 cita a profecia
de Jeremias como referência à era do Novo Testamento:
“Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma
aliança nova com a casa de Israel e com a casa de
Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus
pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a
minha aliança...” (Jr 31.31,32)

Um novo coração (Jr 31.33-38)


Jeremias explicou que a Nova Aliança a ser estabelecida não se limitaria
a Israel como nação simplesmente, mas visaria a alcançar cada indivíduo.
Além disso, a Nova Aliança seria caracterizada por uma mudança de coração.
“E dar-lhes-ei coração para que me conheçam,
porque eu sou o Senhor; e ser-me-ão por povo, e eu
lhes serei por Deus; porque se converterão a mim de
todo o seu coração.” (Jr 24.7)
“Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no
seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu
povo”. (Jr 31.33)

EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
8.01 Certo da ajuda do Egito e de outros aliados, Zedequias rebelou-se
contra Babilônia, que atacou os judeus antes da chegada do
exército egípcio. Judá então
160 ___a) foi totalmente derrotada.
___b) mesmo assim obteve vitória.
___c) viu-se desamparada por Deus.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
Profetas Maiores

8.02 Jeremias frequentemente falava de um tempo de sofrimento e


provação severa, através do qual Deus iria
___a) derrotar o Seu povo, terminantemente.
___b) vingar-se do Seu povo.
___c) purificar o Seu povo dos pecados.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.03 O capítulo 31 do Livro de Jeremias mostra o lindo quadro da


restauração de Israel
___a) no Juízo Final.
___b) durante o Milênio.
___c) quando voltou do cativeiro.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.04 O impasse criado pela Antiga Aliança, em virtude da desobe-


diência humana, só poderia ser superado, de uma vez por todas,
mediante o que foi então profetizado:
___a) a Nova Aliança.
___b) uma guerra, quando os judeus seriam vencedores.
___c) a prontidão de Judá em obedecer.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

TEXTO 2
O ADIAMENTO DA EXECUÇÃO DA
SENTENÇA DE JUDÁ (Jr 34,37,38)
À certa altura do sítio a Jerusalém, o Egito finalmente enviou seus
exércitos em socorro daquela cidade (Jr 37.5). A fim de enfrentar esta
nova ameaça, os babilônios tiveram de suspender temporariamente
o cerco. Naturalmente eufórica pela retirada dos babilônios, Judá
equivocou-se, pensando que o longo conflito chegara ao fim e que 161
Jeremias havia profetizado falsamente.
As decisões de obedecer a Deus, tomadas durante o tempo do sofri-
mento, foram rapidamente relegadas ao esquecimento; o povo voltou

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


aos velhos hábitos pecaminosos. Até o rei e seus oficiais quebraram os
votos anteriores e se recusaram a libertar seus escravos judeus, os quais,
por justiça, deviam ganhar a liberdade, segundo a lei de Deus. Embora
esses escravos tivessem sido libertados durante o cerco, foram novamente
capturados e escravizados (Jr 34.15,16).

A prisão de Jeremias (Jr 37)

Com o término do sítio, a reputação de Jeremias estava quase que


reduzida à de um falso profeta, o que o deixou em situação muito delicada.
Tal era a sua situação que, quando tentou sair da cidade, foi acusado de
estar fugindo para os babilônios, pelo que foi preso por traição. Açoitado
e jogado num cárcere, suas condições eram tais que ele achava que seria
morto (Jr 37.20). Entretanto, Deus estava protegendo a vida do Seu
profeta. Prova disto é que, certo dia, o próprio rei Zedequias quis conversar
particularmente com Jeremias. Talvez ouvira notícias sobre a derrota do
Egito pelos babilônios e estivesse amedrontado quanto ao futuro. O rei
perguntou a Jeremias o que iria acontecer. O profeta fielmente repetiu a
profecia da vitória final da Babilônia (Jr 37.17).
Ao fim da conversa, Jeremias pediu para ser solto, mas o rei Zedequias,
que tentava ao mesmo tempo agradar aos maus amigos e a Deus, não o
soltou. Deixou, porém, que o profeta ficasse preso no átrio da guarda e
mandou que lhe trouxessem pão.

Jeremias lançado numa cisterna (Jr 38.1)

Quando a Babilônia cercou Jerusalém novamente, o povo buscou


os conselhos de Jeremias. Por causa disso, os oficiais do rei reclamaram
que a mensagem do profeta estava tirando o ânimo dos defensores da
cidade e pediram que o rei ordenasse a sua morte.
Por saber que Jeremias era um profeta de Deus, Zedequias
não quis ordenar-lhe a morte, e tampouco quis se arriscar a
ofender seus oficiais. Como Pilatos, o rei recusou-se a tomar
a decisão, mas não hesitou em dar aos acusadores de Jeremias
a liberdade de fazerem com ele o que bem entendessem. Disse
162 somente: “Eis que ele está na vossa mão; porque o rei nada pode
fazer contra vós” (Jr 38.5).
Os oficiais foram diretamente ao átrio da guarda, na prisão, e
jogaram Jeremias para morrer numa cisterna que não tinha água, mas
Profetas Maiores

estava cheia de lama.


O profeta teria morrido no fundo da cisterna se não fosse a coragem
e a fé do etíope Ebede-Meleque, servo do rei Zedequias. Este homem
teve a coragem de falar com o rei em favor da vida de Jeremias. Mais
uma vez, o rei facilmente concordou. Ebede-Meleque libertou o profeta
com a ajuda de 30 homens.
Esse etíope, morando longe da sua terra natal na África Central,
serve como um exemplo extraordinário da graça de Deus. Quando o
próprio povo de Deus tinha rejeitado a mensagem de Jeremias, o Espírito
Santo fez com que ela tocasse o coração daquele gentio.
Por causa da sua fé, Ebede-Meleque foi poupado, enquanto todos
os maus oficiais morreram (Jr 39.16-18). Setecentos anos mais tarde,
outro etíope teve uma maravilhosa experiência de salvação, em meio a
um período de descrença em Israel (At 8.26 ss).

A terceira entrada no templo (Jr 38.14-28)


A dúvida e a covardia do rei Zedequias foram um forte contraste
com a fé e a coragem de Ebede-Meleque. Muito embora soubesse que
Jeremias estava pregando a mensagem autêntica de Deus, o rei não estava
disposto a desgostar seus oficiais e seguir os conselhos do profeta.
Quando o cerco da Babilônia a Jerusalém ficou mais apertado, o
rei chamou Jeremias para mais uma reunião a sós. O encontro anterior
certamente criara uma situação muito delicada entre o rei e seus amigos,
razão porque agora ele escolhia um lugar secreto para se encontrar com
o profeta. Zedequias decidiu que a reunião seria feita na terceira entrada
do templo (a parte mais interior do átrio em torno da casa de Deus).
Aquele era o único lugar na cidade onde ele não podia ser visto pelos
olhos curiosos dos seus amigos, que nada queriam com Deus.
Nesse encontro, Jeremias encorajou o rei a obedecer a Deus. Se o
rei se rendesse à Babilônia, viveria; senão, ele e sua família morreriam.
Zedequias, tal como muitas pessoas hoje, adiou a decisão ao
enfrentar uma questão fundamental para a sua vida, a fim de evitar a
perda do respeito dos seus conhecidos. Suas últimas palavras refletem a 163
atitude que resultou na sua morte.
“Ninguém saiba estas palavras, e não morrerás.
E quando os príncipes, ouvindo que falei contigo,

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


vierem a ti, e te disserem: Declara-nos agora o
que disseste ao rei e o que ele te disse, não no-lo
encubras, e não te mataremos; então lhes dirás: Eu
lancei a minha súplica diante do rei, que não me
fizesse tornar à casa de Jônatas, para morrer ali.”
(Jr 38.24-26)

EXERCÍCIOS
Associe a Coluna “A” à Coluna “B”.
Coluna “A”
___8.05 Enviou seus exércitos em socorro de Jerusalém.
___8.06 Erradamente pensou que Jeremias tinha profetizado falsamente.
___8.07 Acusado de estar fugindo para os babilônios, foi preso por
traição.
___8.08 Ao ver-se cercado pelos babilônios, buscou os conselhos de
Jeremias.
___8.09 Foi quem salvou a vida de Jeremias, retirando-o duma cisterna.
___8.10 Quando o cerco da Babilônia ficou mais apertado, buscou
encontrar-se com o profeta Jeremias na terceira entrada do
templo, para não ser visto pelos amigos.
Coluna “B”
A. Jeremias.
B. Ebede-Meleque.
C. Judá.
D. Zedequias.
E. Egito.
F. O povo.
164 TEXTO 3
MENSAGENS DE ESPERANÇA NA HORA FINAL (Jr 32,33,50,51)
Durante o tempo do seu confinamento no átrio da guarda da prisão,
Jeremias podia ouvir os sons precursores da guerra chegando cada vez mais perto.
Profetas Maiores

As casas próximas à prisão estavam sendo demolidas, a fim de se construírem


novos baluartes para reforçar as brechas dos muros de defesa da cidade.

A mensagem da escritura selada (Jr 32)


Nos últimos dias antes da rendição de Jerusalém, Jeremias recebeu
uma estranha ordem do Senhor. Ele deveria comprar um campo e
guardar as duas cópias da escritura num vaso de barro. Uma cópia ficaria
fechada sob selo, segundo a Lei, enquanto a outra ficaria aberta. A cópia
selada seria aberta em uma data predeterminada para dali a muitos anos
e comparada com os termos da cópia aberta, a fim de comprovar sua
autenticidade e validade.

CAIU A GRANDE BABILÔNIA! De fato, o império romano, hoje, é apenas


uma lembrança, embora alguns especialistas
É notável como os fatos envolvendo o exílio em escatologia sugiram que ele vá ressurgir e
babilônico carregam em si aspectos escatoló- servir de plataforma ao governo do anticristo.
gicos. O estudo das setenta semanas de Daniel O império do anticristo que virá, seja ele de
(cap. 9), por exemplo, tem como pano de fundo que etnia for, também se assemelhará à an-
histórico os setenta anos do cativeiro de Judá. tiga Babilônia, nos seguintes quesitos: domi-
Por sua vez, a queda do pujante império da Ba- nação mundial, orgulho, idolatria, imoralidade
bilônia tipifica a ruína do grande último impé- avultante e violência contra o povo do Senhor.
rio humano, a saber, o império do anticristo, E seu poder de curta duração (apenas sete
que antecederá o advento de Cristo com a sua anos!) será um verdadeiro exílio para os que
Igreja para estabelecer o reino milenar (Ap 18). não participarem do arrebatamento da Igre-
Em o Novo Testamento, especialmente no ja, especialmente para os judeus. Sobre este
Apocalipse de João, que data de período pos- novo “exílio”, profetizou Jeremias: “é tempo de
terior ao ano 70 d.C. (ano da queda de Jerusa- angústia para Jacó” (Jr 30.7a). Daniel e Jesus
lém diante do exército romano liderado pelo prenunciaram esse tempo de angústia incom-
general Tito, filho e sucessor do imperador ro- parável (Dn 12.1; Mt 24.21).
mano Vespasiano), o nome Babilônia passou a Todavia, novamente a Babilônia cairá, e os
ser usado como um título ou codinome para que temem a Deus encontrarão esperança e li-
o império romano, que se mostrava cada vez berdade! (Jr 30.7b). Está escrito e a seu tempo
mais hostil ao cristianismo. Esse império po- se cumprirá: “Caiu, caiu Babilônia, aquela gran-
dia estar logrando êxito em suas perseguições de cidade, que a todas as nações deu a beber
brutais aos cristãos, mas tal qual a poderosa do vinho da ira da sua fornicação” (Ap 14.8).
Babilônia de Nabucodonosor, a Babilônia ro-
mana também ruiria e pagaria caro por sua
idolatria, prostituição e crimes.
Jeremias obedeceu, mas confessou que este ato deixou-o perplexo. 165
Por que é que ele deveria comprar um campo, se os babilônios estavam
para tomar posse de toda a terra? Respondendo, Deus explicou que um
dia Ele destruiria a Babilônia e, naquele dia, a terra seria devolvida ao
povo de Israel. Quanto à maneira como isto aconteceria, Deus afirmou:

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


“Eis que eu sou o Senhor, o Deus de toda a carne; acaso haveria alguma
coisa demasiado difícil para mim?” (Jr 32.27).

A mensagem do renovo (Jr 33)

Podemos supor que houve momentos durante os dias finais


do cerco a Jerusalém, em que a fé do profeta Jeremias ficou muito
abalada, especialmente quando os edifícios do palácio real estavam
sendo demolidos para servirem de material para a construção de defesas
mais sólidas.
Deus não tinha prometido que o trono de Davi duraria para todo o
sempre?! (2Sm 7.12-16.). Deus sondou o coração de Jeremias e o animou
a orar a fim de receber novas revelações e explicações.
“Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei
coisas grandes e firmes que não sabes.” (Jr 33.3)

Uma das coisas grandes que Deus revelou a Jeremias foi que a
linhagem real de Davi não seria destruída por completo. Seria como
uma árvore derrubada, da qual só restava o tronco, mas deste tronco
brotaria um renovo. Este rebento simbolizava Cristo, que seria chamado
“Senhor, Justiça Nossa” e que reinaria para todo o sempre (Jr 33.15-17).

A mensagem a respeito da Babilônia (Jr 50-51)

Um pouco antes de Jerusalém cair, Jeremias recebeu de Deus uma


mensagem sobre o futuro da Babilônia. Os capítulos 50 e 51 falam que a
Babilônia seria exaltada por algum tempo e teria liberdade para perseguir
o povo de Deus; um dia, porém, ela seria destruída e o povo de Deus
ficaria livre daquele opressor estrangeiro.
Esta profecia cumpriu-se literalmente, mas no livro de Apocalipse,
João, o apóstolo, usa as mesmas expressões na profecia sobre a queda do
forte sistema político-religioso mundial dos últimos dias, apoiado pelo
Estado. Note os paralelos estabelecidos entre os acontecimentos profeti-
zados por Jeremias e os de João:
166
ACONTECIMENTOS JEREMIAS JOÃO

A fuga para Babilônia 50.8; 51.6,9 18.4


Profetas Maiores

Babilônia julgada por


50.31-34 18.8
fogo

Uma habitação de
50.39 18.2
demônios

A queda da Babilônia 51.8 18.2

Seus pecados bradam


51.9 18.5
ao céu

Uma pedra jogada no


51.63,64 18.21
mar

EXERCÍCIOS
Marque “C” para certo e “E” para errado.

___8.11 Nos dias anteriores à rendição de Jerusalém, o Senhor


mandou que Jeremias comprasse um campo e guardasse as
duas cópias da escritura num vaso de barro.
___8.12 Diante da perplexidade de Jeremias ante a compra do campo,
porque os babilônios estavam para tomar posse de toda a
terra, Deus explicou-lhe que um dia destruiria a Babilônia e
a terra seria devolvida a Israel.
___8.13 Uma das coisas grandes que Deus revelou a Jeremias foi que
a linhagem de Davi seria temporária.
___8.14 O Senhor revelou que Babilônia seria exaltada por algum
tempo, perseguiria o povo de Deus, mas um dia seria
destruída, e o povo de Deus ficaria livre.
___8.15 As profecias constantes dos capítulos 50 e 51 do Livro de
Jeremias estão relacionadas às profecias do apóstolo João, em
Apocalipse 18.
TEXTO 4 167
A QUEDA DE JERUSALÉM E O EXÍLIO
FINAL DE JUDÁ (Jr 39–44)
Depois de viverem 18 meses cercados pelo inimigo, os habitantes

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


de Jerusalém chegaram ao estado de antropofagia. Quase um terço da
população morreu de doenças e de fome. Dificilmente podemos imaginar o
horror naquela cidade superlotada, malcheirosa pela sujeira, doença e fome.
Mas o que é ainda mais difícil de entender é como o povo podia continuar
a ignorar as mensagens de Jeremias e recusar-se a voltar para Deus.

A queda da cidade (Jr 39.1-7)

Quando o inimigo finalmente abriu uma brecha no principal muro


de Jerusalém, Zedequias entendeu que já não restava mais esperança para
a cidade. Agindo como um covarde, fugiu com seu exército durante a
noite para escapar com vida.
Os cidadãos, abandonados e indefesos, foram massacrados pelos
invasores. Em um único dia, morreram tantos pela espada quantos
tinham morrido durante todo o cerco (Ez 5.12). No dia 9 de Julho de
586 a.C., a cidade de Jerusalém caiu sob o domínio absoluto de Nabuco-
donosor (2 Rs 25.3).
Apesar de ter fugido de Jerusalém, o rei Zedequias não se saiu
melhor que os seus infelizes súditos: foi capturado, e seus filhos e oficiais
foram mortos diante de seus olhos. Depois, teve os olhos vazados e foi
levado à Babilônia, onde morreu na cela de uma prisão.

O exílio final de Judá (Jr 39.8-18)

Nabucodonosor não mostrou um mínimo de misericórdia para


com os judeus, uma vez que tinham se portado sempre como um povo
rebelde ao seu domínio.
Na época dos dois exílios anteriores, Nabucodonosor só havia levado
pequenos grupos de reféns e tinha deixado a maioria do povo ainda em
seu país. Porém, neste terceiro exílio, todos foram levados cativos, com
exceção dos mais pobres, ficando Jerusalém completamente arrasada.
Para se assegurar de que a cidade nunca mais seria usada como forta-
leza, Nabucodonosor destruiu o templo, por ter sido um símbolo da
resistência judaica.
168 Os restantes que ficaram (Jr 40-44)

Por ocasião da vitória final da Babilônia, Jeremias já era


conhecido pelos invasores estrangeiros. De fato, os oficiais babilô-
nios que o encontraram entre os prisioneiros diziam crer nas suas
Profetas Maiores

mensagens. Até mesmo os estrangeiros pagãos sabiam que o Deus


de Israel era real e que o povo estava sendo punido por seus
pecados (Jr 40.2-4).
Uma posição de honra foi oferecida a Jeremias em Babilônia, mas
ele recusou; em vez disso, escolheu permanecer com os poucos que
restaram em Judá, ministrando entre esse grupo até a sua morte.
Um homem chamado Gedalias foi nomeado governador dos
judeus restantes; a sua autoridade foi reforçada por alguns soldados
babilônios. Quando esse novo governador e seus guarda-costas estran-
geiros foram assassinados por uma minoria de fanáticos, os judeus
entraram em pânico, temendo o que os babilônios poderiam fazer
por vingança.
Nesse ponto da crise, um pequeno grupo foi pedir conselhos a
Jeremias. Depois de orar por dez dias, o profeta respondeu que não
deveriam fazer nada, senão confiar em Deus e permanecer no país. Acres-
centou ainda que eles sofreriam vingança dos caldeus, se escolhessem
fugir para o Egito.
Igual a tantas pessoas hoje, esses judeus estavam prontos a fazer
a vontade de Deus, desde que isso não conflitasse com seus planos e
desejos, porque já tinham decidido fugir para o Egito, como de fato
fizeram em desobediência à orientação do profeta.
Por considerar Jeremias e seu secretário Baruque uma espécie de
amuleto da sorte, esse grupo forçou os dois a irem com eles para o
Egito. Mesmo no Egito, Jeremias continuou a condenar o povo por seus
pecados e a predizer o julgamento divino.
Segundo a Tradição, Jeremias foi morto por apedrejamento, a
fim de calar a voz e evitar que sentissem culpa por seus pecados,
quando ouviam suas repreensões. Até o fim de sua vida, Jeremias
obedeceu a ordem recebida de Deus tantos anos atrás, no sentido
de pregar fielmente a Sua mensagem, mesmo quando esta era
rejeitada.
EXERCÍCIOS 169
Assinale com “x” a alternativa correta.
8.16 Quando o inimigo abriu a brecha no principal muro de
Jerusalém, Zedequias entendeu que

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


___a) não restava esperança para a cidade.
___b) a vitória lhes estava assegurada.
___c) Jeremias seria massacrado.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.17 Massacrados pelos invasores babilônicos em 9 de julho de 586


a.C., a cidade de Jerusalém caiu sob o domínio absoluto de
___a) Zedequias.
___b) Davi.
___c) Nabucodonosor.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.18 No 3º exílio, Jerusalém ficou completamente arrasada. Para


assegurar que a cidade não mais fosse usada como fortaleza,
Nabucodonosor destruiu o símbolo da resistência judaica:
___a) suas muralhas.
___b) o templo.
___c) a arca.
___d) o propiciatório.

8.19 Jeremias preferiu ficar com os restantes em Judá em vez de aceitar


a posição de honra que lhe foi oferecida em Babilônia. Foi então
nomeado um novo governador para Judá:
___a) Jedaias. ___b) Gedalias.
___c) Josias. ___d) Sofonias.

8.20 A fim de calar a voz de Jeremias e evitar a culpa que sentiam por
seus pecados ao ouvirem suas repreensões, o povo decidiu
___a) matá-lo por apedrejamento.
___b) jogá-lo em uma cisterna.
___c) enforcá-lo.
___d) deportá-lo.
170 TEXTO 5
LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS – O LIVRO DAS LÁGRIMAS
O Livro de Lamentações de Jeremias é um poema escrito pelo profeta
logo depois da destruição de Jerusalém. É um registro do seu lamento ao
Profetas Maiores

contemplar as ruínas de Jerusalém, que antes estivera repleta de gente.


Poderia ser também chamado “Livro das Lágrimas de Jeremias”, pois
contém numerosas referências às suas dores e ao seu pranto.
“Já se consumiram os meus olhos com lágrimas,
turbadas estão as minhas entranhas, o meu fígado
se derramou pela terra por causa do quebranta-
mento da filha do meu povo...” (Lm 2.11)

“Torrentes de água derramaram os meus olhos, por


causa da destruição da filha do meu povo.” (Lm 3.48)

A Tradição nos diz que o livro foi escrito numa caverna, ao pé de


um pequeno monte chamado “Gólgota”, situado ao norte de Jerusalém. É
interessante que nesse mesmo lugar onde Jeremias possivelmente chorou
pelos pecados de seu povo, Cristo mais tarde morreria pela humanidade.

DEUS NÃO É CARRASCO tos – santos e justos. Ele se alegra quando um


pecador se arrepende (Lc 15.7,10), e se entris-
As lamentações de Jeremias são de um sincero tece quando um crente peca (Ef 4.30).
homem de Deus, bem como de um patriota; de A imagem de um Deus insensível, carrasco,
um profeta que fizera tudo ao seu alcance para desejoso de encontrar oportunidade para fa-
dissuadir da vida pecaminosa e impenitente o zer mal às suas criaturas, não corresponde ao
seu tão amado povo. Seus esforços, porém, foram Deus que é amor (1Jo 4.8). Mesmo quando cas-
ignorados, e a desobediência do povo resultou na tiga aos que toma por filhos, a fim de fazê-los
dominação estrangeira, invasão e exílio. Escritas entristecerem-se por seus pecados, Deus não
sob inspiração divina, as suas lamentações são age com impassibilidade. Como disse Jeremias:
também as do próprio Deus, que administrou o “Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de
severo castigo, porém não com indiferença. compaixão, segundo a grandeza das suas mise-
Deus não é impassível, isto é, não é alheio ao ricórdias. Porque não aflige nem entristece de
sofrimento dos homens. Séculos antes de Jere- bom grado aos filhos dos homens” (Lm 3.32,33).
mias, o Senhor havia se apresentado a Moisés Não foi com riso no rosto ou olhar indiferente
como “Senhor Deus, misericordioso e piedoso, que Jesus pronunciou a sentença contra Jerusa-
tardio em irar-se e grande em beneficência e lém, mas com pesar e lágrimas (Mt 23.37). “Chorou
verdade; que guarda a beneficência em milha- sobre ela” (Lc 19.41). Isso deve ensinar-nos muito
res; que perdoa a iniquidade, e a transgressão sobre o coração de Deus, e também sobre a nossa
e o pecado…” (Êx 34.6,7). O Deus, que nos fez à correta postura diante do castigo divino infligido
sua imagem e semelhança, dotou-nos de sen- aos nossos irmãos de fé, ou até mesmo àqueles
timentos, porque Ele também tem sentimen- que deixaram o temor do Todo-Poderoso (Jó 6.14).
A organização do livro 171

Muitos estudiosos ficam intrigados com as palavras hebraicas, em


princípio estranhas, que aparecem no início de muitos versículos do Livro
de Lamentações. Essas palavras são, na verdade, letras do alfabeto hebreu

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


e evidenciam o talento de Jeremias como escritor, pois este poema foi
escrito como um acróstico alfabético, formado pelas 22 letras do alfabeto
hebraico. O primeiro versículo se inicia com uma palavra que começa
com a letra “A”, o segundo, com “B”, e assim por diante.
Os primeiros quatro capítulos do livro estão em acróstico. O capítulo
3 varia um pouco o padrão, tendo 22 grupos de 3 versos cada um, cada
qual iniciando com a mesma letra do alfabeto. Já o capítulo 5 não forma
acróstico; é uma oração pelo povo para que se arrependa e seja liberto,
oração essa feita em resposta à mensagem dos quatro primeiros capítulos.

O tema
Historicamente, Lamentações tem como tema o cumprimento das
profecias de Jeremias referentes à destruição de Jerusalém. Entretanto, o
livro possui um tema secundário, mais pessoal. É o registro do pesar de
Deus pela destruição de Jerusalém. Mostra Deus não como um espec-
tador frio e indiferente diante do holocausto provocado por Babilônia;
ao contrário, aqui nós lemos sobre a Sua dor e angústia, expressas através
do profeta Jeremias (Lm 1.12).

A mensagem
O Livro de Lamentações foi escrito para ser memorizado e estudado.
É muito provável que cópias deste poema tenham sido enviadas aos
exilados na Babilônia, para dar-lhes oportunidade de refletir sobre o que
Deus estava tentando ensinar-lhes através do sofrimento.
A ênfase principal do poema são as terríveis consequências do
pecado. Jeremias destaca o fato de que, ainda que Deus seja paciente e
longânimo quanto à execução dos Seus juízos, o julgamento virá inevi-
tavelmente. O poema enfatiza também a misericórdia de Deus, sempre
manifesta em resposta à atitude de arrependimento.

A posição de Lamentações na Bíblia hebraica

Embora seja pouco conhecido entre os cristãos, o Livro de Lamenta-


ções é muito popular entre os judeus. Faz parte de um conjunto de cinco
172 livros conhecidos como os “Escritos”, os quais são lidos em duas espécies
de festa e de jejum. Lamentações é lido num determinado dia de jejum,
em meados do mês de julho, para relembrar a destruição do templo.
Segundo a Bíblia, o dia nove de Tamuz, o 4º mês do calendário hebraico
Profetas Maiores

(meados de julho em nosso calendário), foi a data da destruição do primeiro


templo, por Nabucodonosor, e também a da segunda destruição, por Tito, em
70 d.C. Até o presente, o livro lembra a nação dos seus fracassos espirituais e
do caminho que leva ao arrependimento e à restauração nacional.
Para melhor aproveitamento, apresentamos a seguir um esboço
sobre o Livro de Lamentações de Jeremias.
ESBOÇO DO LIVRO LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS
Tema: Lamentações no Presente e Esperança no Futuro

I. ACUSAÇÃO CONTRA JERUSALÉM POR SEU PECADO (1.1-22)


– Descrição da devastação de Jerusalém e o lamento
do profeta.

II. A IRA DO SENHOR CONTRA SEU POVO (2.1-22)


– Deus utiliza os babilônios para corrigir Seu povo,
que se recusa arrepender-se.

III. A AFLIÇÃO E A ESPERANÇA DO POVO DE DEUS (3.1-66)


– O profeta convida o povo a reconhecer o seu
pecado, lembrando que Deus é misericordioso.

IV. O CONTRASTE ENTRE O PASSADO E O PRESENTE DE


SIÃO (4.1-22)
– Estabelece-se um contraste na vida do povo entre
o antes e o depois de se rebelar contra Deus.

V. JUDÁ ORA E SUPLICA POR PERDÃO (5.1-22)


– O povo admite a necessidade de misericórdia,
confessa os pecados e clama por restauração

EXERCÍCIOS
Marque “C” para certo e “E” para errado.

___8.21 O Livro de Lamentações foi escrito por Jeremias logo após a


destruição de Jerusalém.
___8.22 Foi em meio a lágrimas que Jeremias escreveu Lamentações, 173
tanto que o tal livro poderia ser chamado “Livro das Lágrimas
de Jeremias”.
___8.23 A tradição diz que Lamentações foi escrito no monte Sinai.

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


___8.24 Historicamente, Lamentações tem como tema o cumprimento
das profecias de Jeremias sobre a destruição de Jerusalém.
___8.25 O Livro de Lamentações enfatiza que a misericórdia de Deus
sempre se manifesta em resposta à atitude de arrependimento.
___8.26 Embora seja pouco conhecido entre os cristãos, o Livro de
Lamentações é muito popular entre os judeus.

TEXTO 6
UMA VISÃO GERAL DO LIVRO DE LAMENTAÇÕES
O Livro de Jeremias, escrito antes e durante as invasões babilô-
nicas, foi, antes de mais nada, um livro de advertências, prevendo a
queda de Jerusalém. Lamentações, em contraste, foi escrito depois das
invasões, e olha para trás, para a queda, lamentando a destruição da
cidade. Podemos visualizar os dois livros da seguinte maneira:
A QUEDA

Jeremias Lamentações

Advertências Prantos

586 a.C.
A mensagem do Livro de Lamentações tem um aspecto negativo e
um positivo. O negativo é o relato das mágoas do profeta. O positivo é
a firme esperança desperta nos judeus para reconhecerem seus pecados,
voltarem para Deus e serem restaurados. Embora tivessem perdido sua
174 cidade e sua terra, ainda poderiam salvar suas almas. Apesar de tudo o
que já havia se passado, Deus ainda tinha planos para contemplar Seu
povo e restaurá-lo à sua terra.

O pecado contra Deus (Lm 1)


Profetas Maiores

O primeiro capítulo é uma acusação a Jerusalém. A cidade é vista


como uma rainha rica que, por causa do pecado, perde sua riqueza, seu
prestígio, e até seus filhos. Abandonada pelos amantes, ela chora a noite
inteira, sem ninguém para consolá-la.

Castigada por Deus (Lm 2)


No capítulo 2, Jeremias revela que Jerusalém fora destruída não por
um inimigo, mas por Deus, que usou os babilônios como uma vara de
castigar e corrigir Seus filhos obstinados.
Este capítulo afirma que Deus é não somente um Deus de amor,
mas também um Deus de justiça. O povo tinha sido advertido continua-
mente sobre as consequências do pecado e, agora, ele estava enfrentando
o julgamento de Deus como resultado dos seus pecados. Ninguém se
rebela contra Deus sem escapar deste castigo.
“Convocaste os meus temores em redor como num dia
de solenidade; não houve no dia da ira do Senhor quem
escapasse, ou ficasse; aqueles que eu trouxe nas mãos
e sustentei, o meu inimigo os consumiu.” (Lm 2.22)

Proclamando a esperança em Deus (Lm 3)


A parte central do Livro de Lamentações contém uma mensagem
de esperança: apesar dos pecados e do castigo, Deus ainda amava Judá.
Neste capítulo, o profeta lamenta por ser ele um homem de aflições,
andando no escuro, no meio do desespero (Lm 3.2,6,19). Então, subita-
mente, ele lembra-se de que Deus o ama e ama também a sua nação.
Jeremias reflete a respeito da fidelidade de Deus em amar Seu povo.
“As misericórdias do Senhor são a causa de não
sermos consumidos, porque as suas misericórdias
não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua
fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha
alma; portanto esperarei nele.” (Lm 3.22-24)
Jeremias continua explicando que Deus não tinha abandonado 175
Judá, mas que estava cumprindo o Seu propósito, apesar da aflição. Seu
desejo era que o povo viesse a examinar o próprio comportamento e
então voltar-se para Ele.

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


“Esquadrinhemos os nossos caminhos, e provemo-
-los, e voltemos para o Senhor. Levantemos os nossos
corações com as mãos para Deus nos céus, dizendo:
Nós transgredimos, e fomos rebeldes; por isso tu não
perdoaste.” (Lm 3.40-42)

O povo de Deus (Lm 4)


No quarto capítulo, Jeremias estabelece um contraste bem definido
na vida dos judeus, entre o antes e o depois de se rebelarem contra Deus.
No versículo 1, por exemplo, o profeta compara o povo ao ouro
e a pedras preciosas. Porém, depois do seu pecado, ficou como ouro
manchado e como joias jogadas na rua. Em todo o capítulo, Jeremias

NEM TUDO ESTÁ ACABADO tal, ainda lhe guardaria bençãos superiores e
incomparáveis: o Messias que viria para salvar
O exílio babilônico outrora profetizado, e ago- – não da dominação estrangeira, mas do peca-
ra concretizado, foi uma severa administração do –, e o Espírito Santo que viria para habitar no
da justiça Deus ao povo que insistira em recu- coração dos crentes fiéis e levá-los a uma expe-
sar Seus apelos ao arrependimento. Já não havia riência de amor com Deus, nunca dantes vivida.
mais escapatória: o exílio estava em andamento Todas essas bençãos Deus havia prometido
e a sua duração seria mesmo de setenta anos, através do ministério do profeta Jeremias e de
como também fora predito por Jeremias. outros que o antecederam, como Isaías e Joel.
Entretanto, Deus não abandonara total e defi- E são essas promessas que Jeremias prefere
nitivamente o seu povo; não o entregara ao do- trazer à memória, em meio ao caos instaurado
mínio babilônico para que os estrangeiros fizes- em Jerusalém (Jr 3.21), de modo que ele pudes-
sem dele o que bem desejassem. Como outrora se, pelas promessas, ter o ânimo renovado e
pedido por Habacuque, no meio da ira Deus se a fé reavivada. O profeta sabia que a história
lembraria da misericórdia (Hc 3.2). E é esta mise- dos judeus não terminava ali.
ricórdia que Jeremias declama nos versos poéti- Quanto a nós, que igualmente padecemos
cos de suas lamentações (Lm 3.22-24). hoje muitas aflições, tenhamos a bendita pro-
A misericórdia é justamente aquele senti- messa de vida eterna como “âncora da alma,
mento de compaixão e condescendência para segura e firme” (Hb 6.19). Em meio ao caos, po-
com os que estão em situação de miséria, de nhamos os olhos firmemente em Deus. A histó-
aflição e necessidade. Em sua misericórdia, ria não acabou, ela continua sendo escrita por
Deus não só preservaria o seu povo, mesmo Deus. Confiemos e prossigamos!
que debaixo de punição, como lhe restauraria
a sorte; e mais do que devolver-lhe a terra na-
176 compara a condição anterior do povo, de santidade e glória, à sua
condição presente, de pecado e aflição. Seu propósito central é demons-
trar as consequências funestas do pecado.
“Foi por causa dos pecados dos profetas, das
Profetas Maiores

maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o


sangue dos justos no meio dela.” (Lm 4.13)

A súplica a Deus (Lm 5)


O último capítulo registra uma oração. O livro inteiro é um apelo
ao povo para que se aproxime de Deus. Tendo apresentado o pecado
da nação, o seu castigo, a esperança do futuro e a glória do passado em
comparação ao horror do presente, Jeremias agora pede ao povo que
ore a Deus, compungido. A oração confessa a culpa do povo e suplica a
Deus que o converta a Si.
“Converte-nos a ti, Senhor, e seremos convertidos;
renova os nossos dias como dantes.” (Lm 5.21)

EXERCÍCIOS
Associe a Coluna “A” à Coluna “B”.
Coluna “A”
___8.27 Aspecto negativo da mensagem do Livro de Lamentações:
___8.28 A firme esperança despertada nos judeus para reconhecerem
seus pecados, voltarem para Deus e serem restaurados.
___8.29 Apresenta Jerusalém como uma rainha que, por seu pecado,
perde riquezas, prestígio e filhos.
___8.30 Afirma que Deus é um Deus de amor e também um Deus
de justiça.
___8.31 Proclama a esperança em Deus.
___8.32 Jeremias suplica ao povo que se aproxime de Deus.
Coluna “B”
A. Aspecto positivo da mensagem do Livro de Lamentações.
B. Capítulo 2 de Lamentações.
C. No Capítulo 5 de Lamentações. 177

D. Relato das mágoas de Jeremias.


E. Capítulo 1 de Lamentações.

Lição 8 - A Queda de Jerusalém


F. Capítulo 3 de Lamentações.

REVISÃO DA LIÇÃO
Assinale com “x” a alternativa correta.

8.33 O capítulo 31 de Jeremias mostra um lindo quadro: Israel comparado


a um rebanho de carneiros espalhados, que são novamente reunidos
___a) pelo carneiro-pai.
___b) pelo pastor.
___c) pela ovelha-mãe.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.34 Por saber que Jeremias era um profeta de Deus, Zedequias não quis
ordenar sua morte, nem arriscar ofender seus oficiais. Agiu igual a
___a) Faraó.
___b) Zorobabel.
___c) Pilatos.
___d) Judas Iscariotes.

8.35 Diante da perplexidade de Jeremias por ter de comprar um campo,


se os babilônios estavam para tomar posse da terra, Deus explicou
que um dia
___a) Ele destruiria a Babilônia e devolveria a terra a Israel.
___b) Ele daria de vez a terra à Babilônia.
___c) Jeremias lucraria com a compra.
___d) Nenhuma das alternativas está correta.

8.36 Os oficiais babilônios que encontraram Jeremias entre os presos


diziam
___a) que ele era um impostor.
___b) crer em suas mensagens.
178 ___c) que ele era um idealista.
___d) que ele devia ser morto.

8.37 A tradição nos diz que Lamentações foi escrito numa caverna,
Profetas Maiores

junto a um pequeno monte chamado


___a) “Gólgota”.
___b) “Sinai”.
___c) “das Oliveiras”.
___d) “Hermom”.

8.38 Jeremias continuou explicando que Deus não abandonara Judá;


antes, desejava que o povo examinasse o próprio comportamento e
___a) fugisse para Babilônia.
___b) permanecesse no Egito.
___c) voltasse para Ele.
___d) Todas as alternativas estão corretas.

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